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9/08/2012

Resiliência

Resiliência é a capacidade concreta de retornar ao estado natural de excelência, superando uma situação critica; a capacidade humana de superação, tirando proveito dos sofrimentos, inerentes às dificuldades da vida. Embora seja um tema relativamente recente no Brasil, vem sendo estudado há anos em outros países. 

“Resiliência é a arte de transformar toda a energia de um problema em uma solução criativa” 

A Resiliência surgiu como um conceito da física que explica a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo sujeito a uma deformação elástica lhe é devolvida quando cessa a causa da deformação. 

O equilíbrio humano é como a estrutura de um prédio, se a pressão for maior que a resistência, aparecerão rachaduras (como doenças psicossomáticas) que se manifestam nos indivíduos que não possuem esta característica de resiliência. 

O ser humano resiliente desenvolve a capacidade de recuperar–se e remoldar–se a cada obstáculo e a cada desafio. Quando mais resiliente for o indivíduo maior será o desenvolvimento pessoal. Tal capacidade torna a pessoa mais motivada e com capacidade de contornar situações que apresentem maior grau de tensão. 

Um indivíduo submetido a situações de estresse que tem a capacidade de superá-las sem lesões mais severas (“rachaduras”) é um resiliente. Já o que não possui este perfil é o chamado "homem de vidro", que se "quebra" ao ser submetido às pressões e situações estressantes.

A ideia de resiliência pode ser comparada às modificações causadas na forma de uma bexiga parcialmente inflada, quando submetida à pressão. Se comprimida, pode adquirir as formas mais diversas e retorna ao estado inicial, quando cessa a pressão. 

Existem alguns tipos de personalidades que podem ser observadas quando se considera a resiliência: 



· Aqueles que nascem resilientes; 
· Aqueles que se tornam resilientes pelas agruras vividas; 
· Aqueles que aprendem a ser resilientes independentemente de quaisquer fatos; 
· Aqueles que precisam e querem ser ensinados a ser resilientes; 
· E aqueles que nunca o serão. 

A resiliência pode ser enfim ser definida como a capacidade de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão em situações adversas sem entrar em surto psicológico. Trata-se também de uma tomada de decisão entre estar num contexto de tensão ambiente e a vontade de superação. Essas decisões geram força para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para garantir o bem-estar, a qualidade de vida e a sobrevivência.

“Não é a quantidade, mas a constância dos bons resultados que conduz os homens à felicidade”. 

Friedrich Nietzsche 

Uma estória de resiliência: 

"Era uma vez, uma cidade onde só havia animais; na mais alta montanha, na mais alta torre daquela cidade existia um tesouro. Mas havia um problema: animal nenhum conseguia chegar até lá e, embora soubessem da existência do tesouro, viviam conformados com sua inacessibilidade. 

Certo dia, surgiram três sapos na cidade. Informados da existência do tesouro, imediatamente se puseram a subir a montanha, rumo à torre e ao tesouro. Mesmo avisados que se arriscavam, seguiam subindo a montanha. O que ia à frente começa a prestar atenção ao que todos lhe gritavam lá debaixo. 

-Você não vai conseguir, essa montanha é muito alta, você vai ser vencido pelo cansaço, desiste e volta, afinal isso não é vergonha nenhuma; nunca nenhum de nós conseguiu. Irritado com o falatório e enfraquecido em sua vontade pelo estresse que dele se apossou, desistiu e voltou. 

Os outros dois sapos mais obstinados continuaram. O segundo começou a se sentir aflito pela multidão de bichos que não se calava; as mesmas coisas que levaram o primeiro a desistir. E os bichos continuavam: - Nem o elefante, a girafa, os coelhos, mesmo os pássaros! Ninguém nunca conseguiu! Porque vocês simples sapos conseguiriam? Façam como o outro, desistam, vocês já chegaram muito longe, mas é impossível! 

Pronto, completamente estressado e sem forças o segundo sapo desistiu e também voltou. Os animais então se calaram e desceram junto com o segundo sapo, acreditando que o terceiro, burro ou teimoso, louco talvez, pereceria e nunca mais voltaria. Alguns dias se passaram e, de repente aquele sapinho solitário aparece de novo na cidade, feliz e carregado consigo todo o tesouro. 

Ele conseguiu! Todos ficam pasmos, querendo saber como ele tinha feito aquilo, e começaram a perguntar e perguntar sem obter nenhuma resposta. Depois de algum tempo com o sapo alheio a todas as cogitações, acabaram por perceber que ele era surdo! 

Moral da história: Não é preciso ser surdo para adotar um comportamento onde nunca aceite que digam que você não é capaz, que não vai conseguir, e outras tantas afirmações negativas. Mantenha o foco, acredite no que você vê, acredite no que você sente, acredite no que você faz, acredite em você. A estrada pode ser longa, o caminho penoso, mas toda caminhada de sucesso começa sempre com um primeiro e simples passo e cada passo à sua vez, um depois do outro,com calma e perseverança. Você está na estrada para a percorrer e vencer. 

Autor Desconhecido 


Manter-se sereno diante de uma situação de estresse é uma forma de administrar emoções, uma das características das pessoas resilientes, pois são capazes de utilizar as pistas que percebem nas outras pessoas para reorientar o comportamento, promovendo a auto-regulação. Quando essa habilidade é rudimentar, há dificuldades em manter vínculos e aparecem desgastes emocionais. 

Um segundo fator característico da resiliência é o controle dos impulsos, no que se refere à capacidade de regular a intensidade dos mesmos, no sistema neuromuscular vinculado à regulação da intensidade das emoções. Em outras palavras, não agir impulsivamente ante à experiência de uma emoção. O controle dos impulsos garante a auto-regulação das emoções e a possibilidade de obter o devido grau de compreensão mediante a situação. 

O otimismo é outra característica da resiliência onde nasce a confiança de que as coisas sempre podem mudar para melhor. Há um investimento contínuo de esperança e, por isso mesmo, a convicção, dentro de limites razoáveis, da capacidade de controlar o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão não está em suas mãos. 

Na resiliência emerge a capacidade de analisar o ambiente, as causas dos problemas e das adversidades presentes, habilitando a pessoa a se colocar em um lugar mais seguro ao invés de se posicionar em situações de risco. A empatia é o outro aspecto constituinte da resiliência, significando a capacidade que o ser humano tem de compreender os estados psicológicos dos outros e conviver com eles e com os seus, de forma harmônica. 

Auto-eficácia se refere à capacidade de obter resultados nas ações propostas. Vale lembrar que ser eficaz não é a mesma coisa que ser eficiente. A eficácia mede a capacidade de alcançar um objetivo, independentemente de como se alcança, desde que se tenha à disposição, meios (recursos) para conseguir um determinado efeito. A eficiência é a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos, ou seja, ser eficiente é conseguir atingir um dado objetivo, da melhor forma possível, com um mínimo de recursos, chegando o mais próximo possível daquilo que se esperava como ideal.

Outro fator constituinte da resiliência é o “alcançar pessoas”. É a capacidade de se vincular a outras pessoas para viabilizar soluções, superar as agruras da vida, sem receios ou medo do fracasso. 

Barbosa constatou a necessidade de ampliar a investigação científica na temática da resiliência, pesquisando o mapeamento de oito modelos básicos de crenças. Esse desdobramento, conhecido como Quest_Resiliência, é estruturado com uma abordagem cognitiva, psicossomática e da teoria geral dos sistemas, cobrindo oito Modelos de Crenças Determinantes (MCD’s). Esses modelos são estruturados desde a primeira infância. São crenças que se aglutinam quando vamos conhecendo / aprendendo / experimentando os fatos da vida com aqueles que nos cercam. 

· MCD de autocontrole - capacidade de se administrar emocionalmente diante do inesperado. É amadurecer no comportamento expresso, que será percebido pelas outras pessoas; 

· MCD de leitura corporal - capacidade de compreender-se e organizar-se no sistema nervoso/muscular. É amadurecer no modo de lidar com as reações somáticas que surgem quando a tensão ou o estresse se tornam elevados; 

· MCD de otimismo para com a vida - capacidade de enxergar a vida com esperança, alegria e sonhos. É a maturidade de controlar o destino, mesmo quando o poder de decisão está fora de suas mãos; 

· MCD de análise do ambiente - capacidade de identificar e perceber precisamente as causas, as relações e as implicações dos problemas, dos conflitos e das adversidades presentes no ambiente; 

· MCD da empatia - capacidade de promover a empatia, com bom humor e de emitir mensagens que promovam interação e aproximação, conectividade e reciprocidade entre as pessoas; 

· MCD da autoconfiança - capacidade de ter convicção de ser eficiente nas ações propostas; 

· MCD de alcançar e manter pessoas - capacidade de se vincular às outras pessoas sem receios ou medo de fracasso, conectando-se para a formação de fortes redes de apoio e proteção; 

· MCD do sentido de vida - capacidade de entendimento de um propósito de vida. Promove um enriquecimento do valor da vida, fortalecendo e capacitando a pessoa a preservar sua vida ao máximo. 

Analisando a resiliência do ser humano, é quase impossível não pensar no cérebro e nas funções que ele desempenha para que a resiliência seja possível e conservada. Assim, passa-se a uma breve análise do cérebro e de suas funções. 

Existem diferenças assimétricas importantes nos lobos frontais. O lobo frontal esquerdo está envolvido no controle das funções relacionadas à linguagem, enquanto o lobo frontal direito desempenha um papel nas habilidades não-verbais. Alguns pesquisadores enfatizam que esta regra não é absoluta e que em muitas pessoas ambos os lobos estão envolvidos em praticamente todos os comportamentos. 

Danos no lobo frontal parecem ter um impacto no pensamento divergente, ou na flexibilidade e na habilidade de resolver problemas, refletindo-se de certa maneira na capacidade resiliente do indivíduo.

Pensamento divergente é um processo de pensamento cujo objetivo é achar o maior número possível de soluções para um determinado problema. Essa habilidade é usada para gerar idéias e resolver algo criativamente, estando estreitamente relacionado à resiliência. Dele surge a produção divergente, ou seja, a obtenção criativa de múltiplas respostas a um problema. Em oposição, o pensamento convergente consiste em buscar uma única solução apropriada a um problema e, portanto, denota uma baixa resiliência. 

Uma das características mais comuns dos danos no lobo frontal é a dificuldade para interpretar respostas ambientais, perseverança em propor uma resposta (Milner, 1964), comportamentos de risco, insubordinação às regras, (Miller, 1985), e prejuízos na aprendizagem associativa (pelo uso de pistas externas para ajudar a guiar o comportamento) (Drewe, 1975) são alguns poucos exemplos deste tipo de déficit. 

Um dos efeitos mais comuns dos danos aos lobos frontais tende a ser a mudança dramática no comportamento social, podendo a personalidade do indivíduo sofrer mudanças significantes depois do evento, especialmente quando ambos os lobos estão envolvidos. Existem algumas diferenças no lobo esquerdo em relação ao lobo direito nestas áreas. Danos no lobo esquerdo geralmente se manifestam como pseudo-depressão e danos no lobo direito como pseudo-psicopatia (Blumer e Benson, 1975). 

O comportamento sexual também pode ser afetado por lesões frontais. Danos órbito-frontais podem desencadear um comportamento sexual anormal, enquanto danos dorso-laterais podem reduzir o interesse sexual (Walker e Blummer, 1975). 

Alguns testes comuns para o funcionamento dos lobos frontais são: o Winsconsin Card Sorting (inibição de resposta); Finger Tapping (habilidades motoras); e Token Test (habilidades linguísticas). 

Já os lobos parietais podem ser divididos em duas regiões funcionais. Uma envolvida na sensação e na percepção e outra responsável na integração sensorial, primariamente com o sistema visual. A primeira função integra informações sensoriais para formar uma única percepção (cognição). A segunda constrói um sistema de coordenadas espaciais para representar o mundo que nos cerca. Indivíduos com danos nos lobos parietais geralmente demonstram profundos déficits, tais como anormalidades na imagem corporal e nas relações espaciais, comprometendo sua capacidade resiliente (Kandel, Schwartz & Jessel, 1991). 

Danos ao lobo parietal esquerdo podem resultar naquilo que é chamado de “Síndrome de Gerstmann.” Esta síndrome se caracteriza pela confusão entre esquerda e direita, dificuldade de escrita (agrafia) e dificuldades com o pensamento matemático (acalculia). Também pode produzir desordens na linguagem (afasia) e a inabilidade de perceber objetos normalmente (agnosia). 

Danos ao lobo parietal direito podem resultar na negligência a uma parte do corpo ou do espaço (negligência contralateral), a qual abala muitas das habilidades de cuidado próprio, tais como vestir-se e banhar-se. Danos no lado direito também podem causar dificuldades para a realização de muitas atividades (apraxia construcional), a negação dos déficits (anosagnosia) e habilidades para desenhar. 

Danos bilaterais (grandes lesões em ambos os lados) podem causar a “Síndrome de Balint”, uma síndrome motora e da atenção visual caracterizada pela incapacidade de controlar voluntariamente o olhar (apraxia), para integrar componentes da cena visual (simultanagnosia) e para alcançar de forma coordenada um objeto com o auxílio da visão (ataxia óptica) (Westmoreland et al., 1994). Déficits especiais (primariamente à memória e à personalidade) podem ocorrer se houverem danos à área entre os lobos parietal e temporal. 

Lesões na área parieto-temporal esquerda podem afetar a memória verbal e a habilidade da recordar seqüências numéricas (Warrington & Weiskrantz, 1977). Lesões na área parieto-temporal direita estão relacionadas a problemas na memória não-verbal, podendo ocasionar mudanças significativas na personalidade. Alguns testes comuns para o funcionamento dos lobos parietais são: o Kimura Box Test (apraxia) e o Two-Point Discrimination Test (somatosensorial). 

Os lobos temporais também estão relacionados à resiliência. Kolb & Wishaw (1990) identificaram oito sintomas principais relacionados aos danos nos lobos temporais: 1. Perturbações na sensação e percepção auditiva; 2. Perturbações na atenção seletiva de inputs auditivos e visuais; 3. Desordens na percepção visual; 4. Perturbações na organização e categorização do material verbal; 5. Perturbações na compreensão da linguagem; 6. Perturbações na memória de longo prazo; 7. Alterações na personalidade e no comportamento afetivo; 8. Alterações no comportamento sexual. 

Convulsões dos lobos temporais podem causar efeitos dramáticos na personalidade do indivíduo. Epilepsia do lobo temporal pode causar discursos perseverantes, paranóia e episódios agressivos (Blumer & Benson, 1975). Danos severos aos lobos temporais também podem alterar o comportamento sexual (por exemplo, aumentando a atividade) (Blumer & Walker, 1975). Testes comuns para o funcionamento do lobo temporal são: Rey-Complex Figure (memória visual) e Wechsler Memory Scale - Revised (memória verbal). 

Outra parte importante no estudo da relação entre resiliência e o sistema nervoso central é o tronco cerebral. Ele desempenha um papel vital na atenção, despertar e consciência. Toda informação vinda do nosso corpo passa pelo tronco cerebral a caminho do cérebro. 

Resiliência e o Cérebro 

Os lobos frontais são considerados o nosso centro de controle emocional e lar da nossa personalidade. Os lobos frontais estão envolvidos na função motora, na solução de problemas, espontaneidade, memória, linguagem, iniciação, julgamento, controle de impulsos e comportamentos sociais e sexuais. 



Finalmente, O cerebelo está relacionado com a capacidade de enfrentamento ou fuga em situações de perigo (um dos aspectos da resiliência), pois está envolvido na coordenação do movimento motor voluntário (a função cerebelar é inconsciente), equilíbrio, balanceamento e tônus muscular. 

Danos ao cerebelo resultam em movimentos lentos e descoordenados. Indivíduos com lesões cerebelares tendem a apresentar dificuldades para se equilibrar e virar enquanto caminham. Danos no cerebelo podem levar a: 1. Perda de coordenação do movimento motor (assinergia); 2. Incapacidade de julgar a distância e o momento de parar (dismetria); 3. Incapacidade para realizar movimentos rápidos alternados (adiadochocinsesia); 4. Tremores nos movimentos (tremor de intensão); 5. Excitação e caminhar de base larga (mancar atáxico); 6. Tendência a cair para frente; 7. Músculos enfraquecidos (hipotonia); 8. Fala embargada (disartria atáxica); e 9. Movimentos oculares anormais (nystagmus). 

Gattass e colegas vêm realizando estudos sobre o mapeamento de áreas do cérebro, aportando amplo avanço no conhecimento do funcionamento cerebral e indiretamente contribuindo para futuras pesquisas sobre as áreas comprometidas com comportamento e cognição necessários ao desenvolvimento da resiliência. Reproduz-se a seguir um trecho de seu trabalho com respeito a esse tema: 



R. Gattass, J. Moll,et AL 


“A Figura mostra áreas corticais na vista lateral do hemisfério esquerdo do homem. Dessas áreas, algumas foram mapeadas por métodos neuropatológicos, eletrofisiológicos, neuroanatômicos e por ressonância funcional. 

