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7/15/2015

Os livros I e II de Crônicas para contar às crianças

I Crônicas

I Crônicas é um dos livros históricos do antigo testamento da Bíblia, vem depois de II Reis e antes de II Crônicas. Possui 29 capítulos.

De autoria incerta, a tradição judaica afirma que o livro de I Crônicas teria sido escrito por Esdras, por volta de 430 a.C., o qual tinha o propósito de resgatar os padrões de culto e de adoração a Deus no período após o cativeiro babilônico, resgatando assim a história do seu povo.

A Edição Pastoral da Bíblia sustenta que os dois livros das Crônicas, juntamente com os livros de Esdras e Neemias, formam um conjunto coerente elaborado provavelmente nos inícios do século IV AC, trata-se de um grande conjunto narrativo, que vai desde Adão até a organização da comunidade judaica depois do Exílio na Babilônia (por volta de 400 AC).

A Bíblia de Jerusalém sustenta que o autor das Crônicas é um levita de Jerusalém, que escreveu numa época sensivelmente posterior a Esdras e Neemias, pois parece combinar as fontes que se referem a eles, portanto, pouco antes do ano 300 AC, parece ser a data mais verossímil. A obra teria recebido algumas adições posteriores, especialmente em: I Cr 2-9, I Cr 12, I Cr 15 e uma longa adição em I Cr 23,3-I Cr 27.

A Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que originalmente Crônicas I e II eram um único livro, sendo artificial sua divisão em dois livros, e que haveria um único autor para Crônicas, Esdras e Neemias, e que sua redação não teria ocorrido antes de 350 AC nem depois de 250 AC, mas haveria adições posteriores a 200 AC. Esta edição também considera viável a hipótese de o autor das Crônicas ser um levita.

Os primeiros nove capítulos (I Cr 1-I Cr 9) contém uma longa lista de genealogias dos israelitas, desde Adão até os descendentes de Saul, os capítulos seguintes (I Cr 10-I Cr 29) narram a história do reinado de David, num relato que omite aspectos negativos como o pecado com Betsabéia e a revolta de Absalão.

Com a morte de Saul, em torno de 1010 a.C., Davi torna-se rei sobre todo o Israel e conquista a cidade de Jerusalém (1000 a.C.) que até então era uma fortaleza ocupada pelos jebuseus e se torna a capital de seu governo. Resolve então trazer a Arca da Aliança para Jerusalém e decide construir um templo para Deus na cidade, mas recebe uma mensagem do profeta Natã dizendo que o santuário seria edificado após sua morte por seu filho.

No entanto, Davi começa a fazer os preparativos para a edificação do templo de Jerusalém, reunindo o material que seria necessário para a futura obra. Faz de seu filho Salomão rei e lhe dá todas as orientações para que o templo viesse a ser construído por seu sucessor dentro de certos padrões.

O livro termina, em seus últimos versos, informando sobre o falecimento de Davi (970 a.C.) que teria reinado sobre Israel por quarenta anos e morreu, numa "boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória", sucedido no trono por seu filho Salomão. A história continua no livro II Crônicas.

Relato Paralelo

Pode-se afirmar que ambos os Livros de Crônicas seria uma obra paralela a Reis e Samuel, sendo que a Septuaginta e a Vulgata chamam estes livros de Paralipômenos, pois relatam coisas que foram deixadas de lado no relato contido em Reis e Samuel, ou seja são uma espécie de complemento, porém, cabe destacar que foram escritos a partir de um enfoque sacerdotal, ou seja, com um enfoque maior na história religiosa dos israelitas.

Quando estes livros foram escritos já existia a Obra Histórica Deuteronomista9 (Josué, Juízes, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis), mas havia motivos que justificavam a construção de uma nova versão daquela história.

O foco dessa nova versão está no Templo, nos sacerdotes e nos levitas que nele exerciam suas funções; os sacerdotes com o culto e os levitas com a transmissão das legítimas tradições do povo. Nessa versão os reis são julgados a partir de suas relações com o Templo e o culto de Javé. 

