John Main OSB, THE HEART OF CREATION (New York: Continuum, 1998), pg. 9-10.
Para aprender a meditar, precisamos
aprender a ser humildes. O que significa ser humilde? Significa começarmos a
compreender que há uma realidade fora de nós mesmos, que é maior que nós mesmos
e que nos contém. Humildade simplesmente é aprendermos a encontrar nosso lugar
dentro dessa realidade maior e aprendermos a viver em nosso lugar. A primeira
coisa a aprender é que você é seu próprio lugar. Para fazermos as pazes com
toda a realidade, precisamos primeiro fazer as pazes com nossa própria
realidade. É na imobilidade da meditação, a imobilidade de corpo e de espírito
que se revela a unidade de corpo e de espírito, que adentramos a experiência de
realmente sabermos que somos.
Passamos a saber isso com clareza
absoluta e certeza absoluta. Só então estamos prontos para seguir para o
próximo passo, que é o de irmos além de nós mesmos, de nos elevarmos além de
nós mesmos. A tragédia da pessoa egoísta é que, ele ou ela não conhece seu
lugar. O egoísta pensar estar no centro de tudo e, enxerga todas as coisas apenas
em relação a si mesmo.
A meditação e o constante retorno a
ela, todos os dias de nossa vida, é como abrirmos caminho em direção à realidade.
Uma vez que conhecemos nosso lugar, começamos a ver tudo sob uma nova luz, por
termo-nos tornado quem realmente somos. E, ao nos tornarmos quem somos, podemos
agora ver tudo como realmente é e assim começar a ver todas as pessoas como
realmente são. A mais verdadeira maravilha da meditação é que começamos até
mesmo a ver Deus como Deus é.
A meditação, portanto, é um caminho
para a estabilidade. Através da prática e, a partir da experimentação,
aprendemos como lançar raízes em nosso ser essencial. Aprendemos que lançarmos raízes
em nosso ser essencial, é lançarmos raízes em Deus, o autor e princípio de toda
realidade. E não é pouca coisa adentrarmos a realidade, nos tornarmos
verdadeiros, nos tornarmos quem somos, pois, nessa experiência, somos
libertados de todas as imagens que nos afligem tão continuamente. Não
precisamos ser nenhuma imagem que qualquer outra pessoa faça de nós, mas,
simplesmente, a verdadeira pessoa que somos.
A meditação se pratica em solitude,
mas, é o grande caminho para aprendermos a nos relacionar. A razão deste
paradoxo é que, ao entrarmos em contato com nossa própria realidade, ganhamos a
confiança existencial para alcançar as outras pessoas, para encontrá-las em seu
verdadeiro nível. Por isso, o elemento solitário da meditação, misteriosamente
é o verdadeiro antídoto para a solidão. Tendo entrado em contato com nossa
conformidade com a realidade, não mais somos ameaçados pela diversidade de
outrem. Não estaremos sempre buscando nos afirmar. Estaremos fazendo a busca do
amor, buscando a realidade do outro.
A meditação é exigente. Devemos aprender a meditar, quer estejamos dispostos
ou não, quer esteja chovendo, ou faça frio, o sol esteja brilhando, o que esteja
passando na televisão, ou o tipo de dia que tenhamos tido. Na visão cristã da
meditação encontramos a realidade do grande paradoxo ensinado por Jesus: Caso
queiramos encontrar nossas vidas, deveremos estar preparados para perdê-las. Ao
meditarmos, é exatamente isso o que fazemos. Nos encontramos por estarmos
preparados para nos abandonarmos, para nos lançarmos às profundezas que logo se
mostram como sendo as profundezas de Deus.
Medite
por Trinta Minutos
Lembre-se:
Sente-se.
Sente-se imóvel e com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se
relaxada(o), mas, atenta(o). Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma
única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha". Recite-a em
quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente
mas continuamente. Não pense, nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de
qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas
deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e
simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua
meditação.