Outro dia perguntou-me um aluno se eu podia dizer quais seriam as diferenças entre a Psicologia e a Psiquiatria. Embora tenha vindo de uma pessoa leiga no assunto, percebi que ela já havia pesquisado alguma coisa na famosa rede e de alguma maneira encontrado algo que a satisfazia. Antes que eu pudesse responder passou-me o texto e eu, refreando a resposta que já me saía, pus-me a ler com atenção o texto que me foi apresentado.
Dizia:
Qual é a diferença
entre Psicologia e Psiquiatria?
Sem autor, referência ou bibliografia consultada, lá
estava a magnificente resposta sobre pergunta “tão complexa”. Transcrevo tal e qual me foi apresentado. Apenas numero
os parágrafos para comentá-los depois.
1. Tanto a Psicologia
quanto a Psiquiatria estudam os processos mentais, mas atuam de forma diferente.
Para entender a diferença entre estas duas Ciências é preciso compreender o significado
dos termos “patologia” e “neurose”.
2. Vamos iniciar pela
neurose. Em termos bem simples, a neurose refere-se a qualquer desordem do tipo
mental, que nem sempre interfere no pensamento e na capacidade de enfrentar os problemas.
Portanto, TODOS NÓS, de alguma maneira somos neuróticos. Porém, algumas vezes, estas
neuroses se agravam, pelos mais diversos motivos. Só para se ter uma ideia, eu teria
que explicar a origem das mais diversas patologias para exemplificar isto, o que
é impossível, pois nem sempre se sabe a causa ou a origem de uma “desordem” mental.
3. Essa “desordem” é até natural, se
pensarmos nas vicissitudes da vida. Porém, se essa desordem chega alterar a percepção
de si mesmo, do outro e do mundo, de forma que a pessoa não consegue compartilhar
suas percepções com outras pessoas, algo vai mal.
4. Vou dar alguns exemplos que ajudarão
a compreender:
5. Quando uma mulher, mesmo muito magra,
olha no espelho e diz que está imensamente gorda, muito provavelmente ela tem algum
distúrbio de percepção de seu próprio corpo. Ela não consegue perceber que está
suficientemente magra, ou pior, ela acredita que está gorda. Isso é bem diferente
do que olharmos para o espelho e repararmos em algumas gordurinhas, ou mesmo perceber
que não estamos no peso ideal. Mas essa percepção não fará com que acreditemos que
estamos “imensamente gordos”. Não transformamos a realidade a tal ponto.
6. Quando um homem pensa que todas as
pessoas, de alguma maneira, estão rindo ou falando mal dele, ou então, qualquer
pessoa que passe por ele pensando alto ou cochichando com um amigo ao lado, passa
a ser vista como um inimigo em potencial, este homem está com a percepção da realidade
bastante alterada. O que é bem diferente se entrarmos em um ônibus e todos nos olham,
mas isso não quer dizer que passamos a acreditar que estas pessoas são nossos inimigos.
Pode haver outras razões para que estejam olhando, como por exemplo, usar uma blusa
do avesso. Quem já não fez isso e se deu conta só quando te olharam estranho?
7. Eu poderia dar milhões de outros exemplos,
mas podemos distinguir o neurótico do patológico pela intensidade como encaramos
os obstáculos comuns à vida. Se tratarmos uma simples “gordurinha” como uma obesidade
mórbida, ou então um olhar direcionado a nós como uma “perseguição”, certamente
estamos mais do lado da patologia do que da neurose. Geralmente, as patologias são
distorções de percepção que temos a nível neurológico. Já as neuroses não chegam
a esse nível.
8. Enquanto o psicólogo trata das neuroses,
das nossas preocupações diárias e dos nossos sofrimentos através da escuta analítica;
o psiquiatra cuida das patologias, oferecendo remédios que irão contribuir para
minimizar as alucinações, delírios, as alterações de juízo, consciência, atenção,
etc.