Além disso, toda a história do reino do Norte é omitida, pois no tempo do autor os samaritanos eram inimigos acirrados da organização da comunidade judaica centrada em Jerusalém.

Se reserva uma especial atenção aos levitas, nas listas genealógicas e na narrativa propriamente dita, os levitas têm presença marcante também com sua palavra e ideologia, o que indica que o autor seria um levita, que busca recuperar as tradições das tribos do Norte, que conservado bem os ideais democráticos e igualitários.

Os levitas eram muito ligados aos círculos proféticos do Norte, e, portanto, pode-se encontrar muitas menções de profetas e o título de profeta é dado até mesmo ao levita (cf.1Cr 25,1-5). Trata-se de uma diferença com a história narrada nos livros dos Reis, onde o levita Abiatar e com ele certamente o levitismo foi expulso de Jerusalém por Salomão (1Rs 2,26-27, passagem que o autor das Crônicas omite).

Os livros das Crônicas, portanto, oferecem uma versão da história que defende a função do levita na liderança da comunidade judaica. Graças a ele, os ideais do Êxodo e de uma sociedade igualitária permanecem vivos, à espera de uma ocasião histórica propícia que torne possível a sua concretização.

II Crônicas

II Crônicas é um dos livros históricos do Antigo Testamento da Bíblia, vem depois de I Crônicas e antes do Livro de Esdras. Possui 36 capítulos e foi desmembrado de I Crônicas com o qual formava originalmente um único livro. Narra acontecimentos de um período da história dos judeus, desde o reinado de Salomão, por volta de 970 a.C., até a destruição do Reino de Judá por Nabucodonosor, imperador da Babilônia, fato ocorrido em torno de 586 a.C.

Embora seja incerta a sua autoria, a tradição judaica afirma que o livro de II Crônicas teria sido escrito por Esdras, por volta de 430 a.C., o qual tinha o propósito de resgatar os padrões de culto e de adoração a Deus no período após o exílio babilônico, resgatando assim a história do seu povo.

A Edição Pastoral da Bíblia sustenta que os dois livros das Crônicas, juntamente com os livros de Esdras e Neemias, formam um conjunto coerente elaborado provavelmente nos inícios do século IV AC, trata-se de um grande conjunto narrativo, que vai desde Adão até a organização da comunidade judaica depois do Exílio na Babilônia (por volta de 400 AC).

A Bíblia de Jerusalém sustenta que o autor das Crônicas é um levita de Jerusalém, que escreveu numa época sensivelmente posterior a Esdras e Neemias, pois parece combinar as fontes que se referem a eles, portanto, pouco antes do ano 300 AC, parece ser a data mais verossímil. A obra teria recebido algumas adições posteriores, especialmente em: I Cr 2-9, I Cr 12, I Cr 15 e uma longa adição em I Cr 23,3-I Cr 27, 34.

A Tradução Ecumênica da Bíblia sustenta que originalmente Crônicas I e II eram um único livro, sendo artificial sua divisão em dois livros, e que haveria um único autor para Crônicas, Esdras e Neemias, e que sua redação não teria ocorrido antes de 350 AC nem depois de 250 AC, mas haveria adições posteriores a 200 AC. Esta edição também considera viável a hipótese de o autor das Crônicas ser um levita.

Os nove primeiros capítulos deste segundo livro II Cr 1-II Cr contam a história do reinado de Salomão, contendo um detalhado registro da construção do templo, cumprindo a promessa feita a seu pai, David, trata-se de um relato que omite aspectos negativos como o luxo e a idolatria no final daquele reinado.

Os capítulos seguintes II Cr 10-II Cr 36 relatam a partir do cisma ocorrido após a morte de Salomão, em torno de 930 a.C., no reinado de Roboão, e prossegue com a história dos outros reis que governaram Judá, os quais muitas das vezes afastaram-se dos mandamentos divinos, tolerando ou introduzindo a idolatria entre o povo, o que importava em castigos, sofrimentos e derrotas militares para as nações vizinhas.

