O LIVRO DE JUDITE
De autoria desconhecida a redação do livro tem sido comumente datada para o período helenístico. Alguns sugerem que ele tenha passado por várias edições até que tomasse a forma atual.
O livro é iniciado com o relato da vitória de Nabucodonosor sobre Arfaxad, rei dos medos e sobre todos os países do ocidente, tendo a Helofernes como chefe supremo de seu exército.
Os israelitas residentes na Judeia, diante da notícia do que Holofernes fizera aos outros povos, deslocam-se para os declives das montanhas a fim de deter os invasores, já que a estreiteza da garganta só permitia a passagem de dois homens no máximo.
Diante da recusa dos israelitas de partirem para o combate, Holofernes pergunta a Aquior o que motivou tal atitude.
Aquior conta a história dos israelitas e o aconselha a evitar um confronto caso não seja encontrada transgressão entre esse povo, do contrário o Deus deles tomaria vingança. Acusado de colaborar com o inimigo, Aquior é entregue nas mãos dos judeus.
Holofernes cerca a cidade por trinta dias, fazendo com que a população fique privada de água, debilitando o ânimo de muitos judeus. O povo, diante do impasse, encontra uma saída pouco convencional. Uma bela e encantadora israelita chamada Judite, após despir-se de seus trajes de viúva e enfeitar-se com esmero, dirige-se ao acampamento assírio, com o intuito de cativar como seu encanto e beleza os olhos dos inimigos.
Fazendo-se passar por traidora, Judite consegue, através de sua beleza, astúcia e habilidade nas palavras, enganar Holofernes. No momento oportuno, após um banquete, ela decapita o general que estava bêbado, levando triunfante sua cabeça a Betúlia, expondo-a no parapeito da muralha.
Sabendo da morte do general inimigo, Israel avança em direção ao exército assírio, que agora sem comando, foge desesperado. O amonita Aquior, aquele que havia sido acusado de traição por Holofernes, se converte ao Deus dos judeus. O povo louva a Deus e a coragem de Judite, que compõe um cântico de ação de graças.
Os judeus saqueiam o acampamento dos assírios por trinta dias e dão a Judite a tenda de Holofernes, toda a prataria, os divãs, as bacias e todo o seu mobiliário. O livro termina com sacrifícios de ação de graças em Jerusalém. Por fim o livro relata a morte de Judite em Betúlia, após longa e feliz velhice.
UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO
O livro é, assim como outros tantos contos judaicos, uma bela novela histórica com final feliz, mostrando que o povo judeu goza de uma proteção divina especial. A figura de Judite, que significa “a judia”, representa a coragem, servindo de exemplo para os momentos de grande angústia.
A história deseja incentivar a fidelidade a Deus, pois como lembra Judite: “O nosso Deus está conosco” (13,11). O livro foi escrito em meados do século II a.C., numa época em que o nacionalismo judaico era extremamente intenso por causa do levante dos macabeus.
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