Psicologia cognitiva: A psicologia cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do comportamento dos processos de aprendizagem e de aquisição de conhecimento. É uma das disciplinas da ciência cognitiva. Esta área de investigação cobre diversos domínios, examinando questões sobre a memória, atenção, percepção, representação do conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.
Atenção: A atenção também é um tópico de estudo relacionado ao processo cognitivo, embora vários pesquisadores a considerem uma função derivada da consciência. Através da atenção é possível que a mente selecione os estímulos recebidos, dando prioridade a uns enquanto outros são minimizados ou mesmo excluídos do processamento.
Cognição: Cognição é o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem; significa a aquisição de conhecimento por meio da percepção. De uma maneira mais simples, pode-se dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos.
Percepção: A percepção refere-se às funções que permitem captar os estímulos do ambiente, para posterior processamento de informação. Os órgãos dos sentidos são responsáveis pela captação das informações do ambiente, que podem ser de natureza visual, olfativa, tátil, gustativa, auditiva e sinestésica (equilíbrio e movimento do corpo). O processamento cerebral depende das informações fornecidas pelas estruturas sensoriais, sendo estas a base de nossa compreensão do mundo.
Memória: A memória é a capacidade de registrar, armazenar e evocar as informações recebidas e processadas pelo cérebro. Talvez isso se deva ao fato de que é relativamente simples solicitar a memorização e recordação de informações através das experiências. Contudo, existe um número expressivo de modelos de memória, categorizando-as de várias formas.
A memória pode ser dividida em três processos:
Codificação: processo de entrada e registro inicial da informação. A codificação diz respeito à capacidade que o aparato cognitivo possui de captar a informação e mantê-la ativa por tempo suficiente para que ocorra o processo de armazenamento, segunda etapa da memória.
Armazenamento: capacidade de manter a informação pelo tempo necessário para que, posteriormente, ela possa ser recuperada e utilizada
Evocação ou reprodução: capacidade de recuperar a informação registrada e armazenada, para posterior utilização por outros processos cognitivos (pensamento, linguagem, afeto, etc.).
Tipos de memória
Memória declarativa: É a capacidade de verbalizar um fato.
Memória icônica: uma espécie de foto daquilo que nossos sentidos estão percebendo num determinado instante. É descartada depois de alguns instantes.
Memória imediata: É a memória que dura de frações a poucos segundos. Um exemplo é a capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito. Estes fatos são após um tempo completamente esquecidos, não deixando "traços".
Memória de curto prazo: É a memória com duração de alguns segundos ou minutos. Neste caso existe a formação de traços de memória. O período para a formação destes traços se chama de Período de consolidação. Um exemplo desta memória é a capacidade de lembrar eventos recentes que aconteceram nos últimos minutos.
Memória de longo prazo: É a memória com duração de dias, meses e anos. Um exemplo são as memórias do nome e idade de alguém quando se reencontra essa pessoa alguns dias depois. Como engloba um tempo muito grande pode ser diferenciada em alguns textos como memória de longuíssimo prazo quando envolve memória de muitos anos atrás.
Memória de procedimentos: É a capacidade de reter e processar informações que não podem ser verbalizadas, como tocar um instrumento ou andar de bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser perdida.
Linguagem: A linguagem refere-se à capacidade de receber, interpretar e emitir informações para o ambiente. Dentre os temas estudados pela psicologia cognitiva, a linguagem é um dos mais pesquisados, junto com a memória e a inteligência, porque é a área de interesse de várias ciências, como a antropologia, a sociologia, a filosofia e a comunicação. A linguagem reflete a capacidade de pensamento e abstração, embora seja uma função mental distinta do pensamento: uma pessoa pode ter transtornos na linguagem (por exemplo, uma afasia) e manter a função do pensamento preservada, mas se tiver um transtorno de pensamento (como pode ocorrer, por exemplo, na esquizofrenia), a linguagem será mais ou menos prejudicada.
Pensamento: O pensamento é a capacidade de compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. Diz respeito à habilidade em manipular conceitos mentalmente, estabelecendo relações entre eles ligando-os e confrontando-os com elementos oriundos de outras funções mentais (percepção, memória, linguagem, afeto, atenção, etc.) e criando outras representações (novos pensamentos).
Reconhecimento de padrões: O reconhecimento de padrões depende de um nível básico do processamento da informação. Os vários estímulos sensoriais recebidos do ambiente são organizados de maneira ativa por vários sistemas perceptivos do cérebro, de maneira a constituir um "padrão que faça sentido". Assim, muitas vezes aquilo que chamamos de percepção não é o que os órgãos sensoriais identificaram inicialmente, mas é uma organização, um arranjo que passa a fazer um sentido para o cérebro.
Percepção: Na percepção das formas, as teorias da percepção reconhecem alguns princípios básicos que a influenciam:
Forma: É a configuração perceptível do conteúdo. Em sentido amplo, forma pode ser definida como a parte de qualquer fenômeno que tem a função de motivar um sentido na mente de um intérprete. Está muitas vezes associada à materialidade dos fenômenos perceptíveis, sobretudo no campo da visão. Forma e conteúdo compõem o próprio processo de interpretação do mundo. Na experiência concreta da realidade, não vemos primeiro a forma das coisas para depois interpretar-lhes o sentido ou conteúdo. Essa separação não ocorre na experiência, pois é fruto de uma cisão meramente teórica. A relação entre forma e conteúdo não é simétrica, ou seja, para cada forma x haverá muitos conteúdos x1, x2, x3, tantos quantos forem os intérpretes.
Pregnância: Qualidade que determina a facilidade com que percebemos figuras bem formadas. Se a forma é complicada e com muitos detalhes e ainda, se estiver no meio de uma composição cheia de elementos gráficos e imagens, é mais difícil percebê-la e identificá-la. Percebemos mais facilmente as formas simples, regulares, simétricas e equilibradas. Kant, Goethe e Mach diziam que a percepção era um ato unitário para explicar que as pessoas não percebem as coisas em partes; elas organizam as informações de maneira a dar um sentido ao conjunto. A Teoria da Gestalt estuda a integração das partes em oposição à soma do todo.
Fechamento: A tendência à estruturação ou princípio do fechamento; tendemos a organizar os elementos que se encontram próximos ou que sejam semelhantes.
Segregação: Segregação figura-fundo - explica que percebemos mais facilmente as figuras bem definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos e mal contornados (por exemplo, um cálice branco pintado num fundo preto).
Continuidade: O ser humano tende a perceber os objetos como um todo e o cérebro dá continuidade ao que está incompleto. A percepção é a imagem mental que se forma com a ajuda das experiências e das necessidades; é o resultado de um processo de seleção é interpretação das sensações. Uma vez que exista um padrão, é mais provável que ele se mantenha, mesmo que seus componentes sejam redistribuídos. Certas diferenças individuais, como a acuidade visual ou habilidades espaciais também podem afetar a percepção visual. Há também outros fatores que podem influenciar a interpretação das coisas vistas, como a personalidade, estilos cognitivos, sexo, ocupação, idade, valores, atitudes, motivação, crenças, etc.
Unidade: Uma imagem com uma boa unidade é o resultado de uma combinação dos elementos que a compõe. O significado pode variar se forem feitas determinadas ordenações das partes. O significado se encontra nos efeitos cumulativos e no mecanismo perceptivo universalmente compartilhado pelo organismo humano.
Cor: O termo "cor" indica algo muito mais próximo da neurofisiologia do que da física. É algo que consiste mais no comportamento próprio de um indivíduo do que num fenômeno independente de validade universal. Trata-se não de uma propriedade do objeto, mas de um elemento perceptivo, assim a cor tem uma série de implicações na Psicologia. A percepção da cor pode causar uma série de sensações, e interpretações diferentes para cada indivíduo. A cultura ocidental faz associar, por exemplo, o verde a esperança, o vermelho à raiva, o púrpura ao luxo e o roxo à fome, o preto ao luto e assim por diante. A Gestalt (psicologia da forma) também se preocupou com a percepção das cores.
Tonalidade: Qualquer ponto interior ao espaço de cores representa uma cor distinta, que é resultado da combinação das três cores primárias, vermelho, verde e azul. Esta cor por sua vez, dependendo dos valores dos componentes escolhidos, terá uma intensidade (brilho) associada, uma quantidade de luz branca que determina a sua saturação e uma cor predominante a qual se chama matiz ou tonalidade.
Constância: Estabilidade da percepção (os seres humanos possuem uma resistência acentuada à mudança). O fenômeno da constância da cor faz com que as superfícies pareçam manter aproximadamente a mesma cor sob diferentes iluminações. O sistema nervoso aparentemente extrai aquilo que é invariante sob as mudanças de iluminação. Embora a radiação luminosa mude, nossa mente mantém os padrões sob a luz branca, agrupa-os e classifica-os como se fossem sempre os mesmos.
Tamanho: A comparação do tamanho do objeto observado com objetos reconhecidos e de tamanho padrão na imagem ajuda no reconhecimento e, portanto na cognição.
Distância: A distância do observador ao objeto observado também influencia a sua capacidade cognitiva já que interfere com outros elementos fundamentais como a forma, o tamanho a segregação e o fechamento.
