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9/01/2018

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Abstinentes na Bíblia
Há na Bíblia vários exemplos de homens que renunciaram às bebidas alcoólicas. Todos eles receberam a aprovação de Deus.
Os recabitas (Jeremias 35). Apesar de terem vinho oferecido eles disseram:
"Não beberemos vinho. Nosso pai nos mandou: nunca bebereis vinho. E Deus disse: Pois que obedecestes ao mandamento de Jonadab, nunca faltará varão a Jonadab".
Sansão e até a mãe dele, logo que ela concebeu a criança.
  • "Guarda-te de que bebas vinho ou bebida forte" Juízes 13: 4-7
Os nazireus, pessoas que "se separavam, para o Senhor". Faziam um voto de abstinência total de bebidas alcoólicas (Números 6: 1-4). Vimos aqui uma relação entre uma consagração mais completa e a abstinência. O profeta Amós fala dos nazireus como testemunhas de Deus (Amós 2: 11-12) junto aos profetas, num tempo de idolatria e imoralidade.
Enfim muitas vezes a Bíblia mostra o mal do alcoolismo. Prov. 23:29-35, 20:1; Oséias 4: 11, Isaías 5:11 - 22; I Cor. 5:11, etc.
O uso do Vinho na Ceia do Senhor
  • Jesus usou uma bebida fermentada ou não fermentada de uvas, ao instituir a Ceia do Senhor (Mt 26.24-29; Mc 14.22-25; Lc 22.17-20; 1 Co 11.23-26)? Os dados abaixo levam à conclusão de que Jesus e seus discípulos beberam no dito ato suco de uva nãofermentado.
  • Nem Lucas nem qualquer outro escritor bíblico emprega a palavra “vinho” (gr. oinos) no tocante à Ceia do Senhor. Os escritores dos três primeiros Evangelhos empregam a expressão “fruto da vide” (Mt 26.24; Mc 14.25, Lc 22.18). O vinho não fermentado é o único “fruto da vide” verdadeiramente natural, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool. A fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a  videira produz. O vinho fermentado não é produzido pela videira.
  • Jesus instituiu a Ceia do Senhor quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa em Êx 12.14-20 proibia, durante a semana daquele evento, apresença de seor (Êx 12.15), palavra hebraica para fermento ou qualquer agentefermentador.
  • Seor, no mundo antigo, era frequentemente obtido da espuma espessa da superfície do vinho quando em fermentação.
  • Além disso, todo o hametz (i.e., qualquer coisa fermentada) era proibido (Êx 12.19;13.7).
  • Deus dera essas leis porque a fermentação simbolizava a corrupção e o pecado (Mt16.6,12; 1 Co 5.7,8). Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mt5.17).
Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa, e não teria usado vinho fermentado.
  • Um intenso debate perpassa os séculos entre os rabinos e estudiosos judaicos sobre a proibição ou não dos derivados fermentados na videira durante a Páscoa. Aqueles quesustentam uma interpretação mais rigorosa e literal das Escrituras hebraicas, especialmente (Êx 13.7), declaram que nenhum vinho fermentado devia ser usado nessa ocasião.
  • Certos documentos judaicos afirmam que o uso do vinho não fermentado na Páscoa era comum nos tempos do Novo Testamento. Por exemplo: Segundo os Evangelhos Sinóticos, parece que no entardecer da quinta-feira da última semana de vida aqui, Jesus entrou com seus discípulos em Jerusalém, para com eles comer a Páscoa na cidade  santa; neste caso, o pão e o vinho do culto de Santa Ceia instituído naquela ocasião porEle, como memorial, seria o pão asmo e o vinho não fermentado do culto Seder.
  • No AT, bebidas fermentadas nunca deviam ser usadas na casa de Deus, e um sacerdote não podia chegar-se a Deus em adoração se tomasse bebida embriagante (Lv 10.9). Jesus Cristo foi o Sumo Sacerdote de Deus do novo concerto, e chegou-se a Deus em favor do seu povo (Hb 3.1; 5.1-10).
  • O valor de um símbolo se determina pela sua capacidade de conceituar a realidade espiritual. Logo, assim como o pão representava o corpo puro de Cristo e tinha que ser pão asmo (i.e., sem a corrupção da fermentação), o fruto da vide, representando o sangue incorruptível de Cristo, seria representado por suco de uva não fermentado (1 Pe 1.18-19). Uma vez que as Escrituras declaram explicitamente que o corpo e sangue de Cristo não experimentaram corrupção (Sl 16.10; At 2.27; 13.37), esses dois elementos são corretamente simbolizados por aquilo que não é corrompido nem fermentado.
  • Paulo determinou que os coríntios tirassem dentre eles o fermento espiritual, o agente fermentador “da maldade e da malícia”, porque Cristo é a nossa Páscoa (1 Co 5.6-8).
  • Seria contraditório usar na Ceia do Senhor um símbolo da maldade, algo contendo levedura ou fermento, se considerarmos os objetivos dessa ordenança do Senhor, bem como as exigências bíblicas para dela participarmos.
Portanto, o suco de uva, não embriagante e não fermentado, é a bebida mais apropriada para representar o sangue de Jesus na Ceia do Senhor.
Por coerência, o pão, representativo do corpo de Cristo, deve ser sem fermento. O vinho fermentado é uma bebida alcoólica. Um sacerdote que tome vários goles de vinho dessa natureza por dia, em celebrações várias, tende a se tornar viciado.
Qualquer espécie de bebida que contenha álcool é considerada uma droga, capaz de levar a dependência. A cachaça, por exemplo, é uma droga. Os alcoólatras em recuperação são orientados para não tomarem o primeiro gole, a fim de não desencadear um impulso incontrolável. O fornecimento de bebida embriagante a irmãos nessa situação é desaconselhável.
A bebida Alcoólica segundo a Palavra de Deus
A mensagem principal do Senhor Jesus é a vida e a sua preservação em santidade e pureza.
A Palavra de Deus nos diz em João 10;10:
  • "O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância."
Nós já aprendemos anteriormente um breve resumo do que o álcool faz na vida da sociedade, aspectos e alguns efeitos, portanto claramente é possível tirar a conclusão que o álcool é algo destrutivo, pois acaba com lares, famílias, empregos, destrói relacionamentos enfim ele vai destruindo e o fim é a morte.
Percebe-se na Palavra de Deus citada que em João 10;10 que isso provém do diabo ele quer destruir o máximo que puder e levar as pessoas até a morte, pois ele já está condenado por Deus.
A Palavra de Deus nos ensina que Ele quer que tenhamos vida e vida com abundância, ou seja, Jesus Cristo não quis dizer que é para sermos ricos que abundemos na vida material tenhamos posses, carros, mansões, salários exorbitantes, Jesus Cristo quer dizer uma vida espiritual digna diante de Deus , ele quer que cheguemos mais perto de Deus para que Deus possa nos abençoar, termos uma vida tranquila de paz, bondade, fé, amor para com o próximo de união em família de saúde física, mas principalmente uma vida espiritual ativa , quando estamos em comunhão com Deus às outras coisas sendo elas matérias ou não são apenas uma consequência daquilo que Deus já tem preparado para nós.
É comum encontrarmos dentro das igrejas, vidas que anseiam por uma latinha de cerveja ou uma dose de uísque, estas, não vigiaram devidamente e foram influenciadas pela astuta mensagem do inimigo; preferem satisfazerem à carne e sua “sede” a ouvir a voz do Espírito Santo, que misericordiosamente se materializa na instrumentalidade dos irmãos. A palavra dita por Deus a Ezequiel se aplica muito bem a eles, veja:
  • Os filhos são de duro semblante e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus. Eles, quer ouçam quer deixem de ouvir, porque são casa rebelde, hãode saber que esteve no meio deles um profeta. ” Ez 2:4,5
O Senhor Deus também fala com profundidade em Sua Palavra sobre a ingestão de bebidas alcoólicas, desaconselhando o seu consumo.
No livro de Levítico 10 Deus condena claramente a ingestão de bebida alcoólica, Nadabe e Abiú sacerdotes do templo morreram diante do Senhor porque beberam bebidas alcoólicas e entraram alcoolizados em um lugar Santo.
  • E falou o Senhor a Arão, dizendoNão bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teusfilhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações e para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo”. Levítico 10; 8-10
Vejam meus amados que o Próprio Deus falou a Arão para não beber vinho ou bebida forte, pois estavam sujeitos à morte caso isso acontecesse. Ainda hoje é assim, nós não devemos beber seja pouco ou muito, seja vinho ou bebida forte. Qualquer tipo de bebida como cachaça, caipirinha, cerveja, uísque, vodca ou qualquer outra que contenha álcool, pois podemos acabar com nossas vidas. Deus fala ainda que este seja um estatuto perpétuo, ou seja, nunca devemos beber bebidas alcoólicas.
  • "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito." Efésios5.18
  • "E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia”. Lucas 21.34
  • "Invejas, homicídios, bebedeiras, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quaisvos declaro como  antes vos disse que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.” Gálatas 5.21
Veja que a palavra de Deus mais uma vez claramente condena um grupo, entre aqueles que fazem ingestão de bebidas alcoólicas, eles não herdarão o Reino de Deus.
  • Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até osacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo”. Isaias 28.7
Efeitos do vinho e bebidas alcoólicas segundo a Palavra Deus
Provérbios 23; 29-35
  • Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando vinho misturado.
  • Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No fim, picará como a cobra, e como o brasílico morderá.
  • Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades.
  • E serás como o que se deita no meio do mar, e como o que jaz no topo do mastro.
  • E dirás: Espancaram-me e não me doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? Aí então beberei outra vez.
Estes são apenas alguns efeitos escarnecedores do vinho e outras bebidas alcoólicas. Quantas vezes você já fez uso de bebidas alcoólicas e sentiu esses efeitos após estar sobre o seu efeito?
Isto relata bem o que pode acontecer com quem faz uso de bebidas alcoólicas. O problema é que as pessoas podem perder a família, nem os amigos vão querer ajudar, pode perder o emprego e virar um escravo da bebida pelo resto da sua vida. Pode sofrer um acidente e ficar lesado pelo resto da sua vida, pode perder a sua vida e ir direto para o inferno, pois já aprendemos pela Bíblia Sagrada que os que bebem não herdarão o Reino de Deus. Ou seja, se a pessoa faz uso de bebidas alcoólicas e por conta dos efeitos da bebida cometeu algo ilícito vai dar conta disso a Deus.
No livro de Romanos 14.12 diz:
  • "Cada um dará conta de si mesmo a Deus"
  • "Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem emdesonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja” Romanos 13.13
Serão Destituídos do Reino de Deus
  • "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem osroubadores herdarão o reino de Deus." 1 Coríntios 6.10
Os que fazem uso de bebidas alcoólicas não são boas companhias
  • "Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne" Provérbios 23.20
Serão punidos e descerão ao inferno
  • Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedeira; e continuam até à noite, até que o vinho os esquente! Isaías 5.11-14
  • E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes; e não olham paraa obra do SENHOR, nem consideram as obras das suas mãos.
  • Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede.
  • Portanto o inferno grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e  para  descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles sealegram!
  • Ai dos que são poderosos para beber vinho e homens de poder para misturar bebida forte. Isaias 5;22
Credo dos Alcoólicos Vitoriosos
  • Compreendi que não consigo ultrapassar o hábito da bebida por mim próprio. Acredito que o poder de Jesus Cristo está disponível para me ajudar. Eu acredito que através daminha aceitação Dele como meu Salvador pessoal, eu sou um novo homem.
  • Porque a presença de Deus se vai manifestando conforme eu vou orando, coloquei de parte dois períodos por dia para comunicar com o meu Pai dos céus. Eu compreendo que preciso disso para viver diariamente; Salmos 24:1- 5.
  • Eu reconheço a necessidade da amizade Cristã e terei portanto amizades com Cristãos. Eu sei que para ser vitorioso eu tenho que estar ativo no serviço de Cristo. E ajudarei os outros através da minha vitória.
  • Nunca mais bebo mais nenhuma bebida que contenha álcool. Eu sei que é a primeira bebida que suscita o mal. Eu ficarei longe dos lugares onde possa estar a tentação do álcool, e das companhias que possam tentar-me. Posso ser vitorioso porque sei que a Sua força é suficiente para suprir todas as minhas necessidades.

O papel da família

A família é um ponto chave no tratamento terapêutico de dependentes químicos
A todo o momento, o ser humano é cobrado e influenciado pelo meio social em que vive e esse meio também determina como ele deve agir pensar e se comportar. Se ele fugir às normas sociais consequentemente será “punido” pela sociedade.
Com isso, a todo o momento o indivíduo se sente “vigiado” por esta e, em última instância, por ele mesmo. Sendo assim, o nível de estresse ao qual é submetido todos os dias é alto, saindo às vezes do normal” para o descontrole.
Nem mesmo na condição de dependente químico, o indivíduo se livra da cobrança e do julgamento social – ao contrário  a cobrança passa a ser muito maior e, como não pode mais obedecer às regras sociais, passa a ser excluído de todo o convívio em sociedade, seja na escola, no trabalho ou até mesmo na família.
  • Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. Salmos 133:1
  • Tributai ao Senhor, ó famílias dos povos, tributai ao Senhor glória e força. 1 Crônicas 16:28
  • Porém livra ao necessitado da opressão, em um lugar alto, e multiplica as famílias como rebanhos. Salmos 107:41
  • Naquele tempo, diz o SENHOR, serei o Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu povo. Jeremias 31:1
A família em muitos casos faz parte deste processo de exclusão do doente, muitas vezes por medo, desconhecimento, ou simplesmente pelo estigma de ter em seu convívio um doente tido pela sociedade como alguém sem capacidades, “louco” ou “drogado”.
Percebemos as dificuldades e a carga psicológica às quais as famílias estão expostas; porém é essencial todo e qualquer apoio nestes casos, sendo de suma importância seu envolvimento e participação durante todo o tratamento terapêutico vivenciado pelo paciente, a fim de conhecer e entender melhor a problemática, tornando-se parte deste processo.
Além do preconceito que os dependentes químicos sofrem da sociedade, eles também são submetidos aos da família, que se sente envergonhada da sociedade pelo simples fato de não terem conseguido formar um indivíduo “saudável” e preparado para cumprir com suas obrigações sociais.
Não é possível julgá-las pois também são vítimas da sociedade assim como o doente, mas é possível reconhecer a importância dela na vida de qualquer ser humano.
Os familiares são fundamentais no processo de tratamento do doente. No entanto, necessitam saber como lidar com as situações estressantes, evitando comentários críticos ou se tornando exageradamente superprotetores, dois fatores que reconhecidamente provocam recaídas.
Torna-se muito importante que os familiares dosem o grau de exigências em relação ao doente, não exigindo mais do que ele pode realizar em dado momento, mas sem deixá-lo abandonado, ou sem participação na vida familiar.
Conhecendo melhor a doença e tendo um diagnóstico claro, a família passa a ser um aliado eficiente em conjunto com a medicação e a terapêutica trabalhada pela equipe multiprofissional.
Ao mesmo tempo em que se trata o quadro de doença do paciente, a família deve receber total atenção no sentido de ser orientada em sua abordagem ao paciente ou em sua dinâmica de relacionamento durante o processo terapêutico, visto que em muitos casos a família adoece em conjunto, sendo necessário um processo de escuta, apoio e orientação.
Trabalhar com famílias traz à tona traços relacionados à dinâmica funcional familiar muitas vezes já cristalizados ao longo do tempo e que necessitam ser repensados e apreendidos.
Orientação familiar
Educação em saúde é fundamental para assegurar não só o entendimento do cliente, como também de sua família, sobre os problemas relacionados ao uso crônico de álcool. Assim como é imprescindível a orientação do paciente sobre o seu problema, a família, parte integrante dessa disfunção, precisa ser informada e encaminhada para um tratamento mais intensivo, se necessário.
Em qualquer dos níveis de comprometimento que o indivíduo apresente, é essencial trabalhar os conceitos de síndrome de dependência e abstinência alcoólica, com objetivo claro de desenvolver, nesse sistema familiar, a análise crítica sobre seu papel nesse transtorno, como também promover sua mudança de pensamento e comportamento.
Trabalhar a autoestima e a importância da desintoxicação, assim como a prevenção da recaída, são estratégias a serem adotadas nessa fase inicial do tratamento, não  com o paciente, como também com seu sistema familiar e social.
Como falar sobre álcool com os filhos
Reconhecendo que os pais exercem grande influência sobre o consumo precoce dos filhos, foram desenvolvidas algumas dicas para conversar sobre o assunto em casa. A idade ideal para começar a falar sobre os efeitos do álcool é a partir dos nove anos de idade.
  • Dê o exemplo: Se você bebe, não cometa exageros. Não se gabe por beber nem menospreze aqueles que não bebem. Não dirija embriagado nem seja tolerante com quem o faz. Se você não bebe, converse sobre o álcool e explique o que motivou sua opção.
  • Seja realista: Apresente fatos concretos. Os efeitos imediatos e nocivos da bebida são osprincipais argumentos. Ensine que o álcool atrapalha o desenvolvimento físico, mental, social eespiritual.
Processo terapêutico
O processo terapêutico é o momento onde o paciente passa por cuidados efetivos exercidos pela equipe multiprofissional tendo por finalidade o tratamento dos sintomas de sua doença e a manutenção e garantia de sua continuidade no tratamento tendo o suporte adequado para este fim, visando sua recuperação e melhora.
É neste momento também que estão lado a lado a equipe multidisciplinar e os familiares do paciente, juntos pelo mesmo objetivo - o da melhora e qualidade de vida do paciente.
Diante desde complexo cotidiano, as ações dirigidas às famílias devem estruturar-se de modo a favorecer e fortalecer a relação familiar/profissional/serviço, entendendo que o familiar e fundamental no tratamento dispensado ao doente.
Durante o processo terapêutico onde os familiares estão inseridos e participantes, conseguem lidar com menos apreensão e assim oferecer cuidados de melhor qualidade ao doente, principalmente quando estão inseridos em reuniões e/ou grupos de família ou em outros processos, sendo estes espaços propícios para a reflexão, discussão, escuta, troca de vivências, angústias e orientações, constituindo-se estes como efetivos espaços privilegiados de atendimento familiar.
Os pacientes sofrem e suas famílias também necessitam ser atendidas pela equipe respeitando sua forma de constituição, porem levando em consideração os vínculos estabelecidos e a dinâmica funcional, reconhecendo e respeitando suas limitações, procurando trabalhar preconceitos e outras formas de entendimento da situação problema do paciente.
A relação familiar é o sustentáculo e a base para uma boa estrutura emocional para o paciente, tanto para a prevenção de uma crise, quanto para sua manutenção e recuperação, fato pelo qual se torna essencial sua participação em todos os processos terapêuticos no qual o paciente esteja inserido, o que irá propiciar uma melhor adequação do tratamento e consequente melhora.

O papel da escola

A adolescência é como uma etapa de transição, um período psicossociológico entre a infância e a vida adulta do sujeito, fruto da organização da nossa sociedade tal como a conhecemos. Um dos fatores mais marcantes durante a adolescência é a busca dos jovens por um grupo que os defina.
Ainda que durante a adolescência a família continue ocupando um lugar preferencial como contexto socializador, à medida que vão se desvinculando de seus pais, as relações com os companheiros ganham em importância, em intensidade e em estabilidade e o grupo de iguais passa a ser o contexto de socialização mais influente. Esse fenômeno acontece basicamente na convivência escolar diária.

Prevenção no contexto escolar

A escola, por ser um elemento de presença forte para os jovens e - juntamente com a família - responsável pela educação destes de forma global, tendo as ferramentas necessárias para proporcionar prevenção ao uso de drogas.
O trabalho com drogas pode vir a ser feito em três níveis - prevenção, repressão e tratamento. A prevenção divide-se em duas etapas: prevenção primária que procura desestimular a primeira experiência dos não iniciados e a prevenção secundária que busca prevenir o aprofundamento do uso experimental.
A prevenção coloca-se, portanto, como imperativo desse processo  que o tratamento de pessoas já em dependência é longo, difícil, aleatório e caro. Quanto mais precoce, maiores são as possibilidades de eficácia da mesma.
Ela pode vir a seguir vários modelos: princípio moral (uso de drogas como algo condenável do ponto de vista ético e moral), amedrontamento (enfatiza aspectos negativos e perigosos das drogas), conhecimento científico (propõe fornecimento de informação de modo imparcial e científico), educação afetiva (modificação dos fatores predisponentes ao uso de drogas), estilo de vida saudável e pressão de grupo positiva (o grupo como fator de proteção do jovem contra as drogas).
Quando se considera a prevenção no contexto escolar deve-se dar ênfase no investimento da formação de profissionais qualificados, bem treinados e habilidosos para lidar com as demandas da instituição.
Deve também buscar envolver o corpo escolar inteiro e colocar o adolescente como participante ativo do processo de elaboração dos projetos utilizando linguagem acessível e escutando o que ele tem a dizer sobre sua realidade.
Na impossibilidade de excluir as drogas do domínio social há que se trabalhar visando à construção de profissionais mais preparados para enfrentar os problemas causados por elas.
A prevenção entra, portanto como parte da formação dentro do ambiente escolar.
É papel do psicólogo escolar/educacional junto ao corpo discente da escola a elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos de prevenção ao uso de drogas.
Deve ainda trabalhar junto a projetos que visem à construção de uma identidade pessoal (autoestima, socialização, disciplina, organização) e participação social (conscientização de papéis sociais e cidadania responsável).
O trabalho deve ser realizado junto ao jovem buscando valorizar as nuances de seu caráter e propiciar um ambiente favorável para que elabore os possíveis fatores relativos ao seu contexto social ou sua subjetividade que possam vir a influir na procura pelo uso de entorpecentes.
Os grupos que geralmente servem como meio de iniciação do uso de drogas podem vir a ser revertidos favoravelmente e servir como fator de segurança contra o uso de drogas.

O papel da religião

Religião na dependência química

Profissionais da saúde, pesquisadores e a população em geral reconhecem, cada vez mais, a importância da dimensão religiosa e espiritual para a saúde. Diversos estudos científicos sobre as relações entre saúde e espiritualidade estão presentes em diversos centros de pesquisas espalhados pelo mundo e esses estudos apontam que crenças e práticas religiosas estão associadas a uma melhor saúde física e mental, incluindo melhor qualidade de vida.
  • Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se  corpo natural,  também corpo espiritual. 1 Coríntios 15:44
  • Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. 1 Coríntios 2:15
  • Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados; Romanos 1:11
  • Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de  pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; Colossenses 1:9
  • Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. Colossenses 2:8
Há um consistente e diversificado corpo de evidências indicando a relevância da religiosidade e da espiritualidade na saúde mental, de tal maneira que discutir ou pesquisar se essa relação benéfica entre espiritualidade e saúde é válida ou não  está ultrapassada.
Em relação à saúde mental, existem milhares de pesquisas. A maior parte sugere uma associação do envolvimento religioso com maiores níveis de satisfação de vida, tais como:
  • Sensação de bem-estar;
  • Senso de propósito;
  • Significado da vida;
  • Esperança;
  • Otimismo;
  • Estabilidade nos casamentos;
  • Menores índices de ansiedade e depressão;
  • Menores índices de abuso de substâncias.
Outros estudos demonstram que pessoas com envolvimento religioso têm menor probabilidade de:
  • Usar e abusar de álcool e drogas,
  • Apresentar comportamentos de risco, como o sexo sem proteção, delinquência e crime, especialmente os adolescentes.
Ainda entre os adolescentes, o envolvimento religioso também é relacionado a menores taxas de suicídio e de atividade sexual precoce e consequente gravidez prematura.
O que nos cabe hoje, em ciência moderna, como profissionais de saúde mental, é encontrar as nossas dificuldades em lidar com esses assuntos na prática diária. Essas dificuldades passam por tópicos desde carência de treinamento em temas dessa natureza até os sistemas de crenças diversos de cada profissional, que podem gerar dificuldades em lidar com as crenças religiosas dos pacientes.

Os conceitos de religiosidade e espiritualidade

Espiritualidade e religião parecem a mesma coisa. Mas não são.
Antes de iniciar o estudo sobre o tema, é de extrema importância definir os conceitos de espiritualidade e religiosidade, uma vez que existe um infindável debate epistemológico na utilização desses conceitos.
Há várias definições para esses dois vocábulos, mas apresentamos aquelas que nos parecem mais simples e mais perto do que consideramos adequado:
  • Espiritualidade é uma busca pessoal pela compreensão das questões da vida, de seusignificado e da relação com o sagrado e o transcendente, podendo ou não conduzir ou originar rituais religiosos e formação de comunidades.
  • Religião é um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos, destinados a facilitar a proximidade com o sagrado e o transcendente: Deus ou uma força superior, nominadas ounão.

Religião desenvolve espiritualidade

Na literatura em geral, ainda há controvérsia se a religião é benéfica ou prejudicial. O que se procura avaliar é se a forma como o indivíduo interpreta ou pratica sua religião é funcional ou disfuncional.
A prática religiosa funcional é aquela que facilita o desenvolvimento da personalidade como um todo, ao mesmo tempo em que encoraja relacionamentos construtivos e interdependentes com outras pessoas.
Também ajuda a pessoa a aceitar a realidade, sendo fonte de inspiração para o uso de recursos disponíveis no ser humano, com o objetivo de atingir alvos nobres.
Ao contrário, a prática religiosa disfuncional é negativa e visa ao controle social por meio da culpa, do medo e da vergonha. Encoraja os seguidores a adotarem uma atitude de superioridade, de intolerância e de julgamento perante aqueles que possuem ideias contrárias.
Pequenos temas se transformam em importantes e exigem a suspensão da razão. Porém, muitas pessoas sentem grande apoio e orientação, segurança e clareza nesse ambiente, pois não precisam tomar decisões morais, deixando-se guiar com fé e confiança.
Prática religiosa funcional
  • Reduz a ansiedade existencial.
  • Fonte de esperança e sensação de bem-estar emocional.
  • Promove coesão social.
  • Fornece identidade ao unir pessoas em torno de um ideal comum.
  • Orientação moral que diminui estilo de vida autodestrutivo.
  • Sensação de controle ao se unir com uma força onipotente.
  • Diminui a ansiedade da morte.
  • Desperta segurança para enfrentar dor e sofrimento.
  • Fonte de solução de conflitos emocionais e situacionais.

Prática religiosa disfuncional

  • Gera culpa patológica.
  • Diminui a autoestima.
  • Gera ansiedade e medo por meio de crenças punitivas.
  • Obstáculo para o crescimento pessoal.
  • Favorece o conformismo e a sugestionabilidade.
  • Inibe a expressão de sensações sexuais.
  • Fonte de paranoia.

Espiritualidade, religiosidade e recuperação de dependentes químicos

Impossível falar de espiritualidade como tratamento de dependência química sem falar de Alcoólicos Anônimos, bem como de seu posterior desdobramento, a irmandade de Narcóticos Anônimos.
São seguramente os primeiros a falarem em espiritualidade para seus membros, gente com uma história de sofrimento absurdo em função de sua toxicodependência/alcoolismo, desvinculando esse conceito de um modelo tradicional de religião. Isso pode ser verificado no próprio preâmbulo de AA:
Alcoólicos anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças a fim de resolver o seu problema comum e ajudarem outros a se recuperarem do alcoolismo. O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber.
Para ser membro de A.A. não há necessidade de se pagar taxas nem mensalidades somos autossuficientes graças às nossas próprias contribuições. A.A. não está ligado a nenhuma seita ou religião, nenhum movimento político, nenhuma organização ou instituição não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apoia nem combate quaisquer causas. Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançarem a sobriedade.
Essas características podem ser responsáveis pela imensa capacidade de agregar em um mesmo espaço pessoas tão diferentes. Mas outra relação menos conhecida do Programa de Doze Passos está de fato intimamente ligada ao convívio religioso, visto que algumas das ideias que perduram até hoje se originaram dos grupos de Oxford.
Eles praticavam rendição absoluta, direção de suas vidas por um Espírito Santo, compartilhar experiências, companheirismo, mudança de vida, fé e oração. Apontaram para padrões absolutos de Amor, Pureza, Honestidade, e eliminação total do egoísmo que foram introduzidos nos primeiros grupos de AA em Akron, Cleveland e Nova Iorque. Acima de tudo no grupo existia um companheirismo: "O Companheirismo Cristão do Primeiro Século." Levavam sua mensagem aos outros. Reuniam-se em igrejas, universidades e lares.
Em 1932 e 1933, um homem chamado Rowland Hazard, filho de um Senador e proprietário bem-sucedido de um engenho da Ilha de Rhode, tinha se tornando um alcoólico sem esperança e foi procurar ajuda com um psiquiatra de fama mundial, Carl Jung. Jung falou que não havia nenhuma esperança para ele ali, que voltasse para casa e que talvez encontrasse essa ajuda em algum grupo religioso.
Foi o que fez e ingressou no Grupo de Oxford nos Estados Unidos e tornou-se sóbrio. Ensinaram-lhe certos princípios que ele aplicou a sua vida. Este relato está documentado no Livro Azul (O livro texto de Alcoólicos Anônimos).
  • Aqui estão preceitos de A.A.:
  • Admitimos somos impotentes.
  • Seremos honestos conosco mesmos.
  • Falaremos sobre isso com outra pessoa.
  • Faremos reparação a quem prejudicamos.
  • Levaremos essa mensagem a outros de graça.
  • Oramos a um Deus como nós o entendemos.
Percebam portando a semelhança dos princípios espirituais dos grupos Oxford com os atuais princípios dos Doze Passos de AA e NA.
  • Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. Romanos 15:13
  • E, levando-os à sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa. Atos 16:34

Interação com líderes religiosos

Por vezes pode ocorrer oposição entre questões religiosas e o tratamento oferecido. Nestes casos pode ser de grande valia contar com o líder religioso, depois de autorizado pelo paciente, nunca com postura de confrontamento, mas sempre tentando trabalhar em conjunto. Normalmente ao perceber postura não hostil e atuação colaborativa, o líder passa a estimular a adesão da paciente ao tratamento.

Critérios sugestivos de experiências espirituais saudáveis

  • Ausência de sofrimento psicológico.
  • Ausência de prejuízos sociais e ocupacionais.
  • Existe uma atitude crítica sobre a realidade objetiva da experiência.
  • Existe compatibilidade da experiência com algum grupo cultural ou religioso.
  • Ausência de comorbidades.
  • A experiência é controlada.
  • A experiência gera crescimento pessoal.
  • A experiência é voltada para os outros

Tratamentos com abordagem religiosa e espiritual

A APA (Associação Psiquiátrica Americana) recomenda que os psiquiatras respeitem e considerem com relevância a identidade cultural, espiritual e religiosa dos pacientes ao decidir por um tratamento. Esclarece que as crenças religiosas e espirituais podem ser importantes fontes de esperança e significado.
Cita o programa de 12 passos, com uma dimensão espiritual, como importante para o tratamento. Considera que as comunidades religiosas e espirituais facilitem a reintegração social e oferecem estabilidade, inspiração e apoio prático para os membros mentalmente doentes.

A fé como proteção à recaída

Os indivíduos de menos idade são os que menos atribuem à espiritualidade e à religiosidade o caráter de fator protetor para manter-se longe das drogas. Eles são os que mais cedo fazem uso de substâncias de dependência e que também usam um número maior no que se refere à diversidade de substâncias. Entretanto, vários pesquisadores concluem que quanto maior a importância dada à religião, menor o envolvimento com drogas.
Ainda que existam outros fatores que contribuam para a mudança de conduta dos dependentes químicos, é a espiritualidade desenvolvida ao longo de alguns meses, através do contato com a informação religiosa, que os faz permanecer no caminho da abstinência - pessoas que há mais de dois anos estão abstêmios demonstram uma estreita relação com a religião professada e a ela atribuem o principal fator da manutenção da abstinência.
  • Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé. Romanos 1:17
  • E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; Marcos 11:22 (Porque andamos por fé, e não por vista). 2 Coríntios 5:7 Guardando o mistério da fé numa consciência pura. 1 Timóteo 3:9 Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tiago 1:3
  • Disseram então os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé. Lucas 17:5
  • Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. Gálatas 3:23
  • De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. Gálatas 3:9
As questões que tratam do apoio de membros da instituição religiosa têm significativa relevância, confirmando que a religião não promove apenas a abstinência do consumo de drogas, mas, em especial, oferece recursos sociais de reestruturação: nova rede de amizades, ocupação do tempo livre em trabalhos voluntários, atendimento “psicológico” individualizado, valorização das potencialidades individuais, coesão do grupo e apoio incondicional dos líderes religiosos, sem julgamentos.
A religiosidade controla indiretamente as atitudes frente ao consumo de drogas através da percepção do perigo de usar. Em especial, os aspectos de suporte social oferecido pela igreja ficam mais evidentes, pois realiza um forte acolhimento, demonstra mais zelo, preocupação e cuidado com os seus membros. A importância da igreja como suporte social também é destacada por algumas pessoas em recuperação.
Na igreja, o fiel passa a seguir as regras adotadas e passa a respeitar as normas e valores determinados pela religião. Naturalmente essas normas levam a um distanciamento das drogas, devido à conscientização gradual da degradação moral associada ao seu uso e também pelo receio da rejeição por parte dos outros membros da igreja.
A gratidão que o dependente químico tem pela instituição religiosa, apoiado na fé, afasta-o de atitudes e comportamentos que não estejam de acordo com a moral difundida pela religião.

O papel da oração

Pesquisas demonstram que a oração parece ser a ferramenta mais adotada para evitar a fissura e lidar com as dificuldades, uma vez que 80,0% dos dependentes fazem orações nessas ocasiões.
Este aspecto demonstra que a devoção pessoal, expressa essencialmente pelas orações dirigidas a Deus, mostra-se inversamente associada ao abuso e à dependência das drogas e é o principal método de tratamento da síndrome de abstinência e de qualquer sintoma de recaída associada à fissura.
É utilizada sempre que surge a vontade de usar e sempre que os dependentes sentem necessidade de “conversar com Deus”. A oração atua também como um ansiolítico, pois além de promover a fé, é nesse momento que o indivíduo divide suas angústias, sua luta diária contra a vontade de consumir drogas, confiante na resposta que terá do Divino.

O despertar da fé

Fica claro que a busca pela fé está diretamente ligada à história de dependência química, pois quando questionados sobre “em que momento da sua vida sentiram necessidade de procurar uma religião ou desenvolver sua espiritualidade” a maioria relata que foi no pior momento que tiveram quando ainda usavam drogas.
Observa-se também que esses momentos estão ligados a rupturas drásticas na  frágil estabilidade emocional dos dependentes tais como: brigas e separação familiar, perda de emprego, perdas financeiras, discriminação generalizada, isolamento, etc.
Outro fator importante de estresse durante a dependência química é o tratamento e internação psiquiátrica, 40% dos sujeitos sentiram necessidade de buscar apoio religioso/espiritual nesse momento da vida.
Assim, a religião influencia o modo como as pessoas lidam com situações de estresse, sofrimento e problemas vitais. A religiosidade pode proporcionar à pessoa maior aceitação, firmeza e adaptação a situações difíceis de vida, gerando paz, autoconfiança e perdão, além de permitir o despertar de uma imagem mais positiva de si mesmo.
É notório, porém, que esse despertar para fé, não acontece apenas por uma situação única e isolada, mas como a “gota d’água”, isto é, parte dos recorrentes conflitos causados pelo consumo de drogas, que na maioria das vezes é decorrente de uma desestruturação existencial e comportamental.
Quando inquiridos sobre qual a importância que a fé teve na recuperação de sua doença pode-se dizer que muitos dependentes encaram a fé como a salvação de suas vidas e como suporte indispensável para alcançar a abstinência e conseguir manter-se assim. Esses são aspectos responsáveis pelo sucesso de programas que abordam a espiritualidade/religiosidade no tratamento contra as drogas.
Aproximar a espiritualidade ao tratamento convencional ainda representa uma tarefa muito difícil para a psiquiatria.
Entretanto, todo indivíduo tem a necessidade de ser tratado como pessoa completa num contexto biológico psicológico sociológico e espiritual.
Talvez se o tratamento psiquiátrico ao qual são submetidos tiver, em algum momento, um aporte espiritual, estejamos na verdade conseguindo abordar da forma mais abrangente possível todos os recursos capazes de levar à recuperação.
  • E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossasalvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. Romanos 13:11
  • De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Romanos 12:6
  • Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós, Romanos 4:16

