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9/01/2018

Continuação...

Oxi
Crack oxidado ou oxi é um tipo de droga derivada da cocaína de uso altamente viciante. Trata-se de uma mistura de base livre de cocaína oxidada, cerca de 80% da composição da droga, e combustível, entre eles, os de uso principal, o querosene, gasolina e diesel com cal ou permanganato de potássio.
O nome é uma abreviação para crack oxidado. Sua potência é avaliada em cinco vezes maior que a do crack. No entanto, a droga não possui uma composição característica, pois é fabricada de acordo com receitas caseiras.
A droga é geralmente consumida numa mistura com o cigarro comum ou com o cigarro de maconha, ou ainda fumada em cachimbos de fabricação caseira, como o crack. O nome oxi, uma abreviação de "óxido" ou "oxidado", vem do fato da droga liberar uma fumaça escura ao ser usada, deixando um resíduo marrom, de cor semelhante ao da ferrugem (oxidação) nos metais.
O oxi age no sistema nervoso, proporcionando sensações variadas que dependem das características do usuário, podendo proporcionar desde prazer e alívio até angústia e paranoia. Seu uso prolongado aumenta as chances de doenças como cirrose e o acúmulo de gordura no fígado.
Tanto o oxi quanto o crack possuem o mesmo princípio ativo, que é a pasta de cocaína. A fabricação da chamada "pasta base" (da qual também são feitos a cocaína em pó, o crack e a merla) se dá a partir da utilização de uma substância alcalina e um solvente, em geral amoníaco ou acetona, para que se possa extrair a maior quantidade possível do princípio ativo da planta, que é a responsável pelo efeito principal da droga no sistema nervoso.
Para se transformar em oxi, a pasta recebe uma nova quantidade de solvente e alcalino, só que desta vez, os produtos utilizados são o querosene e a cal, bem mais tóxicos do que os solventes utilizados para fazer o crack e a cocaína em pó, mas também mais acessíveis e baratos.
Crack e Oxi possuem também uma maior capacidade de viciar os usuários em comparação à cocaína em pó, pois chegam mais rapidamente ao cérebro, o que significa que proporcionam a sensação de euforia e êxtase em menor tempo (estima-se que a droga começa a fazer efeito depois de apenas sete a nove segundos depois de consumido).
Tal característica é considerada uma qualidade para o dependente, mas, do mesmo modo que os efeitos são rápidos, eles logo cessam, gerando a necessidade de novo consumo da substância.
O comércio de uma droga desse tipo é bastante vantajoso ao fornecedor, que logo transforma mais usuários em dependentes, utilizando um produto mais barato (portanto mais acessível), já que o oxi costuma ser vendido por um preço duas a cinco vezes menor que o crack.
Em suma, o oxi possui características explosivas e também é mais letal. Estima-se que os usuários de crack vivam pelo menos 5 a 6 anos, mas 30% dos usuários de oxi poderão estar mortos depois de um ano.
Padrões de consumo
A droga é fumada assim como o crack. Utiliza-se cachimbo ou lata de alumínio perfurada que queima as pedras. Em alguns casos é utilizado triturado, incluído com cigarros de tabaco ou maconha, ou ainda, em pó, onde é aspirado pelo nariz.
Efeitos fisiológicos
Os efeitos do oxi ainda não são totalmente conhecidos, podendo variar dependendo da concentração e frequência com que a droga é consumida. Logo que consumida, a droga provoca queimaduras nos lábios e fossas nasais e possível perda dos dentes. Quando chega aos pulmões, a droga entra na corrente sanguínea pelos alvéolos pulmonares em até oito segundos.
Já na corrente sanguínea, causa taquicardia e contrai os vasos sanguíneos, aumentando os riscos de o usuário predisposto a doenças cardíacas ter hipertensão e infarto. No sistema digestivo, acelera os movimentos peristálticos podendo causar vômitos e diarreia e pode inflamar o fígado e os rins.
As doenças e os efeitos imediatos que podem ser causadas pelo oxi são, entre outros, enfisema, derrame cerebral, dificuldades no raciocínio e memória, infarto, desidratação, causada por vômitos e diarreias, alucinações, insônia e aumento da agressividade. A droga é conhecida por ter efeito muito mais devastador se comparado a outras substâncias utilizadas no Brasil.
Popularização do consumo
Há um grande aumento no consumo da droga em relação ao crack. Seus efeitos também produzem um desejo maior de consumo, promete euforia duas vezes maior que a causada pela cocaína. Ainda não se tem dados exatos sobre o quanto a droga está difundida, não sendo conhecida a sua real circulação.
Reações
As reações são muito fortes, devido aos componentes químicos. Ela causa vômitos, diarreias, aparecimento de lesões precoces no sistema nervoso central e a degeneração das funções hepáticas.
Boca
Causa necrose dos tecidos; os dentes ficam fracos e os lábios se queimam.
Pulmão
Enfisema causado pela cal.
Cérebro
Eleva os níveis de dopamina. Pode causar derrame, e dificuldades de memorização.
Coração
Aumenta o ritmo cardíaco e causa vasoconstrição.
Sistema digestivo
Causa enjoo e diarreia devido a presença de resíduos do combustível, além de danos ao esôfago.
Drogas sintéticas
Introdução
Drogas sintéticas são substâncias ou misturas de substâncias exclusivamente psicoativas produzidas através de meios químicos cujos principais componentes ativos não são encontrados na natureza.
O termo sintético é na realidade o que designa, pois grande maioria dos fármacos consumidos para todos os fins são sintéticos, bem como aditivos alimentares e substâncias utilizadas como cosméticos.
Podem ser utilizadas sob as formas de injeção, comprimido ou pó, variando seu efeito e seus malefícios de acordo com a substância utilizada. São principalmente consumidas por jovens e adolescentes em seus períodos de divertimento que a partir do roteiro de lazer definido determinam a droga a ser utilizada.
A maioria das drogas sintéticas apresenta efeito psicotrópico: alucinógenos, estimulantes ou depressores (entorpecente) do sistema nervoso central (SNC) e são consideradas proscritas e/ou de uso controlado pelo Ministério da Saúde e Justiça (no Brasil).
Conceitos Básicos sobre Drogas
  1. Porque as pessoas se drogam?
As drogas modificam a realidade das coisas. As drogas dão um prazer que não pode ser programado nem controlado pela vontade própria. Estimulam, deprimem e perturbam o comportamento do indivíduo, alterando a realidade das coisas; a diversidade de produtos proporciona-lhes variadas alternativas, mas todas têm algo em comum: podem causar dependência psicológica e ou física.
As razões porque as pessoas se drogam, são variadas, mas há sempre razões comuns que levam o indivíduo a consumir este ou aquele tipo de produto tóxico, seja ele legal, ilegal, solventes ou medicamentos.
  1. A falta de comunicação.
É um fato consumado que as famílias estão sobre ocupadas; os empregos ocupam os pais, totalmente, de manhã à noite. Temos formas mais rápidas de fazer as coisas; temos computadores, faxes, internet, televisão, etc. e temos cada vez menos tempo para fazer o que é mais importante.
  1. A autonomia dos jovens.
A indisponibilidade das famílias levou à autonomia precoce dos jovens. Desde tenra idade são despejados nos colégios e a educação ficou à mercê de estranhos, da televisão e uns dos outros.
Cedo começam a tomar as suas próprias decisões e a exigir o que não precisam, nem lhes faz falta. Ficam à mercê da publicidade subliminar escandalosamente influenciadora do seu comportamento e da sua capacidade de decisão, ainda em formação.
Sozinhos nas decisões proporcionam-se experiências de consumo que lhes podem trazer. Prazer, no início, mas consequências desagradáveis a curto, médio e longo prazo.
  1. Os grupos e a necessidade do grupo.
As influências da sociedade e a procura de identidade levam o jovem a identificar-se com algo. Um estilo de música, um estilo de vestir, um estilo de comer, um estilo de andar. É a crise de identificação e a necessidade de ter um grupo.
Os pais não percebem os riscos que o jovem corre. Não gostam da música que ele ouve e não dão pela influência que está diretamente relacionada. Assim, depositam neles uma confiança excessiva deixando para a escola e para os amigos a educação que deveriam ser eles a transmitir. O fosso vai ficando cada vez maior.
  1. Desafios.
O jovem gosta de experimentar o que não lhe é autorizado. Gosta de dizer sou capaz, nenhuma droga vai me tornar dependente. Na família, os pais dizem para não fumar ou beber álcool, mas os pais fazem-no. Agora que está mais crescido, porque é que o pai pode beber, a mãe fumar e ele não pode fumar um? Só porque eles acham que faz mal?
Outras razões como o stress, as influências culturais e de grupo são também fortes motivos que levam as pessoas a usar drogas. O medo, a depressão, a solidão, a falta de motivação para viver, o desemprego e inúmeras causas levam as pessoas a um envolvimento com produtos que proporcionam algum alívio, nem que seja por alguns momentos, apenas.
A perspectiva do dependente.
Em variados aspectos a perspectiva do dependente de drogas ilegais é coincidente também com a perspectiva do alcoólico. Poucas diferenças separam ambos os consumidores.
Talvez a maior diferença seja aquela em que o dependente de drogas ilegais consome para poder fazer a sua vida, enquanto o alcoólico, se consumir não consegue ficar de pé, ainda que muitos alcoólicos só conseguem trabalhar com a sua dose de álcool.
  1. Não precisam de ajuda de ninguém para se tratar.
Entendem que conseguem sair sozinhos. Procuram todos os escapes para resolver o problema; ir de férias para a terra, fazer a ressaca em casa, etc. não precisa de psiquiatra porque não é maluco. São extremamente desconfiados relativamente às instituições e quando passam por uma experiência de fracasso dificilmente retomam a confiança noutra instituição. A sensação, que as drogas proporcionam, de que não precisam de ninguém, contribui para este engano inconsciente.
  1. Um dia vou ficar bom.
É uma excelente atitude, mas quanto mais demora mais difícil se torna. Os riscos de adiar a solução são imensos: Acidentes, doenças infectocontagiosas, violência, overdose. O risco de o toxicodependente permanecer nas drogas é elevado e ele precisa de estar consciente disso, mas as drogas não permitem.
  1. Controlam tudo e todos.
É comum entre os toxicodependentes a tentativa de controlar os outros através de:
  • Manipulação;
  • Chantagem afetiva;
  • Divisão.
Através da manipulação procuram controlar a família de forma a obter o que lhes faz falta.
Utilizam os sentimentos familiares para fazer chantagem e por vezes usam promessas de que vão a uma consulta, inventando que é preciso pagar, etc. A divisão familiar é também uma arma que utilizam com grande sucesso. Com habilidade tiram proveito da divisão da família causada pelo problema.
Heroína
Heroína, cujo nome científico é diacetilmorfina, é uma droga opioide semissintética obtida a partir de plantas da espécie Papaver somniferum, da qual é extraído o ópio. Durante o processamento do ópio origina-se a morfina que então é transformada em heroína. Trata-se de um entorpecente, muitas vezes obtido em laboratórios clandestinos, que provoca diminuição da atividade do SNC, ou seja, é uma substância depressora.
Produz sensações de prazer intenso, muitas vezes comparados com um orgasmo. Após essa fase de euforia ocorre um período de sedação. A droga causa tolerância de forma rápida e o indivíduo busca maiores doses para obter o mesmo efeito. Também produz dependência física.
Foi sintetizada pelo químico inglês Charles Romley Alder Wright em 1874 e introduzida no mercado de medicamentos pelo químico Felix Hoffmann, da Bayer, em 21 de agosto de 1897.
Seu nome provavelmente provém do alemão heroisch e indica a sensação observada pelos usuários durante estudos iniciais. Foi usada para tratamento de viciados em morfina e como sedativo da tosse em crianças de 1898 a 1910 quando foi descoberto que a heroína se convertia em morfina no fígado, ironicamente sendo até mais viciante que a morfina.
O seu nome comercial foi cedido pela Alemanha aos Aliados em 1918 como parte das indenizações de guerra. A heroína foi proibida nos países ocidentais no início do século XX devido à grave dependência física que provocava.
Administração
A injeção é preferida no abuso, devido ao efeito de prazer súbito (denominado orgasmo abdominal). A inalação tem ganhado terreno, numa modalidade denominada chasing the dragon, com origens orientais, onde a disponibilidade de seringas e agulhas é menor. Também pode ser ingerida, absorvida pela pele ou fumada. O consumo com cocaína (speedballs ou moonrocks) tem se generalizado.
A heroína é mais lipofílica do que os outros opioides, devido à adição do grupo acetila, o que leva à sua absorção muito mais rápida para o cérebro.
A rapidez de efeito é importante para os toxicodependentes, porque proporciona maiores concentrações inicialmente, traduzindo-se em prazer intenso após a injeção. No cérebro ela é imediatamente convertida em morfina e em formas menos acetiladas por enzimas celulares.
Metabolizada no fígado, ultrapassa a barreira hemato-encefálica e a placenta: os filhos de consumidoras apresentam malformações aumentadas e profunda dependência.
Absorção e metabolismo
É bem absorvida no trato gastrointestinal, nos pulmões, mucosa nasal e por injeção intramuscular ou subcutânea. A diacetilmorfina sofre uma rápida hidrólise e é convertida em monoacetilmorfina que depois é hidrolisada em morfina. A lipossolubilidade (capacidade de penetrar uma membrana biológica) da diacetilmorfina e da monoacetilmorfina é maior que a da morfina e devido a isto, sua capacidade de entrar no cérebro é maior.
Mecanismo de ação
A heroína ativa todos os receptores opioides, mas os seus efeitos são devidos à ativação do subtipo mi, efetivo na ação analgésica.
O mecanismo prazer e bem-estar produzido pelo consumo da heroína não está completamente esclarecido, mas sabe-se que, como o das outras drogas recreativas, é devido a interferência nas vias dopaminérgicas (vias que utilizam o neurotransmissor dopamina) mesolímbicas-mesocorticais.
As vias dopaminérgicas que relacionam o sistema límbico (região das emoções e aprendizagem) e o córtex (região dos mecanismos conscientes) são importantes na produção de prazer.
Normalmente, elas só são ativadas de forma limitada em circunstâncias especificas, ligadas à recompensa da aprendizagem e dos comportamentos bem-sucedidos relacionados à obtenção de recursos, conhecimentos ou ligações sociais ou sexuais importantes para o sucesso do indivíduo.
No consumo de droga, estas vias são modificadas e pervertidas (highjacked) e passam a responder de forma positiva apenas ao distúrbio bioquímico cerebral criado pela própria droga.
Grande parte da motivação do indivíduo passa assim para a obtenção e consumo da droga, e os interesses sociais, familiares, ambição profissional, aprendizagem e outros fatores não diretamente importantes para a sua obtenção são, com o consumo crescente, cada vez mais desleixados.
Excreção
Grande parte da heroína é eliminada na urina como morfina (livre e conjugada), sendo que 6 90% da droga é eliminada nas primeiras 24 horas.
Interações
Enquanto depressor do sistema nervoso central, ela potencia os efeitos de outros depressores, aumentando o risco de overdose. O consumo concomitante de álcool, benzodiazepínicos, cocaína ou anfetaminas, barbitúricos, antiepilépticos e antipsicóticos aumenta muito o risco de overdose e morte. A heroína é extremamente difícil de controlar, e não são raras as overdoses acidentais por consumidores experientes.
Efeitos
A heroína tem efeito similar aos outros opioides. Logo após o uso, a pessoa fica num estado sonolento, fora da realidade. Os batimentos cardíacos e respiração diminuem, sintoma muito comum no uso de opiáceos, sendo inclusive a causa de morte por overdose, insuficiência respiratória. As primeiras sensações são de euforia e conforto.
O dependente de heroína também pode ter problemas sociais e familiares. Ele torna-se apático, desanimado, perdendo o interesse por sua vida profissional e familiar.
Efeitos imediatos
Euforia e disforia: São necessárias maiores doses do que antes para causar analgesia. Consiste num sentimento de estar no paraíso.
Ao desvanecer o seu efeito a euforia é gradualmente substituída pela disforia, um estado de ansiedade desagradável e mal-estar. Geralmente quanto maior a habituação e dependência, maior é a disforia sentida.
Nas primeiras experiências com opiáceos e opioides existem relatos de experiências que podem ser consideradas disfóricas e que se caracterizam maioritariamente por vômitos e mal-estar, incapacidade de sentir prazer ou dor, o que faz que algumas pessoas não voltem a usar opiáceos. Contudo essas possíveis más experiências dão lugar a experiências de euforia intensa à medida que o corpo e a mente se habituam aos opiáceos.
  • Analgesia (perda da sensação de dor física e emocional): pode levar à inflicção de ferimentos no heroinômano sem que este se dê conta e se afaste do agente agressor, pode levar a um infarto do miocárdio;
  • Sonolência, embotamento mental sem amnésia;
  • Disfunção sexual em altos graus;
  • Sensação de tranquilidade e de diminuição do sentimento de desconfiança;
  • Maior autoconfiança e indiferença aos outros: comportamentos agressivos;
  • Miose: contração da pupila. Ao contrário da grande maioria das outras drogas de abuso, como cocaína e anfetaminas que produzem midríase (dilatação da pupila). É uma característica importante na distinção clínica da overdose de heroína daquelas produzidas por outras drogas;
  • Obstipação (prisão de ventre) e vômitos. Só são sentidos na primeira semana de consumo continuado, depois o corpo habitua-se e torna- se adicto;
  • Depressão do centro neuronal respiratório. É a principal causa de morte por overdose;
  • Supressão do reflexo da tosse: devido à depressão do centro neuronal cerebral da tosse;
  • Náuseas e vômitos: podem ocorrer se for ativado os centros quimiorreceptores do cérebro;
  • Espasmos nas vias biliares;
  • Hipotensão, prurido;
  • Os seus efeitos, quando fumada, são sentidos quase imediatamente (cerca de 3 a 8 segundos);
  • Perda do controle humorístico, ou seja, o famoso humor bipolar. Ao ser usada, a droga pode acarretar a mudança de humor bipolar, em um certo período de tempo o usuário está depressivo, sem energia com pensamentos suicidas, um pequeno período de tempo depois por exemplo uma semana, ele se torna muito alegre, falante, desinibido eufórico tendo um comportamento totalmente diferente do anterior.
Efeitos a longo prazo e potencial da dependência
Tendência para aumentar a quantidade de heroína auto administrada, com o fim de conseguir os mesmos efeitos que antes eram conseguidos com doses menores, o que conduz a uma manifesta dependência. Passadas várias horas da última dose, o viciado necessita de uma nova dose para evitar a síndrome de abstinência provocada pela falta dela.
Desenvolve tolerância em relação aos efeitos de euforia, de depressão respiratória, analgesia, sedação, vômitos e alterações hormonais. Não há desenvolvimento para a miose nem para a obstipação. Estes efeitos, junto com a diminuição da libido, a insônia e a transpiração, são os sintomas dos consumidores crônicos.
Há alguma imunossupressão com maior risco de infecções, principalmente aquelas introduzidas pelas agulhas partilhadas (SIDA/AIDS, Hepatite B) ou por bactérias através da pele quebrada pela agulha. A síndrome de privação pode levar à cegueira, dores, epilepsia, infarto do miocárdio ou AVCs potencialmente fatais. A longo prazo leva sempre a lesões cerebrais extensas, claramente visíveis macroscópica e microscopicamente em autópsia.
Bastam apenas três dias de consumo continuado desta substância para que, na sua ausência, se comecem a sentir os efeitos da ressaca, que quer dizer que o organismo se habitua de tal forma à presença desta substância que quando se deixa de a administrar entra num estado de desequilíbrio.
A ressaca traduz-se em primeiro lugar por corrimento lacrimal e nasal, seguida de má disposição a nível estomacal e intestinal, suores frios e afrontamentos, dores de rins lancinantes, e na fase final de ausência de consumo, espasmos musculares e câimbras generalizadas.
Existe tolerância cruzada entre todos os agonistas opioides, fato que se aproveita para os tratamentos de desintoxicação e desabituação.
Tratamento da toxicodependência
Muitas opções existem para o tratamento do vício em heroína, que incluem administração medicamentosa e abordagem terapêutica.
Os tratamentos com fármacos agonistas baseiam-se na substituição da heroína por opioides de ação prolongada como a metadona, o LAAM (levo- alfa-acetilmetadol) ou a buprenorfina e a diminuição da dosagem moderadamente e ao longo do tempo.
A metadona é um fármaco agonista opioides que, em comparação à heroína é bem absorvida oralmente e de forma lenta e tem uma duração de ação muito superior evitando os ciclos rápidos de intoxicação/quadro de abstinência associados à dependência de heroína.
Outro tratamento por substituição que tem sido utilizado envolve buprenorfina que é um agonista parcial opioide. Esta sua natureza faz com que os sintomas do quadro de abstinência sejam menores do que os dos verdadeiros agonistas como a metadona e provoca também uma menor dependência física.
Como resultado, a sua utilização é mais segura e traz menos riscos de abuso do que a metadona sendo, no entanto, eficaz no bloqueio da euforia e da síndrome de abstinência produzidos por outros opioides.
Tratamento com fármacos agonistas
O tratamento com agonistas adrenérgicos, tais como a clonidina, a lofexidina ou a guanfacina, tem como objetivo a inibição da atividade noradrenérgica ao nível da região cerebral conhecida como locus ceruleus que aumenta de forma marcada quando ocorre um quadro de privação de opiáceos.
Esses fármacos diminuem, embora interagindo com outros receptores, a síndrome de abstinência. A lofexidina produz uma hipotensão menor que a clonidina quando utilizada.



Tratamento por fármacos antagonistas opioides
Antagonistas opioides, como a naloxona e a naltrexona (de ação mais prolongada), são moléculas que bloqueiam os efeitos da heroína e de qualquer outro opioide, impedindo a sua conexão a receptores opioides, dado que têm alta afinidade para estes receptores, mas a conexão com o receptor não causa a ativação destes.
São, por isso, muito utilizados em tratamento de overdose de heroína, em conjugação com outras terapias, pois reduzem a duração do quadro de privação. Mas, apesar de diminuírem a duração do quadro de privação, os antagonistas opioides parecem também aumentar a intensidade destes mesmos sintomas.
Desaconselha-se o uso destes antagonistas, que têm fortes efeitos secundários, podendo levar o paciente à morte. Estão documentados dezenas de casos de mortes provocadas direta e indiretamente por estes antagonistas.
Tratamento com benzodiazepínicos
A utilização de benzodiazepínicos, fármacos ansiolíticos, que se destinam a controlar a ansiedade, serve de forma geral para sustentar outras formas de tratamento.
A sua utilização deve-se ao fato da ansiedade ser provavelmente a componente clinicamente mais importante do quadro de privação de opiáceos, o pior tolerado e o fato mais frequentemente envolvido em recaídas. No entanto, a sua utilização deve ser cuidadosa dado serem também causadores de dependência e, muitas vezes, indivíduos dependentes de heroína são também dependentes de benzodiazepínicos.
Tratamentos com sedativos ou anestesia geral
Estes tratamentos baseiam-se na desintoxicação de doentes dependentes de heroína usando antagonistas opioides enquanto os doentes se encontram sob o efeito de sedativos ou anestesia geral sendo um método rápido e, portanto, designado de desintoxicação ultrarrápida de opioides (UROD).



Tem várias potenciais vantagens que passam pela:
  • Aceleração do processo de abstinência por inibição de ligação dos agonistas aos receptores opioides permite uma hospitalização menos prolongada, havendo uma diminuição de custos;
  • Melhoria da aceitação da abstinência por parte do doente no decorrer das fases iniciais do tratamento resultado de um maior conforto que é devido à ação dos sedativos ou amnésia.
Opiáceos
  • Alfentanil
  • Buprenorfina
  • Codeína
  • Di-hidrocodeína
  • Fentanil
  • Heroína
  • Metadona
  • Morfina
  • Nalbufina
  • Oxicodona
  • Petidina
  • Remifentanil
  • Sufentanil
  • Tramadol
A nova cara da heroína
A imagem de um jovem heroinômano apático caído num imundo beco escuro é obsoleta. Hoje, o jovem toxicodependente pode ter 12 anos, brincar com jogos de vídeo e desfrutar a música da sua geração. Pode ter uma aparência de inteligente, com estilo e não exibir nenhum dos traços comuns de consumo de heroína, tais como marcas de agulha no seu braço.
Por estar disponível em várias formas que são mais fáceis de consumir e mais acessíveis, a heroína hoje em dia é mais tentadora do que nunca. Entre 1995 e 2002, o número de adolescentes na América com idade entre os 12 e 17 anos que usou heroína nalguma altura das suas vidas aumentou 300%.
Um jovem que possa pensar duas vezes em pôr uma agulha no braço pode mais facilmente fumar ou cheirar a mesma droga. Mas isto é dar falsa garantia e pode dar à pessoa a ideia de que há menos perigo. A verdade é que a heroína em todas as suas formas é perigosa e viciante.
Anfetaminas
A anfetamina é uma droga psicoestimulante que produz maior vigília e foco, em associação com a diminuição da fadiga e do apetite. Esta droga também é usada com fins recreativos e para aumentar o rendimento. Em estado puro, as anfetaminas têm forma de cristais amarelos, com sabor muito amargo.
Geralmente são ingeridas oralmente em cápsulas ou comprimidos de cinco miligramas. Podem também ser consumidas via intravenosa, diluída em água destilada, aspiradas em forma de pó ou dissolvidas em bebida alcoólica.
De acordo com o relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) de 2011, mais de 10% dos adolescentes nos EUA usam anfetaminas. Na Europa, entre 2% e 7% dos adolescentes experimentaram anfetaminas, e no Canadá o número é estimado em pouco mais de 5%.
História
A anfetamina é uma droga sintética, fabricada em laboratório, que estimula o sistema nervoso central, fazendo com que o cérebro trabalhe muito e mais rápido que o normal. Isso deixa seus usuários mais ligados, elétricos, sem sono, isto é, a pessoa fica em um estado hiperativo. Esses efeitos são muito semelhantes aos da cocaína.
A anfetamina foi sintetizada pela primeira vez na Alemanha, pelo químico Lazar Edeleanu em 1887. Esse estimulante sintético tem uma estrutura química semelhante à efedrina (estimulante natural) encontrada em plantas do gênero ephedra.
Cerca de 40 anos após seu surgimento, a droga começou a ser utilizada medicinalmente para aliviar a fadiga, alargar as passagens nasais e bronquiais (em casos de asma) e estimular o sistema nervoso central.
Sua primeira versão comercial, com o nome Benzedrina, em forma de pó para inalação descongestionante nasal, surgiu na França em 1932.
Cinco anos mais tarde a Benzedrina surgiu na forma de pílulas, chegando a vender mais de 50 milhões de unidades nos três primeiros anos após a sua introdução no mercado. Entre 1932 e 1946 a indústria farmacêutica desenvolveu uma lista de 39 usos clínicos para a anfetamina.
Durante a II Guerra Mundial foi usada para aumentar o estado de alerta e reduzir a sensação de fadiga das tropas dos aliados e das potências do Eixo. Perto do final da guerra, os operários das fábricas japonesas de munição, recebiam generosos suprimentos de drogas.
Eram anunciadas como solução para a sonolência e desânimo, pois além de inibidoras do apetite, elas também podiam provocar um estado de grande excitação e sensação de poder. A distribuição indiscriminada, durante e pós- guerra, acabou gerando 500 mil novos viciados no Japão.
No início da década de 1950, militares americanos servindo no Japão e na Coréia foram os primeiros a utilizar uma mistura injetável de anfetamina e heroína denominada speedball.
A natureza humana é caracterizada pela busca da felicidade, pela fuga de ambientes pouco hospitaleiros e pela tentativa de evitar situações desagradáveis ou dolorosas. Enfim, busca principalmente o prazer.
Todavia, nunca se comentou tanto sobre stress, subnutrição, condições precárias de vida, ambientes competitivos, tensão social, desemprego, insegurança, violência, consumismo, frustração, miséria, riqueza, solidão no meio da multidão etc.
Tudo isso contribui para que algumas pessoas sejam influenciadas pela fantasia de uma busca fácil e rápida de soluções para seus problemas. Assim, penetram no estranho mundo das drogas.
Muitos são os fatores que podem contribuir para que um indivíduo fique sujeito ao uso de drogas: adquirir coragem ou se sentir mais forte frente às dificuldades; desejo de ser aceito em um grupo; curiosidade; busca de sensação de segurança ou de euforia; fugas; sentir-se mais calmo e estimulado; fácil acesso a drogas; saúde deficiente; falta de informações corretas sobre os efeitos das drogas; descontentamento com a postura familiar, principalmente com a dos pais ou da sociedade em que vive.
Os calmantes são as drogas mais utilizadas pelos adolescentes: 15,8% disseram que já recorreram a eles. Os remédios para emagrecer, que contém substâncias estimulantes, aparecem em segundo lugar, com 7,4% de frequência entre os meninos e as meninas. Esses medicamentos contêm substâncias derivadas de anfetaminas e provocam excitação, aumento da temperatura, pressão arterial, reduzem o apetite e causam perda de sono.
Com o tempo causam depressão, convulsões e insuficiência cardíaca. As anfetaminas citadas por 2,1%. É uma substância estimulante e os sintomas são os mesmos dos emagrecedores, porém com maior intensidade e possibilidade de dependência. 2,6% dos adolescentes disseram já ter usado anabolizantes.
No início, provoca inchaço no corpo, mas depois aparecem problemas no estômago, coração, como arritmias, além de aumentar os níveis de colesterol. O uso excessivo da substância pode paralisar o crescimento e até levar à morte.
Neles esses remédios interferem no desenvolvimento cerebral, atrapalham o raciocínio lógico, retardam os reflexos e reduzem o ânimo para estudar, passear e fazer esportes. O uso de anfetaminas por adolescentes pode afetar a capacidade de memória na fase adulta. A sua capacidade de memória de trabalho é significativamente alterada pela exposição à anfetamina.
O consumo de anfetaminas na adolescência pode causar desequilíbrios neurobiológicos e aumento do comportamento relacionado a assumir riscos, e estes efeitos podem persistir na vida adulta, mesmo quando os indivíduos não estão utilizando drogas. Observamos os efeitos do consumo de anfetaminas em longo prazo sobre os neurotransmissores importantes e sobre os comportamentos de risco em adolescentes.
Se nos adultos as drogas ilícitas já possuem vários efeitos colaterais e podem causar dependência e o aparecimento de doenças, entre os adolescentes o risco é ainda maior.
Os adolescentes são particularmente sensíveis aos efeitos adversos das anfetaminas, especialmente na função cognitiva e, esses efeitos podem persistir bem após a interrupção do uso da droga.
A cobrança dos pais, aliada à pressão na escola, pode levar à depressão dos filhos. Existem muitos casos de depressão não diagnosticados. Estatísticas apontam que 30% da população terá depressão em alguma fase da vida e os adolescentes não estão imunes.
Meninos e meninas alternam momentos de tristeza, ansiedade e irritação. Junte-se a isso a pressão na vida escolar, por exemplo, e o adolescente pode desenvolver uma depressão. Isso depende da predisposição de cada um e do meio em que vivem, como famílias desestruturadas.
Usuários
Durante muito tempo a anfetamina foi utilizada para tratar depressão, epilepsia, mal de Parkinson e narcolepsia (estado constante de sono). Todavia, até bem pouco tempo, apenas a narcolepsia e os regimes controlados permaneciam utilizando essa droga em seu tratamento médico lícito.
Os derivados de anfetamina faziam parte dos inibidores de apetite, usados em regimes de emagrecimento, tanto dos medicamentos fabricados em laboratórios farmacêuticos, como das fórmulas de emagrecimento preparadas em farmácias de manipulação.
Apesar dos efeitos colaterais provocados pelo uso frequente e do risco de dependência psíquica/e ou química, o Brasil é o país que mais utiliza essa substância para efeitos de perda de peso, e de acordo com a ANVISA, isto se deve, principalmente, ao seu clima tropical que desencadeia o exagerado culto ao corpo.
Aqui, as anfetaminas são conhecidas como emagrecedoras, que receitadas e tomadas como parte integrante de regimes de emagrecimento, frequentemente escapavam do controle do médico e do próprio paciente, que passava a viver uma dependência química.
Como as anfetaminas, além de suprimir o apetite, prejudicam o sono e causam irritabilidade e ansiedade, na tentativa de contrabalançar estes efeitos colaterais, um calmante benzodiazepínico (que também gera dependência) era acrescentado à anfetamina na maioria dos medicamentos e fórmulas manipuladas.



Nas últimas décadas ocorreu o uso em grande escala, no Brasil e no mundo, das anfetaminas em tratamento para emagrecer tendo em vista que é um produto barato e de fácil fabricação, o que mantém um comércio clandestino bastante rico. A verdade é que a própria medicina estava entusiasmada com as anfetaminas, por seu amplo emprego.
Mas como a perda do apetite, gerada pelo seu uso constante, acabou levando a graves casos de anorexia, com perda de peso, desnutrição e até a morte, o uso desse produto chamou a atenção das autoridades competentes, que se colocaram a campo para retirar as anfetaminas do rol dos componentes dos medicamentos para tratamentos de obesos.
No Brasil, além das anfetaminas, eram colocados nas fórmulas tranquilizantes, hormônios da tireoide, diuréticos, laxativos, antidepressivos e outros moderadores de apetite para a aceleração do emagrecimento.
O exame de densitometria óssea de mulheres que tomaram hormônio para tireoide durante anos, para emagrecer revelou perda óssea muito maior do que o aceitável para a idade. Além disso, a associação desse hormônio com anorexígenos aumenta a probabilidade da ocorrência de taquicardia e arritmia cardíaca.
Efeitos Agudos
As anfetaminas agem estimulando o sistema nervoso central através de uma intensificação da norepinefrina, um hormônio que ativa partes do sistema nervoso simpático. Efeitos semelhantes aos produzidos pela adrenalina no cérebro são causados pelas anfetaminas, levando o coração e os sistemas orgânicos a funcionarem em alta velocidade. Com isto os batimentos cardíacos são acelerados ocorrendo hipertensão.
Ao agir sobre os centros de controle do hipotálamo, ao mesmo tempo em que reduz a atividade gastrintestinal, a droga inibe o apetite e seu efeito pode durar de quatro a quatorze horas, dependendo da dosagem. A anfetamina é assimilada rapidamente pela corrente sanguínea e, logo depois de ser ingerida, provoca arrepios seguidos de sentimentos de confiança e presunção.
As pupilas dilatam, a boca fica seca, a respiração torna-se ofegante, o coração bate freneticamente, há grande excitação e ranger dos dentes, sensação de poder e fala atropelada.
Em seguida, o usuário da droga pode entrar em estado de euforia, ou seja, enquanto seu corpo se agita com uma intensa liberação de energia, há a sensação de bem-estar, de alegria, de alívio da fadiga.
Por isso a anfetamina é muito procurada por adolescentes em busca de sensações novas, ou por adultos, que desejam ajuda para seus desânimos e depressões.
O usuário de anfetamina é capaz de executar uma atividade qualquer por mais tempo, sentindo menos cansaço. Este só aparece horas após o fim do efeito da droga e se nova dose é tomada, o cansaço desaparece, todavia com menor intensidade, isto porque há a tolerância farmacológica e o resultado é que são necessárias doses cada vez maiores para a produção do bem-estar já alcançado.
De qualquer maneira a anfetamina faz com que um organismo reaja acima de suas capacidades, exercendo esforços excessivos, prejudicando, a médio e longo prazo, a saúde do usuário.
Ao parar de tomar a droga, a pessoa sente uma grande falta de energia (astenia) ficando bastante deprimida, não conseguindo realizar tarefas comuns feitas normalmente antes do vício. O sono é pouco reparador.
É muito comum o uso de mais de um comprimido de uma só vez e nesses casos começam a aparecer agressividade, irritação, suspeição de que todos estão tramando contra si, é o chamado delírio persecutório e, dependendo do excesso da dose e da sensibilidade da pessoa, pode aparecer um verdadeiro estado de paranoia e até alucinações.
Overdoses fatais, no entanto, são raras e a dosagem letal ainda é desconhecida, sendo que os usuários habituais podem chegar até 1000 miligramas por dia. O grande problema é a associação com álcool e outras drogas.
Quando há intoxicação grave a respiração é superficial e pode ocorrer até colapso circulatório. Com o passar do tempo o usuário pode apresentar dores de cabeça, náuseas, insônia, acessos de contrações musculares, anorexia e atividade motora excessiva. O que se tem notado mais recentemente é o aumento de açúcar no sangue e diminuição da sensibilidade à dor.
Efeitos Crônicos
Como o efeito da droga é pouco duradouro e termina em depressão, o usuário é levado a tomar doses seguidas e vai aumentando a quantidade de ingerida à medida que o organismo vai se acostumando à droga.
O ciclo de abuso e dependência pode criar uma reação tóxica no organismo, conhecida como psicose anfetamínica, que pode durar algumas semanas, com irritabilidade, insônia, alucinações e, eventualmente, morte.
Ao contrário do que se pensa, a droga causa dependência psicológica, exigindo permanente apoio clínico e psicológico para superar a síndrome de abstinência. Trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso continuado de anfetamina pode levar à degeneração de determinadas células do cérebro, o que indica a possibilidade de lesões.
Efeitos no comportamento
A anfetamina aumenta a atividade física e produz inquietação na maioria dos indivíduos. O usuário torna-se agitado e incapaz de permanecer sentado. Se confinado a uma pequena área apresenta ansiedade por se sentir preso e insiste em sair.
Anfetaminas também levam o usuário a falar sem parar sobre os assuntos mais variados, fala com tanta rapidez que fica muito difícil compreender o que ele diz, muda de assunto seguidamente até que a conversa perca o sentido.
Os efeitos mais comuns do estímulo cerebral por anfetamina são: a euforia, rapidez nas reações, aumento da autoestima e da autoconfiança. A pessoa sente-se menos cansada e com o raciocínio mais claro, embora pense que seu desempenho melhorou, na realidade, sua atividade mental reduziu.
A verdade é que a anfetamina reduz a eficiência em qualquer trabalho que envolva raciocínio e criatividade. A autoconfiança se baseia no estímulo cerebral produzido, não significando que a eficiência no trabalho tenha sido alcançada.
Efeitos no cérebro e no corpo
Células especiais chamadas neurônios compõem o cérebro. Esses neurônios são agrupados em padrões e localizações específicas, funcionando como estações retransmissoras que regulam as inúmeras atividades do organismo.
Os compostos químicos usados nesse processo são denominados neurotransmissores, pois são responsáveis pelas comunicações entre os neurônios.
Cerca de trinta diferentes tipos de neurotransmissores já foram encontrados no cérebro, sendo que os mais importantes para a produção dos efeitos das anfetaminas são a noradrenalina e a dopamina.
Efeitos no coração e nos vasos sanguíneos
Os efeitos das anfetaminas sobre o coração e vasos sanguíneos dependem da dose tomada. Após pequenas doses, de 5 a 10mg, a pressão sanguínea se eleva. Essa elevação é registrada pelo cérebro, que envia sinais ao coração para que bata mais devagar.
Doses maiores de 25mg agem diretamente sobre o coração, aumentando o ritmo e a força das contrações, essa é a taquicardia ou aceleração dos batimentos cardíacos. Disritmias podem decorrer da utilização de mais que 100mg.
Doses extremamente altas de anfetaminas podem causar danos permanentes aos vasos sanguíneos, que irrigam o córtex cerebral, bem como o rompimento desses vasos, trazendo consequência fatal como um derrame com risco de paralisia permanente.
Efeitos na gravidez
As mulheres em geral percebem a gravidez quando há um atraso da menstruação, mesmo assim, até a comprovação, geralmente continuam a tomar a anfetamina, ou porque querem continuar o regime de emagrecimento ou pelo vício.
Nos primeiros estágios da gravidez, o embrião cresce e se desenvolve muito rapidamente e qualquer distúrbio durante essa fase pode levar à sua intoxicação, à má formação e ainda a um grande número de anormalidades.
O feto, por ser muito pequeno, é altamente vulnerável a drogas e as doses tomadas pela mãe para ele são muito grandes, na medida em que seu fígado ainda não se desenvolveu o suficiente. Os efeitos maléficos das anfetaminas no feto são irreversíveis.
Um efeito colateral muito comum notado nos recém-nascidos, filhos de mães usuárias de anfetaminas, é o choro insistente, bem como o diagnóstico de fissura anorretal, produzida pela grande acidez das fezes, em razão da presença residual da anfetamina passada pela mãe via placenta.
A suspensão do uso não diminui em nada os danos já causados na criança. A vulnerabilidade dos filhos de usuárias ou ex-usuárias, frente às drogas é muito grande, exigindo cuidados e atenção especiais.
A ideia da mãe de que tenha sido suficiente haver parado no momento que descobriu a gravidez é totalmente enganosa!
Quando o uso se torna abuso
A questão envolve a forma de como a pessoa consegue lidar com seus problemas: depressão, baixo nível de autoestima ou necessidade de integrar- se a um grupo de amigos. O usuário, dificilmente pensa que é dependente.
Normalmente pensa que pode parar quando quiser. Não sou viciado e por que devo parar, se as drogas me fazem sentir tão bem? O usuário compara as drogas alegando que a outra vicia, mas, a sua droga, ele pode abandonar facilmente.
A família sempre hesita em interferir, mesmo tendo alguma suspeita. Quando o abuso chega a causar impacto na família, o problema da anfetamina já está muito sério. É hora de procurar aconselhamento familiar, ajuda profissional ou a polícia, se houver violência.
Estágios do uso indevido de anfetamina Uso ocasional
Consiste no consumo de uma ou duas vezes por semana, em baixas doses, de 5 a 20 mg., o que corresponde a quatro bolinhas. Nesse estágio, o indivíduo usa a anfetamina com o objetivo de evitar fadiga, recuperar-se de uma ressaca, elevar o ânimo durante o cumprimento de tarefas importantes ou simplesmente para ficar alegre.
Uso constante em baixas doses
Os usuários obtêm normalmente suas bolinhas com receita médica para controle de peso, mas passam a tomar doses maiores, três a quatro vezes a recomendada, procurando assim sustentar um estado de euforia.
A anfetamina produz efeitos lentamente, ao contrário da cocaína que age rapidamente. Aquele que usa anfetamina não experimenta mudanças rápidas da euforia para a depressão e de novo para a euforia, como no caso da cocaína. Para manter o efeito da cocaína seria necessário tomar uma dose a cada meia hora. Já os efeitos da anfetamina duram por várias horas.
Com o uso diário de anfetamina, o indivíduo começa a acreditar que não sobrevive sem ela e, quando há dificuldades para dormir, compensa com o uso de depressores como o álcool ou barbitúricos, sendo esse tipo de comportamento muito comum e bastante perigoso.
Uso em altas doses
Corresponde ao consumo de doses de 400 a 1000 mg por via intravenosa, o que é ainda mais perigoso. Esse estágio caracteriza-se por uma aceleração logo após a injeção, seguida por exaustão e reação depressiva. As injeções podem ser repetidas a cada duas ou três horas, por vários dias seguidos, tornando o comportamento do usuário violento.
Depois, cai no cansaço, para de se injetar entrando em exaustão. Nessa fase não é raro o usuário dormir por dois ou três dias. A sintomatologia seguinte é a depressão a letargia e a debilitação física, que podem durar dias ou semanas, sendo possível, nessa fase o usuário injetar-se novamente para sair do estado de depressão.
A anfetamina e o vício
Toda pessoa que fica viciada, para obter o efeito que experimentou na primeira vez que usou a droga, necessariamente aumenta a dose a ser ingerida. A essa necessidade orgânica dá-se o nome de tolerância. No caso da anfetamina o processo é igual. Sua tolerância leva a uma diminuição quanto a sensibilidade à droga e o consumidor tem que aumentar suas doses, em cinquenta ou cem vezes mais para atingir o efeito desejado.
Não é muito conhecido ainda o processo pelo qual o organismo humano cria a tolerância, mas sabe-se que a anfetamina provoca mudanças nos neurônios e nas enzimas do fígado. Uma pequena dose inicial provoca a ativação de certo número de neurônios, mas o seu uso continuado, inibe essa ativação provocando a necessidade do aumento da dosagem usada.
A verdade é que nem sempre o vício está associado à tolerância. Mas há certeza que o vício é provocado pela dependência do organismo, ou seja, há o vício quando o organismo para funcionar, exige o uso continuado da droga.
A OMS estabeleceu alguns critérios para o diagnóstico de dependência, que são:
  • Um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância;
  • Dificuldade de controlar o comportamento de consumir a substância em termos de seu início, término ou níveis de consumo;
  • Um estado de abstinência fisiológico quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, evidenciado pela vivência de sintomas físicos ou psicológicos desagradáveis ou uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar os sintomas da abstinência;
  • Evidencia de tolerância, de tal forma que doses crescentes de substâncias são requeridas para alcançar os efeitos originariamente produzidos por doses mais baixas;
  • Abandono progressivo dos prazeres e interesses alternativos em favor do uso da substância, aumento na quantidade se necessário para obter ou usar a substância ou para se recuperar de seus efeitos;
  • Persistência do uso a despeito de evidências claras de consequências nocivas devido ao uso das substâncias.
Síndrome de abstinência
A síndrome de abstinência surge quando o viciado suspende o uso da droga e passa a sofrer distúrbios físicos e comportamentais, sintomas esses que desaparecem completamente assim que o viciado usa novamente a droga. Em geral pode-se citar tremores, tonturas, ansiedade, insônia, perda do apetite, delírios, sudorese, convulsões e psicose.
Os sintomas de abstinência da anfetamina variam de pessoa para pessoa, indo desde uma forma amena até uma necessidade incontrolável da droga.
O viciado em anfetamina, experimenta um entusiasmo ou baixa capacidade de avaliação e pode facilmente esconder o seu vício dos que o rodeiam, atribuindo as falhas do seu comportamento ao excesso de trabalho ou a uma irritação temporária.
O dependente mais grave não consegue esconder o vício, pois as suas atitudes fogem de seu controle. Evidencia doenças mentais como a psicose, às vezes tenta suicídio, tem comportamentos que o comprometem socialmente.
Depois de atingir o grau máximo de dependência, dificilmente o viciado em anfetamina se recupera totalmente, mesmo com tratamentos modernos.
Numa fase seguinte, o abstêmio entra numa fase de forte depressão. Nesse período seu comportamento é bastante instável, variando entre irritação, apatia, ansiedade, medos excessivos e obsessões.
Psicose provocada por anfetamina
Um usuário crônico de anfetamina acaba desenvolvendo sinais físicos, comportamentais e mentais da toxidade da droga. A mais extrema manifestação de intoxicação por anfetamina é um estado paranoide chamado de psicose anfetamínica e, durante essa fase, o indivíduo passa a suspeitar de todos e imagina que as pessoas estão preparando armadilhas para pegá-lo. Seu estado de saúde e de higiene pessoal se deteriora.
O comportamento geral é de nervosismo, irritabilidade e inquietação devido à constante estimulação provocada pela droga. Aparenta confusão mental. A qualquer momento pode tornar-se violento e agredir fisicamente a si ou a quem estiver próximo.
Se continuar a tomar a droga pode ter crises de alucinações (percepção sem objeto, em que a pessoa vê, ouve ou sente algo que não existe; o delírio pode ser definido como um falso juízo da realidade, em que o indivíduo passa a atribuir significados anormais aos eventos que ocorrem à sua volta); é com muita facilidade, confundido com esquizofrênico paranoide.
O indivíduo intoxicado por anfetamina não se convence que a droga é responsável por suas percepções, estado de alerta constante, curiosidade e medos incontroláveis.
As pessoas que passam pela psicose anfetamínica revelam alucinações visuais e auditivas que não se confundem com as provocadas pelo L.S.D. e nem pela esquizofrenia. A característica encontrada mais frequente na psicose anfetamínica é a ocorrência de alucinações táteis: a pessoa acredita possuir vermes ou insetos em seu corpo.
Nos casos mais graves o usuário diz que sente os cristais de anfetamina sob a pele. Está sempre se coçando, se arranhando, se fere, chega a usar facas e navalhas para permitir a saída dos bichos do corpo.
Anfetamina e comportamento violento
Os primeiros casos de violência relacionada com o uso de anfetamina começaram a surgir no final da década de 1950, quando essa droga se alastrou por via intravenosa na Califórnia, EUA.
Em 1963 as fontes legais da droga passaram a ser controladas pelas autoridades surgindo o mercado negro abastecido por laboratórios de fundo de quintal. Como altas doses eram injetadas nas veias o efeito que acabou surgindo foi o delírio de perseguição, e, como muitos andavam armados, o aumento da violência foi inevitável.
Os viciados se envolviam em crimes para a obtenção da droga e, como as mesmas eram misturadas com inúmeras outras substâncias, na medida em que os usuários descobriam essas misturas, ficavam mais violentos. Percebeu-se assim, que a anfetamina potencializa a tendência a atos de violência.
Ecstasy ou pílula do amor
Em 1912, o laboratório alemão Merck isolou, acidentalmente, o MDMA e em 1914 o patenteou como inibidor do apetite, o qual não chegou a ser comercializado.
Em 1960, foi redescoberto e, sabendo-se que essa era uma droga psicoativa, inúmeros terapeutas passaram a utilizá-la, chegando a afirmar que ela era a penicilina da alma.
De 1977 a 1985 na psicoterapia seu uso foi maravilhoso, pois uma sessão de cinco horas com a droga equivalia a cinco meses de terapia. Em 1984 começou a explosão do ecstasy, nome dado ao MDMA pelos vendedores, por uma questão de marketing.
Até então a droga era vendida legalmente e usada por estudantes americanos. As casas noturnas acabaram substituindo a cocaína por ela, mas, seu uso desenfreado levou as autoridades americanas a considerá-la ilegal, uma vez que representava muito perigo à população.
Em 1987, em Ibiza, na Espanha, ao som da música eletrônica, reuniram-se milhares de jovens, sob o efeito do ecstasy, LSD e haxixe. Esses jovens eram levados ao delírio e em um imenso palco de madeira, começavam a praticar strip-tease, terminando em sexo explícito, sob o aplauso enlouquecido da multidão.
O ecstasy é também conhecido como a droga social, pois, normalmente é utilizada por grupos e não por indivíduos isoladamente. Os comprimidos de ecstasy podem conter apenas MDMA ou anfetamina, cafeína e metanfetamina (ice).
Normalmente seu princípio ativo é o mesmo do LSD. O MDMA possui propriedades alucinógenas e estimulantes, seguido de desinibição. A apresentação é em comprimidos coloridos de formas variadas e identificados por logotipos.
Entre seus efeitos na fisiologia humana pode-se citar a diminuição da reabsorção da serotonina, noradrenalina e dopamina no cérebro causando euforia, bem-estar e alteração na percepção sensorial.
A intoxicação pelo ecstasy pode causar sérios danos à saúde do usuário, tornando evidente uma doença psiquiátrica que existia em estado latente. Seu efeito maléfico reflete-se especialmente no fígado, no coração e no cérebro, comprovado por autópsia feita, na Inglaterra, em sete pessoas, entre 20 e 25 anos, mortas pela ação do ecstasy. Em todas as amostras analisadas, foram observadas grandes extensões de tecido necrosado e sinais de icterícia na pele e nas mucosas.
Em altas doses produz hipertermia, falência hepática; graves riscos cardiovasculares (por isso o grande número de AVC e infartos dentre os jovens). Produz ainda a neurodegeneração e perda de peso.
O uso contínuo pode acarretar a diminuição dos níveis de serotonina, com queda da libido, crises de pânico e depressão crônica.
Uma observação importante a ser feita, consiste na vulnerabilidade que envolve os usuários da pílula do amor, pois eles têm uma sensação de autoconfiança e aumento da impulsividade, e acabam mantendo relações sexuais sem maiores cuidados, o que leva a contrair doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS.
As mulheres tornam-se desinibidas, perdem o pudor e demonstram acentuado desejo para o sexo, de preferência em grupo e com diferentes parceiros. Em altas doses, podem acarretar o flash, um leve orgasmo em todo organismo, parecido com o causado pela heroína. Em realidade não estão fazendo sexo, mas sob a ação da droga, em frenética agitação, despidos e abraçados, rolam uns sobre os outros até a extenuação.
Com o tempo, a verdade é que o ecstasy acaba produzindo no homem a impotência e na mulher a frigidez e apatia sexual. Daí o aumento assustador do uso de um ingrediente extra: o Viagra, o mais popular medicamento para disfunção erétil. Os sintomas do ecstasy, puro ou misturado, lembram os da psicose. Muitos viciados têm sido classificados, erroneamente, como doentes mentais esquizofrênicos ou paranoicos.
Usuários de ecstasy são integrantes da classe média; jovens; heterossexuais; solteiros; nível superior; frequentadores de festas rave; admiradores de músicas eletrônicas; usuários de outras drogas; uso em companhia de outros jovens, principalmente nos fins de semana e nas férias; adquirem as drogas no local das festas rave e em locais de lazer noturno, geralmente de amigos e conhecidos.
Visando maior efeito, o ecstasy está sendo misturado com morfina e cocaína, ou mesmo com heroína e cocaína, ou, mais recentemente, com heroína e LSD. Muitas vezes o traficante vende simples adrenalina ou MDMA como se fosse ecstasy. A duração de seu efeito, em média, é de oito horas, mas isso pode variar de pessoa para pessoa, porque as enzimas que eliminam a droga não estão presentes nas mesmas quantidades em todas as pessoas.
Aqueles que possuem maior quantidade de enzima metabolizadora eliminam mais rapidamente. A previsão do tempo de duração da atividade não é precisa por causa dos metabólitos ativos, ou seja, mesmo o ecstasy tendo sido metabolizado, os produtos dessa metabolização continuam exercendo atividade psicoativa como se fosse o próprio ecstasy.
Assim um efeito não necessariamente agradável, pode se prolongar por mais de oito horas. Quaisquer das misturas citadas representam um coquetel explosivo, comprovando não ter limite a busca desse mundo maravilhoso, que só existe na imaginação dos doentes.
Cápsula do vento
Tem o nome de cápsula do vento por ser composta de pequenas quantidades de um pó branco acondicionado em cápsulas transparentes.
Esse tipo de droga se tornou um grande problema na Europa, considerando a grande facilidade de fabricação em fundo de quintal, com muitas impurezas e o uso de substâncias altamente tóxicas e perigosas.
A partir da apreensão dessa droga em São Paulo, na posse de universitários, percebeu-se que o perfil dos traficantes de drogas sintéticas está se modificando. Pouco se sabe sobre ela, assemelha-se ao LSD, é uma droga sintética alucinógena cujo efeito, segundo consta, pode durar até 30 horas. É tomada por via oral, podendo causar pânico, paranoia e alucinações, por isso é denominada a droga do medo, uma das outras formas como é conhecida.
Todavia essas sensações dependem do estado de humor do usuário e da quantidade tomada. É estimulante e alucinógena. Tomada em altas doses, causa perda de memória, violência desmedida e irracional. Como o início de seu efeito não é tão imediato, no começo, os usuários desconfiados de sua ação, pois não viam o interior da cápsula, tomavam mais de uma, o que os levava a permanecer dias sob o efeito da droga apresentando graves quadros de paranoia e alucinações.
A produção dessas drogas é estimada em mais de 500 toneladas por ano, sendo que cerca de 70 milhões de pessoas fizeram uso nos últimos 12 meses. O que representa cerca de 1% da população mundial. A sua fabricação é muito fácil, sendo possível produzi-las em pequenos laboratórios e de acordo com o gosto e público alvo.
Igualmente, percebeu-se que essas drogas são consumidas, principalmente, por jovens entre 14 a 30 anos (mudando rapidamente essas idades, para menos de 14 anos e mais de 30 anos), com grau de instrução superior, ou correspondente à sua idade, pertencentes a classe média, média alta e alta.



Barbitúricos
Barbitúricos são analgésicos potentes que retardam o sistema nervoso central, classificados como sedativo-hipnóticos. Barbitúricos foram prescritos por médicos, para o tratamento da insônia, ansiedade, stress e epilepsia. Alguns barbitúricos foram utilizados como anestésico em intervenções cirúrgicas de curta duração.
Eles perderam sua popularidade com o advento dos benzodiazepínicos, ansiolítico-hipnótico com uma maior margem de segurança.
Anti-histamínicos
Os anti-histamínicos são moléculas que reduzem os efeitos da histamina, um mediador químico liberado durante as reações alérgicas e inflamação. Os efeitos colaterais de alguns, particularmente as de anti-histamínicos H1, incluem sedação e atividade leve a moderada sobre a ansiedade.
Benzodiazepínicos
São eficazes para o tratamento da insônia, relaxamento muscular, contra a ansiedade, agitação, convulsões, crises epilépticas, ou na retirada do álcool. Benzodiazepínicos atuam no neurotransmissor GABA, aumentando os seus efeitos: reduzir a hiperatividade e ansiedade. Seu uso deve ser cuidadoso e acompanhado por cuidados médicos pois também vicia.
LSD
O LSD, ou mais precisamente LSD25, é um composto cristalino, que ocorre naturalmente como resultado das reações metabólicas do fungo Claviceps purpurea, relacionado especialmente com os alcaloides produzidos por esta cravagem.
Foi sintetizado pela primeira vez em 1938 e, em 1943, o químico suíço Albert Hofmann, enquanto trabalhava na Sandoz, acidentalmente descobriu os seus efeitos, de que se tornou entusiasta até sua morte aos 102 anos. Causa alterações sensoriais de variação inesgotável e imprevisível.
Os efeitos psicológicos, durante e após o uso do LSD, podem ser devastadores (pânico, desencadeamento de psicose, estresse pós-traumático, síndrome serotoninérgica entre outros).
É consumido por via oral, absorção sublingual, injetada ou inalada. A substância age sobre os sistemas neurotransmissores serotoninérgicos e dopaminérgicos.
O LSD pode provocar ilusões, alucinações (auditivas e visuais), grande sensibilidade sensorial (cores mais brilhantes, percepção de sons imperceptíveis), sinestesias, experiências místicas, flashbacks, paranoia, alteração da noção temporal e espacial, confusão, pensamento desordenado, despersonalização, perda do controle emocional, sentimento de bem-estar, experiências de êxtase, euforia alternada com angústia, pânico, ansiedade, dificuldade de concentração, perturbações da memória, psicose por má viagem (bad trip).
Podem ainda ocorrer náuseas, dilatação das pupilas, aumento da pressão arterial e do ritmo cardíaco, debilidade motora, sonolência, aumento da temperatura corporal durante a atividade da droga. Esses efeitos são atribuídos à alteração temporária do sistema nervoso central e não à ação da substância sobre a massa corpórea como um todo.
Boa noite cinderela
O boa noite cinderela, também conhecido por rape drugs (drogas de estupro), é o nome dado a um golpe no qual um sujeito, geralmente simpático e de boa aparência, coloca um coquetel de drogas, como o ácido gama-hidroxibutírico, na bebida de outra pessoa.
Encontradas na forma de comprimidos ou gotas; tais drogas depressoras do sistema nervoso central, ao serem ministradas juntamente com bebidas alcoólicas alteram o nível de consciência por até três dias, deixando a vítima vulnerável o suficiente para ser roubada e/ou violentada. Além disso, podem causar intoxicação ou morte por desidratação.
Por se dissolverem facilmente; e serem incolores e inodoras, identificar um copo que recebeu tais doses é tarefa quase impossível.
De ocorrência relativamente frequente, este golpe ocorre geralmente em festas, boates, bares e praia; tendo como efeitos iniciais os mesmos que o uso de álcool. Em um segundo momento, o indivíduo sente-se sonolento e com dificuldades de reagir a ameaças físicas e/ou psicológicas, obedecendo basicamente a todos os comandos ditados pelo golpista.
Devido ao constrangimento das vítimas e também à falta de clareza quanto à sucessão dos fatos, poucas são as pessoas que registram queixas relacionadas a este golpe em delegacias de polícia. Assim, as estatísticas são subestimadas, e a ação da polícia é restrita.
Para evitar ser vítima deste tipo de crime, tenha cautela: não leve desconhecidos até sua casa, não aceite bebidas de estranhos, e não descuide de seu copo! E melhor ainda, se conseguir, NÃO BEBA.
Outras drogas sintéticas
Quetamina (Special-K): Anestésico de uso veterinário e humano na forma líquida ou cristal branco que é aspirado. Foi produzido nos anos a partir da década de 1960.
GHB (ácido gama-hidroxibutírico): É usado na forma de sal ou diluído em água (conhecido como ecstasy líquido). Inicialmente foi produzido como anestésico, e a partir da década de 1960 como droga alucinógena.
GLB (Gama-butirolactona). Derivado do GHB, utilizado com a mesma finalidade.
PCP (Cloridrato de eniciclidina). Pó branco cristalino solúvel em água que surgiu nos anos 70. É inalado, ingerido ou injetado.
Cetamina. Droga anestésica derivada do PCP para uso veterinário e humano produzida em 1965, utilizada como alucinógeno.
DOB (2,5-dimetoxi-4-bromoanfetamina). Conhecida desde 1967. É um derivado da anfetamina, podendo ser usado como base para a produção do ecstasy.
PMA (Para-metoxianfetamina). Anfetamina modificada.
PMMA (Para-metoximetilanfetamina). Anfetamina modificada produzida com o nome de Mitsubishi
2-CB (4-bromo-2,5-dimetoxifenetilamina). Conhecida como nexus tem efeito psicodélico semelhante ao LSD.
2-CT-7 (2,5-dimetoxi-4(n)-propiltiofenetilamina) com efeito psicodélico semelhante ao LSD. O D-CB e o 2-CT-7 foram produzidos na década de 70.
4-MTA (4-metiltioanfetamina) (flatliner) é uma anfetamina modificada produzida nos anos 70.
ICE: Uma anfetamina modificada. Um cristal branco semelhante ao gelo. Pode ser injetado, ingerido ou inalado. Surgiu nos anos 80.
Anabolizante: Versão sintética da testosterona. Comprimidos ou ampolas. Via oral ou intramuscular para aumentar a massa corporal.
MPTP (1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridina) – Surgiu na década de 80 provocando sintomas semelhantes ao mal de Parkinson.
Cola de Sapateiro
Cola de sapateiro é uma mistura de solventes orgânicos, entre eles o tolueno (ou o xileno), originalmente produzida para ser usada como adesivo para couros e borrachas, mas indevidamente utilizada como droga psicoativa.
Mecanismo de ação e efeitos
Os solventes que entram na composição da cola de sapateiro são lipossolúveis, isto é, dissolvem-se em gorduras.
Uma vez inalados por via oral ou respiratória, atravessam a membrana hemato-encefálica e atingem rapidamente o cérebro, provocando alterações do estado de consciência que vão desde leves tonturas até fortes depressões do sistema nervoso central.
A ação do tolueno sobre o sistema nervoso provoca um sentimento de gratificação e entorpecimento, associado a vertigem e tontura, que começa em poucos minutos e pode durar até quase uma hora. Muitos usuários descrevem como sintomas a ocorrência de ilusões, sonolência, perda ou redução de inibições, sensação de estar flutuando e eventualmente amnésia.
Reação do organismo
O metabolismo hepático transforma o tolueno em ácido benzoico, eliminando-o pelos pulmões, ou mais lentamente pela urina, na forma de ácido hipúrico. Como o organismo reage rapidamente, gerando tolerância à dose administrada, torna-se necessário um aumento da dose para obter o mesmo efeito na próxima vez, formando-se o ciclo da dependência.
Pesquisas recentes com tomografias cerebrais mostraram que o tolueno absorvido pelo organismo se dirige às mesmas regiões do cérebro e age de maneira muito semelhante à da cocaína.
Situação legal
No Brasil, em junho de 2006, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a venda de cola de sapateiro para menores de 18 anos.
Desde 2003, tramita na Câmara Federal um projeto de lei visando substituir gradualmente o uso da cola de sapateiro por adesivos à base de água. Mas a indústria calçadista brasileira argumenta que ainda não há tecnologia para isso, e que a substituição prematura do adesivo tradicional provocará aumento de custos, devolução de calçados defeituosos e queda nas exportações.
Os efeitos da inalação da cola de sapateiro
Ela pode ser consumida por pessoas que desejam sentir os seus efeitos, como crianças de rua que a inalam, geralmente, para diminuir a sensação de dor, de frio e de fome.
A cola de sapateiro está classificada entre as drogas depressoras do sistema nervoso central e os seus efeitos, como os dos demais inalantes podem ser divididos em quatro fases:
1ª fase: Excitação, que é a desejada, na qual a pessoa fica mais eufórica, ocorrendo também tonturas, perturbações auditivas e visuais, náuseas, espirros, tosse, salivação e rubor nas faces.
2ª fase: Depressão inicial do cérebro - sistema nervoso central (SNC), que deixa a pessoa confusa, desorientada, com a voz pastosa, a visão embaçada e com perda de autocontrole, dor de cabeça e palidez.
3ª fase: Aprofundamento da depressão do cérebro (SNC), com redução acentuada do estado de alerta, incoordenação ocular e motora, fala engrolada, reflexos deprimidos, podendo haver alucinações.
4ª fase: Depressão profunda do SNC (sistema nervoso central), que pode levar à inconsciência, queda de pressão, sonhos estranhos, convulsões e, em certos casos, ao coma e à morte.
A inalação frequente de cola de sapateiro pode levar à dependência, sendo bastante evidentes os seus componentes psíquicos, como o desejo de usar e a perda de outros interesses. O uso crônico desta substância pode causar problemas irreversíveis no cérebro, apatia, dificuldade de concentração e déficit de memória, além de lesões na medula óssea, fígado, rins e nervos periféricos.
Como é o tratamento das dependências químicas
O tratamento da doença da dependência é bastante simples, na verdade, desde que o paciente já tenha se conscientizado de sua doença e realmente esteja disposto a entrar em recuperação, apesar das dificuldades envolvidas. Simples, no entanto, não quer dizer fácil, e se o paciente não está disposto a enfrentar o tratamento de frente, não conseguirá a recuperação.
Uma vez que o paciente esteja desejando o tratamento, o primeiro passo é a abstinência total de qualquer droga potencialmente causadora de dependência, mesmo que o paciente não seja um usuário costumaz ou descontrolado da droga.
O tratamento da Dependência Química não é somente parar de beber ou de usar outras drogas, mas, enquanto continuar usando qualquer droga, com qualquer frequência, o paciente não estará em recuperação.
Invariavelmente, os primeiros dias sem a droga são difíceis, pois o corpo e a mente do dependente exigem a droga. Os sintomas de abstinência real, física, têm curta duração: em 5 a 10 dias, o corpo já esqueceu da droga.
Qualquer sintoma de abstinência depois do 10° dia de abstinência total são de natureza psicológica ou sintomas de algum distúrbio físico ou mental desenvolvido durante o uso da droga e não percebido durante a ativa.
Na primeira semana de abstinência do álcool, que pode ser muito grave, ou quando o dependente de qualquer droga desenvolva sintomas psiquiátricos potencialmente ameaçadores ou muito desconfortáveis, o médico geralmente entrará com medicação.
Esta medicação não é para o resto da vida, mas para um período de tempo variável. Um psiquiatra acostumado a tratar dependentes químicos pode empregar o esquema de suporte medicamentoso mais adequado ao caso.
O paciente deve entender que a medicação é somente uma muleta química para os primeiros tempos, e não o tratamento. Tampouco deve esperar que o remédio lhe resolva todos os problemas. Mesmo com o esquema mais adequado, ainda podem persistir sintomas.
A medicação evita que um quadro grave não se desenvolva e retira os sintomas mais grosseiros. Desde o primeiro comprimido, o dependente deve entender que não deve substituir a droga de abuso pela droga médica, e que medicação não pode resolver problemas de vida.
Algumas vezes, o paciente alcoolista tem risco ou desenvolve quadros de abstinência graves, ou está com a saúde tão debilitada pelo álcool que se espera complicações físicas. Nestes casos, ele necessitará de uma internação para desintoxicação.
Em alguns casos, apesar da medicação, o paciente tem dificuldade de se manter longe da droga. Nestes casos, é sugerido ao paciente que considere uma internação em hospital psiquiátrico, para que consiga vencer os primeiros tempos de abstinência. Esta internação é mais longa, geralmente oscilando entre 30 a 90 dias.
Em outros casos ainda, o paciente, mesmo em abstinência, apresenta algum transtorno mental mais grave, por exemplo, com risco de suicídio ou confusão mental. Nestes casos, também se sugere a internação em hospital psiquiátrico.
Frequentemente, familiares e amigos bem-intencionados querem internar o paciente contra sua vontade. Os benefícios desta atitude são questionáveis. Embora realmente uma minoria dos pacientes internados à força acordem para a necessidade de tratamento após um período de afastamento forçado da droga, geralmente estas internações involuntárias são pouco efetivas.
Se o paciente apresenta grave transtorno mental, que, na opinião do médico e de seus familiares, limite sua capacidade de decidir por si mesmo, a internação involuntária pode ser realizada, sempre de acordo com a lei. Nestes casos, no entanto, não se trata de uma internação psiquiátrica para tratamento da Dependência Química, mas do transtorno mental relacionado a ela ou não.
Desde o primeiro dia de tratamento, o paciente deve estar consciente de que precisará de tratamento não-medicamentoso pelo resto de sua vida, se desejar a recuperação.
Este tratamento pode ser feito em grupos de mútua ajuda (como os AA - Alcóolicos Anônimos e os NA- Narcóticos Anônimos) ou em grupos de apoio à abstinência em serviços de tratamento especializado em dependência química. Não importa como o paciente deseja fazer seu tratamento, a grupo terapia é fundamental.
Vencida a abstinência inicial, o paciente provavelmente já estará sem medicação, a não ser que algum quadro psiquiátrico se desenvolva que necessite de medicação não-indutora de dependência. Recomeçará, aos poucos, a remontar sua vida sem a droga.
Muitas vezes, a ajuda psicoterapêutica individual pode auxiliar o paciente nesta remontagem de vida. No entanto, somente a psicoterapia individual, sem o suporte grupal, dificilmente dá bons resultados. O paciente deve procurar um psicoterapeuta acostumado a tratar de dependentes químicos.
Finalmente, alguns pacientes necessitam de tratamentos mais prolongados em uma instituição, devido à grave situação psicossocial em que se encontram, que lhes impede de manter a abstinência e a recuperação na grande sociedade. Para estes pacientes, é recomendado o ingresso em uma Comunidade Terapêutica.
Os familiares do dependente, ou seja, todas aquelas pessoas que vivem em intimidade com o paciente, também necessitarão de orientação e tratamento específico.
O dependente químico em recuperação
O dependente químico em recuperação é a pessoa que tem uma doença incurável, por isso o dependente está em recuperação pela vida toda, é como se fosse um diabético, não tem cura.
Na doença da dependência química não existe culpado, somente responsável, a culpa termina nela própria, e a responsabilidade começa nela própria.
Não sou culpado pela doença, mas sou responsável pelo tratamento e o estar em recuperação.
O primeiro passo para estar em recuperação é parar de usar, não podemos esperar que algo funcione para nós se as nossas mentes e corpos ainda estiverem intoxicados pelo álcool e outras drogas.
O psicólogo Carl Rogers demonstra que em todo organismo, em qualquer nível, existe um movimento em direção ao crescimento. Esse processo é denominado de tendência de realização. Esta tendência de realização pode ser impedida, mas não destruída, a não ser que se destrua o organismo. Por isso afirmamos categoricamente que a dependência química não é uma condição sem esperança, e que existe o tratamento e o estar em recuperação.
Síndrome de abstinência psicológica
Ansiedade, alteração do humor, agressividade, angústia, irritabilidade, tensão, desorientação no tempo e no espaço, convulsões, paranoia, depressão primária, memória - confusão mental, concentração, raciocínio, lapsos de memória, crise de identidade.
Síndrome de abstinência física
Alucinações e delírios, dor de cabeça, cãibras, sudorese, dores musculares, tremores, fadiga, oscilação da pressão arterial, taquicardia, febre, náuseas, vômitos, diarreia ou intestino preso, falta de apetite. O dependente após período de tratamento e ao estar em recuperação, começa a construir a sua autoestima.
Indo às reuniões de recuperação dos grupos de mútua ajuda, aprendemos o valor de conversar com outros dependentes que compartilham dos nossos problemas, esperanças, metas, e reconhecemos que um dependente pode compreender e ajudar melhor outro dependente.
Na recuperação o dependente além de frequentar as reuniões dos grupos de mútua ajuda, deve fazer terapia com psicólogos, porque a psicoterapia visa ajudá-lo a se conhecer melhor, e ajudar no combate ao hábito obsessivo e compulsivo da doença.
Em recuperação serão apresentados princípios espirituais, como a rendição que é a aceitação da nossa doença e começamos a acreditar, a um nível mais profundo, que também nós podemos nos recuperar e ficamos abertos à mudança, verdadeiramente ocorre a rendição. A rendição significa que não temos mais que lutar.
Estamos dispostos a fazer o que for necessário para ficarmos limpos e abstinentes, a tentar um novo modo de vida e até a fazer o que não gostamos.
Quando o dependente admite a sua impotência perante as drogas e que perdeu o domínio da sua vida, abre a porta para que um Deus maior que nós nos ajude. Não é onde estávamos que conta, mas para onde estamos indo que importa.
Colocamos a vida espiritual em primeiro lugar e aprendemos a usar esses princípios espirituais como a paciência, tolerância, humildade, mente aberta, honestidade e boa vontade nas nossas vidas diárias. São atitudes novas que nos ajudam a admitir os nossos erros e pedir ajuda.
Em recuperação os fracassos são apenas contrariedades temporárias, as crises são, assim, oportunidades para fazer crescer a bagagem de vida, de se ficar mais sábio e aumentar o crescimento espiritual. Aprendemos que os conflitos são parte da realidade, e aprendemos novas maneiras de resolvê-los, em vez de fugir deles.
Aprendemos que, se uma solução não for prática, ela não é espiritual. No passado, transformávamos as situações em problemas; fazíamos uma tempestade de um copo d’água. Foram as nossas grandes ideias que nos trouxeram aqui.
Em recuperação, aprendemos a depender de um Deus maior do que nós. Não temos todas as respostas ou soluções, mas podemos aprender a viver sem drogas em um novo modo de vida. Podemos nos manter limpos e apreciar a vida como ela é, se nos lembramos de viver SÓ POR HOJE. Não somos responsáveis pela nossa doença, apenas pela nossa recuperação.
