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8/01/2015

ALCOOLISMO NA FAMILIA

Este trabalho tem por objetivo oportunizar a análise e a reflexão sobre o alcoolismo e seus impactos psicossociais em crianças e adolescentes que convivem com essa doença na família, demonstrando as principais formas que o alcoolismo pode afetar a vida dos indivíduos no que diz respeito às suas relações familiares.

Constata-se a importância de se refletir sobre o alcoolismo, pois além de ser um problema de saúde física, é também uma doença social. Afirmação essa, feita a partir da observação durante o período de estágio no CRAS - Centro de Referência da Assistência Social do Município de Laguna Carapã/MS, da grande demanda por atendimento psicossocial para crianças e adolescentes que convivem com pais ou mães alcoólicos.

O alcoolismo é um fator relacionado ao consumo excessivo e prolongado do álcool, e pode ser entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e todas as conseqüências decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnóstico. Dentro do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso, intoxicação por álcool, síndrome amnésica, demência alucinatória delirante de humor, assim com distúrbios sexuais, do sono, de ansiedade e outros distúrbios não específicos.

O alcoolismo é um grave problema de saúde que afeta tanto o indivíduo que é portador da doença quanto às pessoas que convivem com ele (seus familiares). Principalmente as crianças e adolescentes que podem ter o seu desenvolvimento psíquico social e emocional negativamente afetado devido ao grande estresse emocional vivenciado em seu dia a dia, por presenciar e também serem vítimas constantemente de violência, brigas, maus tratos, entre outros.

Segundo o Ministério da Saúde (2009) o uso constante de álcool causa dependência física e psicológica, transformando o usuário ocasional em viciado, podendo levar à morte pelo consumo excessivo e até mesmo debilitar progressivamente o organismo de quem a usa. 

A magnitude do problema do uso indevido de álcool, verificada nas últimas décadas, ganhou proporções tão graves que hoje é uma questão de saúde pública no país. Além disso, este contexto também é refletido nos demais segmentos da sociedade por sua relação comprovada com os agravos sociais, tais como: acidentes de trânsito e de trabalho, violência domiciliar e crescimento da criminalidade.

O alcoolismo é uma doença que afeta a saúde física, o bem estar emocional e o comportamento do indivíduo. O álcool é um dos principais agravantes do desajuste que ocorre no contexto intrafamiliar, prejudicando o desenvolvimento psicossocial que pode atingir as crianças e adolescentes que convivem com essa doença.

Esta pesquisa justifica-se por sua relevância social, onde se busca através do estudo aprofundado mostrar que o alcoolismo é um grave problema social, além de causar conseqüências na área psicossocial para as crianças e adolescentes que convivem com esse problema. Por se tratar de um tema novo e devido à escassez de material escrito para pesquisa e, por conseguinte sendo o Assistente Social um dos profissionais que mais atua nessa área, acredita-se que um estudo mais detalhado sobre o assunto trará contribuições relevantes para a melhor atuação do profissional.

A finalidade desta pesquisa consolida-se na premissa de que o alcoolismo, na família, pode trazer conseqüências nocivas ao desenvolvimento físico, psíquico e emocional de crianças e adolescentes, e que o profissional do serviço social pode contribuir através de seu conhecimento. Ajudando as famílias que passam por essa dura realidade a encontrar pelo meio do diálogo e da inclusão em tratamento de apoio, o equilíbrio necessário para solucionar tais problemas.

O estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica com levantamento de dados em fontes como artigos, livros e sites da internet que abordam o tema, e ficou composto de três capítulos, sendo um de revisão de literatura que traz principais conceitos de alcoolismo, o segundo capítulo trata-se como foi organizado e realizado o estudo, ou seja, os materiais e métodos. No terceiro capítulo apresentamos os resultados e discussões oriundos da pesquisa, e nas considerações finais colocamos as considerações da pesquisa com base no levantamento teórico.

2 O CONCEITO DO ALCOOLISMO

2.1 Alcoolismo: Doença ou Fraqueza

Quando refletimos sobre o conceito da palavra droga, logo pensamos em cocaína, heroína, maconha, craque entre outros tantos nomes que são dadas às drogas lícitas e ilícitas existentes. Não nos deportamos ao álcool como sendo uma das drogas mais utilizadas e mais nocivas ao ser humano da nossa atualidade, pois o álcool é consumido desde os tempos mais primitivos da nossa sociedade e é visto como complemento dos momentos de alegria e de festa, onde as pessoas se reúnem para comemorar e celebrar a vida (GIGLIOTI, et. al. 2004).

Lazo (2008) define o álcool como sendo uma droga bastante poderosa e mata mais pessoas que todas as drogas juntas (exceto o cigarro), por ser uma droga lícita e de fácil acesso a todas as camadas da sociedade devido ao baixo valor, ela faz vitimas em todas as classes sociais.

Na opinião de Martins (2007):

Os dependentes do álcool e sua família estão sujeitos a vivenciar algumas das expressões da questão social. Entre essas expressões, destacam-se o desemprego, a subhabitação, a desnutrição, a precarização dos serviços de saúde e outras problemáticas que atingem, especialmente, a população de baixa renda, sobre a qual incidem de forma mais perversa as desigualdades sociais (MARTINS, 2007, p. 85).

Nesse contexto, afirma Giglioti, et. al. (2004), surgem as várias formas de resistência e enfrentamento à situação de dependência do álcool, através da busca de políticas públicas, dos programas específicos de atenção ao alcoolista e sua família e, também, do acesso à rede de apoio social. O uso constante de álcool causa dependência física e psicológica, transformando o usuário ocasional em viciado, podendo levar à morte pelo consumo excessivo e até mesmo debilitar progressivamente o organismo de quem a usa.

Segundo Zago (2011, p.01) A ação do álcool no sistema central, dá-se por que o álcool entra rapidamente no cérebro com inúmeros efeitos nos neurônios, ou seja, boa parte dos sistemas neuroquímicos, provocando alterações nos neurotransmissores serotoninérgicos, nos dopaminérgicos no VTA e no núcleo acumbente e na liberação de peptídeos opióides no sistema nervoso central que causam seus efeitos prazerosos. 

A exposição ao álcool em um pequeno período de tempo reduz os impulsos elétricos dos neurônios determinando a depressão da atividade cerebral e dos nervos, como consequência do aumento da atividade do GABA nos receptores GABA-érgicos já que diminui a ação dos aminoácidos excitatórios, por exemplo, o glutamato ao nível dos receptores NMDA.

Carvalho (2002) enfatiza como o consumo assumido de substâncias com ação psicotrópica tem evoluído de acordo com os percursos civilizacionais e que, embora numa primeira fase atue no funcionamento mental (causando euforia, estimulante, anestesiante, inebriante), numa segunda fase, induz em dependência e tolerância, apresentando elevados riscos bio-psico-sociais imediatos.

