A psicologia cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do comportamento dos processos de aprendizagem e de aquisição de conhecimento. É uma das disciplinas da ciência cognitiva. Esta área de investigação cobre diversos domínios, examinando questões sobre a memória, atenção, percepção, representação do conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.
Como teoria do comportamento humano, a psicologia cognitiva surgiu como uma alternativa. A fisiologia não alcançava os níveis superiores do comportamento, e o behaviorismo não colocava sob foco de sua análise os processos cognitivos, visto que estes eram apenas um comportamento dentre vários.
Cognição
Cognição é o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem; significa a aquisição de conhecimento por meio da percepção. É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento e na percepção, assim como na classificação, reconhecimento e compreensão, para o julgamento através do raciocínio, para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. De uma maneira mais simples, pode-se dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos.
A cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e conseqüentemente, a nossa melhor adaptação ao meio - é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Ela começa com a captação dos sentidos e em seguida a percepção. É, portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória.
Percepção
A percepção refere-se às funções que permitem captar os estímulos do ambiente, para posterior processamento de informação. Os órgãos dos sentidos são responsáveis pela captação das informações do ambiente, que podem ser de natureza visual, olfativa, tátil, gustativa, auditiva e sinestésica (equilíbrio e movimento do corpo). O processamento cerebral depende das informações fornecidas pelas estruturas sensoriais, sendo estas a base de nossa compreensão do mundo.
Atenção
A atenção também é um tópico de estudo relacionado ao processo cognitivo, embora vários autores a considerem função derivada da consciência. Através da atenção é possível que a mente selecione os estímulos recebidos, dando prioridade a uns enquanto outros são minimizados ou mesmo excluídos do processamento.
Reconhecimento de padrões
O reconhecimento de padrões depende de um nível básico do processamento da informação. Os vários estímulos sensoriais recebidos do ambiente são organizados de maneira ativa por vários sistemas perceptivos do cérebro, de maneira a constituir um "padrão que faça sentido". Assim, muitas vezes aquilo que chamamos de percepção não é o que os órgãos sensoriais identificaram inicialmente, mas é uma organização, um arranjo que passa a fazer um sentido para o cérebro.
Memória
A memória é a capacidade de registrar, armazenar e evocar as informações recebidas e processadas pelo cérebro. Ela é provavelmente uma das funções mentais mais estudadas pela psicologia cognitiva, juntamente com a linguagem e a inteligência. Talvez isso se deva ao fato de que é relativamente simples solicitar a memorização e recordação de informações através das experiências. Contudo, existe um número expressivo de modelos de memória, categorizando-as de várias formas.
Resumidamente, a memória pode ser dividida em três processos:
Codificação: processo de entrada e registro inicial da informação. A codificação diz respeito à capacidade que o aparato cognitivo possui de captar a informação e mantê-la ativa por tempo suficiente para que ocorra o processo de armazenamento, segunda etapa da memória.
Armazenamento: capacidade de manter a informação pelo tempo necessário para que, posteriormente, ela possa ser recuperada e utilizada
Evocação ou reprodução: capacidade de recuperar a informação registrada e armazenada, para posterior utilização por outros processos cognitivos (pensamento, linguagem, afeto, etc.).
Tipos de memória
Memória declarativa. É a capacidade de verbalizar um fato. Classifica-se por sua vez em:
Memória imediata. É a memória que dura de frações a poucos segundos. Um exemplo é a capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito. Estes fatos são após um tempo completamente esquecidos, não deixando "traços".
Memória de curto prazo. É a memória com duração de alguns segundos ou minutos. Neste caso existe a formação de traços de memória. O período para a formação destes traços se chama de Período de consolidação. Um exemplo desta memória é a capacidade de lembrar eventos recentes que aconteceram nos últimos minutos.
Memória de longo prazo. É a memória com duração de dias, meses e anos. Um exemplo são as memórias do nome e idade de alguém quando se reencontra essa pessoa alguns dias depois. Como engloba um tempo muito grande pode ser diferenciada em alguns textos como memória de longuíssimo prazo quando envolve memória de muitos anos atrás.
Memória de procedimentos. É a capacidade de reter e processar informações que não podem ser verbalizadas, como tocar um instrumento ou andar de bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser perdida.
Linguagem
A linguagem refere-se à capacidade de receber, interpretar e emitir informações para o ambiente. Dentre os temas estudados pela psicologia cognitiva, a linguagem é um dos mais pesquisados, junto com a memória e a inteligência, porque é a área de interesse de várias ciências, como a antropologia, a sociologia, a filosofia e a comunicação.
A linguagem reflete a capacidade de pensamento e abstração, embora seja uma função mental distinta do pensamento: uma pessoa pode ter transtornos na linguagem (por exemplo, uma afasia) e manter a função do pensamento preservada, mas se tiver um transtorno de pensamento (como pode ocorrer, por exemplo na esquizofrenia), a linguagem será mais ou menos prejudicada.
Pensamento
O pensamento é a capacidade de compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. Diz respeito à habilidade em manipular conceitos mentalmente, estabelecendo relações entre eles ligando-os e confrontando-os com elementos oriundos de outras funções mentais (percepção, memória, linguagem, afeto, atenção, etc.) e criando outras representações (novos pensamentos).
Percepção
Na percepção das formas, as teorias da percepção reconhecem quatro princípios básicos que a influenciam:
A tendência à estruturação ou princípio do fechamento - tendemos a organizar elementos que se encontram próximos uns dos outros ou que sejam semelhantes;
Segregação figura-fundo - explica que percebemos mais facilmente as figuras bem definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos e mal contornados (por exemplo, um cálice branco pintado num fundo preto);
Pregnância das formas ou boa forma - qualidade que determina a facilidade com que percebemos figuras bem formadas. Percebemos mais facilmente as formas simples, regulares, simétricas e equilibradas;
Constância perceptiva - se traduz na estabilidade da percepção (os seres humanos possuem uma resistência acentuada à mudança).