A partir de então, os principais pontos de destaque do livro seriam os reinados de Asa e de Josafá, a morte de Acabe, o reinado de Uzias, a destruição do Reino de Israel pelos assírios, o reinado de Ezequias e a resistência de Jerusalém ao cerco de Senaqueribe, a idolatria de Manassés, o reinado de Josias, o achado do livro da lei mosaica e a derrota de Judá pela Babilônia.

Relato Paralelo

Pode-se afirmar que ambos os Livros de Crônicas seriam uma obra paralela a Reis e Samuel, sendo que a Septuaginta e a Vulgata chamam estes livros de Paralipômenos, pois relatam coisas que foram deixadas de lado no relato contido em Reis e Samuel, ou seja são uma espécie de complemento, porém, cabe destacar que foram escritos a partir de um enfoque sacerdotal, ou seja, com um enfoque maior na história religiosa dos israelitas.

Quando estes livros foram escritos já existia a Obra Histórica Deuteronomista 10 (Josué, Juízes, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis), mas havia motivos que justificavam a construção de uma nova versão daquela história.

O foco dessa nova versão está no Templo, nos sacerdotes e nos levitas que nele exerciam suas funções; os sacerdotes com o culto e os levitas com a transmissão das legítimas tradições do povo. Nessa versão os reis são julgados a partir de suas relações com o Templo e o culto de Javé. Além disso, toda a história do reino do Norte é omitida, pois no tempo do autor os samaritanos eram inimigos acirrados da organização da comunidade judaica centrada em Jerusalém.

Se reserva uma especial atenção aos levitas, nas listas genealógicas e na narrativa propriamente dita, os levitas têm presença marcante também com sua palavra e ideologia, o que indica que o autor seria um levita, que busca recuperar as tradições das tribos do Norte, que conservado bem os ideais democráticos e igualitários.

Os levitas eram muito ligados aos círculos proféticos do Norte, e, portanto, podem-se encontrar muitas menções de profetas e o título de profeta é dado até mesmo ao levita (cf.1Cr 25,1-5). Trata-se de uma diferença com a história narrada nos livros dos Reis, onde o levita Abiatar e com ele certamente o levitismo foi expulso de Jerusalém por Salomão (1Rs 2,26-27, passagem que o autor das Crônicas omite).

Os livros das Crônicas, portanto, oferecem uma versão da história que defende a função do levita na liderança da comunidade judaica. Graças a ele, os ideais do Êxodo e de uma sociedade igualitária permanecem vivos, à espera de uma ocasião histórica propícia que torne possível a sua concretização.



ESTUDO DO PRIMEIRO E SEGUNDO LIVRO DAS CRÔNICAS

Como os livros de Samuel e Reis, 1 e 2Crônicas formavam originariamente um único volume. O texto foi dividido em 2 livros quando o texto hebraico original foi traduzido para o grego. 

Crônicas vêm após Esdras/Neemias na Bíblia hebraica, sugerindo que sua aceitação no cânon do Antigo Testamento se deu numa data posterior ou tenha sido considerado apêndice dos Escritos por complementar as histórias encontradas nos livros de Samuel e Reis. A versão atual segue o modelo do Antigo Testamento grego, colocando Crônicas após Reis e antes de Esdras e Neemias.

TÍTULO

O título hebraico do livro é literalmente “as palavras dos dias” ou “os acontecimentos” das monarquias. Embora os títulos hebraicos sejam obtidos tipicamente do primeiro versículo, neste livro, a frase-título encontra-se em 1Crônicas 27.24. Os livros são chamados na Septuaginta de “Os dados omitidos”, isto é, dados desconsiderados pelas histórias de Samuel e Reis. 

O título “Crônicas” é uma forma abreviada da sugestão de Jerônimo, tradutor da Vulgata Latina, de que a história fosse chamada “crônica de toda a história sagrada”.

O livro de Cônicas é o último livro da Bíblia Hebraica e faz parte dos “Escritos”; as traduções grega e latina, em sua reorganização da Bíblia, colocaram o livro ao lado dos chamados livros da história de Israel, Samuel e Reis.

