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6/10/2016


Estudos ligam uso de maconha a depressão e esquizofrenia

Os estudos levam em conta apenas usuários pesados


Estudos publicados na última edição do British Medical Journal indicam que o uso frequente da maconha pode levar à depressão, principalmente entre garotas adolescentes.

Pesquisadores descobriram também fortes indícios de que a droga pode aumentar consideravelmente os riscos de esquizofrenia.

Os estudiosos afirmam que seus estudos ressaltam a necessidade de reduzir o uso intenso e freqüente de maconha.

Todos os pesquisadores afirmaram que os efeitos negativos estão relacionados ao uso da maconha, não de outras drogas, e destacaram que há poucas provas de que o uso ocasional da droga provoque danos semelhantes.

Suécia

Um dos estudos, conduzido por médicos na Austrália, acompanhou 1,6 mil adolescentes que usavam a droga diariamente e descobriu que elas têm cinco vezes mais chances de sofrerem de ansiedade e depressão.

Aquelas que usam a droga uma vez por semana têm duas vezes mais chances de desenvolver depressão.

Outro estudo, na Suécia, confirmou pesquisas anteriores que indicavam que o uso da maconha aumenta os riscos de depressão.

Na pesquisa, que envolveu mais de 50 mil homens, os médicos descobriram que aqueles que tinham consumido a droga no fim dos anos 60 tinham 30% de chances a mais de desenvolver esquizofrenia.

Os autores disseram que os resultados significam que um em cada oito casos de esquizofrenia na Grã-Bretanha podem ser evitados se o controle sobre o uso de maconha for mais rígido.

O terceiro estudo, desenvolvido entre mais de mil pessoas com cerca de 20 anos, na Nova Zelândia, indica que um em cada dez usuários adolescentes de maconha sofrem de esquizofrenia.

No editorial que acompanha os estudos, Joseph Rey, professor de psiquiatria infantil e adolescente na Universidade de Sydney, na Austrália, disse que as descobertas confirmam estudos anteriores.

"Esses indícios reforçam o argumento de que o uso maconha aumenta o risco de esquizofrenia e depressão", disse Rey.

Mais pesquisas

No entanto, ele acrescenta que mais pesquisas ainda são necessárias.

"Ainda não foi estabelecido se o uso da droga detona o início da esquizofrenia e da depressão em pessoas que já são vulneráveis, ou se ele realmente provoca os problemas em pessoas sem predisposição a eles", explicou.

A ONG britânica Repensar, antiga Sociedade Nacional de Esquizofrenia, disse que as descobertas reforçam a necessidade de uma campanha de educação pública sobre os riscos da maconha.

Cliff Prior, diretor-executivo da instituição, afirmou que os estudos são muito importantes.

"Eles ressaltam como a maconha pode ser o detonador de doenças mentais graves como esquizofrenia e depressão", disse Prior.

"Eles mostram como é importante que mais pesquisas na área sejam desenvolvidas para que pessoas com doenças mentais graves tenham mais chances de recuperar sua qualidade de vida"

"A maconha não é uma droga sem riscos. As pessoas precisam entender os riscos potenciais de se desenvolver doenças mentais", completou.

Marjorie Wallace, diretora-executiva da ONG Sane, que milita pelos doentes mentais, concluiu que a revelação mais importante desses estudos não são as alucinações imediatas que a droga provoca.

"Ela pode levar a sintomas psicóticos e depressão mais tarde", disse Wallace.

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