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12/25/2011

Álcool e AVC


O exagero no consumo de bebidas alcoólicas pode dobrar o risco de derrame durante a primeira hora e continuar elevado depois de duas horas, de acordo com um estudo publicado no jornal Stroke. Os pesquisadores entrevistaram 390 pessoas três dias após elas terem um derrame.


O tipo mais comum de derrame, o acidente vascular cerebral (AVC), ocorreu quando o fluxo sanguíneo para o cérebro foi bloqueado por um coágulo. Pessoas que tiveram sua habilidade de falar prejudicada pelo derrame não foram incluídas nesse estudo. Durante a entrevista, 14 pessoas falaram que consumiram bebidas alcoólicas uma hora antes do derrame, 104 disseram que tinham bebido nas últimas 24 horas, e 248 disseram que tinham bebido no último ano. 

O risco de AVC foi duas vezes mais alto durante a primeira hora depois de consumir álcool e continuou 60% maior do que o normal na segunda hora. É considerado elevado o consumo acima de 500 mililitros de cerveja ou 100 mililitros de vinho por dia. 

O resultado da pesquisa se manteve igual mesmo após os cientistas levarem em conta outros fatores que aumentam a chance de problemas vasculares como diabetes, obesidade ou maus hábitos alimentares. Estudos anteriores já mostraram que um consumo moderado de álcool, 500 mililitros de cerveja ou 100 mililitros de vinho por dia, pode ser benéfico para a saúde, diminuindo o risco do desenvolvimento de doenças do coração.

Ainda não se sabe exatamente por que isso ocorre, mas o álcool pode aumentar a pressão sanguínea e ajudar na formação de um coágulo. "Essas mudanças acontecem rapidamente e podem ser as responsáveis pelo aumento da chance de ter uma hemorragia. Depois de algumas horas, as alterações causadas pelo álcool desaparecem", diz Murray A. Mitlleman, da Harvard Medical School, em Boston. 

"Nós sabemos que, mesmo ocasionalmente, ter uma taxa alta de álcool na corrente sanguínea traz problemas para o corpo", diz Mitlleman. "Pessoas que consomem muitas doses de álcool por dia tem mais chances de ter problemas cardíacos, além de desenvolver outras complicações como câncer de mama e câncer de garganta." 

O consumo de álcool está ligado a aproximadamente 4% do total de mortes e é relacionado a 5% de todas as doenças no mundo, diz um estudo feito pela Nutritional and Molecular Epidemiology Unit at the Cancer Research and Prevention, na Itália. O estudo mostrou que as pessoas que sofrem com alcoolismo têm taxas significativamente mais altas de mortes por 14 tipos de câncer. 

Para realizar o estudo, os cientistas reuniram dados sobre 2.272 alcoolistas (1.467 homens e 805 mulheres), predominantemente de meia-idade, que foram tratados de 1985 a 2001. Segundo os autores da análise, as pessoas que consumiam álcool em grandes doses – mais de duas doses por dia – tinham maior risco de mortalidade por doenças específicas, tais como infecções, diabetes, doenças dos sistemas imunológico, nervoso, cardiovascular, respiratório e digestivo, se comparadas com as pessoas que não consumiam álcool. 

Os resultados também mostraram que mulheres alcoolistas são mais propensas a se recuperar e diminuir o risco de morte do que os homens. Todos esses dados finais foram levaram em conta sexo, histórico familiar, idade e outros fatores que aumentariam o risco de morte. 

Os cientistas afirmam que o álcool pode comprometer a estrutura e a funcionalidade de vários órgãos, comprometendo a prevenção do câncer e aumentando diretamente o risco de morte. Outros aspectos do estilo de vida dos alcoolistas, como tabagismo e dieta desequilibrada – podem contribuir para esse padrão de alto risco.

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