9. Geralmente os psicólogos e psiquiatras
atuam conjuntamente. A partir do momento em que os sintomas agudos são tratados,
a psicoterapia começa a fazer efeito e pode-se compreender o surgimento de uma determinada
patologia, e, através da psicoterapia pode-se evitar um novo episódio de nível mais
agudo (dependendo da patologia, claro). Ao contrário do que muita gente pensa, os
remédios podem trazer um alívio muito grande, principalmente na fase aguda do tratamento.
Aos poucos, dependendo da patologia os remédios são retirados paulatinamente.
10. É de suma importância o psicólogo
saber identificar os delírios, alucinações, alterações da percepção, pois poderá
encaminhar o paciente rapidamente a um psiquiatra, e assim tratar da patologia logo
de início. Toda e qualquer ciência tem limites, é preciso ter consciência do limite
destas duas ciências, para que ambas possam caminhar juntas, como parceiras.
Vamos lá ver essa resposta
que, muito prolixa e pouco ortodoxa tanto na semântica quanto no respeito à gramática
pátria, à Medicina e à Ciência nada diz, mas enche os olhos (leigos) e obscurece
o espírito daqueles que dedicam suas vidas ao estudo e à busca da compreensão do
cérebro humano.
Já o título me deixou
com o pé atrás. A diferença? Será mesmo só uma? Teria sido melhor postular a pergunta
de outra forma, pois a resposta seria mais curta, clara e objetiva.
Qual a semelhança entre
a Psicologia e a Psiquiatria? Resposta: Nenhuma. Haverá quem discorde, mas para
esses, sugiro recomeçar os estudos pela definição do que é ciência.
1. Tanto a Psicologia quanto a Psiquiatria estudam os processos
mentais....
O que o autor ou autora
entende por “processos mentais”? Serão esses processos tão vagos e abrangentes que
permitam afirmar que ambas (a Psicologia e a Psiquiatria) os “estudem”? Ou será
essa uma forma proposital de, ao não definir nada permitir que tudo seja colocado
no mesmo saco? O que são processos mentais?
Os chamados “processos
mentais” interagem com a nossa vida em três dimensões, ou seja: ligam-se ao nosso
saber ao sentir e ao fazer. Estes processos surgem logo após o nascimento, para
que consigamos nos relacionar com a realidade física e social.
Processos Cognitivos
O primeiro dos processos é o chamado processo cognitivo. Este está relacionado com o saber, com o conhecimento, utilizando
sempre a informação do meio interno e externo. Dentre os processos cognitivos estão:
·
A percepção;
·
A memória;
·
A aprendizagem.
Processos Emotivos
Os processos emotivos correspondem às vivências de prazer/desprazer
e à interpretação das relações que temos com as pessoas, objetos, ideias… Mas o
que são emoções? A emoção é uma reação complexa a estímulos
externos (mais frequentemente) e também a estímulos internos, que se traduz em reações
fisiológicas comportamentais, cognitivas, afetivas, sentimentais e em expressões
corporais.
· Na componente comportamental, temos as reações que por meio de um estado
emocional desencadeiam
um conjunto de comportamentos distintos, como por exemplo, alegria, gritos,
saltos,
críticas, elevada gesticulação ou até mesmo agressão.
· Na componente expressiva (corporal), temos as reações mais comunicativas
de todas as componentes. Estas se referem às reações físicas de um dado indivíduo
e que são visíveis a todos os outros, como por exemplo, a expressão facial, sorriso,
choro, aumentos do tom da voz, etc. Estas reações são as mais importantes a nível
social, pois demonstram claramente o estado de espirito do individuo.
· Temos também a
componente
cognitiva, que se refere ao conhecimento
que desencadeia uma emoção. E por último a
componente
subjetiva (objetiva), que se relaciona com o individuo
a nível emocional, ao seja ao estado efetivo a que só ele tem acesso, é o estado
afetivo associado à emoção.
À sua vez as emoções têm seis tipos de funções diferentes:
·
A primeira
função é
proteger o patrimônio genético das espécies (valor adaptativo). Esta função garante
a sobrevivência da espécie humana, permitindo comunicar estados necessários ao equilíbrio
e bem-estar e social.
·
A segunda função é contribuir para a aprendizagem,
isto é ensinar às crianças a interiorizar valores e regras sociais, ajudando-as
assim no processamento de informações e de relações.
·
A terceira
função
é preparar ação, relacionando os estímulos do meio externo com as respostas comportamentais
(quando vemos um cão a atacar a resposta emocional ativa o sistema nervoso de emergência
e fugimos).
·
A quarta
função é
moldar o comportamento futuro (ex. quando experimentamos algo ensina-nos a evitar
situações semelhantes no futuro).
·
A quinta
função é
ajudar a regular a interação social.
·
A sexta
é ajudar
a tomar decisões, porque as decisões são determinantes na vida.
Processos Conativos
Conjunto de
processos que se ligam à execução de uma ação ou comportamento, os processos através
dos quais se formam as inquietações, as tendências, as vontades e as intenções para
agir ou atuar. No fundo, o processo conativo é o que faz com que um indivíduo se
mova em direção a um fim ou a um objetivo através da motivação, empenho, vontade
e desejo.
Pensamento
Pode-se ainda aprofundar
o conceito ao introduzir a definição de pensamento.
Descartes desenvolveu
um sistema de pensamento baseado no princípio da ciência intitulado Discurso do
Método. As primeiras linhas deste trabalho são dedicadas ao bom senso; diz que todos
creem estar suficientemente munidos de uma quantidade de bom senso, que seria a
capacidade de julgamento e avaliação. Acreditava que a razão é dividida igualmente
entre todos, contudo, as diferenças existentes no modo de pensar estariam relacionadas
com o número de variáveis que cada indivíduo considera em sua análise, isto é, com
a quantidade e tipo de informação considerada.
Analisando a questão,
percebe-se que ao se deparar com um estímulo qualquer o indivíduo passa a elaborar
o processo mental relativo. Considerando que não apenas um indivíduo, mas um grupo
receba o mesmo estímulo, espera-se que, sendo pessoas diferentes, não necessariamente
vão considerar as mesmas informações para a avaliação pessoal, surgindo, desta forma,
as diferentes reações e conclusões.
Os conceitos atribuídos
a processo mental e pensamento normalmente se confundem e não deixam claras as propriedades
e características de cada um deles, tomando-se o efeito pela causa. Todavia, a distinção
é necessária. A diferença entre processo mental e pensamento pode ser compreendida
através da comparação com uma lâmpada onde a produção de luz é apenas um efeito
secundário do processo.
Tomando-se uma lâmpada
incandescente para efeito de comparação, quando da passagem da corrente elétrica
há o aquecimento de um filamento e, como consequência, ocorre a emissão de luz.
Portanto, o efeito principal é o aquecimento do filamento e a emissão de luz é a
consequência. Todas as atividades do ser inteligente estão relacionadas com processos
mentais que são exteriorizados pelos pensamentos que carregam consigo informação,
sentimento, emoções, etc. O processo mental elabora conceitos e ideias, como que
“alinhavando” as várias informações sobre todos os temas conhecidos até chegar a
uma conceituação definida sobre algo.
Não se trata apenas de
organizar a informação, mas organizar e correlacionar, sustentando um sistema de
relações. Os sentimentos e emoções também são processos mentais com relação à informação
específica. Os processos mentais apresentam qualidade específica de acordo com a
função abordada, isto é, podem ser de cunho intelectual, moral, emocional, etc.
São associações de informação em que a relação conduz a determinado entendimento.
Os processos mentais são neutros em qualidade, não são bons nem ruins, mas o seu
resultado, isto é, o conceito ou ideia resultante poderá ter qualidade boa ou ruim,
ou, até mesmo, neutra.
A hierarquização dos processos
mentais conduz ao aprimoramento dos conceitos. Os processos mentais são as relações
entre os diferentes blocos de informação e, por isso, não tem qualidades boas ou
más, mas o resultado do processo é que trará consequências boas ou más tanto para
o próprio indivíduo quanto para os outros, seja através das atitudes tomadas em
decorrência ou, simplesmente, a emanação do pensamento correspondente. Quanto mais
elaborado o processo mental mais estruturado será.
