O sistema
nervoso rege as relações do homem com o mundo exterior e ajusta e coordena a
atividade dos órgãos. É esse o sistema encarregado de perceber o mundo e
promover as adaptações necessárias para a manutenção da vida. Ele coleta
informações, compara-as àquelas arquivadas em experiências anteriores e decide
a melhor maneira de lidar com a situação. É o sistema responsável pelo
gerenciamento da informação do organismo. Informação: eis a unidade monetária
do sistema nervoso.
Os órgãos
dos sentidos são os informantes. São eles que retiram do ambiente a informação
bruta, a matéria prima. Essa informação chega ao sistema nervoso central. Após
analisá-la, encarrega o sistema muscular e esquelético da execução de suas
decisões. Isso pode significar a contração de uma glândula, o aumento da tensão
muscular para preparar uma fuga, ou o aviso de que o ambiente é propício para o
relaxamento.
FIGURA 1: O sistema nervoso. As porções mais escuras, formadas pelo
encéfalo
(cérebro, cerebelo e tronco
encefálico) e pela medula espinhal,
constituem o sistema nervoso central. As porções mais claras
(gânglios e nervos periféricos) compõem o sistema nervoso periférico.
As divisões do sistema nervoso
O sistema
nervoso humano é dividido didaticamente em sistema nervoso central e sistema nervoso periférico (Figura 1). O sistema nervoso
central é composto pelo encéfalo e pela medula
espinhal. O encéfalo é composto pelo cérebro, cerebelo e tronco
encefálico. Esse último tem continuação com a medula espinhal.
Funcionalmente,
pode-se dividir o sistema nervoso em sistema nervoso de vida de relação ou somático, ou seja, aquele que relaciona o organismo com o
meio ambiente; e o sistema nervoso
visceral, que inerva e controla as estruturas viscerais. Esse último
atua de maneira autônoma, ou seja, independentemente da vontade do indivíduo.
Exemplos
da ação desse sistema são os batimentos cardíacos, o movimento dos intestinos,
a secreção de hormônios, o suor, entre outros.
É claro
que qualquer divisão para o sistema nervoso tem propósito exclusivamente
didático, uma vez que as partes atuam de maneira integrada e una, tanto do
ponto de vista anatômico, quanto funcional.
Dentro do
sistema nervoso, o cérebro é a estrutura mais conhecida, desenvolvida e
importante. Ele ocupa cerca de 80 - 85% da cavidade craniana. O cérebro é o
órgão-alvo para o estudo das bases neurobiológicas da dependência química. As
alterações causadas pelo consumo de drogas, bem como os sistemas relacionados
ao surgimento da dependência estão nele situados.
Anatomia macroscópica do cérebro
Genericamente,
pode-se dizer que o cérebro é composto por dois hemisférios unidos por uma
estrutura denominada corpo caloso,
que permite a troca e a integração das informações entre ambos (Figura 3). À primeira vista, nota-se
que a superfície do cérebro é dotada de uma série de circunvoluções denominadas giros, separados e delimitados por
depressões denominadas sulcos. A
existência dos sulcos permite um aumento considerável da superfície do cérebro,
sem grande aumento do volume.
FIGURA 3:
O cérebro humano observado de cima. À esquerda as meninges, membranas que
envolvem o cérebro e cuja função é proteger o cérebro e dar sustentação aos
vasos sanguíneos locais. Ao centro, os dois hemisférios cerebrais, onde se
observam os giros e sulcos. À direita, removida parte central dos hemisférios,
vê-se o corpo caloso, estrutura que integra os dois hemisférios e permite a
comunicação entre ambos. VIRTUAL
HOSPITAL (www.vh.org)
O sistema
nervoso central é envolvido por membranas denominadas meninges (Figura 3; Figura 4). Há
cavidades entre as meninges e o cérebro que são preenchidos por líquido
incolor, cuja função é amortecer qualquer impacto mecânico sofrido pelo sistema
nervoso e facilitar a distribuição e o acesso das células de defesa a qualquer
região deste. Esse líquido aquoso é conhecido por líquor.
FIGURA 4: O sistema nervoso central em relação ao corpo humano.
Os lobos cerebrais
Os sulcos
cerebrais dividem o cérebro em quatro porções, denominadas lobos (Figura 5). São elas o lobo frontal, temporal, parietale occipital. Dentro dos lobos cerebrais
há regiões que desempenham funções específicas (Figura 5).
Desse
modo as funções memória, linguagem, audição e emoções encontram-se
fundamentalmente no lobo temporal; as funções psíquicas superiores, tais como
raciocínio, abstração, planejamento e resolução de problemas encontram-se no
lobo frontal; a recepção e o processamento das informações vindas dos órgão do
sentido e das vísceras encontram-se no lobo parietal; enquanto a visão está
concentrada no lobo occipital.
FIGURA 5:
“Os lobos cerebrais recebem sua denominação de acordo com os ossos do crânio
com os quais se relacionam. Assim, temos os lobos frontal, temporal, parietal e
occipital. A divisão em lobos, embora de grande importância clínica, não
corresponde a uma divisão funcional, exceto pelo lobo occipital, que parece ser
todo relacionado com a visão.” Ângelo Machado. Neuroanatomia funcional. RJ:
Atheneu; 1988.
Mais uma vez, não é possível imaginar o sistema nervoso dividido em estruturas e funções isoladas. Todas as estruturas e suas respectivas funções estão inter-relacionadas e interagem entre si sem cessar.
A organização interna do cérebro
Uma rápida olhada num corte do cérebro (Figura 6) deixa evidente até para o olhar mais desatento a presença de duas tonalidades: uma escura, composta pela fina superfície externa do cérebro e por alguns núcleos na base cerebral; e outra mais clara, que preenche os espaço delimitado pela superfície externa e pelos núcleos. A porção escura é denominada substância cinzenta, composta pelo córtex cerebral (superfície externa) e pelos núcleos da base. A porção mais clara é denominada substância branca.
Mais uma vez, não é possível imaginar o sistema nervoso dividido em estruturas e funções isoladas. Todas as estruturas e suas respectivas funções estão inter-relacionadas e interagem entre si sem cessar.
A organização interna do cérebro
Uma rápida olhada num corte do cérebro (Figura 6) deixa evidente até para o olhar mais desatento a presença de duas tonalidades: uma escura, composta pela fina superfície externa do cérebro e por alguns núcleos na base cerebral; e outra mais clara, que preenche os espaço delimitado pela superfície externa e pelos núcleos. A porção escura é denominada substância cinzenta, composta pelo córtex cerebral (superfície externa) e pelos núcleos da base. A porção mais clara é denominada substância branca.
FIGURA 6:
A organização interna do cérebro. Nota-se de pronto a presença de duas
tonalidades: uma mais escura, denominada substância cinzenta, e outra mais
clara, denominada substância branca. A diferença de cores se dá porque a
primeira é composta por corpos neuronais e a segunda, por axônios. VIRTUAL HOSPITAL (www.vh.org)
A diferença de cores se dá porque o córtex e os núcleos da base são compostos por corpos neuronais e a substância branca por axônios, estruturas que serão discutidas a seguir.
Anatomia microscópica do cérebro
O cérebro é composto por células denominadas
neurônios (Figura 7). Todo o
neurônio é composto por um corpo neuronal, dendritos e axônio. A comunicação
entre os neurônios é feita por meio de uma terminação especial, denominada sinapse.
FIGURA 7:
Os componentes do neurônio. Os corpos neuronais povoam o córtex e os núcleos da
base, conhecidos por substância cinzenta. A substância branca é na realidade os
prolongamentos dos corpos neuronais (axônios). O revestimento dos axônios, uma
camada gordurosa chamada bainha de mielina, lhe confere a coloração mais clara.
1. Corpo neuronal: a porção mais importante da
célula, onde se localizam o núcleo e todas as outras organelas responsáveis
pela produção de energia e pela síntese de proteínas e outras substâncias.
2. Dendritos: são prolongamentos do corpo celular que se
comunicam com corpos ou axônios de outros neurônios.
FIGURA 8:
Corpos neuronais e seus prolongamentos. Há uma grande possibilidade de
ramificações, que visam a ampliar as redes de comunicação entre os diversos
neurônios do organismo.
3. Axônios: são prolongamentos de extensões variadas
(podendo ir milímetros ou metros). Sua função é conduzir as informações de
neurônio para o outro. Os axônios são revestidos por uma camada lipídica
(gordurosa), denominada bainha de mielina, que o isola do meio circundante. É
essa camada gordurosa a responsável pela cor mais clara da substância branca do
cérebro.
4. Sinapse: são junções entre dois neurônios, através da qual
as informações provenientes de um neurônio podem ser propagadas, bloqueadas,
potencializadas ou integradas com informações de outros neurônios.
Há ainda
alguns aspectos relevantes acerca da organização dos neurônios, como a sua
forma de agrupamento e a emissão de seus prolongamentos, que serão tratamentos
conjuntamente com a fisiologia do sistema nervoso central.