AUTOR

A tradição judaica considera Esdras como o autor dos livros das Crônicas. Pelo menos dois fatores tornam possível essa identificação:

1- O livro foi escrito depois do exílio babilônico dos judeus, próximo à época do ministério de Esdras.

2- Muitas passagens em Crônicas compartilham das preocupações sacerdotais de Esdras.

Outras considerações lançam dúvidas sobre a teoria tradicional da autoria de Esdras. A data de composição de Crônicas não pode ser limitada aos anos da vida de Esdras; o enfoque característico de Crônicas sobre a monarquia não aparece no ensino de Esdras; e a aflição de Esdras com relação a apostasia associada aos casamentos mistos não é um tema proeminente em Crônicas. Em outras palavras, as evidências históricas e escrituras não apontam decisivamente para Esdras. O autor anônimo é conhecido como “o Cronista”.

DATA

Os versos finais de 2Crônicas indicam que o livro foi escrito após a libertação dos exilados da Babilônia em 538 a.C. A ausência de influência helenísticas sugere que a história foi composta antes do período alexandrino (antes de 331 a.C.). As opiniões variam quanto a data precisa de composição do livro.

FONTES PESQUISADAS PELO AUTOR

Cerca de metade do conteúdo da obra foi tirada de Samuel e de Reis; também foi aproveitado material do Pentateuco, de Juízes, de Rute, de Salmos, de Isaías, de Jeremias, de Lamentações e de Zacarias. Há referências frequentes a outras fontes documentárias:

“Registros históricos dos reis de Israel” (9.1; 2Cr 20.34; 2Cr 33.18);

“Registros históricos do rei Davi” (27.24);

“Registros históricos dos reis de Judá e de Israel” (2Cr 16.11; 25.26; 27.7; 28.26; 32.32; 35.27; 36.8);

“Anotações dos livros dos reis” (2Cr 24.27).

Não fica claro se todas essas referências se referem à mesma fonte documentária ou a várias delas, ou a natureza da relação com os livros de Samuel e Reis ou com os registros históricos mencionados em Reis. Além disso, o autor cita vários escritos proféticos:

“Do vidente Samuel” (29.29);

“Do profeta Natã” (29.29; 2Cr 9.29);

“Do vidente Gade” (29.29);

“Do silonita Aías” (2Cr 9.29);

“Do vidente Ido” (2Cr9. 29; 12.15; 13.22);

“Do profeta Semaías” (2Cr 12.15);

“Do profeta Isaías” (2Cr 26.22); 

“Dos videntes” (2Cr 33.19).

O autor empregou todas as fontes documentárias, muitas vezes com mudanças mínimas, a fim de contar sua história do passado. Não inventou material, mas realmente selecionou, dispôs em ordem e incorporou fontes documentárias a fim de compor um “sermão” em forma narrativa para Israel pós-exílio, que lutava para descobrir novas orientações para si, como povo de Deus, em uma nova situação.

A CONFIABILIDADE HISTÓRICA

O Cronista usou de liberdade considerável na seleção, organização e modificação da vasta quantidade de material em que se baseou para compor a história. Essa condição levou muitos estudiosos a depreciar a integridade e confiabilidade histórica do registro do Cronista. Na verdade, a precisão do livro de Crônicas foi questionada mais que a de qualquer outro livro do Antigo Testamento, excetuando-se Gênesis.

Acusações específicas feitas contra a validade da história do Cronista incluem a parcialidade demonstrada na omissão de material de Reis relacionado ao Reino do Norte, a omissão dos pecados de Davi e da apostasia de Salomão e a ênfase nas características favoráveis dos reis dos hebreus. 

A tendência em modificar o material dos livros de Samuel e Reis em termos de moralidade e teologia, o acréscimo de material histórico não encontrado em Samuel ou Reis (2Cr 33.18-20) e a tendência de aumentar os números oferecidos nos relatos paralelos de Samuel e Reis (2Sm 23.8 e 1Cr 11.11), são motivos para tornar o livro não confiável.

Os estudiosos que defendem a confiabilidade dos livros de Crônicas como documento histórico respondem a essas alegações com diversos argumentos. Por exemplo, a omissão de material de Samuel e Reis não deve ser considerada fraude. 

