Kosterman
R. Hawkins
D. e colaboradores
Introdução
Vários estudos vêm sugerindo que quanto mais cedo se iniciar o uso de álcool ou de outras substâncias, maiores são as chances de seus usuários desenvolverem um padrão de consumo problemático. Esses achados vêm sustentando a pertinência de ações preventivas que adotem, como um dos seus objetivos, retardar ao máximo o uso de substâncias, caso isto venha a acontecer.
Objetivo
Examinar fatores de predição e a dinâmica do início de uso de álcool e maconha, mais particularmente fatores familiares.
Método
Estudo longitudinal, no qual 808 jovens foram acompanhados durante 8 anos, sendo entrevistados anualmente, dos 10 aos 16 anos, e depois aos 18 anos. Estes jovens provinham, na sua maioria, de famílias de baixa renda e freqüentavam escola públicas em Seattle, WA.
Os fatores familiares estudados foram medidos através de escalas, que compuseram índices sobre:
a) normas parentais sobre o uso de drogas (expressas através de regras e permissividade parentais em relação ao uso de substâncias e percepção dos jovens sobre probabilidade de serem punidos se flagrados usando substâncias pelos pais);
b) gerenciamento ativo da vida familiar pelos pais (expresso através de práticas de disciplina, monitoração e reforços dos pais, quando apropriados);
c) ligação do jovem com a mãe (medida através do relato do jovem de compartilhar pensamentos e sentimentos com a mãe e de querer ser - quando adulto - "o tipo de pessoa que minha mãe é").
Resultados
O fator familiar de maior importância no retardamento do uso de álcool foram as normas parentais sobre o uso de drogas, expressas por claras regras contra o uso de álcool durante a adolescência. Já para maconha, o fator que mais contribuiu para a não utilização por parte dos jovens foi o gerenciamento ativo dos pais. A ligação com a mãe não se constituiu um fator preditivo importante na iniciação das duas substâncias estudadas.
Discussão
Uma vez que o uso de álcool é legal e aceito durante a vida adulta, adolescentes estão constantemente expostos a normas sociais de aceitação do seu consumo. Assim, a clara expressão ou omissão dos pais em relação ao consumo de álcool por adolescentes, parece ser muito importante para estabelecer padrões de comportamento. Já para inibir o uso de maconha, parece ser importante que os pais desenvolvam recursos eficientes na monitoração da vida de seus filhos, o que por si pode encorajá-los a endossar as normas sociais já prevalentes que condenam o uso da maconha.
Finalmente, o trabalho também sugere que estabelecer normas familiares claras e adotar práticas de gerenciamento e acompanhamento da vida dos filhos pode inibir o uso de álcool e maconha, mesmo que os adolescentes não relatem se sentirem próximos e conectados com suas mães durante esse período de vida de individuação, separação e formação de identidade.
Os achados desse trabalho, dizem os autores, reforçam a importância de não se desistir de estabelecer claros e bons padrões de convivência na família, mesmo que os adolescentes expressem raiva, distância ou antipatia em resposta ao esforço dos seus pais em influenciá-los no sentido de adotarem comportamentos de proteção à saúde.








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