Ao ler a declaração do presidente Barack Obama sobre a tortura de prisioneiros por agentes da CIA, penso sobre o que responderia o presidente brasileiro, se fosse solicitado a analisá-la do ponto de vista nacional. Não só pela tortura, que lá é caso de guerra, mas principalmente pelo nosso cotidiano, enterrado na imoralidade, sem considerar sua natureza. Se lá discutem os limites morais de “defesa”, como cidadão, gostaria de ver o presidente abordar com bastante clareza o que é que ele entende, de forma compreensível, sem improvisos, sobre ética e moral e como estes princípios são aplicados no Brasil.
Não tenho a menor ilusão de que ele fosse capaz de explicar. Tão pouco que conseguisse enganar qualquer brasileiro, minimamente capaz de raciocinar. É muito simples perceber a técnica que aqui sempre foi usada e que ele tão bem aplica. A tranqüilidade do ficar quieto, fazer vista grossa e ouvidos de mercador, apenas esperando a poeira baixar. O que é muito fácil, já que a poeira baixa rápido, pois por outra é substituída. É tal a quantidade e a velocidade com que aparecem as indignantes notícias, que o fator novidade faz com que a anterior deixe logo de ser comentada e, sem sequer ser preciso que ele fale, vá para o saco tão bem conhecido, do esquecimento e da impunidade.
Para que limites, ou moral? Nem dá tempo de pensar nisso. As sem-vergonhices se sucedem com tanta rapidez que eu não preciso falar de outras; bastam as do Congresso Nacional. Nem para essas é possível alguma coisa pensar ou fazer, pois enquanto aqui escrevo outras já devem estar a acontecer. São as passagens da vida boa, são as diretorias de coisa nenhuma, as domésticas assessoras, os telefones sem limites, é a bandalheira institucionalizada, amparada pela lei. Que lei? Será que as leis foram feitas para acobertar esses meliantes?
Gente que tudo promete, tudo pode, tudo consegue, até que sejam eleitos já que isso é o que importa. Depois? Depois é mamar nas tetas dessa vaca leiteira, cujo leite não termina nem a fome dos que nela mamam. Depois é só ir à câmara ou ao senado, fazer cara de choro ou chorar desesperado. Um castelinho de nada... É crime? Ajudei a pobre viúva... Não podia? Eu tenho um passado honesto... Não sabiam? Eu nunca roubei nada, estou sendo difamado... Coitado! Ah congresso da vergonha, dos mil partidos tão iguais, dos deputados e senadores que mais parecem clones de um só. É sigla para todo lado, são tantas as convicções, são tantas as avacalhações, mas todos dão na mesma porcaria. Se eu pudesse, poria todos num só partido; numa única sigla, resumiria tudo e todos num único e grande circo. O partido? Eu chamaria de PATRIA - Partido dos Aproveitadores Treinados em Roubalheira Ilimitada e Amoral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário