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8/02/2011

A Mulher e o Álcool

A emancipação feminina, iniciada nas últimas três décadas, foi uma vitória para as mulheres, que conquistaram o seu espaço na sociedade. Mas junto a isso uma nova realidade se inseriu no campo das patologias sociais. 
 
Hoje as mulheres não só conseguiram igualdade junto aos homens na busca pela auto-afirmação e independência, como também estão se igualando no que se refere ao consumo de drogas. 

Como é de se imaginar o alcoolismo não podia escapar dessa nova realidade. Na França, por exemplo, o alcoolismo feminino já alcança seus expressivos 25% e sua incidência foi multiplicada por cinco nos últimos vinte anos.

Malefícios à saude da mulher
 
O metabolismo do álcool nas mulheres não é igual ao dos homens. Se administrarmos para dois indivíduos de sexos opostos a mesma dose ajustada de acordo com o peso corpóreo, a mulher apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue.
 
A fragilidade aos efeitos embriagadores do álcool no sexo feminino é explicada pela maior proporção de tecido gorduroso no corpo das mulheres,
por variações na absorção de álcool no decorrer do ciclo menstrual e por diferenças entre os dois sexos na concentração gástrica de desidrogenase alcoólica (enzima crucial para o metabolismo do álcool).
 
Por essas razões, as mulheres ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e suas complicações médicas. 
 
Diversos estudos documentaram os benefícios do consumo moderado de bebidas alcoólicas, tanto em homens como em mulheres. A margem de segurança entre a quantidade de álcool benéfica e a que traz prejuízos à saúde das mulheres, entretanto, é estreita e nem sempre fácil de delimitar:
 
 Doenças do Fígado 
 
Num dos estudos mais completos sobre o tema foram acompanhadas 13 mil pessoas durante mais de 12 anos. Nele foi possível demonstrar: 
 
1. para todos os níveis de consumo alcoólico, as mulheres correm mais risco de desenvolver doenças hepáticas do que os homens; 
 
2. para os mesmos níveis de ingestão, o risco de cirrose nas mulheres é três vezes maior;
 
3. mulheres que tomam de 28 a 41 drinques por semana (1 drinque = 1 copo de vinho = 1 lata de cerveja = 50 ml de bebida destilada) apresentam risco de cirrose 16 vezes maior do que o dos homens abstêmios.
 
 
 Doenças Cardiovasculares 
 
Mulheres que ingerem um drinque por dia apresentam menor probabilidade de morte por doença cardiovascular. Esse benefício também é válido para as mulheres diabéticas.
 
No entanto, a análise dos dados de dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no “Nurses’ Health Study” revelou que tomar dois ou três drinques diários aumenta o risco de surgir hipertensão arterial em 40% e a probabilidade de acontecer derrame cerebral hemorrágico. Nas mulheres que bebem mais do que três drinques por dia o risco de hipertensão arterial duplica.
 
Mulheres que abusam de álcool desenvolvem também miocardiopatias mesmo usando doses mais baixas do que os homens.
   
 Câncer de Mama 
 
A meta-análise de seis estudos importantes mostrou que mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. Esse risco aumenta 9% para cada 10 gramas de álcool (cerca de 1 drinque) diárias.
   
 Osteoporose 
 
O efeito inibidor da remodelação óssea do álcool é fenômeno bem conhecido em ambos os sexos. Mulheres com menos de sessenta anos que tomam de dois a seis drinques por dia têm risco maior de fratura de colo de fêmur e de antebraço.
   
 Distúrbios Psiquiátricos 
 
Todos eles são mais prevalentes em mulheres que abusam de álcool do que em homens que o fazem e do que em mulheres abstêmias. A única patologia mais freqüente no alcoolismo masculino é a personalidade anti-social.
 
A prevalência de depressão em mulheres que abusam de álcool é de 30% a 40%. Estudos demonstram que a maior parte dessas mulheres bebe como forma de se livrar dos sintomas associados a quadros de depressão primária. 
 
Anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das que abusam de álcool.
Mulheres que abusam de álcool tentam o suicídio quatro vezes mais freqüentemente do que as abstêmias.
   
 Consequências Psico-Sociais 
 
Problemas familiares são mais comuns entre mulheres que abusam de álcool (entre os homens são os problemas legais e aqueles relacionados com o trabalho). O alcoolismo torna as mulheres mais sujeitas a agressões físicas. Mulheres que consomem quantidades exageradas de álcool geralmente vivem com parceiros que também abusam da bebida.
  
 Consequências para o feto 
 
A ingestão de álcool durante a gravidez pode provocar distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal, caracterizada por anormalidades físicas comportamentais e cognitivas. Consumo de álcool durante a gravidez é considerado a principal causa evitável dessas anormalidades na infância.

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