O Papel da Espiritualidade

Um dos textos que mais me ajudam como aprender a verdadeira e autêntica espiritualidade é a carta de São Paulo aos gálatas. Ele nos recorda a beleza da nossa vocação, deste caminho espiritual que devemos percorrer e que devemos sempre ter presente na vida. “Fostes chamados para a liberdade? ’ Somente quem busca a autêntica liberdade se aventura no caminho espiritual”.
Paulo diz que os que vivem os frutos da carne não podem entrar no reino de Deus. Não é necessário termos todos os frutos da carne, é suficiente ter um que nos domine, para não termos acesso à mesma vivência do reino. Um fruto influencia toda a nossa vida e nos escraviza. Os frutos do Espírito, que são o sinal do autocontrole e do senhorio de nós mesmos, nos fazem entrar na verdadeira liberdade.
  • Quais são estes frutos do Espírito? Os frutos do espírito são: caridade, alegria, paz, longanimidade, afabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, continência. Contra estes não há Lei. (Gl 5, 22-23)
Aqueles que vivem estes frutos do espírito não tem mais lei porque são orientados pelo amor e quem ama sabe que jamais poderá fazer o mal nem a si mesmo e nem aos outros. João, na sua visão de liberdade e de plenitude da vida, ensina que quem chega no cimo do monte encontra somente a honra e a glória de Deus, e que para o justo não  lei. O justo tem uma única lei que o orienta, o amor. Este não lhe permite mais ser escravo de nada e de ninguém.
O caminho da verdadeira espiritualidade é um processo de libertação interior onde tudo está debaixo do poder da nossa liberdade e que nada mais poderá nos impedir de sermos livres no nosso agir. Na espiritualidade então percebemos que é necessário superar as ideologias mágicas que não realizam nada em nós.
Por exemplo, a espiritualidade dos perfumes, das cores, do incenso queimado ou das novenas feitas somente pelo intuito de receber a graça e nada mais. São espiritualidades vazias e sem fundamento. É preciso que o Espírito encontre em nós uma resposta e se faça carne.
Deus nos dá um espaço de tempo para viver a nossa espiritualidade e somente neste espaço de vida que somos chamados a realizar o seu projeto de amor. Não  nada de reencarnação e de caminhos de volta para nos purificar e chegar assim à iluminação.
É aqui e agora que a nossa vida deve se realizar. Não há outras vidas e nem outra existência a não ser a vida eterna que se conquista no dia a dia duro e difícil do nosso carregar a cruz, e na luta sem trégua contra o mal que está dentro e fora de nós.
Mas afinal o que é espiritualidade? É um estilo de vida pautado pelo evangelho que visa a imitar a pessoa de Jesus. Seremos espirituais quando pudermos dizer com sinceridade como Paulo apóstolo: não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.
A espiritualidade é uma dimensão da pessoa humana que traduz, segundo diversas religiões e confissões religiosas, o modo de viver característico de quem busca alcançar a plenitude da sua relação com o transcendental. Cada uma das referidas religiões comporta uma dimensão específica a esta descrição geral, mas, em todos os casos, se pode dizer que a espiritualidade traduz uma dimensão do homem, enquanto é visto como ser naturalmente religioso, que constitui, de modo temático ou implícito, a sua mais profunda essência e aspiração.
Espiritualidade pode ser definida como um sistema de crenças que engloba elementos subjetivos, que transmitem vitalidade e significado a eventos da vida. Essa crença pode mobilizar energias e iniciativas extremamente positivas, com enorme potencial para melhorar a qualidade de vida. As implicações da espiritualidade na saúde vêm sendo estudadas cientificamente e documentadas em centenas de artigos.
A religião é uma das formas de se praticar a espiritualidade, embora não seja a única. E não existem religiões melhores do que outras, uma vez que todas as linhas têm um ponto em comum, que é a orientação para a busca do sentido de cada ser, da compreensão do significado das experiências vividas, da transmissão do amor, do perdão, da compaixão e da bondade.
A prática da espiritualidade é um exercício diário e permanente para cada pessoa. Consiste, basicamente, na busca pelo contato com seu eu interior, com a sua essência e também na procura pela conexão entre esse eu interior e o universo em que está inserido.
Não tem que ser religiosa nem tradicionalista e pode constituir-se por breves momentos. É conquistada gradualmente, ao longo de toda a vida.
Exercícios para o desenvolvimento da espiritualidade independentemente da religião ou em complemento a ela. Cada uma das atividades sugeridas emana força vital e é nesse aspecto que deve estar focada.
  • Contato com a natureza;
  • Prática de atividade física, em ambiente natural;
  • Relaxamento e meditação;
  • Expressão criativa por meio de escrita, canto, dança, pintura;
  • Oração;
  • Música suave e tranquilizante;
  • Consciência focada nos pensamentos, sentimentos e sensações corporais, buscando contato profundo com a própria essência espiritual.
A espiritualidade não pode ser esquecida, pois é ela que nos faz humanos”.
Somos seres complexos, misteriosos, emotivos, belos, enigmáticos.  em cada um de nós uma profundidade que não conseguimos alcançar. Estamos sempre questionando nossa própria essência, o sagrado e o universo. Além disto, temos necessidade de significado e sentido para a vida.
Por possuir toda esta complexidade, o homem é considerado um ser biopsíquico, social e espiritual. Na verdade, estas são divisões didáticas para representar a totalidade humana. As dimensões físicas, psíquicas e sociais são muito estudadas. Mesmo sendo a maior força geradora de sentido, a espiritualidade e sua influência nos processos de saúde ou no contexto da doença, só recentemente despertaram interesse científico.
As vivências espirituais não são menos reais do que as necessidades biológicas e sociais. Podem trazer novo sentido e reorganização à vida. Por vezes, transformam aspirações, desejos e motivações e despertam valores universais como empatia, ética, compaixão e amor incondicional.
Mais ainda, são experiências subjetivas da consciência que integram pensamento, sensação, intuição e emoção. Por isto, gera um potencial de mobilização de todo o sistema psico-neuroendócrino.
Por meio do que os cientistas chamam de eixo neuropsíquico, todos os aspectos da consciência, sejam eles espirituais, cognitivos ou emocionais agem sobre o corpo. Em outras palavras, o corpo se manifesta respondendo a todos os pensamentos, emoções, desejos e crenças.
As vivências espirituais geralmente causam um aumento do bem-estar emocional e psíquico, diminuem o senso de perda de controle e isolamento social. Assim, a espiritualidade pode nos auxiliar a enfrentar e superar as situações difíceis em nossas vidas, dando-nos a segurança que não estamos sós.

O papel dos grupos de mútuo-ajuda

Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos são irmandades mundiais de homens e mulheres que se ajudam mutuamente a permanecerem sóbrios. Eles oferecem a mesma ajuda a qualquer um que tenha um problema com a bebida/drogas e queira parar. Por serem todos dependentes químicos, eles têm uma compreensão mutua especial. Sabem como essa doença os atinge – e aprenderam como se recuperar dentro de A.A /N.A.
Cada grupo realiza reuniões regulares, nas quais os membros relatam entre si suas experiências - geralmente em relação aos "DOZE PASSOS" sugeridos para a recuperação, e às "DOZE TRADIÇÕES" sugeridas para as relações dentro da Irmandade e com a comunidade de fora.
Minha intenção é mostrar nesse texto que os doze passos podem ser, sem exceção, fundamentados na palavra de Deus, o que em minha opinião demonstra que a fé e a frequência regular à uma igreja, a comunhão com os irmãos e os testemunhos que podemos dar funcionam tão bem ou melhor do que apenas participar de uma irmandade.
Muitas pessoas não aceitarão a nossa mensagem. As pessoas que estão no “caminho fácil que leva para o inferno” não se mostrarão entusiasmadas em submeter-se aos passos claramente definidos no caminho para a recuperação. Mas, para aqueles que ouvirem, a nossa história poderá ser a diferença entre a vida e a morte.

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