1. ... mas atuam de forma diferente. Para entender
a diferença entre estas duas Ciências é preciso compreender o significado dos termos
“patologia” e “neurose”.
Desde quando a ciência
atua? Não serão os cientistas?
1...Para entender a diferença entre estas duas Ciências
é preciso compreender o significado dos termos “patologia” e “neurose”.
Novamente uma única diferença
baseada na compreensão de dois termos e pior a neurose pode sim ser uma manifestação
patológica ao contrário do que o ilibado autor afirma nos parágrafos seguintes.
2. Vamos iniciar pela neurose. Em termos bem simples, a
neurose refere-se a qualquer desordem do tipo mental, que nem sempre interfere
no pensamento e na capacidade de enfrentar os problemas. Portanto, todos
nós, de alguma maneira somos neuróticos. Porém, algumas vezes, estas
neuroses se agravam, pelos mais diversos motivos. Só para se ter uma ideia, eu
teria que explicar a origem das mais diversas patologias para exemplificar isto,
o que é impossível, pois nem sempre se sabe a causa ou a origem de uma “desordem”
mental.
Este parágrafo, belo
exemplo do mais absoluto desconhecimento dos rudimentos da Psiquiatria, chega a
ser cômico se não fosse tragicamente proferido por um profissional que diz ter
nível de graduação e mestrado em Educação e Psicologia. É um emaranhado da mais
profunda complexidade mental, desprovida de bom senso e razão. Não é patologia,
mas é desordem mental, não interfere no pensamento e não sei por que deveria,
generaliza e vulgariza tais transtornos a ponto de incluir “todo nós” como
neuróticos. Explicar a origem das mais diversas patologias é genial. Imagine relacionar
a neurose a uma gripe ou a uma diarreia. Imaginem um neurótico que assim se
tornou por estar gripado ou não conseguir se levantar do vaso sanitário.
Para acabar com o
assunto, nem sempre se sabe a causa ou a origem de uma desordem. Saber-se-ão as
consequências?
Patologia (derivado do grego pathos, sofrimento, doença, e logia, ciência, estudo) é o estudo das doenças em geral, sob aspectos determinados, tanto na medicina quanto
em outras áreas do conhecimento. Envolve tanto a ciência básica quanto a prática
clínica, e é devotada ao estudo das alterações estruturais e funcionais das células, dos tecidos e dos órgãos que estão ou podem estar sujeitos a doenças; qualquer
uma.
Neurose é uma reação exagerada dos processos mentais
em relação a um determinado estímulo. Essa maneira de ser significa que a pessoa
reage à vida por meio de reações
vivenciais não normais; seja no sentido dessas reações serem desproporcionais,
seja pelo fato de serem muito duradouras, seja pelo fato delas existirem mesmo sem
que exista uma causa vivencial aparente.
Cada tipo de transtorno
neurótico tem seus sintomas, suas atitudes e sentimentos. Na realidade os quadros
neuróticos são inúmeros e estão descritos em várias obras psiquiátricas, tais como
ansiedades e fobias, depressão, estresse, histeria, obsessões, compulsões e outros.
Assim, pode-se definir a neurose como uma doença emocional, afetiva e da personalidade.
Neurose não é sinônimo de loucura, assim como também não compromete
a inteligência nem o contato com a realidade. Os sentimentos dos neuróticos também
são normais; eles amam, sentem alegria, tristeza, raiva, etc. O que pode estar alterado
na neurose é a intensidade desses sentimentos.
Assim, as principais
diferenças entre uma pessoa neurótica e outra normal relacionam-se à capacidade
de adaptação às situações vividas e em relação à quantidade de emoções e sentimentos
gerados. Os neuróticos ficam mais ansiosos, mais angustiados, mais deprimidos, mais
sugestionáveis, mais teatrais, mais impressionados, mais preocupados, com mais medo,
enfim, eles têm as mesmas emoções que qualquer pessoa, porém, em quantidade que
compromete a adaptação. Para entender melhor, estude as Teorias
da Personalidade e os Transtornos
da Personalidade.