O autor simplesmente pressupôs o conhecimento da história hebraica por parte do leitor. Isso permitiu que o compilador selecionasse cuidadosa e deliberadamente apenas os trechos que influenciaram diretamente a vida religiosa da comunidade israelita ou promoveram a teologia da esperança que Crônicas tinha o propósito de transmitir.

Da mesma forma, a postura cética relativa à precisão histórica dos “acréscimos” do Cronista na história dos reis hebreus é injustificada, dado seu amplo recurso e outras fontes além das narrativas de Samuel e Reis.

Várias explicações foram oferecidas para o “exagero” dos números e das estatísticas da narrativa paralela de Samuel e Reis. Obviamente, algumas discrepâncias numéricas podem ser atribuídas a erros de escribas (ex.: 2Rs 24.8; 2Cr 36.9). 

Alguns números foram arredondados. Finalmente, é possível que partes dos livros de Crônicas basearam-se em textos manuscritos hebraicos mais antigos e por isso mais confiáveis que os registros de Samuel e Reis.

CONTEXTO HISTÓRICO

As genealogias de 1 Crônicas rastreiam a herança da fé, do ponto de vista da aliança, desde Adão até Davi, com atenção especial nos patriarcas e nos 12 filhos de Jacó. A história relatada em Crônicas começa com a monarquia unida no final do reinado de Saul e termina com o cativeiro de Judá na Babilônia (1020-586 a.C.). 

Os relatos do reinado de Davi e Salomão destacam acontecimentos e personagens ligados à Arca da aliança e à construção e dedicação do templo. A história do Cronista sobre o reino dividido praticamente desconsidera o lado do Norte (Israel). 

Os livros de Crônicas encerram com a mesma ênfase no templo, expressa no edito de Ciro, rei da Pérsia, que permitiu o retorno dos exilados à Palestina para reconstruir o edifício (538 a.C.; 2Cr 36.22,23).

O pano de fundo da composição de Crônicas foi o período pós-exílio dos hebreus. Judá permaneceu uma província atrasada e insignificante durante todo o período persa e ainda no período grego. 

A vida política e nacional dos hebreus era ofuscada pelos grandes impérios pagãos da Pérsia e da Grécia, e a religião hebraica era desafiada pelo templo dos rivais samaritanos, pela adoração de Ahura Mazda, e das religiões gregas de mistério.

O desespero pelo fracasso de Zorobabel e outros em inaugurar o reino messiânico em Judá previsto por Ageu e Zacarias, associado à frustração das reformas religiosas aparentemente superficiais e breves realizadas por Esdras e Neemias, inspiram a “teologia da esperança” do Cronista, com base nos registros da história israelita. Algum dia, a angústia do presente daria lugar à restauração de Israel, de acordo com o ideal teocrático descrito em Crônicas.

PROPÓSITO E MENSAGEM

A mensagem teológica de Crônicas pode ser resumida de diversas maneiras, porém algumas preocupações são proeminentes. São elas: o povo de Deus, o rei e o templo e também as bênçãos e a condenação divina.

Primeiro, o povo de Deus. Do começo ao fim de sua história, o cronista identifica o povo de Deus, que deve ser considerado como herdeiro das promessas segundo a aliança com Deus. A proeminência desse tema aparece em seu uso frequente da expressão “todo o Israel” (1Cr 11.1; 2Cr 10.1; 29.24). 

Por outro lado, o autor considerava aqueles que tinham sido libertados do exílio babilônico como o povo de Deus. Os representantes das tribos de Judá, Benjamim, Efraim e Manassés que haviam retornado à terra eram o povo escolhido (1Cr 9.3). Por outro lado, o autor considerava a restauração de Israel incompleta enquanto qualquer das tribos ainda permanecesse fora da terra, separada do reino davídico e do templo de Jerusalém. 

Em vista disso, o Cronista toma o cuidado de incluir as tribos do Norte como as do Sul em suas genealogias (2.3 – 9.1), ao apresentar um quadro da monarquia unida sob Davi e Salomão (11.1) e ao descrever a reunificação dos reinos do Norte e Sul nos dias de Ezequias.

