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6/26/2016

Esquizofrenia

A história sugere que a esquizofrenia atinge a humanidade há milênios, relegando doentes ao isolamento social. Apesar de vastas e profundas pesquisas, o transtorno - caracterizado por comportamento anormal e isolamento emocional - continua sendo um grande mistério.
Cerca de 24 milhões de pessoas no mundo tem esquizofrenia. Aproximadamente 10% das pessoas que têm o transtorno se suicidam. Esquizofrênicos normalmente apresentam sintomas como ilusões, alucinações, obsessão, delírios, além de alterações sociais e emocionais. O mal atinge 56.000 novos casos a cada ano no Brasil.
Embora esteja presente em toda a história da humanidade, o transtorno não havia sido classificado de modo preciso até o fim do século 19. No início do século 20, o psiquiatra alemão Eugen Bleuler criou o nome "esquizofrenia" a partir das palavras gregas "divisão" e "mente" para descrever a doença.
Ele escolheu esse termo baseado na ideia de dupla personalidade, um equívoco comum, principalmente em função de os esquizofrênicos apresentarem uma desconexão com a realidade. Bleuler também se referia à doença usando o termo no plural, considerando que o quadro poderia se apresentar de maneiras diferentes.
Embora normalmente sejam confundidas, a esquizofrenia é diferente do transtorno de dupla personalidade, agora conhecido como transtorno dissociativo de identidade. Normalmente, é difícil distinguir a esquizofrenia de quadros como depressão ou transtorno bipolar.
A esquizofrenia normalmente se desenvolve em homens a partir do fim da adolescência, próximo dos 20 anos, e nas mulheres por volta dos 25 a 30 anos. Sintomas de esquizofrenia podem se desenvolver gradualmente ou rapidamente.
Os sintomas normalmente são classificados como positivos ou negativos, no entanto, a razão desses nomes não tem relação com o fato de os sintomas serem bons ou ruins. Na verdade, sintomas positivos se referem às formas distorcidas ou exageradas de atividade normal, como por exemplo:
·         Ilusões
·         Alucinações
·         Discurso desorganizado
·         Atividades motoras sem propósito ou falta de atividade (conhecida como comportamento catatônico)
Por outro lado, os sintomas negativos se referem aos que apresentam ausência de comportamentos normais, como por exemplo:
·         Não conseguir expressar ou sentir emoções
·         Não sentir prazer na vida
·         Apresentar uma atitude de apatia geral
Alguns classificam os sintomas negativos como sendo cognitivos ou relacionados à atenção e à memória. Os sintomas cognitivos são:
·         Falta de atenção
·         Falta de habilidades de memória
·         Incapacidade de planejar ou organizar
Outros sintomas são problemas no trabalho, de relacionamentos e de higiene pessoal. Para que alguém seja diagnosticado como esquizofrênico, de acordo com os padrões oficiais do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), um certo número de sintomas precisa ser identificado e o quadro deve se estender, no mínimo, por seis meses.
A esquizofrenia pode se apresentar de diversas formas que se subdividem em diferentes categorias.
·         Paranoia - caracteriza-se por ilusões e alucinações. Frequentemente, pessoas esquizofrênicas acreditam ser vítimas das demais.
·         Desorganização - consiste em um pensamento desorganizado, em comportamento que parece incoerente aos demais e falha na expressão de emoções.
·         Catatonia - pessoas com esquizofrenia catatônica podem ficar andando sem rumo ou falar excessivamente e sem razão, ou ainda, podem ficar paradas e caladas.
·         Indiferença - este tipo de esquizofrenia é uma categoria genérica para os que possuem uma mistura de sintomas que não se encaixam bem nas demais categorias.
·         Residual - se alguém tem histórico de esquizofrenia e passa por um período com sintomas negativos, sem apresentar os sintomas positivos, pode-se caracterizar esquizofrenia residual.
Alguns quadros são bem semelhantes à esquizofrenia. O transtorno esquizofreniforme, por exemplo, pode incluir sintomas positivos e negativos de esquizofrenia, mas dura apenas de um a seis meses.
Um outro quadro semelhante é o transtorno esquizoafetivo. Pessoas com transtorno esquizoafetivo sofrem tanto com sintomas de esquizofrenia como com transtornos do humor (como depressão).
Muitos sintomas de esquizofrenia podem ter efeitos drásticos sobre a vida do paciente em termos de atividades diárias, trabalho, vida social e relacionamentos. Ilusões se referem a crenças falsas e alucinações dizem respeito a falsas sensações.
Algumas ilusões típicas incluem crenças paranoicas sobre ser vítima dos outros ou acreditar ser uma famosa figura histórica (como Napoleão Bonaparte ou Jesus Cristo). Alucinações acontecem por meio de visões, de cheiros, de sons, de sentimentos ou até mesmo de gostos. Normalmente, os esquizofrênicos acreditam ouvir vozes. Essas vozes comentariam o comportamento da pessoa ou dariam ordens à pessoa.