Tipos de Neuroses
De modo geral, as neuroses
costumam ser classificadas por meio de seus sintomas mais proeminentes. Isso não
significa que todas elas não possam ter uma série de sintomas comuns (todas têm
ansiedade, por exemplo). Um dos tipos mais comuns de neurose, hoje em dia, é aquele cujo sintoma proeminente
é a ansiedade (e depressão). O Transtorno Fóbico-Ansioso, por exemplo, é uma neurose que se caracteriza,
exatamente, pela prevalência da fobia entre outros sintomas de ansiedade, ou seja,
um medo anormal, desproporcional e persistente diante de um objeto ou situação específica.
Isso não quer dizer que no Transtorno
Fóbico-Ansioso não estejam presentes, por exemplo, depressão, ataques
de pânico, ansiedade generalizada, etc.
O Transtorno Ansioso é outro tipo de neurose. Os padrões individuais de ansiedade variam amplamente.
Algumas pessoas com ansiedade neurótica podem ter sintomas cardiovasculares, tais como palpitações,
sudorese ou opressão no peito; outros manifestam sintomas gastrointestinais como
náuseas, vômito, diarreia ou vazio no estômago; outros ainda apresentam mal-estar
respiratório ou predomínio de tensão muscular exagerada, do tipo espasmo, torcicolo
e lombalgia.
Enfim, os sintomas físicos
da ansiedade variam de pessoa para pessoa. Psicologicamente a ansiedade pode monopolizar
as atividades psíquicas e comprometer, desde a atenção e a memória, até a interpretação
fiel da realidade.
Os Transtornos Histriônicos (Histéricos), por sua vez, são neuroses onde o sintoma
principal é a teatralidade, sugestionabilidade, necessidade de atenção constante
e manipulação emocional das pessoas ao seu redor. O neurótico histérico pode desmaiar,
ficar paralítico, sem fala, trêmulo, e desempenhar todo tipo de papel de doente.
Há grande variedade nesse tipo de neurose.
Os Transtornos do Espectro Obsessivos-Compulsivos reúnem neuroses cujo sintoma principal é a
incapacidade de controlar impulsos, manias e rituais, assim como determinados pensamentos
desagradáveis e absurdos.
A Distimia é um tipo de neurose cujo sintoma mais proeminente
é a tendência a reagir depressivamente à vida, ou seja, pessoas com tendência à
longos períodos de depressão.
As neuroses interferem
e estão presentes também nos problemas de aprendizagem, no desenvolvimento da personalidade,
no fracasso escolar, nos conflitos familiares e nas crises conjugais. A psiquiatria considera as neuroses transtornos
menores, em relação às psicoses. Isso se deve ao fato do neurótico conservar, de
alguma maneira, critérios de avaliação da realidade semelhante às pessoas consideradas
normais. Entretanto, ao falarmos em “transtorno menor”, não estamos nos referindo
a algum critério de prognóstico. O mais comum é que a neurose tenha um curso crônico
e, não tratada, leve a algum grau de incapacidade social e/ou profissional.
3.
Essa “desordem” é até natural, se pensarmos nas vicissitudes da vida. Porém, se
essa desordem chega alterar a percepção de si mesmo, do outro e do mundo, de forma
que a pessoa não consegue compartilhar suas percepções com outras pessoas, algo
vai mal.
O dia que uma desordem
mental for natural, rescreva-se a psiquiatria. Se a neurose for desordem mental
então é patologia grave e se for, o que parece mais apropriado, transtorno, que
se defina como uma doença emocional,
afetiva e da personalidade. Meu Deus.... O que será que vai mal? Ou
pior?
4.
Vou dar alguns exemplos que ajudarão a compreender:
Será?
5.
Quando uma mulher, mesmo muito magra, olha no espelho e diz que está imensamente
gorda, muito provavelmente ela tem algum distúrbio de percepção de seu próprio
corpo. Ela não consegue perceber que está suficientemente magra, ou pior, ela
acredita que está gorda. Isso é bem diferente do que olharmos para o espelho
e repararmos em algumas gordurinhas, ou mesmo perceber que não estamos no peso ideal.