Segundo, o rei e o templo. Crônicas apresenta o povo de Deus organizado em torno de duas instituições centrais, a saber, o trono davídico e o templo em Jerusalém. As genealogias reservam atenção especial à linhagem de Davi (1Cr 2.10-17) e organização dos sacerdotes e levitas (1Cr 6). 

A linhagem de Davi havia sido escolhida por Deus como dinastia perpétua sobre a nação (1Cr 17; 2Cr 13.5; 21.7; 23.3) e o restabelecimento do trono de Davi fora uma demonstração de amor e benção divina para Israel (1Cr 14.2; 2Cr 2.11). O historiador também focaliza o templo como o lugar onde Deus habita (2Cr 7.12, 16; 33.7).

A terceira preocupação é com respeito à benção e condenação. O autor mostra aos seus leitores como receber as bênçãos de Deus em seus dias. Ele enfatiza a estreita conexão entre a fidelidade e a benção, por um lado, e a infidelidade e a condenação por outro (1Cr 28.9; 2Cr 6.14; 7.2-22; 15.2). O rei e o templo não poderiam assegurar as bênçãos de Deus para Israel, teria de haver obediência a lei mosaica e a instrução profética sacerdotal.

Fica claro que o autor de Crônicas queria manter a esperança que Israel tinha no Messias prometido, no filho de Davi, em conformidade com a aliança davídica (2Sm 7) e com as promessas dos profetas, incluindo os de sua época (Ageu, Zacarias e Malaquias). Tomou o cuidado de relembrar as promessas que Deus fez a Davi (1Cr 17).

DAVI E SALOMÃO

A maior parte da história de Crônicas é dedicada aos reinados de Davi (1Cr 11 – 29) e de Salomão (2Cr 1 – 9).

O Cronista idealizou Davi e Salomão. É omitida qualquer coisa nas suas fontes documentárias que possam manchar o quadro que está pintando deles. Não faz nenhuma referência ao reinado de sete anos de Davi em Hebrom, as guerras entre a casa de Saul e Davi, as negociações com Abner, aos problemas com Mical, esposa de Davi, filha de Saul, ou os assassinatos de Abner e Is-Bosete (2Sm 1 – 4). 

O Cronista apresenta Davi sendo ungido imediatamente como rei sobre todo Israel depois da morte de Saul (cap. 11) e desfrutando o apoio total do povo. Dificuldades subsequentes na vida de Davi também não são narradas. 

Não há nenhuma alusão aos pecados de Davi com Bate-Seba, ao crime e a morte de Amom, ao pecado de Absalão e ao seu complô contra o pai, à fuga de Davi de Jerusalém, às rebeliões de Seba e de Simei e a outros acontecimentos que porventura diminuíssem a glória do reinado de Davi (2Sm 11 – 20).

O Cronista lida com Salomão de modo semelhante. Salomão é especificamente nomeado num oráculo divino como sucessor de Davi (1Cr 22.7-10; 28.6). Sua ascensão ao trono é anunciada publicamente por Davi e é saudada com o apoio unânime de todo o Israel (caps. 28, 29). 

Não há menção de Davi confinado na cama que precisa, no último momento, desfazer a tentativa de golpe de Adonias, a fim de garantir o trono a Salomão. Nem sequer qualquer alusão ao apoio que o comandante Joabe e o sumo sacerdote Abiatar deram a investida de Adonias (1Rs 1). 

É omitida, também a execução por Salomão dos inimigos de Davi (1Rs 2). A ascensão de Salomão ao trono é isenta de qualquer concorrente e de qualquer outro acontecimento que deponha contra a ocasião. 

O relato de seu reinado em Crônicas é dedicado quase que inteiramente à construção do templo (2Cr 2 – 8), e não é incluída nenhuma referência às suas falhas ou à sua idolatria, suas mulheres estrangeiras, nem as rebeliões do povo contra o seu governo (1Rs 11). Até mesmo a culpa pela divisão do reino após sua morte é retirada de Salomão (1Rs 11.26-40) e atribuída às intrigas de Jeroboão.