À medida que começamos a aplicar o que aprendemos, nossas vidas começam a mudar para melhor. Descobrimos que nos tornamos capazes de receber assim como de dar. Passamos a conhecer a felicidade, alegria e liberdade. Não existe um modelo de dependente químico em recuperação. Mas sonhos perdidos despertam e surgem novas possibilidades.
A recuperação torna-se um processo de aproximação, perdemos o medo de tocar e de sermos tocados. Aprendemos que um simples abraço amigo pode fazer toda a diferença do mundo, quando nos sentimos sozinhos. Experimentamos o verdadeiro amor e a verdadeira amizade.
Como dependente em recuperação, temos dificuldades com a aceitação, que é essencial à nossa recuperação.
Quando nos recusamos a praticar a aceitação, ainda estamos, de fato, negando a nossa fé num Deus maior que nós. Essa preocupação demonstra falta de fé. A rendição da nossa vontade por drogas põe-nos em contato com Deus, que preenche o vazio dentro de nós, que nada podia preencher.
Aprendemos a confiar na ajuda de Deus diariamente. Viver SÓ POR HOJE alivia a carga do passado e o medo do futuro. Aprendemos a tomar as atitudes necessárias, e a deixar os resultados nas mãos de um Deus maior do que nós.
Gradualmente, à medida que nos centramos mais em Deus, do que em nós mesmos, o nosso desespero se transforma em esperança. A mudança também envolve essa grande fonte de medo, o desconhecido. O nosso Deus é a fonte de coragem que precisamos para encarar este medo. Tudo o que conhecemos está sujeito a revisão, especialmente o que sabemos sobre a verdade.
Reavaliamos as nossas velhas ideias, a fim conhecermos as novas ideias que levam a uma nova maneira de viver.
Reconhecemos que somos humanos com uma doença física, mental e espiritual. Quando aceitamos que a nossa dependência causou o nosso próprio inferno e que existe um Deus disponível para nos ajudar, começamos a fazer progressos na solução dos nossos problemas.
Na oração da serenidade, vemos que algumas coisas temos que aceitar, outras podemos modificar, e a sabedoria para perceber a diferença entre aceitar e modificar vem com o crescimento espiritual. Se mantivermos diariamente a nossa condição espiritual, será mais fácil lidarmos com a dor e a confusão. Esta é a estabilidade emocional de que tanto precisamos.
Qualquer dependente limpo é um milagre. Mantemos o milagre vivo em contínua recuperação através de atitudes positivas. Se, após algum tempo, sentirmos dificuldades com a nossa recuperação, é porque, provavelmente, paramos de fazer alguma das coisas que nos ajudaram nas fases iniciais da recuperação.
Os três princípios básicos são honestidade, mente aberta e boa vontade. A honestidade inicial que expressamos é o desejo de parar de usar drogas, em seguida, admitimos honestamente a nossa impotência e o fato de nossas vidas estarem incontroláveis.
Uma ideia nova não pode ser colocada numa mente fechada, pois isso temos que ter a mente aberta permitindo-nos a ouvir algo que possa salvar nossas vidas.
Permite-nos ouvir pontos de vista diferentes e tirar nossas próprias conclusões. Conduz-nos ao próprio discernimento, o qual nos escapou a vida toda. Aprendemos que é normal não termos todas as respostas, pois assim, podemos ser ensinados e aprender a viver com sucesso. Porém, a mente aberta sem boa vontade não nos levará a lugar nenhum.
Temos que estar dispostos a fazer o que for necessário para nos recuperarmos. Nunca se sabe quando chegará o momento em que precisaremos usar todo o esforço e energia que temos só para nos mantermos limpos.
Honestidade, mente aberta e boa vontade trabalham lado a lado, a falta de um destes princípios espirituais no nosso programa pessoal pode levar à recaída e, certamente, tornará a recuperação difícil e dolorosa.
Existem outras pessoas que nos ajudam a desenvolver uma atitude de amor e de confiança nas nossas vidas, exigimos menos e damos mais. Demoramos para ficar com raiva e perdoamos com mais rapidez.
Onde tem havido o erro, o programa nos ensina o espírito do perdão.
Se nos encontramos numa situação difícil ou sentimos a chegada de problemas, aprendemos a procurar ajuda antes de tomarmos decisões difíceis. Sendo humildes e pedindo ajuda, podemos atravessar os momentos mais duros. Eu não posso, nós podemos!
Começamos a nos conhecer pela primeira vez. Experimentamos sensações novas - amar, ser amado, saber que as pessoas se importam conosco, e sentir interesse e compaixão pelos outros. Damos por nós fazendo coisas que nunca pensamos em fazer, e gostando de fazê-las.
Cometemos erros, e aceitamos e aprendemos com eles. Experimentamos o fracasso e aprendemos a ter sucesso.
Muitas vezes, temos que encarar algum tipo de crise na nossa recuperação, como a morte de um ente querido, dificuldades financeiras, ou um divórcio.
São realidades da vida que não se vão só porque estamos limpos. Alguns de nós, mesmo depois de anos em recuperação, ficam sem emprego, sem casa ou sem dinheiro.
Alimentamos o pensamento de que não está valendo a pena ficarmos limpos e os velhos pensamentos incitam a auto piedade, o ressentimento e a raiva. Não importa o quão dolorosas as tragédias da vida possam ser para nós, uma coisa é certa - não temos que usar drogas, aconteça o que acontecer.
Aprendemos a valorizar o respeito dos outros. Ficamos felizes quando as pessoas passam a contar conosco. Pela primeira vez nas nossas vidas podemos ser solicitados para cargos de responsabilidade na sociedade.
Nossas opiniões são procuradas e respeitadas pelas outras pessoas. Conseguimos apreciar nossas famílias de uma nova maneira e ser de valor para eles e não um fardo ou um embaraço.
Nossos interesses individuais podem se ampliar e incluir questões sociais ou políticas. Passatempos e diversões dão-nos um novo prazer. É uma sensação boa sabermos que, além de sermos úteis aos outros como dependente em recuperação, também temos valor como seres humanos.
Ajudar aos outros é talvez a mais elevada aspiração da alma humana, e levar a mensagem de que existe recuperação para o dependente químico na ativa, pode ser conseguida quando o dependente em recuperação, mostrar através do seu exemplo de que, uma vida em acordo com os princípios espirituais, é realmente a mensagem mais poderosa que podemos transmitir. Voltamos a lembrar que um dependente pode compreender e ajudar melhor a outro dependente.
Em recuperação, nos esforçamos por sentir gratidão, pela contínua consciência de Deus. Sempre que nos encontramos com uma dificuldade que achamos que não conseguimos resolver, pedimos a Deus que faça por nós o que não podemos fazer.
O homem e o espiritual.
Desde cedo muitas crianças mostram uma tendência para identificar os seus pais como primeiro conceito de Deus. Em geral, as crianças tendem a aceitar os conceitos da religião formal, sem duvidar.
À medida que se aproximam da adolescência e começam a questionar a autoridade de todas as coisas, podem revoltar-se contra a Igreja, contra a escola e contra a autoridade dos pais. Outros adolescentes analisam a religião de forma honesta, tentando encontrar uma fonte de satisfação emocional e intelectual.
Experiências recentes mostram que os adolescentes descrevem uma boa consciência, como trazendo paz, alegria e satisfação. Uma má consciência causa sentimento de culpa, inquietação, auto reprovação, ansiedade, medo, remorsos e autocondenação.
Os adolescentes que sofrem de uma má consciência, são tentados a isolarem-se socialmente, evitam contatos pessoais e são mal-humorados e irritáveis sem causa aparente. Em geral, os sentimentos de culpa, conduzem o adolescente a algum tipo de confissão, como um meio de alívio emocional.
Um estudo recente mostra que os adolescentes integrados numa Igreja, apresentam menos preocupações, são menos introvertidos e demonstram um melhor ajustamento às suas famílias, do que os descrentes.
O adolescente recebe vários benefícios do ponto de vista emocional e psicológico, com a sua integração numa igreja. Sentimento de perdão, libertação da culpa através da confissão, a sensação de receber outra chance na vida, redução de tensão, ajustamento pessoal;
O aumento da segurança que resulta da fé em Deus. A confiança em Deus, previne o adolescente do desespero, a crença na imortalidade, liberta-o do medo da morte. Tornar-se membro de um grupo, dá um sentimento de pertença e a possibilidade de construir outras identificações positivas que contribuem para o bem-estar e ajustamento pessoal.
A religião (no sentido vasto da palavra) pode, portanto, ser um fator importante de saúde mental, bem como a base para uma filosofia de vida.
A história mostra-nos como o homem se tem sentido insatisfeito consigo próprio e com os outros ao longo dos séculos. A sua ambição, guerras, desajustes sociais e drogas são bem prova disso. Se o homem não tem um Deus, inventa-o. Mas o fato é que dentro do homem existe uma natureza que o leva a procurá-lo; consideremos:
  • Foi Deus quem colocou esta necessidade no coração do homem. Deus deseja ser o objeto da adoração do homem.
  • Se as pessoas não adorarem Deus, adorarão qualquer outra coisa ou pessoa. Por exemplo: outro deus, outro homem / mulher, um ídolo, uma filosofia, dinheiro, etc. (Ex.32:1-9.)
  • Deus quer que o homem o adore. Para isso criou o Homem para que pudesse ter comunhão.
  • Inconscientemente o homem procura algo espiritual para adorar. (Atos 17:22-27)
O crescimento espiritual é um processo contínuo. Experimentamos uma visão mais ampla da realidade, à medida que crescemos espiritualmente. É possível que o dependente em recuperação esteja extremamente doente mentalmente e ainda assim possua uma vontade de crescer muito forte, neste caso, a cura realizar-se-á através da espiritualidade.
Espiritualidade é a qualidade do relacionamento com o que é mais importante na vida. Eu sou o mais importante, sou eu que persigo essa qualidade de vida, que é formada pelos relacionamentos que tenho.
Quando nos amamos, somos capazes de amar verdadeiramente os outros. O amor é a vontade de se esforçar para crescer espiritualmente. As pessoas genuinamente amorosas são, por definição, pessoas que crescem. Pois a jornada rumo ao crescimento espiritual exige coragem, iniciativa e independência de pensamentos e ações.
Descobrimos que a maneira de continuarmos a ser pessoas produtivas e responsáveis da sociedade é colocarmos a nossa recuperação em primeiro lugar. Só no fato de parar de usar drogas e ter uma postura de bem viver, já estamos contribuindo e sendo produtivos para a sociedade.
A frase de Cristo - Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos, poderia ser traduzida como, Todos nós somos chamados para estar em recuperação, mas poucos escolhem escutar o chamado.

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