Mas essa percepção não fará com que acreditemos que estamos “imensamente gordos”.
Não transformamos a realidade a tal ponto.
Será
que distúrbio de percepção está relacionado a um comprometimento cognitivo mais
ou menos grave? Neologismos são ótimos para esconder a ignorância. Lembram-se
do Odorico? Aquele coronel...
Adorei
a muito magra que se acha muito gorda e, o “pior”, completa de forma
magnífica o desastre do exemplo e da complexidade mental de quem o profere.
6.
Quando um homem pensa que todas as pessoas, de alguma maneira, estão rindo ou falando
mal dele, ou então, qualquer pessoa que passe por ele pensando alto ou cochichando
com um amigo ao lado, passa a ser vista como um inimigo em potencial, este homem
está com a percepção da realidade bastante alterada. O que é bem diferente
se entrarmos em um ônibus e todos nos olham, mas isso não quer dizer que passamos
a acreditar que estas pessoas são nossos inimigos. Pode haver outras razões
para que estejam olhando, como por exemplo, usar uma blusa do avesso. Quem já não
fez isso e se deu conta só quando te olharam estranho?
Alguém
me ajude, esse consegue ser ainda melhor que o anterior e até agora não
consegui encontrar a explicação da diferença entre neurose e patologia, menos
ainda entre a Psiquiatria e a Psicologia.
7.
Eu poderia dar milhões de outros exemplos, mas podemos distinguir o neurótico
do patológico pela intensidade como encaramos os obstáculos comuns à vida. Se
tratarmos uma simples “gordurinha” como uma obesidade mórbida, ou
então um olhar direcionado a nós como uma “perseguição”, certamente estamos
mais do lado da patologia do que da neurose. Geralmente, as patologias são
distorções de percepção que temos a nível neurológico. Já as neuroses não
chegam a esse nível.
Caramba,
nesse o autor se supera. Aliás, cada parágrafo supera o anterior. Agora estamos
na alçada das distorções neurológicas que aparentemente não são patológicas nem
neuróticas. Gostaria de compreender o que são distorções neurológicas, mas
deixa para lá. Quero mesmo é ver logo no que isso tudo vai dar.
8.
Enquanto o psicólogo trata das neuroses, das nossas preocupações diárias
e dos nossos sofrimentos através da escuta analítica; o psiquiatra
cuida das patologias, oferecendo remédios que irão contribuir para minimizar
as alucinações, delírios, as alterações de juízo, consciência,
atenção, etc.
Bem,
definiu-se a área de atuação da psicologia e de forma contundente. Psicólogo
trata neurose, ponto, e que ponto. Será que existe um ponto maiúsculo? Caberia
aqui. Cuida das preocupações diárias, ou seja: qualquer coisa desde falta de
dinheiro até prisão de ventre. Escuta analítica me soa a algo de espionagem,
filme de suspense, Bope, escuta telefônica, devo estar é muito patológico ou
muito neurótico.
Definiu-se
a área de atuação da Psiquiatria. Psiquiatra cuida de patologia. Não é fantástico?
Quando estiver com dor de dentes vou ao psiquiatra. Agora entendi tudo...
Assim
não dá. Alguém precisa para esse neurótico, patológico, neurologicamente
transtornado, pois isso já está ficando sério. Alguém identifica a patologia
desse indivíduo? Eu tenho um palpite: ignorância absolutamente aguda, crônica
(assim mesmo, tudo junto) com traços neuróticos, neurologicamente transtornado
e indícios fortes de patologia psicótica. Isso é que é diagnóstico. O resto é
conversa.
Por
falar nisso...
Psicose é um quadro
patológico clássico, reconhecido pela psiquiatria como um estado no qual se verifica perda
Parcial ou total de contato com a realidade. Nos períodos de crises mais intensas
podem ocorrer (variando de caso a caso) alucinações ou delírios,
desorganização psíquica que inclua pensamento desorganizado e/ou paranoide, acentuada
inquietude psicomotora, sensações de angústia intensa, opressão, e insônia.