Percepção temporal
Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A percepção temporal esbarra no próprio conceito da natureza do tempo, assunto controverso e tema de estudos filosóficos, cognitivos e físicos, bem como o conhecimento do funcionamento do cérebro (neurociência).
Percepção espacial
A cognição espacial é um processo composto que se estabelece na interface entre o sistema neurológico e o sensomotor de uma pessoa.
Assim como as durações, não possuímos um órgão específico para a percepção espacial, mas as distâncias entre os objetos podem ser efetivamente estimadas. Isso envolve a percepção da distância e do tamanho relativo dos objetos. A razão para separar a percepção espacial das outras modalidades repousa no fato de que aparentemente a percepção espacial é supra-modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível distinguir se um som procede especificamente de um objeto visto e se esse objeto (ou o som) está aproximando-se ou afastando-se. O lobo parietal do cérebro representa um papel importante neste tipo de percepção.
Propriocepção
Propriocepção é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno e responsável pelo equilíbrio.
Percepção Social
Um último aspecto a ser considerado é o fato de que a percepção de certos aspectos relacionados a características humanas, ou mesmo a "construção da percepção" de certas características humanas, também pode ser constituída socialmente. Questões de gênero, raça, nacionalidade, sexualidade e outras, também podem ser interferidas por uma forma de percepção que é construída socialmente.
Raciocínio
O Raciocínio é uma operação lógica discursiva e mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir, através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. Das premissas chegamos a conclusões.
Juízo
Juízo é o processo que conduz ao estabelecimento das relações significativas entre conceitos, que conduzem ao pensamento lógico objetivando alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional frente as necessidades do momento. E julgar é, nesse caso, estabelecer uma relação entre conceitos. A natureza do Juízo consiste em afirmar uma coisa a partir de outra. O Juízo encerra, três elementos: duas idéias e uma afirmação. A idéia da qual se afirma alguma coisa chama-se sujeito. A idéia que se afirma do sujeito chama-se atributo ou predicado. Quanto à própria afirmação, representa-se pelo verbo é, chamado cópula, porque une o atributo ao sujeito.
Imaginação
Imaginação é uma faculdade ou capacidade mental que permite a representação de objetos segundo os atributos dos mesmos, fornecidos à mente através dos sentidos.
Linguagem
Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de idéias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: linguagem visual, corporal, gestual, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos, idéias, significados e pensamentos. Embora os animais também comuniquem, a linguagem verbal pertence apenas ao Homem.
A motivação
Aprende-se melhor e mais depressa se houver interesse pelo assunto que se está a estudar. Motivado, um indivíduo possui uma atitude ativa e empenhada no processo de aprendizagem e, por isso, aprende melhor. A relação entre a aprendizagem e a motivação é dinâmica: é freqüente o Homem interessar-se por um assunto, empenhar-se, quando começa a aprender. A motivação pode ocorrer durante o processo de aprendizagem.
Os conhecimentos anteriores
Os conhecimentos anteriores que um indivíduo possui sobre um assunto podem condicionar a aprendizagem. Há conhecimentos, aprendizagens prévias, que, se não tiverem sido concretizadas, não permitem a possibilidade de se aprender. Uma nova aprendizagem só se concretiza quando o material novo se incorpora, se relaciona, com os conhecimentos e saberes que se possui.
A quantidade de informação
A possibilidade de o Homem aprender novas informações é limitada: não é possível integrar grandes quantidades de informação ao mesmo tempo. É necessário proceder-se a uma seleção da informação relevante, organizando-a de modo a poder ser gerida em termos de aprendizagem.
A diversidade das atividades
Quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema, quanto mais diferenciadas as tarefas, maior é a motivação e a concentração e melhor decorre a aprendizagem.
A planificação e a organização
A forma como se aprende pode determinar, em grande parte, o que se aprende. A definição clara de objetivos, a seleção de estratégias, é essencial para uma aprendizagem bem sucedida. Contudo, isto não basta: é necessário planificar, organizar o trabalho por etapas, e ir avaliando os resultados. Para além de estes processos serem mais eficientes, a planificação e a organização promovem o controle dos processos de aprendizagem e, deste modo, a autonomia de cada ser humano.
A cooperação
A forma como cada ser humano encara um problema e a forma como o soluciona é diferente. Por isso, determinados tipos de problemas são mais bem resolvidos e a aprendizagem é mais eficaz se existir trabalho de forma cooperativa com os outros. A aprendizagem cooperativa, ao implicar a interação e a ajuda mútua, possibilita a resolução de problemas complexos de forma mais eficaz e elaborada.
Terapia Cognitiva
Embasada nos conceitos da psicologia cognitiva, a terapia cognitiva tem por princípio fundamental que a maneira como os indivíduos percebem e processam a realidade influencia a maneira como eles se sentem e se comportam.
Um dos objetivos principais da terapia cognitiva é organizar uma mudança ativa de pensamentos que modifiquem o sofrimento, buscando produzir uma forma mais realista de percepção do ambiente e gerando esquemas de comportamento que sejam mais bem adaptados. É muito comum o uso de técnicas derivadas de outras áreas do conhecimento, como a dialética, técnica da seta descendente, registro de pensamentos disfuncionais e outras técnicas psicológicas especialmente desenvolvidas para esse fim.
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