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8/12/2011

Álcool, drogas e adolescentes


por: Eliane Santos
Álcool e drogas sempre foram motivo de preocupação para os pais de qualquer geração, mas atualmente essa preocupação tem se acentuado por conta da banalização dessas drogas. Elas estão mais próximas, há sempre um jovem conhecido envolvido com drogas ou abusando de bebidas alcoólicas em festas.
Conversamos com o psiquiatra Dr. Pedro Pan Neto, para esclarecer dúvidas sobre o assunto (leia abaixo). 

• Projeto Jovem Samaritano
O projeto Jovem Samaritano, primeira clínica pública de São Paulo para tratamento de jovens dependentes em crack, álcool e outras drogas está sediado em Cotia. A clínica foi inaugurada em fevereiro de 2009 e em 2 anos e meio de funcionamento 279 jovens passaram por tratamento no local. O projeto é uma parceria técnica entre o Hospital Samaritano de São Paulo e a Secretaria Estadual de Saúde, com financiamento pelo Ministério da Saúde.
O Jovem Samaritano atende jovens do sexo masculino, com faixa etária entre 14 e 18 anos. 
Segundo o dr. Pedro Katz, Diretor-Técnico da Clínica e médico psiquiatra do Hospital Samaritano de São Paulo, o tratamento realizado na clínica é uma adaptação para o Brasil de um modelo norte-americano utilizado na Clínica Chestnut, em Illinois, EUA. “Durante o tratamento, a família também passa por orientação e participa ativamente das atividades do jovem. No período de residência, os jovens têm acompanhamento médico, atendimento em serviço social, participam de atividades educacionais, como aulas de português, matemática, iniciação musical instrumental e educação física, além de orientação vocacional e acompanhamento psicológico. O tempo médio de permanência na clínica é de 1 a 3 meses”.
Após o período de internação, o jovem passa pelo chamado “pós-inserção residencial”, onde há acompanhamento ambulatorial e parcerias para acompanhamento à distância, que pode durar de 3 até 24 meses.
Segundo dr. Katz, nesse período o jovem passa pela efetivação da perspectiva de futuro: com estágios em empresas, cursos profissionalizantes e educação formal, além de prevenção de recaída.  Quando sugerido, ou aleatoriamente, é realizada testagem urinária para avaliação de eventual consumo de drogas.  “Nos casos de recaídas ou lapsos, dependendo de cada caso, os pacientes são avaliados pelo serviço que o atende naquele momento e pela equipe do Jovem Samaritano e caso seja necessário, o jovem é reencaminhado ao Projeto para reinserção e retomada de tratamento”, explica.
A diferença do projeto em relação a outras clínicas de reabilitação é que só acontece a internação voluntariamente, se o jovem quiser se tratar. É feita uma avaliação inicial, na qual é detectada possibilidade de inserção ao projeto. Outra diferença é que estando em tratamento na clínica, o interno tem a liberdade de escolher se continua o tratamento ou se para a qualquer momento. Segundo dr. Katz, a porcentagem de jovens que abandonaram o tratamento no acumulado 2009/2010 e primeiro semestre de 2011 foi de 30%.
Questionado sobre as principais dependências dos jovens que passaram por tratamento na clínica, dr. Katz informou que nenhum jovem era dependente de somente uma droga, todos apresentavam uma dependência secundária. “O predomínio absoluto é o de usuários de cocaína e crack, 96,7% dos jovens tinham essas drogas como principal dependência referida (muitas vezes usados em associação)”.
A segunda droga mais usada em estreita associação com cocaína e crack é a maconha. O tabaco é a terceira droga, utilizado por cerca de 90% dos jovens.  
A capacidade de atendimento da clínica é de 100 jovens por ano. Atualmente são atendidos 11 jovens. O projeto tem atendimento regionalizado, pois assim pode-se melhor adequar o acompanhamento do tratamento no período pós-programa residencial. 36 profissionais atuam na clínica entre psiquiatra, psicólogos, assistentes sociais, professor de educação física e de música, enfermeiros, conselheiros em dependência química, entre outros. 
Para ter acesso ao tratamento, os jovens podem ser encaminhados pelas unidades de saúde e conselhos tutelares municipais do estado de SP. Além disso, o Projeto também recebe contato direto de interessados. Adolescentes que em avaliação inicial não preenchem o perfil para programa residencial, são encaminhados para tratamentos mais adequados, podendo eventualmente ser inseridos em programa ambulatorial, com atendimento terapêutico individual no Projeto.
Projeto Jovem Samaritano
Rod. Raposo Tavares, km 30.
Tel.: 4148-8450
CAPS
Atualmente em Cotia não existe o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas.  A secretaria da Saúde inaugurará esse serviço esse mês. De acordo com o secretário Toninho Melo, a equipe do CAPS AD está sendo montada e contará com 26 profissionais entre psiquiatras e psicólogos. O paciente poderá procurar a UBS de seu bairro onde contará com atendimento semanal com esses profissionais, que avaliarão a situação do paciente, podendo encaminhá-lo ao CAPS, que terá atendimento diário das 8h às 17h.
O paciente terá atendimento psiquiátrico, acompanhamento e acesso a um tratamento. Na rede municipal ainda não há serviço de internação.
Na internet
O Governo Federal possui um site que reúne inúmeras informações não só sobre o crack, mas também sobre outras drogas. Há uma cartilha sobre drogas direcionada a pais de adolescentes, que pode ser baixada no site.
Existe também o Viva Voz, um canal de orientações sobre drogas do Governo Federal (0800 510 0015).

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