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8/17/2011

O Brasil no mundo das drogas

Argemiro Procópio

Vozes, Petrópolis 1999. 1 vol, 253 p. 

O sociólogo Argemiro Procópio tem dedicado algum esforço na interpretação do fenômeno social do narcotráfico e suas interferências na constituição das sociedades democráticas. Alguns elementos das análises que tem desenvolvido são muito aplicáveis. Podemos destacar, entre eles, o conceito de integração. Ele mostra que o fenômeno das drogas precisa ser compreendido sócio-historicamente (BMD, 19-21). Uma análise histórica do fenômeno apresenta as drogas como um dos elementos da própria mundialização do capital (Chesnais). Ele mostra que desde o século VII, por exemplo, havia um processo de circulação de opiáceos na Europa, que se expandiu mais após o comércio britânico com os Chineses e a famigerada e colonialista guerra do ópio, no século XVIII.
Esse conceito de integração é importante para compreender o narcotráfico como uma organização comercial, do próprio Sistema Capitalista, que faz circular enormes cifras de recursos financeiros, seguramente guardados nos sacrossantos cofres bancários. Isso é reforçado pelo conceito de tripé do narcotráfico: corrupção, violência e lucro (NSH, 23). Esses conceitos, integração e tripé do narcotráfico, permitem compreender as rotas transfronteiriças no Brasil, especialmente na Amazônia (BMD, 139-164). A nosso ver, esses são os conceitos centrais na análise do Autor. Eles permitem que ele identifique o caráter sócio-histórico e socioeconômico do fenômeno.
Acrescente‑se uma outra perspectiva enfatizada pelo Autor: o caráter hedonista do Capitalismo. Entretanto, essa ênfase acaba por constituir‑se numa categoria de análise moral do processo. Alguém poderia questionar, afirmando que a busca por satisfação ou prazer é um bem, e não um mal. Isso, certamente, não é o foco que o Autor deseja desenvolver nas análises. Ele está destacando algo que uma outra analista do narcotráfico, a socióloga Ana Maria Motta Ribeiro, denomina de compulsão capitalista para o consumo. É mais o fenômeno do consumismo que está sendo analisado, do que o fato moral do hedonismo.

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