É frequentemente acompanhada por uma falta de "autocrítica"
ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter
estranho ou bizarro do comportamento. Desta forma, nos momentos de crise, surgem
também dificuldades de interação social e de cumprir normalmente as atividades de
vida diária.
Uma grande variedade de estressores do sistema nervoso,
tanto orgânicos como funcionais, podem causar uma reação de sintomatologia, semelhante,
porém não igual, a estrutura psicótica. Muitos indivíduos têm experiências fora
do comum ou mesmo relacionadas com uma distorção da realidade em alguma altura da
sua vida sem necessariamente sofrerem grandes consequências para a sua vida. Como
tal, alguns autores afirmam que não se pode separar a psicose da consciência normal,
mas deve-se encará-la como fazendo parte de um continuum de consciência.
Para o diagnóstico são feitas observações clínicas que
incluem a anamnese, a história de vida do sujeito, seu quadro psicológico e de doenças.
A depender do caso, pode-se chegar a meses para um quadro correto. O diagnóstico
é feito com base na psicopatologia clínica e teórica. Dois guias de classificação
diagnóstica internacionais podem ser usados como referência, principalmente epidemiológica:
o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (o atual é o DSM-IV), e a CID-10, a Classificação
Internacional de Doenças.
As psicoses apresentam vivências bizarras, como delírios,
alucinações, alterações da consciência do eu. - Não existem alterações primárias
na esfera cognitiva. Memória e nível de consciência não estão prejudicados, se isto
acontece é devido a outras alterações clínicas (delirium), bem como devido a substâncias
psicoativas. As definições de psicose em geral descrevem as classes de eventos que
configuram sua natureza ou essência, apontam-lhe as causas e as variações.
Michel Foucault em seu texto A história
da Loucura aponta que a loucura (posteriormente chamada de psicose) poderia ser entendida
como uma aberração da conduta em relação aos padrões ou valores dominantes numa
certa sociedade; neste sentido, entender a psicose é também buscar entender quais
os padrões dominantes e quais as reações do grupo social a tais condutas estranhas
e aos seus agentes.
9.
Geralmente os psicólogos e psiquiatras atuam conjuntamente. A partir do momento
em que os sintomas agudos são tratados, a psicoterapia começa a fazer
efeito e pode-se compreender o surgimento de uma determinada patologia,
e, através da psicoterapia pode-se evitar um novo episódio de nível mais agudo (dependendo
da patologia, claro). Ao contrário do que muita gente pensa, os remédios
podem trazer um alívio muito grande, principalmente na fase aguda do tratamento.
Aos poucos, dependendo da patologia os remédios são retirados paulatinamente.
Ou
seja, se bem entendi, da psicoterapia surge uma nova patologia. Fantástico! Sempre
desconfiei disso. Com relação aos remédios, adorei a colocação do ao contrário
do que muita gente pensa eles podem trazer alívio.
10.
É de suma importância o psicólogo saber identificar os delírios, alucinações,
alterações da percepção, pois poderá encaminhar o paciente rapidamente a
um psiquiatra, e assim tratar da patologia logo de início. Toda
e qualquer ciência tem limites, é preciso ter consciência do limite destas duas
ciências, para que ambas possam caminhar juntas, como parceiras.
Ou
seja, psicólogo descobre o que o cara tem, diagnostica e manda para o
psiquiatra tratar, mas, preste atenção! Cuidado! Tem que ser rapidamente e só
se for logo de início. Até por que, desconhecia eu, a Ciência tem limites.
Nunca se esqueçam disso. Ou melhor, tenham consciência disso senão psicologia e
psiquiatria não caminham juntas. Entenderam direitinho?
Bem,
eu confesso que devido à minha patologia, causada por uma neurose descoberta
logo no início, acho que na verdade esse artigo é uma alucinação psicótica
(redundante mesmo) causada pela minha grave distorção de cognição neurológica,
para o que julgo a ciência nunca descobrirá um remédio e eu, pobre mortal,
estou condenado a viver sob a escuta analítica de quem pelo menos aliviará
minhas crises agudas e meus problemas do dia a dia.
Estão
pensando que eu ou louco? Eu também. Mas o testículo acima está em: