Ambientes de tratamento
Há uma possibilidade ilimitada
de modelos de tratamento1,2 (Quadro 1). No entanto, há os
ambientes de tratamento 'mais famosos', tradicionais e conhecidos do grande
público. Cada um deles possui vantagens e desvantagens na prestação de auxílio
ao dependente químico3. Não há um serviço melhor que o outro, mas
sim pacientes mais indicados para cada serviço4. A compreensão e o
entendimento das possibilidades e limitações de cada ambiente de tratamento
auxiliam o processo adequação de um serviço às necessidades da comunidade a
qual presta assistência3.
Quadro
1: Ambientes de tratamento
Rede primária de atendimento à
saúde
Unidades comunitárias de
álcool e drogas
Unidade ambulatorial
especializada
Comunidades terapêuticas
Grupos de auto-ajuda
Hospitais gerais
Hospital-dia
Moradia assistida
Hospitais psiquiátricos
Sistema judiciário
Empresas
Fonte: Edwards G, Marshall EJ, Cook CCH. O tratamento do alcoolismo. Porto Alegre: ARTMED;
1999.
Níveis de atendimento
Em muitos países, os diversos
ambientes de atendimento para dependência química encontram-se divididos em
modalidades, distribuídas ao longo de um continuum de cuidados
(Figura 2)5. O Brasil, infelizmente, ainda não possui uma legislação
normatizadora dos níveis de atendimento, tampouco do papel de cada profissional
da saúde no tratamento das dependências químicas, apesar de problemas acerca do
tema já terem sido identificados por diversos estudos nacionais6.
Tal carência dificulta o encaminhamento racional daqueles que procuram auxílio
especializado, sobrecarregando setores que deveriam se responsabilizar por
apenas uma parte do tratamento6.
Ainda assim, faz parte da
organização de um serviço determinar, mesmo que grosseiramente, qual o seu
ponto de inserção dentro da rede de tratamento disponível em uma determinada
região (figura 2). Muitas vezes, por competição entre linhas e modelos
terapêuticos ou por ingenuidade ou por arrogância, alguns serviços se acham
plenamente capazes de responder a todas as necessidades de seus pacientes,
apenas utilizando seu cabedal teórico e suas técnicas terapêuticas4.
Perde-se, assim, um importante referencial: algumas técnicas e serviços são
mais ou menos efetivos de acordo com o estágio em que se encontra o dependente.
Além disso, não existe um serviço melhor que o outro, mas pacientes que
respondem melhor a um tipo de tratamento do que ao outro.
Todo o serviço deve procurar o
seu lugar para apoiar com mais eficácia o paciente que o procura. Isso vai além
da determinação do papel e do posicionamento do serviço: é necessário também se
conectar aos demais serviços disponíveis, para formar redes de apoio
mútuo. Isso reforça e amplia as estratégias de tratamento do serviço e
possibilita o encaminhamento daqueles que já concluíram o tratamento proposto,
mas ainda necessitam de outras abordagens.
Referências Bibliográficas
Organização Pan-Americana de
Saúde (OMS) & Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas
(CICAD). El modelo ideal de atención - normas minimas. In: OPAS & CICAD. La
dependencia de las drogas y su tratamiento - guia y criterios básicos para el
deserollo de programas de avaluación de la calidad y normas para la atención de
la dependencia de drogas. OPAS/CICAD; 2000.
Administración de Servicios
para el Abuso de Sustancias y la Salud Mental (SAMSHA). Programas
especializados en el tratamiento del abuso de sustancias. In: Guía de servicios
para el abuso de sustancias para provedores de atención primária de la salud.
Rockville: NIH; 1999.
Edwards G, Marshall EJ, Cook CCH. Ambientes de tratamento, papéis profissionais e organização de serviços
de tratamento. In: Edwards G, Marshall EJ, Cook CCH. O tratamento do
alcoolismo. Porto Alegre: ARTMED; 1999.
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eclecticism. In: Miller WR. Handbook of alcoholism treatment approaches -
effective aternatives. Allyn
& Bacon; 1995.
Office of Substance Abuse Policy. Directory of licensed substance abuse
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OSAP; 2002.
Laranjeira R. Bases para uma
política de tratamento dos problemas relacionados ao álcool e outras drogas no
Estado de São Paulo. J Bras Psiquiatr 1996; 45(4): 191-99.