Durante anos o alcoolismo foi considerado por muito tempo como um “problema moral”, fruto da falta de caráter da pessoa. Com o passar do tempo, começou – se a considerar o alcoolismo uma doença cujo um dos pressupostos é que os dependentes teriam características genéticas e de personalidade diferentes do restante da população.

Foi incorporado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) na Classificação Internacional das Doenças em 1967 (CID-8), a partir da 8ª Conferência Mundial de Saúde. No entanto, a questão do impacto do abuso do álcool sobre a saúde já vinha sendo objeto de discussão pela OMS desde o início dos anos 50, compondo um processo longo de maturação que, ainda hoje ainda gera conflitos no meio médico e científico.

Nesta oportunidade a Organização Mundial de Saúde classificou as drogas pelo seu grau de periculosidade, utilizando critérios como o maior ou menor perigo tóxico, a maior ou menor capacidade de provocar a dependência física e a maior ou menor rapidez em que esta dependência se estabelece. Com base nestes critérios, as drogas são classificadas como: Grupo 1: ópio e derivados (por exemplo, morfina e heroína); Grupo 2: barbitúricos e álcool; Grupo 3: cocaína e anfetaminas; Grupo 4: LSD, canabinoides, tabaco, entre outros. (BRASIL, 2009).

É interessante verificar que o álcool é classificado no segundo grupo devido aos seus efeitos na saúde e à grande dependência física e psíquica que provoca quando consumido em excesso. De acordo com Martins, (2007, p. 19), pode-se destacar que:

Atualmente o alcoolismo é conceitualmente descrito na Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e na quarta revisão do Manual Diagnóstico e Estatísticos dos Transtornos Mentais da Associação Norte Americana de Psiquiatria (DSM-IV) como síndrome de dependência do álcool. Assim, a definição de alcoolismo adotada em CID-10 e DSM-IV passou a privilegiar também os padrões de consumo e não só os resultados da ingestão excessiva do álcool.

Para Oliveira (2009), a magnitude do problema do uso indevido do álcool, verificada nas últimas décadas, ganhou proporções tão graves que hoje é uma questão de saúde pública no país. Além disso, este contexto também é refletido nos demais segmentos da sociedade por sua relação comprovada com os agravos sociais, tais como: acidentes de trânsito e de trabalho, violência domiciliar e crescimento da criminalidade.

Segundo Vaillant (1999 apud ARAÚJO, 2007, p. 23), o alcoolismo depende de variáveis sociais, econômicas e culturais. Envolve um continuum multideterminado de comportamentos relacionados ao beber. Os problemas relacionados ao álcool não resultam apenas do exagero da quantidade consumida, mas da ausência de controle da forma de consumo (quando, onde e quanto). O abuso de álcool gera dependência, depressão e instabilidade de personalidade.

O alcoolismo é uma doença que afeta a saúde física, o bem estar emocional e o comportamento do indivíduo. O álcool é um dos principais agravantes do desajuste que ocorre no contexto intra-familiar, prejudicando o desenvolvimento psicossocial que atinge todas as pessoas que convivem com essa doença, principalmente as crianças e adolescentes.

Na afirmação de Araújo (2007, p. 08),

Comparando o cérebro ao de uma pessoa saudável, o de um alcoólatra apresenta atrofia, pois os neurônios são, progressivamente, destruídos, o fato pode ser observado pela dilatação dos ventrículos, pelo estreitamento do corpo caloso (a principal conexão entre os dois hemisférios) e pela redução do hipocampo (região da memória).

As primeiras informações sobre o uso do álcool, de acordo com Mansur (2004), datam de 6.000 a.C., muito utilizada por seus efeitos desinibidores, antidepressivo e de fácil acesso podendo ser adquirida por todas as camadas sociais, tornando - se um dos maiores problemas de saúde que afetam homens e mulheres em qualquer idade e em todas as classes sociais. 

O alcoolismo está associado ao forte desejo de beber, a dificuldade em controlar o consumo e a utilização insistente apesar das consequências negativas que o álcool produz. São inúmeros os problemas causados pelo consumo excessivo do álcool, porém muitas pessoas bebem além dos limites desejáveis sem necessariamente serem alcoólatras ou dependentes.

Para Araújo (2007, p. 20), “o alcoolismo é a reivindicação de um gozo infinito. O alcoolista procura a possibilidade do gozo e deseja ser reconhecido e respeitado como sujeito. É alguém que não tem receios, não para diante de barreiras ou limites, está disposto a ir até o fim na busca do prazer”.

O consumo de álcool é frequentemente nomeado como um grave problema de saúde pública, podendo interferir simultaneamente na vida pessoal, familiar, escolar, ocupacional e social do consumidor. Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua ao nível do sistema nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para desenvolver dependência.

Araújo destaca, também que o:

Alcoolismo, sociedade industrial e o sistema capitalista estão conectados, pois “[...] esta dependência vital em relação a um objeto cujo consumo é inevitavelmente crescente, tal como realiza o gozo. Outro é o ideal visado pela sociedade industrial”. Consumir cada vez mais, não se sentir saciado e partir em busca de mais produtos corresponde, assim, ao interesse da indústria de bebidas no crescimento do consumo e dos lucros, além de constituir grande fonte de recursos de arrecadação para os cofres públicos (2007, p. 20).

O álcool é uma das poucas drogas que tem o seu consumo legalizado, e, muitas vezes incentivado pela sociedade. Esse é um dos motivos pelo qual ele é encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas. Apesar da sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas, quando excessivo, passa a ser um problema.

Segundo o padrão Internacional considera-se o uso nocivo do álcool, quando seu consumo semanal para adultos é de 21 doses para homens e de 14 doses para mulheres. Uma dose equivale a una taça de vinho, uma lata de cerveja ou dois dedos de uísque (SOARES 2006 apud ARAUJO 2007).

O uso excessivo do álcool aumenta os números de casos de acidentes de trânsito e de violência, o consumo de álcool a longo prazo, dependendo da dose, frequência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo, podendo conduzir a comportamentos desviantes.

2.2 Álcool e Família: Relação Possível?

Para Kaloustian (2010) é abundante a literatura contemporânea a respeito da importância da família para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Estuda-se, do ponto de vista biológico, a fragilidade do bebê humano em relação às demais espécies, o que justifica a necessidade de protegê-lo para que sobreviva. A psicologia demonstra a importância das relações afetivas para a obtenção da saúde mental e as ciências sociais indicam que a presença de adultos confiáveis e o exercício da autoridade são indispensáveis para assegurar o convívio democrático entre homens e mulheres na sociedade.

Ainda segundo Kaloustian (2010) o consenso a respeito da família como lócus privilegiado para o adequado desenvolvimento humano está consagrado em documentos internacionais e, no caso do Brasil, em sua Constituição e no estatuto da Criança e do Adolescente.

Já no preâmbulo da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (20/11/1989), os Estados partes declaram-se “convencidos de que a família, como elemento básico da sociedade e meio natural para o crescimento e o bem-estar de todos os seus membros, e em particular das crianças, deve receber a proteção e assistência necessárias para poder assumir plenamente suas responsabilidades na comunidade” e reconhecem que a “criança, para o pleno e harmonioso desenvolvimento de sua personalidade, deve crescer no seio da família, em um ambiente de felicidade, amor e compreensão” (Kaloustian, 2010, p.60).

As palavras de Zagury (apud ROBAINA, 2010, p. 33), enaltece a relevância da estrutura familiar para o equilíbrio dos adolescentes e jovens: “uma família estruturada, harmônica e equilibrada produz, quase sempre, jovens equilibrados e estruturados. A falta dos pais é sentida de forma substancial pelo jovem, sendo causa maior de fragilidade emocional” (ROBAINA, 2010).

a família constitui-se no espaço indispensável para a garantia de sobrevivência, do desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros, independente do arranjo ou da forma como vem se estruturando. Garantias estas claramente citadas no artigo 4º da lei Federal 8069/1990 – ECA e, no artigo 227 da Constituição Federal de 1988. 

Esta instituição vem se modificando em sua essência, para poder acompanhar as profundas transformações que ocorreram em seu interior, pois com a evolução da sociedade houve alteração nos papéis sociais de cada um dos membros familiares e o bom desempenho dos papéis sociais é importantíssimo na preservação dos valores éticos e morais que sustentam a sociedade.

É no convívio da família que tais valores são absorvidos e os laços de afeto e solidariedade são aprofundados, porém as famílias que convivem com o drama do alcoolismo, convivem diariamente com o medo, a opressão, a culpa e a raiva. Estes tipos de sentimentos vivenciados com frequência são nocivos ao desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes, para Bellini (2002): “a violência nas relações familiares configura-se como uma das formas de relação de poder, mantendo-se com a participação de todos os membros, ora nas mãos de uns, ora de outros” (p. 33).

Segundo Pinski et al (2004), família é um sistema, um conjunto de elementos que interagem entre si e possuem características comuns, ligados por interações especificas cujos atributos podem ser expressos com relação aos papeis ou funções que desempenham. Não refere-se necessariamente a família nuclear, ou a família cujos membros vivem juntos, mas aquela composta por indivíduos que interagem intensamente.

Todo sistema familiar tem por objetivo evoluir segundo o próprio ciclo vital. Nascimento, casamento, aposentadoria, falecimento, seguindo um processo de renovação. Qualquer alteração dessa ordem pode provocar uma crise e pôr em risco o equilíbrio do sistema. Por isso, a família tende naturalmente a manter a coerência, a segurança e estabilidade em seu interior. O que pode não ser encontrado como referencia numa família onde se encontra um alcoolista (PINSKI, 2004).

O alcoolismo é uma doença que mais destrói vidas, pois não só o alcoolista é lesado em sua dignidade humana e sim todos em sua volta principalmente as crianças e adolescentes que tem suas vidas marcadas de forma dolorosa, traumática e prejudicial a um desenvolvimento saudável, perpetuando-se assim um círculo vicioso de violências, destruição e mortes. Portanto conforme Araújo (2007, p 18) “o alcoolismo é reflexo de uma perturbação social profunda com consequências pessoais e sociais mais amplas”.

Conforme aponta Ramos e Pires (1997) a dependência do álcool ou o alcoolismo pode ocasionar problemas tanto orgânico/clínico quanto psicológico e social. Quanto aos problemas orgânico/clínicos a dependência pode levar a doenças, como: cirrose, gastrite, úlcera, pancreatites, hipertensão, câncer e outras. Em relação aos problemas psicológicos, pode levar a auto piedade, ao remorso, a culpa pela ingestão, a perda da auto-estima, a depressão, ao isolamento entre outros. 

No caso dos problemas sociais, pode provocar acidentes de trânsito; repercutir nas relações sociais, através da perda dos amigos, de problemas no emprego e com os vizinhos; além de repercutir no relacionamento familiar, levando a desentendimentos, violência verbal e em casos mais extremos a violência física.

Em dezembro de 1995, na Conferência sobre Saúde, Sociedade e Álcool em Paris, promovida pela Organização Mundial da Saúde - OMS foi aprovada e assumida por 49 países a Carta Européia do Álcool. Nesta, podemos ler que “todas as pessoas têm direito a uma família, uma comunidade e uma profissão protegida de acidentes, de violência e outras consequências negativas devido ao consumo de álcool”.

A situação vivenciada no contexto familiar, em todas as suas dimensões e particularidades, reflete positiva ou negativamente, influenciando todos os membros da família despertando sentimentos e atitudes que se não trabalhadas adequadamente por profissionais capacitados podem gerar problemas de proporções inimagináveis.

A família pode ser considerada um suporte necessário para moldar dentro dos princípios éticos e morais assim, Martins (2007) salienta:

O impacto da doença do alcoolismo não incide somente no contexto social mais amplo e na saúde do dependente, uma vez que, a dependência do álcool interfere também na relação familiar, pois os componentes da família vivenciam diariamente a realidade do familiar que enfrenta a dependência do álcool. É importante, portanto, ter clareza de como esse fenômeno se manifesta na relação familiar (2007, p. 25).

É importante destacar que numa família que possui um alcoolista não apresenta equilíbrio emocional necessário para um relacionamento estável e saudável que proporcione o desenvolvimento físico, psíquico e emocional de crianças e adolescentes e nisso consiste a atuação do profissional do Serviço Social. Atender essas famílias dando-lhes atendimento especializado com o objetivo de suprir todas as suas dificuldades de relacionamento, contribuindo assim com a emancipação social da família.

As crianças e adolescentes que convivem em um ambiente de alcoolismo são constantemente submetidas à violência física, psicológica, moral e sexual. São constantes brigas que ocorrem no contexto familiar, por não haver uma convivência harmoniosa e saudável entre pais e filhos, pela falta de intimidade no relacionamento familiar, falta de dialogo, constantes trocas de ofensas entre o casal, abusos e maus tratos geram um estresse emocional muito grande podendo ocasionar com isso: Problemas físicos e emocionais; Timidez; Isolamento social; Baixa auto-estima; Dificuldades de aprendizagem; Distúrbios de comportamento e de relacionamento prejudiciais a um desenvolvimento psíquico social e emocional saudável.

Lazo (2008) afirma que, as crianças e adolescentes que crescem em uma família de dependente do álcool podem vir a apresentar uma série de deficiências e dificuldades, que vão desde os transtornos emocionais e afetivos que geram dificuldades escolares, dificuldades de convivência social, ansiedade, depressão, até conflitos psicossociais que podem envolver o uso de drogas.

