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5/26/2012

Comparação entre terapia cognitivo-comportamental individual ou em grupo para pacientes dependentes de álcool e/ou outras drogas


Ambientes de tratamento
Há uma possibilidade ilimitada de modelos de tratamento1,2 (Quadro 1). No entanto, há os ambientes de tratamento 'mais famosos', tradicionais e conhecidos do grande público. Cada um deles possui vantagens e desvantagens na prestação de auxílio ao dependente químico3. Não há um serviço melhor que o outro, mas sim pacientes mais indicados para cada serviço4. A compreensão e o entendimento das possibilidades e limitações de cada ambiente de tratamento auxiliam o processo adequação de um serviço às necessidades da comunidade a qual presta assistência3.


Quadro 1: Ambientes de tratamento
Rede primária de atendimento à saúde
Unidades comunitárias de álcool e drogas
Unidade ambulatorial especializada
Comunidades terapêuticas
Grupos de auto-ajuda
Hospitais gerais
Hospital-dia
Moradia assistida
Hospitais psiquiátricos
Sistema judiciário
Empresas

Fonte: Edwards G, Marshall EJ, Cook CCH. O tratamento do alcoolismo. Porto Alegre: ARTMED; 1999.
O momento do tratamento também influencia a escolha do serviço2. Usuários de cocaína com sintomas agudos de abstinência podem requerer um ambiente ambulatorial não-intensivo, intensivo, hospital-dia ou até uma internação para desintoxicação. Três semanas depois, porém, os sintomas de abstinência já não são mais o problema preponderante e abordagens menos intensivas e comunitárias poderão ser instituídas. Por isso é preciso reconhecer o serviço mais indicado para aquele momento e saber combiná-lo a outros ambientes onde a seqüência do tratamento se dará1.
Níveis de atendimento
Em muitos países, os diversos ambientes de atendimento para dependência química encontram-se divididos em modalidades, distribuídas ao longo de um continuum de cuidados (Figura 2)5. O Brasil, infelizmente, ainda não possui uma legislação normatizadora dos níveis de atendimento, tampouco do papel de cada profissional da saúde no tratamento das dependências químicas, apesar de problemas acerca do tema já terem sido identificados por diversos estudos nacionais6. Tal carência dificulta o encaminhamento racional daqueles que procuram auxílio especializado, sobrecarregando setores que deveriam se responsabilizar por apenas uma parte do tratamento6.
Ainda assim, faz parte da organização de um serviço determinar, mesmo que grosseiramente, qual o seu ponto de inserção dentro da rede de tratamento disponível em uma determinada região (figura 2). Muitas vezes, por competição entre linhas e modelos terapêuticos ou por ingenuidade ou por arrogância, alguns serviços se acham plenamente capazes de responder a todas as necessidades de seus pacientes, apenas utilizando seu cabedal teórico e suas técnicas terapêuticas4. Perde-se, assim, um importante referencial: algumas técnicas e serviços são mais ou menos efetivos de acordo com o estágio em que se encontra o dependente. Além disso, não existe um serviço melhor que o outro, mas pacientes que respondem melhor a um tipo de tratamento do que ao outro.
Todo o serviço deve procurar o seu lugar para apoiar com mais eficácia o paciente que o procura. Isso vai além da determinação do papel e do posicionamento do serviço: é necessário também se conectar aos demais serviços disponíveis, para formar redes de apoio mútuo. Isso reforça e amplia as estratégias de tratamento do serviço e possibilita o encaminhamento daqueles que já concluíram o tratamento proposto, mas ainda necessitam de outras abordagens.

Referências Bibliográficas
Organização Pan-Americana de Saúde (OMS) & Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas (CICAD). El modelo ideal de atención - normas minimas. In: OPAS & CICAD. La dependencia de las drogas y su tratamiento - guia y criterios básicos para el deserollo de programas de avaluación de la calidad y normas para la atención de la dependencia de drogas. OPAS/CICAD; 2000.
Administración de Servicios para el Abuso de Sustancias y la Salud Mental (SAMSHA). Programas especializados en el tratamiento del abuso de sustancias. In: Guía de servicios para el abuso de sustancias para provedores de atención primária de la salud. Rockville: NIH; 1999.
Edwards G, Marshall EJ, Cook CCH. Ambientes de tratamento, papéis profissionais e organização de serviços de tratamento. In: Edwards G, Marshall EJ, Cook CCH. O tratamento do alcoolismo. Porto Alegre: ARTMED; 1999.
WR & Hester RK. Treatment for alcohol problems: toward an informed eclecticism. In: Miller WR. Handbook of alcoholism treatment approaches - effective aternatives. Allyn & Bacon; 1995.
Office of Substance Abuse Policy. Directory of licensed substance abuse treatment programs in Chicago. Chicago: OSAP; 2002.
Laranjeira R. Bases para uma política de tratamento dos problemas relacionados ao álcool e outras drogas no Estado de São Paulo. J Bras Psiquiatr 1996; 45(4): 191-99.