Profundidade: É um efeito que descreve até que ponto objetos que estão mais ou menos perto do plano de foco aparentam estar nítidos. Deve-se salientar que só pode existir um ponto focalizado, e a profundidade de campo gera uma impressão de focalização nos elementos contidos em diversos planos.
Textura: Diz respeito ao grau de rugosidade da imagem ou objeto observado, ou seja, à freqüência de mudança de tons.
Sombra: Por um lado oferece uma maneira de se observar um objeto projetado no solo na direção da iluminação, facilitando a sua identificação. Por outro lado, objetos na sombra têm seu reconhecimento dificultado.
Localização: É o lugar em que se assinala a existência de algo; situação, posição. Na Psicologia pode ser a referência de um objeto percebido em certo ponto do espaço. A localização pode facilitar ou dificultar a percepção de determinado elemento em função de suas características quando comparadas ao ambiente que o circunda.
Associação: Identificação de um elemento a partir de outros com significado conhecido. Objetos similares em forma ou tamanho ou cor são mais facilmente interpretados como um grupo
Percepção temporal: Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A percepção temporal esbarra no próprio conceito da natureza do tempo, assunto controverso e tema de estudos filosóficos, cognitivos e físicos, bem como o conhecimento do funcionamento do cérebro (neurociência).
Percepção espacial: A cognição espacial é um processo composto que se estabelece na interface entre o sistema neurológico e o sensomotor de uma pessoa. Assim como para a duração, não possuímos um órgão específico para a percepção espacial, mas as distâncias entre os objetos podem ser efetivamente estimadas. Isso envolve a percepção da distância e do tamanho relativo dos objetos.
Propriocepção: Propriocepção é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno e responsável pelo equilíbrio.
Percepção Social: Um último aspecto a ser considerado é o fato de que a percepção de certos aspectos relacionados a características humanas, ou mesmo a "construção da percepção" de certas características humanas, também pode ser constituída socialmente. Questões de gênero, raça, nacionalidade, sexualidade e outras, também podem ser interferidas por uma forma de percepção que é construída socialmente.
Raciocínio: O Raciocínio é uma operação lógica discursiva e mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir, através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. Das premissas chegamos a conclusões.
Juízo: Juízo é o processo que conduz ao estabelecimento das relações significativas entre conceitos, que conduzem ao pensamento lógico objetivando alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional frente às necessidades do momento. E julgar é, nesse caso, estabelecer uma relação entre conceitos. A natureza do Juízo consiste em afirmar uma coisa a partir de outra. O Juízo encerra três elementos: duas idéias e uma afirmação. A idéia da qual se afirma alguma coisa chama-se sujeito. A idéia que se afirma do sujeito chama-se atributo ou predicado. Quanto à própria afirmação, representa-se pelo verbo é chamado cópula, porque une o atributo ao sujeito.
Imaginação: Imaginação é uma faculdade ou capacidade mental que permite a representação de objetos segundo os atributos dos mesmos, fornecidos à mente através dos sentidos.
Linguagem: Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de idéias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: linguagem visual, corporal, gestual, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos, idéias, significados e pensamentos. Embora os animais também comuniquem, a linguagem verbal pertence apenas ao Homem.
Motivação: Aprende-se melhor e mais depressa se houver interesse pelo assunto que se está a estudar. Motivado, um indivíduo possui uma atitude ativa e empenhada no processo de aprendizagem e, por isso, aprende melhor. A relação entre a aprendizagem e a motivação é dinâmica: é freqüente o Homem interessar-se por um assunto, empenhar-se, quando começa a aprender. A motivação pode ocorrer durante o processo de aprendizagem.
Conhecimentos anteriores: Os conhecimentos anteriores que um indivíduo possui sobre um assunto podem condicionar a aprendizagem. Há conhecimentos, aprendizagens prévias, que, se não tiverem sido concretizadas, não permitem a possibilidade de se aprender. Uma nova aprendizagem só se concretiza quando o material novo se incorpora e se relaciona com os conhecimentos que se possui.
Diversidade das atividades: Quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema, quanto mais diferenciadas as tarefas, maior é a motivação e a concentração e melhor decorre a aprendizagem.
Cooperação: A forma como cada ser humano encara um problema e a forma como o soluciona é diferente. Por isso, determinados tipos de problemas são mais bem resolvidos e a aprendizagem é mais eficaz se existir trabalho de forma cooperativa com os outros. A aprendizagem cooperativa, ao implicar a interação e a ajuda mútua, possibilita a resolução de problemas complexos de forma mais eficaz e elaborada.
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