2.3 O Papel do Assistente Social no Enfrentamento do Alcoolismo na Família

Os seres humanos são seres essencialmente sociais, ou seja, vivem em uma determinada sociedade. E essa sociedade é uma totalidade. Nenhuma situação pode ser considerada apenas em sua singularidade, pois senão corre-se o sério risco de se perder de vista a dimensão social da vida humana. Portanto, qualquer situação que chega ao Serviço Social deve ser analisada a partir de duas dimensões: a da singularidade e a da universalidade. Para tal, é necessário que o assistente social tenha um conhecimento teórico profundo sobre as relações sociais fundamentais de uma determinada sociedade (universalidade), e como elas se organizam naquele determinado momento histórico, para que possa superar essas “armadilhas” que o senso comum do cotidiano prega e que muitas vezes mascaram as reais causas e determinações dos fenômenos sociais. É na relação entre a universalidade e a singularidade que se torna possível apreender as particularidades de uma determinada situação (IAMAMOTO, 2009).

Com a promulgação da nova Constituição Federal que ficou conhecida como a Constituição Cidadã, por ter ampliado os direitos sociais. Onde pela primeira vez a Assistência Social foi reconhecida como política pública, dever do Estado e direito de cidadania, abrindo assim espaços de atuação para o Assistente Social que até então era visto apenas como um executor de trabalhos meramente burocráticos.

A profissão Serviço Social:

Como qualquer outra profissão inscrita na divisão social e técnica do trabalho, sendo o Assistente Social um trabalhador assalariado, dependem da venda de sua força de trabalho especializada no mercado profissional de trabalho. Para que ele tenha valor de troca expresso monetariamente no seu preço requer que o profissional seja capaz de responder critica e criativamente aos desafios postos pelas profundas transformações incidentes nas esferas de produção e do Estado, com profundas repercussões na conformação das classes sociais. (IAMAMOTO, 2009, p.172).

Na sociedade contemporânea faz - se necessário que o profissional em Serviço Social esteja atento às diversas formas das demandas sociais, devido às inúmeras faces que a questão social apresenta, pois por mais que a sociedade tenha evoluído tecnológica e cientificamente. Humanamente ainda continua estagnada, pois em pleno século XXI observa - se que muito pouco se avançou quando o assunto é o alcoolismo na família e suas consequências para crianças e adolescentes.

Historicamente, os assistentes sociais dedicaram-se à implementação de políticas públicas, localizando-se na linha de frente das relações entre população e instituição (IAMAMOTO, 2007). Embora ainda esse seja o perfil predominante, dada à ênfase no caráter assistencial da rede de atendimento, não é mais o exclusivo, sendo abertas outras possibilidades.

2.3.1 Tratando o Alcoolismo como doença: Serviço Social na Saúde e os atendimentos psicossociais

Os assistentes sociais que se inserem na área temática da saúde no Sistema Único de Saúde são chamados a atuar, no tempo presente, na esfera de gestão e planejamento, ampliando seu espaço ocupacional para atividades relacionadas ao controle social, à implantação e orientação de conselhos gestores, à capacitação de conselheiros e à assessoria às equipes de saúde das chamadas “redes sentinelas” na sensibilização para a atenção aos acidentes de trabalho nas emergências públicas de saúde, somando-se às atividades tradicionais demandadas historicamente, como a assistência e a tão decantada em debate da saúde coletiva, que é a questão do acolhimento individual (MENDES e WUNSCH, 2008).

A questão do modelo assistencial é um dos pontos nevrálgicos do debate estrutural da área. Embora esse fosse o retrato da realidade na década de 1990, ainda hoje, com o “reordenamento” do modelo, com institucionalização da Renast — Rede de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, o problema não foi resolvido, tendo se cristalizado ainda mais. 

O assistente social, potencialmente, tanto pode contribuir para reforçar a alienação — no avesso do seu discurso humanista tradicional, como também para elucidar e desencadear mediações em relação a situações e processos sociais, no sentido do seu entendimento mais amplo — no local de trabalho e na sociedade e na direção do enfrentamento das contradições, expressas na realidade cotidiana, posição que Freire (2003) denomina “avesso do avesso”.

Considerando que, por meio da apreensão do referencial teórico-metodológico, ético-político, investigativo e técnico-operativo, o assistente social tem a exigência de moldar o trabalho pro?ssional com vistas a um trabalho consciente, crítico, não subalterno, direcionado aos interesses e às necessidades dos usuários, e não subordinado aos rearranjos propostos pelo Estado neoliberal que vem ao longo dos anos descaracterizando a proposta original do SUS contido no projeto de Reforma Sanitária. 

Iamamoto (2009) complementa afirmando que sendo o Serviço Social a profissão que busca inserir o homem ao seu meio social, o grande desafio é encontrar novas alternativas e possibilidades para o trabalho profissional, traçando novos horizontes para a formulação de propostas que façam frente à questão social apresentada.

A busca pela garantia de acesso a saúde por aqueles que sofrem o alcoolismo exige atualmente, que os profissionais sejam preparados para intervir no modo de vida daqueles que a vivenciam, não só como vítimas, mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista de sua vida e de sua dignidade. Isso deve porque segundo Iamamoto (2009) expressar os objetivos que se quer alcançar não signi?ca que eles necessariamente serão alcançados. 

Nunca podemos perder de vista que qualquer ação humana está condicionada ao momento histórico em que ela é desenvolvida. A realidade social é complexa, heterogênea e os impactos de qualquer intervenção dependem de fatores que são externos a quem quer que seja inclusive ao Serviço Social.

Lembrando do que o alcoolismo por não ser reconhecido como doença, apresenta vários entraves pra seu enfrentamento, Iamamoto (1995), analisa reconhecer as possibilidades e limitações históricas, dadas pela própria realidade social, é fundamental para que o serviço social não adote, por um lado, uma postura fatalista, (ou seja, acreditar que a realidade já está dada e não pode ser mudada), ou por outro lado, uma postura messiânica (achar que o serviço social é o “messias”, a salvação de tudo, que é a pro?ssão que vai transformar todas as relações sociais).

É importante essa compreensão para localizarmos o lugar ocupado pelos instrumentos e técnicas de trabalhos utilizados pelo assistente social em sua prática, nos atendimentos ao alcoólatra e seus familiares. Se os objetivos pro?ssionais são (construídos a partir de uma reflexão teórica, ética e política e um método de investigação) que ocasionam a de?nição dos instrumentos e técnicas de intervenção (as metodologias de ação), conclui-se que essas metodologias não estão prontas e acabadas.

2.3.2 – Alcoolismo e os serviços de atendimento do CAPS ad

No Brasil têm-se uma legislação de saúde e uma política de saúde, direcionada a prevenção e tratamento do alcoolismo, direcionado para o paciente e seus familiares. E são os serviços realizados pelos CAPS. O CAPS é um serviço de saúde aberto e comunitário do SUS, local de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e persistentes e demais quadros que justifiquem sua permanência num dispositivo de atenção diária, personalizado e promotor da vida. Além destes serviços temos os CAPS ad. Que Segundo o Ministério da Saúde (2004, p. 35), o CAPS ad tem como objetivo oferecer atendimento à população, respeitando uma área de abrangência definida, oferecendo atividades terapêuticas e preventivas à comunidade, buscando:

1. Prestar atendimento diário aos usuários dos serviços, dentro da lógica de redução de danos;

2. Gerenciar os casos, oferecendo cuidados personalizados;

3. Oferecer atendimento nas modalidades intensiva, semi-intensiva e não-intensiva, garantindo que os usuários de álcool e outras drogas recebam atenção e acolhimento;

4. Oferecer condições para o repouso e desintoxicação ambulatorial de usuários que necessitem de tais cuidados;

5. Oferecer cuidados aos familiares dos usuários dos serviços;

6.Promover, mediante diversas ações (que envolvam trabalho, cultura, lazer, esclarecimento e educação da população), a reinserção social dos usuários, utilizando para tanto recursos intersetoriais, ou seja, de setores como educação, esporte, cultura e lazer, montando estratégias conjuntas para o enfrentamento dos problemas;

7. Trabalhar, junto a usuários e familiares, os fatores de proteção para o uso e dependência de substâncias psicoativas, buscando ao mesmo tempo minimizar a influência dos fatores de risco para tal consumo;

8. Trabalhar a diminuição do estigma e preconceito relativos ao uso de substâncias psicoativas, mediante atividades de cunho preventivo/educativo.

Ainda segundo Ministério da Saúde os CAPS ad também tem a responsabilidade de organizar a rede local de serviços de atenção a usuários de álcool e drogas de seu território de atuação, a saber:

1. Quando são a porta de entrada da rede de atenção a usuários de álcool e drogas, em sua área de atuação;

2. Quando o gestor local indica a unidade para coordenar as atividades de supervisão de serviços de atenção a usuários de drogas;

3. Devem ainda supervisionar e capacitar às equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental, no âmbito de seu território;

4. Devem também manter listagem atualizada dos pacientes que, em sua região de abrangência, utilizem medicamentos para a saúde mental.

Para definir as suas estratégias de atuação, um CAPS ad deve considerar obrigatoriamente que a atenção psicossocial a pacientes que apresentam uso abusivo/dependência de álcool e outras drogas deve ocorrer em ambiente comunitário,com integração à cultura local, e articulada com o restante das redes de cuidados em álcool e drogas e saúde mental, o mesmo deve ocorrer em relação a iniciativas relativas à rede de suporte social (BRASIL, 2004).

A organização do CAPS ad deve focalizar em seu território de atuação os serviços e iniciativas que possam atender às múltiplas necessidades dos usuários de serviços, com ênfase na reabilitação e reinserção social dos mesmos (BRASIL, 2004).

A vulnerabilidade para o uso indevido de álcool e drogas é maior em indivíduos que estão insatisfeitos com a sua qualidade de vida, possuem saúde deficiente, não detêm informações minimamente adequadas sobre a questão de álcool e drogas, possuem fácil acesso às substâncias e integração comunitária deficiente (BRASIL, 2004).

Também vale a pena ressaltar que, se existem fatores de risco – características ou atributos de um indivíduo, grupo ou ambiente de convívio social, que contribuem para aumentar a ocorrência do uso indevido de álcool e drogas, também existem fatores específicos de proteção para este mesmo uso. Fatores de risco e de proteção podem ser identificados em todos os domínios da vida: nos próprios indivíduos, em suas famílias, em seus pares, em suas escolas e nas comunidades, e em qualquer outro nível de convivência sócio-ambiental; estando interligados de forma consistente (BRASIL, 2004).

Assim sendo se as manifestações do uso indevido de álcool e drogas encontram seu lugar na comunidade, é neste ambiente que terão lugar as práticas terapêuticas, preventivas e educativas de maior impacto sobre os chamados fatores de risco para este uso indevido.

Buscando isso “os CAPS-ad devem oferecer atendimento diário, sendo capazes de oferecer atendimento nas modalidades intensiva, semi-intensiva e não-intensiva, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. Possibilita ainda intervenções precoces, limitando o estigma associado ao tratamento” (BRASIL, 2004).

Os CAPS ad atuam de forma articulada a outros dispositivos assistenciais em saúde mental (ambulatórios, leitos em hospital-geral, hospitais-dia) e da rede básica de saúde (unidades básicas de saúde etc.), bem como ao Programa de Saúde da Família e ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde, também se articulam em torno dos dispositivos de suporte social já existente nas comunidades, configurando redes flexíveis de cuidados, que possam responder por um determinado território populacional, e que se remodelem de forma dinâmica, mediante a necessidade de inclusão/exclusão de novos serviços e formas de cuidado, de forma pareada pela demanda assistencial (BRASIL, 2004, p. 35).

A atenção ambulatorial diária aos dependentes químicos é oferecida pelos CAPS-ad desenvolvendo uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros), até atendimentos em grupo ou oficinas terapêuticas e visitas domiciliares. Também podem oferecer condições para o repouso dos usuários de serviços, bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem deste tipo de cuidados, e que não demandem por atenção clínica hospitalar.

Segundo (BRASIL, 2004).

A prevenção voltada para o uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas pode ser definida como um processo de planejamento, implantação e implementação de múltiplas estratégias voltadas para a diminuição da vulnerabilidade/redução dos fatores de risco específicos, e fortalecimento dos fatores de proteção. Implica necessariamente a inserção comunitária das práticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos sociais disponíveis.

Por sua característica de serviço aberto e comunitário, o CAPS ad pode oferecer programas terapêuticos de menor nível de exigência, portanto disponíveis a mais pessoas da comunidade. As modalidades de cuidados para álcool e drogas nas unidades CAPS ad devem obedecer a uma lógica de redução de danos, seja esta relativa a práticas voltadas para DST/HIV/AIDS, seja em relação ao próprio uso indevido de álcool e drogas (ex.: intervenções breves para adolescentes que fazem uso de álcool em um padrão abusivo).

3 As equipes profissionais nos CAPS

O papel do Serviço Social no tratamento do alcoolismo no Caps ad, dentre as suas atribuições é o trabalho de orientação, através do grupo de alcoolista e seus familiares, bem como das demais dependências químicas, realizando a acolhida dos novos usuários a instituição. A atuação do Assistente Social é necessária, pois auxilia o alcoolista e seus familiares nesse processo da busca pelo tratamento e pela ressocialização dos mesmos, através da integração dos familiares no processo de recuperação do individuo.

CAPS I

01 médico psiquiatra ou médico com formação em saúde mental;

01 enfermeiro;

03 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;

04 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão (BRASIL, 2004).

CAPS II

01 médico psiquiatra;

01 enfermeiro com formação em saúde mental;

04 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo, professor de educação física ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;

06 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão (BRASIL, 2004).

CAPS III

02 médicos psiquiatras;

01 enfermeiro com formação em saúde mental;

05 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário de nível superior;

08 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão (BRASIL, 2004).

CAPSi

01 médico psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde mental;

01 enfermeiro;

04 profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;

05 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão (BRASIL, 2004).

CAPS-ad

01 médico psiquiatra;

01 enfermeiro com formação em saúde mental;

01 médico clínico, responsável pela triagem, avaliação e acompanhamento das intercorrências clínicas;

04 profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico;

06 profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão (BRASIL, 2004).

Para acolher os usuários, as equipes técnicas devem organizar-se e desenvolver projetos terapêuticos, trabalhar nas atividades de reabilitação psicossocial, compartilhar do espaço de convivência do serviço e poder equacionar problemas inesperados e outras questões que porventura demandem providências imediatas, durante todo o período de funcionamento da unidade (BRASIL, 2004).

É fundamental para a organização, o papel da equipe técnica, o desenvolvimento e manutenção do ambiente terapêutico. A duração da permanência dos usuários no atendimento dos CAPS depende de muitas variáveis, desde o comprometimento psíquico do usuário até o projeto terapêutico traçado, e a rede de apoio familiar e social que se pode estabelecer. O importante é saber que o CAPS não deve ser um lugar que desenvolve a dependência do usuário ao seu tratamento por toda a vida. O processo de reconstrução dos laços sociais, familiares e comunitários, que vão possibilitar a autonomia, deve ser cuidadosamente preparado e ocorrer de forma gradativa (BRASIL, 2004).

Para isso, é importante lembrar que o CAPS precisa estar inserido em uma rede articulada de serviços e organizações que se propõem a oferecer um continuum de cuidados. É importante ressaltar que os vínculos terapêuticos estabelecidos pelos usuários com os profissionais e com o serviço, durante a permanência no CAPS, podem ser parcialmente mantidos em esquema flexível, o que pode facilitar a trajetória com mais segurança em direção à comunidade, ao seu território reconstruído e re-significado (BRASIL, 2004).

3.1 O tratamento de usuários de álcool e outras drogas no (CAPS-ad)

Conforme (BRASIL, 2004) os CAPS I, II e III destinam-se a pacientes com transtornos mentais severos e persistentes, nos quais o uso de álcool e outras drogas é secundário à condição clínica de transtorno mental. Para pacientes cujo principal problema é o uso prejudicial de álcool e outras drogas passam a existir, a partir de 2002.

Nos CAPS-ad devem ser oferecidos atendimentos diários a pacientes que fazem um uso prejudicial de álcool e outras drogas, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. Possibilita ainda intervenções precoces, limitando o estigma associado ao tratamento. Assim, a rede proposta se baseia nesses serviços comunitários, apoiados por leitos psiquiátricos em hospital geral e outras práticas de atenção comunitária (ex.: internação domiciliar, inserção comunitária de serviços), de acordo com as necessidades da população-alvo dos trabalhos (BRASIL, 2004).

Os CAPS-ad desenvolvem uma gama de atividades que vão desde o atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros) até atendimentos em grupo ou oficinas terapêuticas e visitas domiciliares. Também devem oferecer condições para o repouso, bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem desse tipo de cuidados e que não demandem por atenção clínica hospitalar (BRASIL, 2004).

3.2.1 A Atuação Preventiva e as Atividades terapêuticas

A prevenção voltada para o uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas pode ser definida como um processo de planejamento, implantação e implementação de múltiplas estratégias voltadas para a redução dos fatores de risco específicos e fortalecimento dos fatores de proteção. Implica necessariamente a inserção comunitária das práticas propostas, com a colaboração de todos os segmentos sociais disponíveis. A prevenção teria como objetivo impedir o uso de substâncias psicoativas pela primeira vez, impedir uma “escalada” do uso e minimizar as consequências de tal uso (BRASIL, 2004).

A lógica que sustenta tal planejamento deve ser a da Redução de Danos, em uma ampla perspectiva de práticas voltadas para minimizar as consequências globais de uso de álcool e drogas. O planejamento de programas assistenciais de menor exigência contempla uma parcela maior da população, dentro de uma perspectiva de saúde pública, o que encontra o devido respaldo em propostas mais flexíveis, que não tenham a abstinência total como a única meta viável e possível aos usuários dos serviços CAPS-ad (BRASIL, 2004).

As estratégias de prevenção devem contemplar a utilização combinada dos seguintes elementos: fornecimento de informações sobre os danos do álcool e outras drogas, alternativas para lazer e atividades livres de drogas; devem também facilitar a identificação de problemas pessoais e o acesso ao suporte para tais problemas. Devem buscar principalmente o fortalecimento de vínculos, afetivos, o estreitamento de laços sociais e a melhora da auto-estima das pessoas. Os CAPS-ad devem construir articulações consistentes com os Hospitais Gerais de seu território, para servirem de suporte ao tratamento, quando necessário (BRASIL, 2004).

Como já apresentamos anteriormente, os CAPS podem oferecer diferentes tipos de atividades terapêuticas. Esses recursos vão além do uso de consultas e de medicamentos, e caracterizam o que vem sendo denominada clínica ampliada. Essa idéia de clínica vem sendo (re) construída nas práticas de atenção psicossocial, provocando mudanças nas formas tradicionais de compreensão e de tratamento dos transtornos mentais (BRASIL, 2004).

O processo de construção dos serviços de atenção psicossocial também tem revelado outras realidades, isto é, as teorias e os modelos prontos de atendimento vão se tornando insuficientes frente às demandas das relações diárias com o sofrimento e a singularidade desse tipo de atenção. É preciso criar, observar, escutar, estar atento à complexidade da vida das pessoas, que é maior que a doença ou o transtorno (BRASIL, 2004).

Para tanto, é necessário que, ao definir atividades, como estratégias terapêuticas nos CAPS, se repensem os conceitos, as práticas e as relações que podem promover saúde entre as pessoas: técnicos, usuários, familiares e comunidade. Todos precisam estar envolvidos nessa estratégia, questionando e avaliando permanentemente os rumos da clínica e do serviço (BRASIL, 2004).

Os CAPS oferecem acolhimento diurno e, quando possível e necessário, noturno. Devem ter um ambiente terapêutico e acolhedor, que possa incluir pessoas em situação de crise, muito desestruturadas e que não consigam, naquele momento, acompanhar as atividades organizadas da unidade. O sucesso do acolhimento da crise é essencial para o cumprimento dos objetivos de um CAPS, que é de atender aos transtornos psíquicos graves e evitar as internações. Estes programas oferecem diversos tipos de atividades terapêuticas, por exemplo: psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, atividades artísticas, orientação e acompanhamento do uso de medicação, atendimento domiciliar e aos familiares (BRASIL, 2004).

Algumas dessas atividades são feitas em grupo, outras são individuais, outras destinadas às famílias, outras são comunitárias. Quando uma pessoa é atendida em um CAPS, ela tem acesso a vários recursos terapêuticos:

Atendimento individual: prescrição de medicamentos, psicoterapia, orientação;

Atendimento em grupo: oficinas terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas geradoras de renda, oficinas de alfabetização, oficinas culturais, grupos terapêuticos, atividades esportivas, atividades de suporte social, grupos de leitura e debate, grupos de confecção de jornal;

Atendimento para a família: atendimento nuclear e a grupo de familiares, atendimento individualizado a familiares, visitas domiciliares, atividades de ensino, atividades de lazer com familiares;

Atividades comunitárias: atividades desenvolvidas em conjunto com associações de bairro e outras instituições existentes na comunidade, que têm como objetivo as trocas sociais, a integração do serviço e do usuário com a família, a comunidade e a sociedade em geral. Essas atividades podem ser: festas comunitárias, caminhadas com grupos da comunidade, participação em eventos e grupos dos centros comunitários;

Assembléias ou Reuniões de Organização do Serviço: a Assembléia é um instrumento importante para o efetivo funcionamento dos CAPS como um lugar de convivência. É uma atividade, preferencialmente semanal, que reúne técnicos, usuários, familiares e outros convidados, que juntos discutem, avaliam e propõem encaminhamentos para o serviço. Discutem-se os problemas e sugestões sobre a convivência, as atividades e a organização do CAPS, ajudando a melhorar o atendimento oferecido (BRASIL, 2004).

Estar em tratamento no CAPS não significa que o usuário tem que ficar a maior parte do tempo dentro do CAPS. As atividades podem ser desenvolvidas fora do serviço, como parte de uma estratégia terapêutica de reabilitação psicossocial, que poderá iniciar-se ou ser articulada pelo CAPS, mas que se realizará na comunidade, no trabalho e na vida social(BRASIL, 2004).

Dessa forma, o CAPS pode articular cuidado clínico e programas de reabilitação psicossocial. Assim, os projetos terapêuticos devem incluir a construção de trabalhos de inserção social, respeitando as possibilidades individuais e os princípios de cidadania que minimizem o estigma e promovam o protagonismo de cada usuário frente à sua vida. Como vimos, muitas coisas podem ser feitas num CAPS, desde que tenham sentido para promover as melhores oportunidades de trocas afetivas, simbólicas, materiais, capazes de favorecer vínculos e interação humana. Apresentamos somente alguns exemplos, mas com certeza existem muitas práticas sendo realizadas nos CAPS que poderiam ser descritas aqui(BRASIL, 2004).

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Tipo de estudo realizado

Realizou-se pesquisa bibliográfica explicativa, por meio da leitura sistemática e fichamento de livros, artigos, monografias, revistas, sites de pesquisa, buscando aprofundar o conhecimento sobre o tema proposto que é o alcoolismo na família: uma análise sobre o impacto social na vida de crianças e adolescentes.

Este estudo é classificado como pesquisa bibliográfica que conforme Köche (1997, p. 122):

[...] é a que se desenvolve tentando explicar um problema utilizando o conhecimento disponível a partir de teorias já publicadas em livros ou congêneres. Na pesquisa bibliográfica o investigador irá levantar o conhecimento disponível na área, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para auxiliar a compreender ou explicar o problema objeto da investigação.

A pesquisa bibliográfica é indispensável ao aprofundamento teórico conceitual foi escolhida como estratégia para levantamento de informações capazes de contextualizar o objeto da pesquisa. A busca por fontes foi constante objetivando delinear e manter a clareza na seletividade do material.

A presente pesquisa como trata-se de pesquisa bibliográfica, não foi encaminhada ao CEP, pois não envolveu pesquisa com seres humanos, utilizou apenas como requisito para conclusão do curso, conhecimento do acadêmico e para os que tenham interesse pelo assunto.

Foi realizada através de pesquisa em livros coletados na biblioteca do Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran), biblioteca Municipal de Laguna Carapã, livros que abordam o assunto em questão, pesquisa em sites acadêmicos (Bireme, Scielo), jornais revistas e periódicos, em artigos e monografias publicadas anteriormente. A amostra para esta pesquisa foi composta por artigos e livros publicados de 2001 até 2011, levantamento em sites acadêmicos (Bireme, Scielo), jornais revistas e periódicos, em artigos e monografias publicadas no período.

Para GIL (2002) descrever e estudar determinados fenômenos, porem para determiná-los é necessário que o assunto abordado esteja suficientemente descrito e detalhado. Já para RUDIO (2005) a pesquisa descritiva busca descobrir e observar os fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. Ou seja, conhecer a natureza da questão que se apresenta como ela se realiza e qual a sua função.

Os procedimentos da pesquisa foram levantamentos em bibliotecas do material escrito que abordavam o tema escolhido, após estudo sistematizado e fichamento do material encontrado efetuando uma exposição descritiva de todo material pesquisado, comparando com artigos e monografias publicadas anteriormente através de pesquisa em sites oficiais.

Estudar o fenômeno da dependência do álcool é extremamente relevante, uma vez que, tal dependência ocasiona transformações nas relações sociais, sejam nas relações estabelecidas no trabalho, na família, com os amigos, vizinhos e outras. Essas transformações provocadas pela doença resultam em problemas no trabalho, brigas familiares e perda de amigos. Além disso, a situação de ser dependente do álcool gera discriminação, devido ao não entendimento por parte das pessoas dos fatores que levam à dependência do álcool e ao fato do alcoolismo não ser considerada uma doença.

Segundo Silva e Menezes, (2001) “a pesquisa é fundamentada e metodologicamente construída objetivando a resolução ou o esclarecimento de um problema. O problema é o ponto de partida da pesquisa. Da sua formulação dependerá o desenvolvimento da sua pesquisa”.

A relevância desta pesquisa está em tomar conhecimentos e contribuir para a formação acadêmica, e também aqueles que tiverem acesso a esta pesquisa. Por isso, é cada vez mais relevante a realização de pesquisas que venham a desvendar as formas de exclusão a que estão sujeitos crianças e adolescentes filhos de dependentes do álcool.

Essa realidade desafia cada vez mais os profissionais da área da saúde e social a investigar as situações que levam as pessoas à dependência do álcool e a repercussão do alcoolismo nas relações estabelecidas pelos dependentes, visando assim qualificar ainda mais sua ação e proporcionar um atendimento mais adequado aos dependentes do álcool e familiares.

Para Kerlinger 1980, apud Silva e Menezes (2001), uma pesquisa é relevante quando se tem “uma questão que mostra uma situação necessitada de discussão, investigação, decisão ou solução”. Em outras palavras, é quando a pesquisa pretende responder uma determinada problemática e todo o processo de pesquisa irá girar em torno de sua solução.

A relevância social está em apresentar estratégias para lidar com a situação da dependência do álcool, vivenciada por crianças e adolescentes na família, para produzir conhecimentos sobre a temática e fornecer subsídios para elaboração de políticas sociais, buscando o aprimoramento do trabalho de profissionais que trabalham com este problema social e de saúde.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como nos propomos, neste TCC, a relacionar a temática do alcoolismo na família, impactos para criança e adolescente com o Serviço Social, apresentaremos a partir de agora os resultados da pesquisa, bem como a análise dos dados coletados por meio da pesquisa bibliográfica.

Percebe-se que os processos de trabalho, em que estão inseridos os profissionais assistentes sociais atualmente estão sofrendo modificações devido a mudanças ocorridas tanto na esfera da produção, como no Estado, surgindo novas condições sociais que exigem novas formas de enfrentamento da questão social, e especificamente ao alcoolismo.

Em todo o mundo, a abordagem terapêutica dentro de uma lógica de redução de danos tem apresentado resultados positivos, e vem assumindo importância considerável no tratamento de usuários de drogas. Desta forma, os CAPS ad devem se utilizar dos recursos terapêuticos disponíveis para promover, o mais amplamente possível, a reabilitação psicossocial e a reinserção social de seus usuários.

Observou-se no decorrer da elaboração deste trabalho a grande contribuição dos CAPS ad na busca pela resocialização e recuperação do alcoolista como também de seus familiares, porém foi observado também que os CAPS ad são implantados em municípios com mais de 70.000 habitantes, já os municípios de pequeno porte ficam dependendo de pactuações e consórcios intermunicipais para atender suas demandas locais, que não são poucas e que quase sempre os usuários encaminhados desistem no meio do caminho devido às dificuldades enfrentadas no decorrer do tratamento.

Outro fator observado foi de que os profissionais que atuam nos espaços de atendimento ao alcoolista e seus familiares ainda são insuficientes para atender a demanda, realizando acompanhamento esporádico que dificultam um atendimento continuo e sistematizado, não garantindo com isso um aproveitamento integral no tratamento.

Constatou-se com a pesquisa que o alcoolismo é causador dos desequilíbrios que envolvem as pessoas que convivem com essa doença, porém as crianças e adolescentes são os mais prejudicados em seu desenvolvimento psíquico e emocional, que por estarem constantemente submetidos ou por presenciarem varias situações de violência que é nocivo a um desenvolvimento saudável, tornando-as pessoas tímidas, retraídas, com baixa auto-estima, dificuldades de aprendizagem, apresentam problemas físicos e emocionais, distúrbios de comportamento e de relacionamento confirmando assim as hipóteses levantadas.

O Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo art. 3ºexpressa claramente que:

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (ECA, 2004. p. 01).

E no art. 19. Afirma que:

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes (ECA, 2004. p. 04).

Esses direitos estão garantidos em Lei Federal, porém não encontram consonância quando trata-se de pessoas em desenvolvimento convivendo com dependentes de álcool e/ou outras drogas.

A maior parte do material pesquisado são livros, teses de mestrado e doutorado, revistas científicas e publicações em sites do Governo Federal. Os autores são mestres e/ou doutores na área do Serviço Social e/ou com amplo conhecimento no tema que nos propomos a pesquisar, alcoolismo na família, mas não exatamente ao que se refere aos impactos sociais do alcoolismo para crianças e adolescentes, devido à escassez de material encontrado especificamente para a elaboração desta pesquisa. 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Antes do término deste trabalho é interessante rever os objetivos propostos pela presente pesquisa onde buscamos através deste estudo informações que motivassem uma analise reflexiva dos impactos do alcoolismo na vida de crianças e adolescentes, evidenciando o quanto já se evoluiu no que diz respeito ao tema proposto, porém apontamos para a necessidade de mais pesquisas que envolvam a temática estudada como forma de ampliar e melhorar o acervo de discussões e literatura especializada sobre os impactos sociais do alcoolismo na vida de crianças e adolescentes devido à escassez de material para elaboração deste trabalho.

Consideramos que os resultados obtidos no presente trabalho evidenciam a real necessidade de uma investigação minuciosa e abrangente na questão dos impactos sociais do alcoolismo na vida de crianças e adolescentes, que ultrapasse o espaço do alerta e da divulgação e que alcance o nível sócio-educativo da população em geral, principalmente no que tange o aspecto formativo dos profissionais que atuam na área da proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes.

Com a elaboração desta pesquisa bibliográfica, que nos possibilita uma ampla análise e discussão dos dados encontrados capaz de fornecer subsídios tanto para leigos como para técnicos que queiram aprofundar o tema proposto, sendo que em analise pode-se continuar buscando alternativas para diminuir os riscos a que estão sujeitos crianças e adolescentes que convivem com um alcoolista, no entanto procuramos detalhar que para obter resultados positivos na busca pela recuperação é necessária uma intervenção continua e sistematizada.

O uso de álcool e outras drogas ultrapassam os limites do campo da saúde, sendo necessária a intersetorialidade com outras áreas, como: educação, social, justiça e de desenvolvimento, a fim de que seja executada uma política de atenção integral aos usuários de substâncias psicoativas. A implantação dos CAPS-ad regionais vêm de encontro à essa demanda, sendo um fenômeno que é social e ao mesmo tempo individual.

Pode-se observar que a estrutura familiar é base essencial para que crianças e adolescentes tenham um desenvolvimento saudável, contribuindo assim com a formação de cidadãos equilibrados, livres e conscientes de seus direitos e deveres, capazes de contribuir na construção de uma sociedade mais humana e melhor para se viver. 

No entanto muitas vezes nos deparamos com situações que fogem a nossa compreensão humana, porém evidencia-se que o profissional Assistente Social que atua junto aos Caps-ad desenvolve um importante papel através de sua atuação na busca pela ressocialização do alcoolista e de seus familiares principalmente as crianças e adolescentes que são os mais prejudicados nessa relação que por ser conflituosa acaba gerando insegurança emocional e afetiva que os acompanham por toda sua existência, dando continuidade ao circulo vicioso do álcool e de seus impactos sociais.

Percebe-se que o alcoolismo é uma doença que atinge toda a família, destruindo os sonhos e projetos tanto do alcoolista quanto de todos os que convivem com ele. É necessário construir novos caminhos na busca de uma melhor qualidade de vida, despir-se do preconceito de que alcoolismo é falta de caráter e oferecer alternativas de inclusão da família nos programas de tratamento e recuperação através do atendimento continuo e permanente.

Ao finalizar o presente estudo foi possível verificar que o profissional assistente social independente da área que pretende atuar sempre irá se deparar com as questões que envolvem o tema proposto, sendo o alcoolismo uma doença multifacetada e presente em todos os segmentos, não escolhendo a classe ou posição social. O objetivo deste estudo foi demonstrar a importância que têm a atuação deste profissional na vida dessas famílias que muitas vezes inconscientemente não percebem que estão através da bebida colocando em risco a vida de pessoas que lhe são mais amadas.

Por fim, evidencia-se que a problemática do alcoolismo continua fazendo parte do cotidiano de muitas famílias e por isso é necessário que haja uma atualização nos programas assistenciais e educacionais visando permitir um atendimento continuo voltado para as reais necessidades da população alcoolista. É preciso prevenir, incluir e atender de forma sistematizada os alcoolistas e seus familiares, principalmente as crianças e adolescentes que são os mais prejudicados em seu desenvolvimento psíquico-emocional e social.

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