A reintegração de um esquizofrênico na sociedade tende a ser difícil, considerando-se que o transtorno normalmente se desenvolve quando a pessoa já tem profissão e é autossuficiente. A maioria não se casa, não forma família, nem se dá bem no trabalho. Infelizmente, 5% dos esquizofrênicos acabam virando moradores de rua.
Estes fatores podem contribuir para a alta porcentagem de esquizofrênicos que cometem suicídio (10%). No entanto, a estatística considera apenas casos de suicídio consumado. A estatística exata dos esquizofrênicos que tentam o suicídio é desconhecida, mas acredita-se que fique entre 18 e 55%.
Os especialistas divergem quanto à questão de a esquizofrenia deixar a pessoa violenta. Estatísticas mostram que a doença não causa comportamento violento e que a maioria dos doentes não são violentos.
Geralmente, os que têm histórico de violência antes do início do quadro tendem a continuar violentos, enquanto os não-violentos dificilmente se apresentam esse comportamento.
No entanto, estudos demonstram que alguns esquizofrênicos ficam mais propensos à violência do que a população em geral, se abusarem de drogas e álcool. E quando ficam violentos, isso geralmente acontece com amigos ou com a família dentro de casa. Notavelmente, as vítimas mais prováveis da violência são eles próprios, haja vista o alto índice de suicídio.
Para amigos e familiares de esquizofrênicos, lidar com as ilusões e com as alucinações é difícil. Recomenda-se não tentar competir nem brincar com a falsa noção do esquizofrênico. Em vez disso, deve-se discordar educadamente, falando que as pessoas possuem suas próprias opiniões.
Frequentemente, a esquizofrenia é tão súbita que é difícil entender suas causas. Apesar da profundidade dos estudos e das pesquisas sobre o transtorno, a causa ainda é pouco conhecida.
Cientistas não sabem o que causa a esquizofrenia, mas é provável que ela se desenvolva a partir de fatores genéticos e circunstanciais. Parentes de pessoas com esquizofrenia têm mais propensão de desenvolver a doença.
Por exemplo, você tem 10% de chance de desenvolver o transtorno se tiver um parente de primeiro grau (como pais ou irmão) com esquizofrenia (comparada à chance de 1% da população em geral).
Além disso, um gêmeo idêntico de um esquizofrênico possui de 40% a 65% de chances de desenvolver o transtorno. Embora as estatísticas indiquem que a genética certamente tem a ver com a doença, ela não explica tudo.
Apenas analisar a genética não ajuda os cientistas a determinar quem irá desenvolver o transtorno. É possível que diversos genes diferentes influenciem o aparecimento da esquizofrenia, mas outros fatores também contribuem para o transtorno.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que 90% dos esquizofrênicos com tratamento inadequado vivem em países em desenvolvimento. Apesar disso, um estudo feito nos anos 60 feito pela OMS descobriu que o índice de recuperação de esquizofrenia nesses países era, na verdade, maior do que em outras áreas industrializadas do mundo.
Além disso, um estudo posterior tentou corrigir eventuais erros na amostragem do estudo inicial, mas a descoberta foi reconfirmada. Enquanto apenas um terço dos esquizofrênicos nos países industrializados se recuperam completamente, quase dois terços se recuperam nos países em desenvolvimento.
Muitas teorias tentam explicar essa disparidade. Uma delas diz que as pessoas nessas sociedades são, talvez, mais tolerantes e abertas aos esquizofrênicos. Outra teoria alega que um esquizofrênico se beneficia com um emprego produtivo adequado a suas capacidades individuais (tal conquista é mais difícil em sociedades competitivas e industrializadas).
Talvez, a natureza do trabalho nos países em desenvolvimento mais pobres, tais como agricultura de subsistência, seja um facilitador para o esquizofrênico conseguir um emprego.
Algumas pesquisas revelam possíveis causas para sintomas específicos de esquizofrenia. Por exemplo, as alucinações que muitos esquizofrênicos vivenciam podem ter relação com a desconexão do indivíduo com a realidade. Se suas ideias são separadas de suas verdadeiras sensações ou emoções, eles podem não ser capazes de prever o próprio comportamento.
Nesse caso, se não conseguem reconhecer a própria voz interna, eles podem chegar à conclusão de que ela não veio de si próprio. Isso também pode explicar a razão pela qual muitos acreditam que uma outra pessoa os esteja controlando.
Os cientistas têm buscado respostas através de estudos da composição química do cérebro de esquizofrênicos. Os medicamentos que tratam a esquizofrenia geram uma grande quantidade de dúvidas e respondem parcialmente às dúvidas de como as funções cerebrais atuam no transtorno.

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