Homens e mulheres com casos de alcoolismo na família
têm mais chances de ser obesos. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade
de Washington descobriram que pessoas que tendem a ser alcoólatras também correm
o risco de ser obesas. O estudo sugere que o tratamento de uma disfunção pode ajudar
na cura das outras.
Os cientistas observaram que a associação entre um histórico
familiar de alcoolismo e o risco de obesidade ficou mais acentuada nos últimos anos.
Tanto homens como mulheres que tinham casos de alcoolismo na família tinham mais
chances de ser obesos em 2002 do que os membros desse mesmo grupo de risco em 1992.
Richard Gruzca, um dos autores do estudo, diz que, ao
estudar esse tipo de problema, os cientistas costumam verificar se a predisposição
de uma pessoa para desenvolver um vício também pode ser responsável pelo aparecimento
de outros.
O estudo mostra que alguns riscos de vício podem ser
influenciados pelo ambiente. E foi justamente o ambiente que mudou entre os anos
1990 e os anos 2000; não foram os genes das pessoas.
Nos Estados Unidos, a obesidade dobrou em décadas recentes,
de 15% da população (no final dos anos 70) para 33%, em 2004. Pessoas obesas – que
têm um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais – têm um risco elevado de pressão
alta, diabetes, doenças cardíacas, derrames e alguns tipos de câncer. No estudo,
Gruzca e sua equipe relatam que pessoas com um histórico familiar de alcoolismo,
em especial as mulheres, têm um alto risco de obesidade – problema que parece estar
aumentando.
O cientista diz que isso talvez seja resultado de mudanças
nos alimentos que comemos e na oferta de comidas que interagem com as mesmas áreas
do cérebro que as drogas que viciam. O cientista explica que muitas coisas que comemos
atualmente contêm mais calorias do que os alimentos que comíamos nos anos 70 e 80
e também têm alguns tipos de calorias – principalmente uma combinação de sal, açúcar
e gordura – que são atraentes para os chamados centros de recompensa do cérebro.
O pesquisador acrescenta que, como o álcool e as drogas afetam as mesmas partes
do cérebro, o consumo exagerado desses tipos de alimentos pode ser maior ainda em
pessoas com predisposição para o vício.
Uma explicação possível para a obesidade em pessoas
com histórico de alcoolismo é a de que algumas das pessoas podem substituir um vício
pelo outro. Depois de ver um parente próximo lidar com problemas de álcool, uma
pessoa pode fugir da bebida. Mas alimentos saborosos e com muitas calorias também
podem estimular os centros de recompensa do cérebro e criar efeitos parecidos aos
que experimentariam com o álcool.
Ironicamente, pessoas com alcoolismo não tendem a ser
obesas: têm mais chances de ser mal nutridas ou pelo menos subnutridas porque muitas
substituem a comida pelo álcool. Gruzca explica que muita gente acha que o excesso
de calorias associado ao consumo de álcool poderia, teoricamente, contribuir para
a obesidade, mas não é o que os pesquisadores notaram nessas pessoas. Outros fatores,
do cigarro e do álcool a variáveis demográficas como a idade e o nível de educação
não parecem explicar a associação entre o risco de alcoolismo e a obesidade.