Uma das características do ser humano que mais se relacionam com a resiliência é a personalidade. Diferentes personalidades reagem de formas distintas à necessidade de decisões, de enfrentamento, medo, tensão e estresse. Assim, nesse artigo procura-se abordar as, diferentes teorias comportamentais, de forma a melhor compreendê-las, bem como enfocar de forma particular as personalidades do dependente químico.
Carver e Scheier dão a seguinte definição: "Personalidade é uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir, característicos de uma pessoa". Esta definição de trabalho salienta que personalidade:
·
É uma organização e não um aglomerado de partes soltas;
·
É dinâmica, não estática e imutável;
·
É um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus processos;
·
É uma força ativa que ajuda a determinar o
relacionamento da pessoa com o mundo que a cerca;
·
Mostra-se em padrões, isto é, através de
características recorrentes e consistentes;
·
Se expressa de diferentes maneiras - comportamento,
pensamento e emoções.
Asendorpf complementa essa definição. Para ele
personalidade são as particularidades pessoais duradouras, não patológicas e
relevantes para o comportamento de um indivíduo em uma determinada população.
Esta definição acrescenta àquela de Carver e Scheier alguns pontos importantes:
·
Os traços de personalidade são relativamente
estáveis no tempo;
·
As diferenças interpessoais são variações frequentes
e normais - o estudo das variações anormais é objeto da psiquiatria e da psicologia clínica;
·
A personalidade é influenciada culturalmente. Sua
observação se relaciona apenas à população em que foi estudada e, qualquer
extrapolação para outras populações só pode ser feita por meio de verificação
empírica e, preferencialmente, estudos antropológicos, sociais e culturais.
Forma Física
A possibilidade de haver uma real relação entre a forma
física e as características psicológicas não é improvável, mas não de maneira
direta, como pensava Kretschmer. A forma física pode, através de um processo de
auto percepção, ser considerada positiva ou negativa.
Assim, pode influenciar a autoestima e os traços de comportamento, influenciar os motivos e interesses, assim como as tendências de
comportamento. No entanto, não apenas a auto percepção pode influenciar a autoestima
e os interesses de alguém; o juízo de outras pessoas e a reação dessas também desempenha
um importante papel nesse processo.
Temperamento
Temperamento designa
as disposições do
indivíduo, ligadas à forma do comportamento, principalmente as ligadas aos
"três A’s da
personalidade": Afetividade, Ativação (excitação) e Atenção.
Competências
ou habilidades
Competências ou habilidades são traços da personalidade que exprimem a
capacidade de alguém de alcançar determinada realização ou desempenho.
Inteligência
Inteligência é um construto complexo
que descreve a capacidade intelectual do indivíduo.
Criatividade
Guilford define
criatividade como a capacidade de pensar divergentemente, ou seja, de encontrar
soluções diferentes e novas para um problema, em oposição ao pensamento
convergente que encontra soluções para problemas para os quais há apenas uma
resposta correta. Já Russ (1993) trabalha
com um conceito mais amplo, que inclui traços afetivos do indivíduo, como a
tolerância de ambiguidade, a abertura diante de novas experiências, grande
número de interesses e baixa tendência para o uso de mecanismos de defesa.
Competência
social e inteligência emocional
É a capacidade de lidar com outras pessoas, sendo
de difícil definição, por conter dois componentes distintos, que têm entre si
uma correlação muito
pequena: a capacidade de defender e/ou
de impor os próprios interesses e
a capacidade de construir relacionamentos.
Em todas as suas definições não representa uma
atividade intelectual - ou seja, não corresponde à ideia de inteligência. O
termo "inteligência emocional" refere-se, sobretudo, a determinadas
competências no lidar com emoções que, apesar de serem estáveis na
personalidade do indivíduo, costumam variar de acordo com as emoções envolvidas
- ou seja, a pessoa pode saber lidar bem com a emoção medo, mas não com a
raiva.
Necessidades,
motivos e interesses
Enquanto "temperamento" refere-se à forma
do comportamento ou da ação, necessidades, motivos e interesses dizem respeito
à direção da ação, ou seja, aos seus objetivos - estando assim intimamente
ligados à motivação. As pessoas variam com relação ao significado pessoal de diferentes necessidades,
que determinam, por sua vez, suas ações e seu comportamento.
Motivos são
disposições ligadas ao valor atribuído às consequências dos atos - como, por
exemplo, a "busca de sucesso" ou a "evitação de fracassos";
podem ser fins mais ou menos desejáveis e são frutos de uma interação entre
necessidades e pressões externas. Interesses também incluem uma valoração, mas
direcionados para a ação em si, independente do resultado - por exemplo, jogar
xadrez ou jogar cartas podem ser consideradas ações mais ou menos agradáveis,
independentemente do sucesso atingido.
Os motivos são disposições ligadas ao valor dado às
consequências de uma ação. Eles estão assim intimamente ligados às expectativas
do indivíduo com relação a suas ações. Há diferentes estilos
de expectativas, como é o caso de pessoas mais ou menos pessimistas ou
otimistas. Durante a realização de uma atividade agem os chamados mecanismos
de controle da ação, que têm por objetivo, proteger a ação contra
intenções concorrentes.
Aqui podem manifestar-se diferentes estilos
de controle da ação. Por exemplo, pessoas perseverantes são capazes de
"desligar-se" por algum tempo de outras atividades a fim de alcançar
um determinado resultado, enquanto pessoas menos perseverantes distraem-se mais
facilmente.
Quando a ação atinge o seu resultado surgem juízos
relacionados à sua causa: por que determinada coisa aconteceu? A esse tipo de
juízo dá-se o nome de atribuição. Também
quanto à atribuição há diferentes estilos - por exemplo, algumas pessoas tendem
a colocar a culpa sempre nos outros ou a se sentir sempre responsáveis.
Esses três grupos de características da
personalidade (estilos de expectativas, de controle da ação e de atribuição)
foram chamados por Asendorpf de convicções ligadas à ação.
Um tipo especial de expectativas são as chamadas expectativas
de auto eficácia, percebidas, ou ainda,
expectativas subjetivas de competência. Estes termos designam a expectativa que uma pessoa tem de ser capaz de
realizar determinada tarefa. Esta característica da personalidade está
intimamente ligada aos diferentes estilos de atribuição.
Uma pessoa que tende a se considerar incapaz de
realizar uma tarefa pode considerar, com maior probabilidade, o seu sucesso
como mera obra do acaso e não uma realização pessoal.
Estilos de
superação
O termo coping foi gerado no contexto da pesquisa
sobre o estresse e designa
os mecanismos que auxiliam o indivíduo a superar uma situação estressante.
Lazarus (1966) diferencia entre dois
tipos de coping:
·
Coping orientado para o problema, que é a
busca de uma modificação da situação que causa o estresse, e
·
Coping intrapsíquico, que é uma mudança na maneira da pessoa lidar com a situação ou com as
emoções provocadas.
Juízo de
Valor
Temperamento, competências e as disposições ligadas
à ação são traços de personalidade ligados ao comportamento. Outro grupo de
traços está ligado às particularidades da valoração ou do juízo de valor.
Valorar um objeto, da percepção ou do imaginário, é dar-lhe valor, gerando
preferências que podem tornar-se relevantes para o comportamento.
Postura
Por postura entende-se a tendência individual de se
julgarem determinados objetivos ou disposições de ação como desejáveis ou
indesejáveis. Entre os diferentes tipos de postura e as disposições de
comportamento correspondentes há uma correlação - ou
seja, pessoas que valorizam novidades (postura) tendem a ser curiosas
(disposição de comportamento); pessoas ansiosas (disposição de comportamento)
costumam valorizar a segurança (postura).
Atitude
Atitude designa
as particularidades individuais na valoração de objetos específicos, quer da
percepção, quer da imaginação. As atitudes influenciam não o comportamento
diretamente em uma dada situação, mas o comportamento em uma série de situações
diferentes. A principal diferença entre postura e atitude é o grau de abstração
dos objetivos a que se referem, referindo-se a atitude a elementos mais
concretos. No entanto a diferença entre "mais" e "menos"
concreto é uma diferença quantitativa e assim a distinção entre as duas
disposições nem sempre é clara.
Disposições
ligadas à própria pessoa
Eu, designa a instância interna da pessoa que é
responsável pela ação e pelo conhecimento;
Mim, designa a parte interna da pessoa que é objeto do
conhecimento, ou seja, aquilo que eu sei sobre mim. Esse conhecimento tem, por
sua vez, duas partes: uma descritiva, a autoimagem, e outra valorativa, a autoestima.
Autoimagem é a descrição de si mesmo; é também disposicional, ou seja, é uma tendência relativamente
estável que a pessoa tem de se ver de uma determinada maneira em determinadas
situações. Ela é composta tanto pelo conhecimento universal, que diz
respeito a todas as pessoas que são como eu, como pelo conhecimento
individual, ou seja, relativo somente a mim. Como se vê esse
conhecimento também é influenciado por preconceitos e ideias
preconcebidas.
Autoestima
A autoestima, como parte valorativa do
conhecimento de si mesmo, ou seja, o juízo que eu faço sobre mim mesmo. Pode
ser concebida como a atitude de uma pessoa sobre si mesma e assim também
uma característica da personalidade, se bem que menos estável do que a autoimagem
por ser sensível a variações do humor. A autoestima é uma característica da situação-específica, ou seja, ela
varia de acordo com a situação: eu posso estar satisfeito comigo mesmo quando
estou na universidade, mas insatisfeito quando estou na quadra de esportes.
Outros aspectos ligados à autoestima são as
chamadas cognições ligadas a si mesmo: propriocepção, a percepção do próprio
corpo e do próprio comportamento; a memória de si, as recordações ligadas
à própria pessoa e às experiências do passado; o reflexo
social, ou seja, a opinião que pensamos que outras pessoas têm a nosso
respeito e a comparação social, ou seja, a autoestima não é apenas baseada na
nossa percepção de nós mesmo, mas também na percepção que nós fazemos dos
outros a nosso redor.
Um dos motivos mais descritos na literatura
psicológica é o motivo de aumento da autoestima: todas
as pessoas desejam ter uma autoestima positiva e têm assim uma tendência a se
supervalorizar.
Essa tendência é normal e saudável até um
determinado ponto, em que passa a ser socialmente condenada. Nesse momento,
caracterizado pela falta de empatia, hipersensibilidade com relação a críticas
e variações do humor, essa tendência recebe o nome de narcisismo - mas não se trata ainda do transtorno de
personalidade narcísico, mas de uma variação normal da personalidade.
Outro processo importante ligado ao conceito de si
mesmo é a auto representação. O sociólogo E.
Goffman comparou o comportamento
social a um teatro público, em que nós nos representamos a nós próprios. Essa
representação tem um determinado fim: a administração da própria imagem, ou
seja, cada um procura controlar a impressão que ele provoca sobre os outros.
Há momentos em que temos a nossa atenção voltada
para nós mesmos. A esse estado normalmente curto dá-se o nome de autorreflexão.
A essa disposição Asendorpf deu o nome de autoconsciência. Esta é por sua vez
composta de três fatores (Feingstein et al., 1975): (i) autoconsciência
privada, ou seja, a tendência de pensar muito sobre si mesmo; (ii) autoconsciência
pública, em outras palavras, a tendência de se preocupar sobre a
impressão que se causa sobre outros, e (iii) ansiedade social, que é a tendência a
ter medo em situações sociais.
Uma forma muito interessante de avaliar essas
disposições pode ser a aplicação da Janela de Johari. É uma
técnica utilizada para promover o entendimento das relações interpessoais e
relacionamentos entre os participantes de um grupo.
Para
facilitar o entendimento das regras básicas da comunicação interpessoal, Joseph
Luft e Harry Inghan idealizaram, em 1961, um diagrama conhecido pelo nome de
Janela de Johari, onde através de apenas quatro retângulos, dispostos em forma
de janela, podemos conceituar todo o processo de percepção de um indivíduo em
relação a si mesmo e aos outros. Os autores partiram do princípio de que cada
um de nós tem (ou pode ter) quatro imagens distintas:
§
Imagem
aberta:
Você sabe que é o os outros sabem que você é.
§
Imagem
secreta:
Você sabe que é, mas os outros não sabem que você é.
§
Imagem cega: Você não
sabe que é, mas os outros sabem que você é.
§
Imagem
desconhecida:
Nem você nem os outros sabem que você é.
A
imagem aberta é aquela que expomos plenamente; nós somos assim e todos sabem
que somos assim. É uma espécie de retrato onde nos identificamos imediatamente
e todos são capazes de nos identificar.
A
imagem secreta é de difícil percepção pelos demais, seja em razão do nosso
propósito em escondê-la, seja pela dificuldade que apresenta para ser
decodificada. Esta imagem comporta as taras sexuais e os sentimentos como o da
inveja, por exemplo.
A
imagem cega é aquela que traduz o lado desconhecido por nós mesmos, mas de
fácil percepção pelos outros. É caso do "chato"; ele não sabe que é
chato, mas as pessoas o veem como tal e não têm a menor dúvida disso.
A
imagem desconhecida é a mais complexa de todas, visto que nem nós nem os outros
temos acesso a ela dentro dos padrões convencionais de comunicação
interpessoal. Normalmente é aquela que encerra nossas potencialidades e todo o
complexo mundo do nosso subconsciente.
Considerando
que a nossa capacidade de comunicação decorre fundamentalmente da facilidade
que oferecemos para a "decodificação" da nossa imagem, entende-se que
quanto mais aberta for a nossa imagem, mais interação pode provocar no meio em
que vivemos.
Convém,
entretanto, lembrar que as imagens são decodificadas segundo padrões
estabelecidos pela sociedade (conceitos). Assim, a imagem aberta será tão mais
aberta quanto mais enquadrada estiver dentro de tais conceitos. Por exemplo: o
homem culto - e que sabe que é culto - só será visto como culto se os outros
tiverem o mesmo conceito de cultura que ele. E esta regra se aplica em todas as
circunstâncias.
Bem-estar
O bem-estar designa a parte subjetiva da saúde mental.
Apesar de ser também influenciado por fatores externos ao indivíduo e de suas
capacidades, o bem-estar representa também um determinado traço da
personalidade relativamente independente de tais fatores.
A pesquisa conseguiu determinar princípios para
descrever a estabilidade dos traços de personalidade da seguinte maneira:
·
Quanto maior o intervalo entre a primeira e a
segunda medição, maior a mudança - ou seja, os traços da personalidade se
modificam com o passar do tempo;
·
Em diferentes áreas da personalidade a estabilidade
também é diferente - por exemplo: durante a vida a inteligência tem uma
estabilidade muito alta; já o temperamento tem uma estabilidade mediana
enquanto a autoestima pode variar muito;
·
Muitos traços da personalidade são tanto mais instáveis
quanto mais instáveis são as variáveis do ambiente social – assim, mudanças
bruscas no ambiente podem trazer consigo mudanças maios ou menos abruptas na
personalidade da pessoa;
·
Na infância, quanto mais cedo é feita a primeira
medição, mais instáveis são os traços da personalidade - isto é, com o aumento
da idade há uma tendência de estabilização das características da
personalidade, se bem que na puberdade possa haver alguns momentos passageiros
de instabilidade;
·
No decorrer do desenvolvimento a autoimagem
torna-se cada vez mais estável - o conhecimento que a criança tem de si mesma
cresce com o tempo e, se o ambiente for relativamente estável, também a
estabilidade nas formas de reação a ele cresce;
·
Com o aumento da idade aumenta também a
possibilidade de a criança modificar o seu ambiente a fim de que ele se adéque
à própria personalidade - a criança pode escolher as atividades que lhe
agradam, os amigos, etc.;
·
Não apenas os traços individuais tendem a se tornar
cada vez mais estáveis – mas, o perfil geral da personalidade também tende a
uma crescente estabilidade.
Com relação ao
comportamento a resiliência é uma medida qualitativa da capacidade do indivíduo
adaptar-se de maneira positiva diante de situações adversas, mantendo seu
desenvolvimento normal e recuperando-se dos efeitos estressores. A forma como
cada um lida com situações como morte, separação, traição, agressão, abuso sexual,
perseguição racial, entre tantas outras é muito variável e sujeita a incertezas
significantes, retornando diferentes padrões de resiliência.
Esta qualidade de seguir em frente e sair
fortalecido de uma crise tem feito com que a medicina se interrogue por que
alguns são mais resilientes que outros. Têm sido detectados alguns fatores retratores
como: os traços de personalidade, a maturidade, a capacidade de manejar as
próprias emoções, a capacidade de lidar com ocorrências adversas e
estressantes.
Aceitar as circunstâncias que não podem ser mudadas
pode ajudar a concentrar-se sobre as que se podem alterar. Agir em lugar de tentar
evitar o confronto com os problemas é ser resiliente. As pessoas podem aprender
sobre si mesmas a partir de suas lutas e de suas perdas, desenvolvendo a
confiança em sua habilidade para resolver problemas e valorizando seus
instintos que irão ajudar a construir a resiliência.
Resumindo, resiliência é
a capacidade de psicoadaptação de cada ser humano. Adaptar a
sua psique às mudanças da vida sempre com retorno positivo.
Teoria dos Traços de Personalidade
A teoria dos traços de personalidade
é um modelo explicativo do comportamento humano que implica na existência de
recursos estáveis na estrutura da personalidade dos indivíduos. Deste ponto de
vista, a personalidade consiste de uma hierarquia de traços estáveis e
consistentes que determinam, explicam e, de certa forma, permitem prever
comportamentos individuais, na medida em que guiam a forma com que cada
indivíduo pensa e interpreta a realidade. Essa é uma área onde os avanços da
informática mais têm contribuído, permitindo o desenvolvimento de pesquisas que
expliquem esses fenômenos de um ponto de vista sistêmico, incerto, dinâmico,
complexo e, porque não, caótico.
A metodologia para o estudo e a explicação do
comportamento humano foi desenvolvida com base em modelos diferentes. A um
nível geral, podem-se distinguir três modelos principais:
O Modelo Internalista
pressupõe que o comportamento humano é determinado por variáveis próprias
internas e individuais, portanto, é estável e consistente. Dentro do modelo de
internalista podem ser distinguidas:
·
As teorias processuais ou de estado, que salientam
a importância dos estados e mecanismos internos do indivíduo;
·
As teorias estruturais ou dos traços, onde o
comportamento é determinado por uma estrutura de personalidade formada por uma
série de fatores globais e estáveis.
O Modelo Situacionista
enfatiza determinantes externos do comportamento humano, assumindo que o mesmo
varia a qualquer momento dependendo das condições ambientais.
O Modelo Interacionista
considera que o comportamento pode ser explicado pela interação entre os dois
tipos de variáveis; internos e externos.
Um dos primeiros teóricos que se aventurou no
estudo do comportamento humano do ponto de vista dos traços de personalidade
foi Gordon Allport. Para Allport, comportamento humano responde à necessidade
de conduta de acordo com o que é chamado uma operação própria ou proprium;
ou seja, de uma forma consistente com a maneira em que o indivíduo se percebe.
Neste sentido, o proprium é derivado do conceito do self proposto do ponto de
vista fenomenológico.
Assim, o proprium é formado através do
desenvolvimento de uma série de traços ou disposições pessoais. Allport definiu
esta disposição como uma estrutura neuropsíquica generalizada de (peculiar do
indivíduo) que tem a capacidade de transformar muitos estímulos em
funcionalmente equivalentes e de iniciar e orientar formas consistentes
(equivalentes) de comportamento estilístico e adaptável.
No proprium, Allport distinguiu
três tipos de traços ou disposições, em função do seu grau de penetração e
influência no comportamento do indivíduo.
·
Os traços cardinais
seriam aqueles que estão presentes em todos os comportamentos;
·
Os traços centrais
seriam aqueles de natureza genérica que caracterizam a personalidade e normalmente
oscilam entre cinco a dez por pessoa;
·
Os traços secundários
seriam disposições menos gerais ou mais periféricas, mas que ocorrem
esporadicamente em certos comportamentos específicos.
Modelos fatoriais da personalidade
A teoria dos traços de personalidade tem recorrido frequentemente
à técnica estatística de análise fatorial para articular o conjunto de
características e dimensões sobre os quais se estrutura a personalidade humana.
Existem duas correntes distintas a esse respeito. Por um lado, os modelos
fatoriais biológicos baseiam-se na influência exercida por fatores fisiológicos
e constitucionais para caracterizar traços de estrutura de personalidade. Por
outro lado, modelos léxicos fatoriais baseiam-se em termos linguísticos que podem
descrever os diferentes atributos da personalidade.
Assim, enquanto os primeiros são
baseados em conceitos psicobiológicos, os segundos recorrem ao vocabulário e à
linguagem para identificar as principais dimensões da personalidade. Neste
sentido, tem sido considerado que o modelo fatorial léxico sofre de uma menor
capacidade explicativa ao limitar-se a uma mera descrição dos comportamentos,
com base em conceitos puramente linguísticos, enquanto o modelo biológico dá um
passo adiante para fazer inferências causais de tipo psicobiológico sobre os
comportamentos observados.
Teoria da
personalidade de Eysenck
O modelo proposto por Eysenck baseia-se numa longa
tradição de pesquisa sobre a personalidade, sendo capaz de definir um número de
etapas que contribuem significativamente para o modelo final exposto pelo
psicólogo alemão. Assim, sua teoria da personalidade considera as seguintes
fontes:
A teoria dos quatro humores ou temperamentos proposta por Hipócrates e
Galeno, que remete para os quatro temperamentos básicos: hipocondríaco,
fleumático, melancólico e sanguíneo.
As contribuições de Wundt inspiradas pela tradição kantiana ao dividir
os quatro temperamentos clássicos em uma teoria de dois eixos:
intensidade/força e rapidez/velocidade que se correspondem com as dimensões de
Eysenck de neuroticismo e introversão/extroversão, respectivamente.
A interpretação de Ivan Pavlov dos temperamentos clássicos em eixos de
força / fraqueza; equilíbrio / desequilíbrio
e impulsividade / lentidão.
As teorias constitucionais de Ernst Kretschmer e
William Herbert Sheldon.
Os estudos de Carl Jung, que relacionou a
extroversão com transtornos histéricos e a introversão com os transtornos psicastênicos.
As contribuições de Francis Galton, Charles Spearman,
Louis Leon Thurstone, Karl Pearson e Raymond Cattell à utilização da metodologia estatística e especificamente da
análise fatorial, no campo da psicologia e no
estudo das diferenças individuais.
Estrutura hierárquica da personalidade
Usando métodos estatísticos como a análise
fatorial, Eysenck determinou que muitos traços que são adequados para descrever
a personalidade humana podem ser reduzidos a três dimensões básicas:
Psicoticismo, Neuroticismo e Extroversão. Esses 'superfatores' seriam
ortogonais, ou seja, independentes. A personalidade de cada indivíduo poderia
ser determinada consoante à sua pontuação em cada uma dessas três dimensões.
As três dimensões, propostas por Eysenck são o
resultado do agrupamento de fatores mais específicos através de técnicas
estatísticas de análise multivariada. Assim, Eysenck desenvolveu um modelo
hierárquico em quatro níveis, de menor à maior especificidade.
§ No primeiro nível encontram-se ações, cognições e emoções específicas;
§ No segundo nível, ações, emoções e cognições usuais;
§ No terceiro nível aparecem os traços;
§ No quarto nível de abstração se conformam três dimensões ou
superfatores. Assim, as dimensões são compostas dos seguintes traços:
·
Neuroticismo: Tristeza, timidez, depressão, ansiedade, tensão,
medo, culpa, irracionalidade, vergonha, mau humor, emotividade, preocupação.
· Extroversão/Introversão:
sociabilidade, atividade, assertividade, despreocupação, dominância, busca por
sensações, ousadia, espontaneidade, rapidez.
·
Psicoticismo: Impulsividade, agressividade, hostilidade,
frieza, egocentrismo, falta de empatia, crueldade, falta de conformismo,
resistência mental.
Eysenck entendeu que cada um desses fatores
se relaciona a determinadas estruturas cerebrais. Assim, o neuroticismo está
relacionado com o grau de ativação do sistema límbico e a extroversão com a
atividade do sistema reticular ativador ascendente. A dimensão 'Psicoticismo'
tem sido objeto de um menor número de estudos, mas é frequentemente associada
ao sexo masculino.
Instrumentos
de medida
Eysenck desenvolveu uma série de
instrumentos de avaliação da personalidade com base nestas dimensões. Assim,
entre outros, estão:
§ O questionário médico de
Maudsley (MMQ, 1952); para medir o Neuroticismo, incluindo 18 itens da escala L
(mentira) do MMPI.
§ O inventário de
personalidade de Maudsley (MPI, 1959); um instrumento de medida das dimensões
Neuroticismo e Extroversão, elaborado a partir das escalas R (Ratimia) e (C)
(Emocionalidade) de Joy Paul Guilford, consistindo de duas subescalas de 21
itens cada.
§ O inventário de
personalidade de Eysenck (EPI, 1965); também para medir o Neuroticismo e a Extroversão.
Inclui uma escala de sinceridade: Questionário de personalidade de Eysenck
(EPQ, 1975), que mede o Neuroticismo (N), a Extroversão (E), o Psicoticismo (P)
e uma escala de sinceridade (L).
Modelo de
Gray
A partir da combinação dos fatores do modelo
hierárquico de Eysenck, Gray desenvolveu uma reformulação própria, com
base em duas dimensões unipolares, ou seja, sem um polo oposto, oferecendo uma
gradação de maior ou menor intensidade em cada indivíduo.
Ansiedade: Uma mistura das dimensões
introversão e neuroticismo. Esta dimensão teria correlação fisiológica na
ativação de um sistema de inibição comportamental ativada ante o castigo, a
omissão de recompensas ou de novos estímulos. Gray localiza este sistema
inibitório no sistema septohipocâmpico do sistema límbico.
Impulsividade: Uma mistura das dimensões
extroversão, psicoticismo e neuroticismo. Sua contraparte fisiológica seria o
sistema de ativação comportamental, que passa a funcionar nas situações de
reforço comportamental e necessidade de fuga ou evitação ativa. O sistema de
ativação está relacionado com os circuitos dopaminérgicos do CNS.
Modelo de
Zuckerman
Combinando a tradição biofatorial
com a abordagem da teoria léxico-fatorial do modelo dos cinco grande de McCrae
e Costa, Zuckerman desenvolveu um modelo de cinco fatores chamado Cinco
Alternativos (Zuckerman, Kuhlman, Joireman, Teta e Kraft, 1993) a partir de
suas pesquisas em torno da dimensão Busca
de Sensações. Tentando elaborar sobre a caracterização de 'Psicoticismo' da
dimensão de Eysenck, Zuckerman introduziu um modelo que consiste dos seguintes
fatores:
§ Neuroticismo-ansiedade;
§ Agressão
– Hostilidade;
§ Atividade;
§ Sociabilidade;
§ Busca
de sensações impulsivas não socializadas.
Os fatores Atividade e
Sociabilidade ocorrerem ocasionalmente sob um único fator chamado Extroversão,
semelhante à proposta de Eysenck. Zuckerman desenvolveu um questionário de
personalidade conhecido como questionário de personalidade Zuckerman-Kuhlman
(ZQPQ, 1993) para avaliar as dimensões propostas na população, consistindo de
99 itens e uma escala adicional que avalia distorções nas respostas.
Teoria da
personalidade de Cattell
Raymond Cattell desenvolveu uma teoria
da personalidade fatorial baseada no conceito de traços, entendidos como uma
tendência relativamente permanente e ampla, reagindo de maneiras muito
específicas. Cattell entende o conceito de recurso do ponto de vista
nomotético, isto é, tendo em conta que existem algumas características comuns a
todos os indivíduos, ao contrário de outros autores, como Allport, para quem os
traços reais são individuais.
Ao definir o número e características
dos traços de personalidade importantes, Cattell recorreu à metodologia
estatística de análise fatorial, com base no pressuposto de que todo o
comportamento relevante para a compreensão da personalidade é refletido na
linguagem. Por esse motivo, o modelo de Cattell se situa no grupo dos modelos
fatoriais léxicos. Cattell postulou a existência de três tipos de traços, de
acordo com seu conteúdo e seu grau de consistência e estabilidade.
Elaborou uma lista de traços de primeira ordem que,
posteriormente foram a base do questionário Sixteen Personality Factor Questionnaire, 16 PF (Cattel, 1970-1975).
Traços temperamentais: caracterizados
por uma forte estabilidade, são os traços de caráter inato que têm um elevado
grau de hereditariedade. Eles definem o modo particular de comportamento de um
indivíduo.
Traços
aptitudinais ou de habilidades:
referindo-se às habilidades do sujeito para enfrentar e resolver situações
complexas. Também mostram um elevado nível de hereditariedade.
Traços
dinâmicos: fazem alusão ao aspecto motivacional
do comportamento, pois tratam dos traços que apresentam um maior nível de
flutuação. Eles são subdivididos em dois componentes:
A motivação propriamente dita, que se refere ao grau de intensidade dos
impulsos experimentados:
Os Érgios que são considerados tendências inatas para responder de
maneira específica ante um determinado estímulo; acasalamento, medo,
comportamento exploratório e belicosidade;
Os
sentimentos são padrões atitudinais aprendidos no
ambiente cultural e respondem a fenômenos como o sentimento religioso, a
realização profissional ou a autoestima.
O estado, que faz referências às condições do organismo quanto ao grau de
privação de estímulos apresentados. Assim, em condições de privação, a resposta
a impulsos será mais provável que em condições de saciedade.
Índice
|
Traço
|
Baixa Pontuação
|
Alta pontuação
|
A
|
Afeto ou Afetotimia
|
Sizotimia
|
Afetotimia
|
B
|
Inteligência
|
Inteligência baixa
|
Inteligência alta
|
C
|
Força do self
|
Pouca força do self / instabilidade
emocional
|
Muita força do self / estabilidade
emocional
|
E
|
Dominância
|
Submissão
|
Dominância
|
F
|
Impulsividade
|
Desurgência
|
Surgência
|
G
|
Força do superego
|
Pouca força do superego
|
Muita força do superego
|
H
|
Audácia
|
Trectia
|
Parmia
|
I
|
Sensibilidade emocional
|
Harria
|
Premsia
|
L
|
Suspeita
|
Alaxia
|
Protensão
|
M
|
Imaginação
|
Praxernia
|
Autia
|
N
|
Astúcia
|
Simplicidade
|
Astúcia
|
O
|
Culpa
|
Adequação imperturbável
|
Tendência à Culpabilidade
|
Q1
|
Rebeldia
|
Conservadorismo
|
Radicalismo
|
Q2
|
Autossuficiência
|
Adesão ao grupo
|
Autossuficiência
|
Q3
|
Autocontrole
|
Baixa integração de pensamentos próprios
|
Alta integração de pensamentos próprios
|
Q4
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Tensão érgica
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Pouca tensão érgica
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Alta tensão érgica
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Ao se tratar de traços de primeira
ordem, estes fatores ainda apresentavam correlações entre si, portanto uma nova
análise fatorial foi realizada, obtendo finalmente oito fatores de segunda
ordem:
o
Exvia;
o
Ansiedade;
o
Cortertia;
o
Independência;
o
Critério ;
o
Subjetividade;
o
Inteligência ;
o
Boa educação.
Na quinta edição do questionário de
personalidade, esses fatores de segunda ordem foram reduzidos a cinco:
o Introversão;
o Ansiedade;
o Autocontrole;
o Independência;
o Dureza.
O Modelo dos Grandes Cinco - McCrae e Costa
Seguindo a metodologia usada por
Cattell, Costa e McCrae recorreram à abordagem léxico-fatorial para desenvolver
o que hoje é considerado o modelo mais aceito na descrição da personalidade
humana. Como abordagem léxica, toma como base um amplo conjunto de descritores
da personalidade existentes na linguagem natural, para, em seguida, estabelecer
uma redução e depuração dos itens iniciais, por meio de vários critérios de
inclusão e exclusão. Finalmente, a técnica de análise fatorial pode identificar
cinco fatores essenciais, de acordo com este modelo, quando se trata de moldar
a estrutura da personalidade humana.
§
Estrutura ou taxonomia básica da
personalidade,
§
Consistência nos resultados obtidos com
técnicas muito diferentes
§
Auto avaliações e hetero-avaliação,
tanto nos questionários compostos por adjetivos como nos compostos por frases;
em estudos interculturais e com acompanhamento longitudinal dos resultados
obtidos.
