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10/11/2015

Solidão

Solidão é a falta de companhia. Essa falta (ou carência) pode ser voluntária (quando a pessoa decide estar sozinha) ou involuntária (quando o sujeito se encontra sozinho por circunstâncias diversas da vida).

A solidão, por conseguinte, implica a falta de contato com outras pessoas. Trata-se de um sentimento ou estado subjetivo, tendo em conta que existem diferentes graus ou matizes de solidão podendo ser encarados de diferentes formas dependendo da pessoa.

Em princípio, a solidão absoluta não existe. Há sempre alguém com quem se mantenha uma certa proximidade, seja física ou emocional. Por outro lado, a solidão, em certas ocasiões, é valorizada por muitas pessoas, havendo, aliás, quem a considere imprescindível para descansar ou se concentrar.

Independentemente das diferenças pessoais, a solidão durante períodos extensos costuma ser considerada como algo que causa dor e insatisfação, razão pela qual as pessoas tendem a procurar contato social, seja em reuniões, passeios ou saídas.

Os monges de certas congregações decidem viver na solidão como uma forma de se ligarem ao seu mundo interior (espiritual). Aliás, existem grupos de monges que, apesar de viverem em comunidade, não conversam sequer uns com os outros.

Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. A solidão é mais do que o sentimento de querer uma companhia ou querer realizar alguma atividade com outra pessoa não por que simplesmente se isola, mas por que os seus sentimentos precisam de algo novo que as transforme. Solidão não é o mesmo que estar desacompanhado.

Muitas pessoas passam por momentos em que se encontram sozinhas, seja por força das circunstâncias ou por escolha própria. Estar sozinho pode ser uma experiência positiva, prazerosa e trazer alívio emocional, desde que esteja sob controle do indivíduo.

Pablo Neruda: Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já...

Friedrich Nietzsche: Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas...detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia ...

Augusto Cury: Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável.

Luiz Gasparetto: Solidão é a distância que o separa de você mesmo e não a distância que o separa dos outros

Eu poderia colocar aqui diversos pensamentos e pontos de vista sobre a solidão.... Percebo que é um sentimento que difere de pessoa a pessoa, vejo que a palavra solidão tem muitos significados, e como é sentimento, cada um sente do seu jeito...

Se fosse eu dizer o que acho.... Diria tudo que já foi dito, que sentimos solidão acompanhados, em meio a uma multidão, que sentimos solidão quando alguém nos rouba a paz, que sentimos solidão quando estamos vazios de nós mesmos, sem rumo, sem objetivos, e queremos que o outro preencha o que só cabe a nós preencher...

Que estar só, não faz com que nos sintamos obrigatoriamente em estado de solidão, que cada ser em particular, sabe decifrar o seu próprio mal e que muitas vezes é necessário, o estar só...para o autoconhecimento e para a criação...o artista é um ser naturalmente solitário.

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros." (Clarice Lispector)

Para sentir solidão, entretanto, o indivíduo passa por um estado de profunda separação. Isto pode se manifestar em sentimentos de abandono, rejeição, depressão, insegurança, ansiedade, falta de esperança, inutilidade, insignificância e ressentimento. Se tais sentimentos são prolongados eles podem se tornar debilitantes e bloquear a capacidade do indivíduo de ter um estilo de vida e relacionamentos saudáveis. Se o indivíduo está convencido de que não pode ser amado, isto vai aumentar a experiência de sofrimento e o consequente distanciamento do contato social. A baixa autoestima pode dar início à desconexão social que pode levar à solidão.

A solidão ocorre com frequência em cidades densamente populosas; nestas cidades muitas pessoas podem se sentir totalmente sozinhas e deslocadas, mesmo quando rodeadas de pessoas. Elas sentem a falta de uma comunidade identificável numa multidão anônima. É incerto se a solidão é uma condição agravada pela alta densidade populacional ou se é uma condição humana trazida à tona por tal estrutura social. 

De fato, a solidão ocorre mesmo em populações menores e menos densas, mas a quantidade de pessoas aleatórias que entram em contato com o indivíduo diariamente numa cidade grande pode levantar barreiras de interação social, uma vez que não há profundidade nos relacionamentos, e isso pode levar à sensação de deslocamento e solidão. A quantidade de contatos não se traduz na qualidade dos contatos.

A solidão parece ter se tornado particularmente prevalente nos tempos modernos. No começo do século XX as famílias, eram tipicamente maiores e mais estáveis, os divórcios eram raros e relativamente poucas pessoas viviam sozinhas. Hoje, há uma tendência de inversão desses valores.

A escola existencialista vê a solidão como essência do ser humano. Cada pessoa vem ao mundo sozinha, atravessa a vida como um ser em separado e, no final, morre sozinho. Aceitar o fato, lidar com isso e aprender como direcionar nossas próprias vidas de forma bela e satisfatória é a condição humana.

Alguns filósofos, como Jean-Paul Sartre, acreditaram numa solidão epistêmica, onde ela é parte fundamental da condição humana por causa do paradoxo entre o desejo consciente do homem de encontrar um significado dentro do isolamento e do vazio do universo. Entretanto, alguns existencialistas pensam o oposto: os indivíduos precisariam se engajar ativamente uns aos outros e formar o universo na medida em que se comunicam e criam, e a solidão é meramente o sentimento de estar fora desse processo.

