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7/10/2015

Alarmante o trafico de drogas e consumo de álcool em Angola

O tráfico de drogas e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas estão a tomar contornos alarmantes em Angola.

A preocupação sobre este fenómeno que tem contribuído para o aumento do número de mortes nas estradas de Angola foi expressa durante um colóquio realizado pela FESA (Fundação Eduardo dos Santos) em Fevereiro último.

O certame, que reuniu mais de 800 participantes, entre governantes, académicos, especialistas e membros da sociedade civil, teve lugar em Luanda e recomendou ao Executivo a actualização das leis existentes e a criação de condições para o surgimento de novos instrumentos jurídicos que abordem o consumo e tráfico de estupefacientes em Angola. Os especialistas chamaram a atenção da sociedade angolana para a preservação da ética e da moral no consumo de bebidas feitas à base de álcool.

Os participantes da Conferência Internacional sobre o Tráfico de Drogas e consumo de Bebidas Alcoólicas também manifestaram-se descontentes com as publicidades sobre cigarro e álcool.

Por esta razão, concluíram que os agentes publicitários precisam abraçar os princípios éticos e morais na composição das suas mensagens sobre bebidas espirituosas.

No comunicado final lido por Paulina Semedo, curadora da FESA, os participantes apelaram ao respeito à dignidade humana, em particular, a exposição das mulheres em campanhas publicitárias.

A disponibilidade com que se apresentam e se expõem as drogas lícitas e ilícitas em Angola, segundo o presidente da Associação Nacional de Luta Contras as Drogas, João Cruz, tem contribuído pra o crescente número dos seus consumidores.

Outro sim, o activista contra as drogas entende que os meios de informação massivos são responsáveis também pelo consumo de drogas e tabaco devido à influência que exercem sobre os cidadãos, usando a publicidade a para sua promoção.

Sobre a influência ou não da publicidade no consumo de bebidas alcoólicas e drogas, o presidente da Associação Angolana de Publicidades José Guerreiro refuta a ideia segundo a qual a promoção bebidas nos meios de informação resulta no seu consumo exacerbado.

“A publicidade pode levar a pessoa a beber Cuca ou Nocal, Super Bock ou Sagres, mas não é a publicidade que faz ela beber duas ou cinquenta grades”, esclareceu.

A directora do Hospital Psiquiátrico de Luanda, Antónia de Sousa, esclareceu que as mensagens pouco educativas passadas enas publicidades de bebidas espalhadas um pouco por todos os cantos do país exercem uma forte influência sobretudo as pessoas com alguma “fraqueza” para o consumo.

Angola é um dos países com a mais alta taxa de consumo de bebidas alcoólicas entre os países lusófonos. Estima-se que cerca de 3,2 porcento das mortes no território angolano estão relacionadas com o consumo de álcool.

O secretário de Estado da Saúde fez uma ligação entre o consumo de álcool e o aumento considerável do número de doenças crónicas não transmissíveis.

Carlos Alberto Masseca acredita que em estudos profundos sobre este fenómeno poder-se-á concluir que estes casos estejam ligados também ao consumo exagerado de álcool.

O governante apontou ainda como consequência do consumo de drogas e álcool os acidentes rodoviários, que constituem a segunda maior causa de mortes em Angola.

Esta situação, na visão do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos é preocupante num país onde os acidentes rodoviários causam a morte a mais de duas mil pessoas por ano, ou seja uma média de 10-12 pessoas por dia.

Grande parte dos casos está relacionada ao consumo de bebidas alcoólicas e de drogas.

Rui Mangueira defendeu que a erradicação do consumo de drogas deve assentar numa estratégia multidisciplinar de prevenção, redução de riscos e tratamento de toxicodependentes sobretudo em relação aos jovens.

Para a reabilitação de tóxico dependentes, o Executivo angolano está a construir um centro na província do Icolo e Bengo, que deverá albergar aquelas pessoas que estejam a ser afectadas por este fenómeno.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos deseja um esforço conjunto para o desenvolvimento de formas modernas de combate ao uso exagerado das bebidas que contém uma elevada percentagem de álcool, bem como o consumo de estupefacientes.

João Baptista Kussumwa, ministro da Assistência e Reinserção Social explicou no fim da conferência que “as questões relacionadas com o tráfico de estupefacientes são incortonáveis quando se aborda esta temática. Por isso, defendeu que “com a produção de legislação contundente, o reforço da segurança nas fronteiras e o controlo dos percursores são de extrema importância e urgência”.

A Conferência Internacional sobre o "Consumo de álcool e drogas", promovida pela FESA, recomendou a luta contra o tráfico de estupefacientes, bem como a necessidade de se redefinir e aperfeiçoar as estratégias de actuação, dotar as estruturas de competentes e sofisticados instrumentos e equipamentos nos pontos de controlo de passageiros, dos detidos, comerciantes e todos os intervenientes na cadeia do tráfico da droga.

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