Além disso, o modelo pretende ir um
passo além da mera descrição e, como acontece com as teorias de Cattell e
Eysenck, dar uma explicação causal sobre a natureza dos traços propostos, suas
inter-relações e possíveis aplicações práticas.
McCrae e Costa produziram um teste
específico para medir as dimensões propostas. O NEO-PI; um inventário de
personalidade que deve seu nome às iniciais das três dimensões: neuroticismo,
extroversão e abertura à experiência. Tem um conjunto de 181 itens no formato
da escala de Likert, e outra versão revisada (NEO-PI - R) de 1992. Cada uma das
dimensões propostas consiste em vários subfatores ou facetas.
Neuroticismo
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Extroversão ou Afloramento
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Abertura
à Experiência
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Cordialidade
o Amabilidade vs. Antagonismo
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Responsabilidade vs. Negligência
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Ansiedade
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Cordialidade
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Fantasia
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confiança
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Competência
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Hostilidade
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Gregarismo
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Estética
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Sinceridade
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Ordem
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Depressão
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Assertividade
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Sentimentos
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Altruísmo
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Senso de dever
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Ansiedade social
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Atividade
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Ações
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Atitude conciliatória
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Necessidade de realização
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Impulsividade
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Busca de emoções
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Ideias
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Modéstia
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Autodisciplina
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Vulnerabilidade
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Emoções positivas
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Valores
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Sensibilidade com outros
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Deliberação
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Pode-se dizer que o
modelo dos cinco grandes provou sua consistência nos estudos realizados em
diferentes idiomas e culturas, o que é interessante quando se trata de julgar a
universalidade das dimensões propostas. Da
mesma forma, estudos longitudinais mostram uma estabilidade de pontuações ao
longo do tempo.
Ainda com respeito
aos traços de personalidade, os lobos frontais são considerados o centro de controle
emocional e lócus da personalidade. Estão envolvidos na função motora, solução
de problemas, espontaneidade, memória, linguagem, iniciação, julgamento,
controle de impulsos e comportamentos sociais e sexuais.
Existem diferenças
assimétricas importantes nos lobos frontais. O lobo frontal esquerdo está
envolvido no controle de movimentos relacionados à linguagem, enquanto o lobo
frontal direito desempenha um papel em habilidades não-verbais. Alguns
pesquisadores enfatizam que esta regra não é absoluta e que em muitas pessoas
ambos os lobos estão envolvidos em praticamente todos os comportamentos.
Um fenômeno
interessante causado por danos no lobo frontal é o seu efeito insignificante em
testes de QI tradicionais. Pesquisadores acreditam que isto ocorre, pois os
testes de QI testam, tipicamente, o pensamento convergente, ao invés do pensamento divergente.
Danos no lobo frontal parecem ter um impacto no pensamento divergente, ou na
flexibilidade e na habilidade de resolver problemas, refletindo-se de certa
maneira na capacidade resiliente do indivíduo.
Pensamento divergente é um processo de pensamento cujo objetivo é achar o maior número possível
de soluções para um problema. Essa habilidade é usada para gerar ideias e resolver algo criativamente,
estando estreitamente relacionado à resiliência. Dele surge a produção
divergente, ou seja, a obtenção criativa de múltiplas respostas a um problema.
Em oposição, o pensamento convergente que consiste em achar uma única
solução apropriada a um problema e, portanto, denota uma baixa resiliência.
Uma das
características mais comuns do dano no lobo frontal é a dificuldade para
interpretar respostas ambientais. Perseveração em uma resposta (Milner, 1964),
comportamentos de risco, insubordinação às regras (Miller, 1985) e perdas na
aprendizagem associativa (pelo uso de pistas externas para ajudar a guiar o
comportamento) (Drewe, 1975) são alguns poucos exemplos deste tipo de déficit.
Um dos efeitos mais
comuns do dano frontal pode ser a mudança dramática no comportamento social. A
personalidade de um indivíduo pode sofrer mudanças significantes depois de um
dano nos lobos frontais, especialmente quando ambos os lobos são envolvidos.
Existem algumas diferenças no lobo esquerdo em relação ao lobo direito nestas
áreas. Danos no lobo esquerdo geralmente se manifestam como pseudodepressão e
danos no lobo direito como pseudopsicopatia (Blumer e Benson, 1975).
O comportamento
sexual também pode ser afetado por lesões frontais. Danos órbito-frontais podem
desencadear um comportamento sexual anormal, enquanto danos dorso-laterais
podem reduzir o interesse sexual (Walker e Blummer, 1975).
Alguns testes comuns
para o funcionamento do lobo frontal são: o Winsconsin Card Sorting (inibição de resposta); Finger Tapping (habilidades
motoras); e o Token Test (habilidades linguísticas).