Um outro tratamento, tanto para depressão quanto para a solidão, é a terapia de animais de estimação, ou terapia através da presença de animais de companhia, como cachorros, gatos, coelhos e até mesmo porquinhos-da-índia. De acordo com a agência Centers for Disease Control and Prevention, existem vários benefícios associados aos animais de estimação. 

Além de atenuar a sensação de solidão (mesmo porque isto pode também levar à socialização com outros donos de animais semelhantes), ter um animal de estimação diminui a ansiedade e, consequentemente, os níveis de stress no organismo.

A solidão é o resultado da quebra de confiança nas relações de um mundo globalizado, mas cada vez mais imerso nas distorções da busca por satisfação individual. As últimas novidades em tecnologia da comunicação e redes sociais atendem a esta demanda, portanto facilitando o estabelecimento de contatos de modo rápido e eficiente. 

Este modo de se relacionar, entendido mais como sintoma do que causa, revela a busca de quantidade em detrimento da qualidade no contato com o outro. Qualidade implica em encontros pessoais, disposição para acordos, que entre outras coisas, importa em tempo. Tempo para dar e receber é artigo de luxo, produto escasso no mercado. 

Se por um lado, a quantidade otimizada na equação tempo e amigos resolve o problema de não ficar sozinho e ter o que fazer, por outro lado encobre o fato de que a forma de contato é artificial, superficial e descartável, enfim inconsistente. 

A ideia de que ninguém vive sozinho e que o ser humano foi criado para ter o seu convívio dentro de uma sociedade não são conceitos novos. Inclusive, isso é algo tão enraizado na nossa cultura que o fato de alguém estar sozinho ou se sentir dessa forma pode ser algo que o leve facilmente a uma depressão.

O problema nisso é que as redes sociais passaram a representar quase uma obsessão pela autoimagem de um indivíduo. Muitos acabam dedicando horas à construção do que consideram um perfil adequado, selecionando apenas as fotografias que julgam conter os seus melhores ângulos e escrevendo apenas frases que transmitam um pouco da “pessoa ideal”, aquela sem qualquer tipo de falhas – a que todos gostariam de ser.

As pessoas se acostumam facilmente a “colecionar” amigos nas redes sociais, substituindo uma boa conversa pessoal por uma mera conexão. A cada dia a “qualidade” é trocada pela “quantidade” e a definição de “relacionamento” passa a ser representada pela troca de imagens e algumas poucas linhas de texto em um chat online.

Você passa a esperar menos das pessoas e começa a desejar que os métodos tecnológicos para a comunicação passem por evoluções que tragam funções novas. Muitos autores costumam dizer que o uso excessivo da internet faz você passar a vê-la como um modelo ideal de convivência e até mesmo a ter uma dificuldade muito maior para desenvolver relações pessoais.

Infelizmente, como resultado do uso excessivo desses meios para a comunicação, o que ocorre na maioria dos casos é que, mesmo que o indivíduo considere que tem muitos amigos, ele acaba se sentindo cada vez mais sozinho. Como somos vulneráveis à solidão, nos apegamos cada vez mais à tecnologia para tentar preencher esse vazio.

Isso porque as redes sociais trazem a impressão de que você pode passar uma imagem beirando a perfeição; sempre será ouvido e nunca estará sozinho. Assim, muitos passam a querer cada vez mais compartilhar experiências online para se sentirem “vivos” e “fazendo parte de um grande grupo”, e é por essas razões que a tecnologia mudou o conceito de estar sozinho e de sentir solidão.

A solidão é uma condição interior do Homem, uma sensação de carência absoluta, de um objetivo ou um desejo que sempre se desloca, gerando na alma esta percepção da falta. Os religiosos afirmam que este sentimento de separação, de desvinculação com alguma coisa que não se pode definir, indica que o ser humano está apartado do Criador, sinônimo de Eu Superior, Self ou o Todo no âmbito da psicologia.

Sociologicamente pode-se dizer que a solidão é fruto da marginalização social, da exclusão do indivíduo da sociedade convencional, por inadaptação ou pela recusa em seguir determinados parâmetros fixados socialmente. De acordo com esta ciência, quem não consegue conviver com as pessoas é, de certa forma, expulso do meio, e assim se sente sozinho.

Atualmente, com a conquista de uma liberdade financeira cada vez maior, muitas pessoas, independente de sexo ou faixa etária, vivem sós, mas não se sentem necessariamente sozinhas, pois elas revelam estar bem assim, pois optaram por esta condição existencial, o que não significa que elas foram excluídas ou se auto exilaram da vida social, mas apenas que escolheram manifestar sua independência desta forma. Mesmo porque alguém pode estar no meio de uma multidão e assim mesmo se sentir sozinho.

O sentimento da solidão também nasce da incapacidade das pessoas de se voltarem para si mesmas, de mergulharem no processo de autoconhecimento. Desta forma elas se distanciam de si mesmas e passam a procurar no outro o que deveriam buscar em seu íntimo.

O Homem deve aprender a ser só, a aceitar este estado natural, preparando-se assim para viver plenamente e concretizar suas metas. Pretender que não se está sozinho e não se alimenta a angústia na alma e tentar amenizar estas sensações vivendo a vida do outro, não soluciona em ninguém o problema da solidão.

A angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade da morte em sua vida, tanto a morte física quanto a morte de cada uma das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada vontade, de cada projeto."



Aristóteles dizia que uma vida de contemplação seria a melhor vida para um homem. Ele se referia ao modo observador, por ele muito empenhado. Einstein também dizia: "Olhe profundamente a natureza e então entenderá tudo melhor". Observe e reflita.

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