Além das áreas frontais estão delineadas na vista lateral do hemisfério as áreas motora primária (MI), somestésica primária (SI), e secundária (SII), auditiva primária (AI), visual primária (VI), as áreas da fala de Broca (Bc) e de Wernicke (W), além da área de preensão manual (Pr) e a área da pantonímia (Pt) que contém os engramas cinestésicos do uso de ferramentas. 

Na porção lateral do córtex frontal, observa-se uma grande área dorso medial (PFdm) envolvida no julgamento social, além de quatro áreas de memória de trabalho: para tempo (MTT), espaço (MTE), objeto (MTO) e verbal (MTV), duas áreas de controle de movimento ocular, uma para o movimento de seguimento (COFa – campo ocular frontal anterior) e outra para o movimento sacádico (COFp – campo ocular frontal posterior), uma área envolvida no aprendizado motor, a área pré-motora lateral (PML) e uma área de programação de movimento da mão e do membro superior (dirigida a um alvo) no espaço extra corpóreo próximo. 

Na porção ventral do córtex frontal observam-se as áreas órbito-frontal lateral (OFl) envolvida na inibição de um comportamento em curso e a área orbito-frontal medial (OFm) envolvida na relação de memória e emoção relacionadas com recompensa. 

Síndrome do córtex frontal dorsolateral (ou da convexidade frontal): Os pacientes apresentam incapacidade de controlar, regular, assim como integrar atividades cognitivas. Eles apresentam incapacidade de manipular conceitos abstratos e pobreza de julgamento. A anormalidade no comportamento sequenciado inclui perseveração, inflexibilidade na mudança de regras para a solução de problemas, além de não persistência, que faz com que terminem um comportamento mais cedo que o normal. Essas características têm repercussão no comportamento motor, apresentando distúrbios na programação de atos sequenciais manuais seriados. 

Lesões do córtex frontal dorso-medial em animais: A lesão bilateral das margens do sulco principal em macacos causa déficits em situações que requerem uma alternância de escolha após um retardo (delayed alternation). Neste caso o animal não consegue fazer uma alternância na escolha de dois reservatórios de comida situados lado a lado. 

Síndrome de desinibição órbito-frontal: Os pacientes são impulsivos, desinibidos, não tem freio social e apresentam familiaridade não justificada com estranhos. O humor é lábil e apresentam euforia tola. Geralmente são grosseiros, sem empatia e com pouca preocupação com os sentimentos dos outros. Apresentam falta de planejamento e não tem preocupação com a doença ou com o futuro. Em contraste a linguagem, a memória e as habilidades visuo-espaciais são preservadas. 

Síndrome do lobo frontal medial: Síndrome de gravidade variável que pode ir de uma pequena falta de motivação até o mutismo acinético. No mutismo acinético o paciente em alerta apresenta poucos movimentos espontâneos, mantém os olhos abertos, apresenta movimento de seguimento dos olhos e só ingere o alimento que for colocado em sua boca. 

Sequencias de ativação cortical e início do pensamento: Os estudos da seqüencia de ativação com paradigmas que induzem voluntários a resolverem problemas complexos revelou uma tendência para uma ativação sequencial que se origina no córtex frontal lateral esquerdo. Estes estudos levaram à formulação de um modelo que serve como hipótese testável em estudos futuros. 

Nesse modelo a ativação frontal lateral esquerda iniciaria a coordenação e sincronização de áreas envolvidas com funções cognitivas, necessárias para a definição de estratégias e solução de problemas. 

Outro exemplo de contribuição do método de ressonância funcional no estudo de sequencias de ativação cerebral aponta para uma dissociação na sincronização dos lobos temporais (relacionados com memória declarativa) e dos lobos frontais (relacionados com a coordenação do pensamento e julgamento social) nos pacientes esquizofrênicos. Esses pacientes não apresentam a sincronização funcional dos lobos temporal e frontal encontrada em voluntários normais. Esses estudos enfatizam a riqueza dos métodos e dos paradigmas da ressonância funcional, para a descoberta de fenômenos e mecanismos neurais relacionados às funções mentais superiores” ... e, sem dúvida, em futuros estudos sobre a resiliência humana.