O Davi e Salomão do Cronista, portanto, devem ser vistos, não somente como o Davi e o Salomão da história, mas também como a tipificação do rei messiânico, segundo as expectativas do Cronista.

O REINO DIVIDIDO

O registro da história de Israel desde Roboão até Acaz concentra-se nos acontecimentos do reino do Sul, Judá. Embora o livro de Reis seja a fonte da maior parte da informação, Crônicas omite trechos extensos da matéria relativa ao reino do Norte, Israel. Crônicas concentra a sua atenção em Judá e sua capital, Jerusalém, a sede do reino davídico e do templo de Deus.

Os reis do período em foco são avaliados pelo ideal da monarquia unida. O rei deve ser fiel à lei de Moisés, deve apoiar a ordem do templo estabelecido por Davi e Salomão, e também deve dar atenção a instrução profética e sacerdotal. Alguns reis são avaliados de forma negativa (Jeorão; Acazias; Acaz), outros positivamente (Abias; Jotão). Na sua maior parte os registros são mistos (Roboão; Asa; Josafá; Joás; Amazias e Uzias).

Deus abençoava seu povo quando este era fiel e o castigava quando se afastava dele. Vitória, segurança e prosperidade vinham àqueles que buscavam ao Senhor. Derrota, inquietude e enfermidade vinham sobre aqueles que se esqueciam dele.

O REINO REUNIFICADO

Começando com Ezequias, Israel entrou em uma nova fase de sua história. A exemplo de Davi e Salomão, Ezequias conseguiu unir os fiéis de Israel e Judá ao redor do trono davídico através do culto ao Senhor e da celebração no templo. 

Esse povo reunificado experimentou períodos de fracassos: a apostasia de Manassés 2Cr 33.1-10), o reinado de Amom (2Cr 33.21024) e os reis de Judá imediatamente anteriores ao exílio babilônico (2Cr 36.2-14). 

Mas Deus graciosamente, renovou o seu povo após cada fracasso; a restauração de Manassés (2Cr 33.11-17), as reformas de Josias (2Cr 34.3-35) e o retorno do exílio na Babilônia (36.22-23).

ESBOÇO DE 1 CRÔNICAS

I. As raízes do povo de Deus 1.1– 9.44

A herança dos filhos de Jacó 1.1-2.2

A herança da linhagem de Davi em Judá 2.3-3.24

A herança das doze tribos 4.1-8.40

A herança do remanescente 9.1-34

A herança do rei Saul em Benjamim 9.35-44

II. O reinado do rei Davi 10.1-29.30



A confirmação de Davi como rei 10.1-12.40

A aquisição da arca por Davi 13.1-17.27

Progressos militares de Davi 18.1-20.8

Preparativos de Davi para a construção do templo 21.1-27.34

Últimas declarações de Davi 28.1 –29.30

ESBOÇO DE 2 CRÔNICAS

I. O período de governo do rei Salomão 1.1-9.31

A ascensão de Salomão como rei 1.1-17

A realização da construção do tempo 2.1-7.22

A riqueza de Salomão 8.1-9.31

II. Os governos dos reis de Judá 10.1-36.16

O reinado de Roboão 10.1-12.16

Abias 13.1-22

Asa 14.1-16.14

Josafá 17.1-20.37

Jeorão 21.1-20

Acazias 22.1-9

Atalia 22.10-23.15

Joás 23.16-24.27

Amazias 25.1-28

Uzias 26.1-23

Jotão 27.1-9

Acaz 28.1-27

Ezequias 29.1-32.33

Manassés 33.1-20

Amon 33.21-25

Josias 34.1-35.27

Joacaz 36.1-3

Jeoaquim 36.4-8

Joaquim 36.9-10

Zedequias 36.11-16

III. Cativeiro e retorno de Judá 36.17-23

O cativeiro de Judá por Babilônia 36.17-21



O decreto de Ciro para o retorno de Judá 36.22,23

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