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12/16/2014

Mitomania ou mentira compulsiva


O que é a mitomania
Mentir é o ato de intencionalmente e deliberadamente fazer uma declaração falsa. A mitomania ou mentira compulsiva é uma tendência patológica pela mentira. A maioria das pessoas fazem isso por medo, mas a mentira compulsiva interfere no julgamento racional, no relacionamento familiar e especialmente social. Os termos mentiroso patológico, mitômano e mentiroso crônico são frequentemente usados para se referir a um mentiroso compulsivo.
Quais são as causas da mitomania?
A literatura aponta que não existe uma causa da mitomania, mas um conjunto de fatores associados podem provoca o problema: histórico de vida, relacionamentos, padrão de relação parental, genética e experiências. Acredita-se que a baixa autoestima, necessidade de apreço ou atenção e a tentativa de se proteger de situações constrangedoras marquem o início da mitomania.
Como a mentira compulsiva pode se desenvolver desde a infância?
Na infância, devido a imaturidade ­mental, as crianças podem mentir com alguma recorrência. Muitas crianças tem dificuldade de enfrentar algumas frustrações e críticas e acabam mentindo para os pais na tentativa de preservar sua auto imagem. Essa característica só assume um caráter patológico quando a criança inclinada à mitomania constata que sua mentira pode ser entendida como verdade sem nenhuma consequência negativa associada.
Por outro lado, um sentimento de prazer e de poder pode facilmente incitá-la a repetir o mesmo comportamento. À medida que os colegas acreditam em suas histórias e ela começa a se sentir aceita e interessante, o mitômano passa a contar cada vez histórias mais incríveis e a tornar disso um hábito com a repetição do comportamento de mentir sem nenhuma finalidade específica. Esse distúrbio pode ter origem na baixa autoestima da criança e na supervalorização de suas crenças, com o não enfrentamento da angústia ou frustração associada a uma situação.
Qual a diferença entre um o indivíduo que fala uma mentira esporádica e o mentiroso compulsivo
Um mentiroso compulsivo é definido como alguém que mente como um hábito, desde a infância. Mentir, neste caso, é a sua forma normal de responder à qualquer pergunta, por mais simples que seja. Algumas vezes são pequenas mentiras, outras são muito elaboradas, cheias de detalhes, que induzem a própria pessoa a acreditar nelas. Mentirosos compulsivos podem esconder a verdade sobre tudo, quer seja algo grande ou pequeno. Por outro lado, para um mentiroso compulsivo, dizer a verdade pode chegar a ser muito estranho e desconfortável.
Qual é a diferença entre um sociopata e um mentiroso compulsivo?
Um sociopata é normalmente definido como alguém que mente incessantemente para obter uma vantagem a sua maneira, ele faz isso com pouca preocupação com os outros. Um sociopata é muitas vezes orientado por um objetivo, ou seja, a mentira é focada para obter um ganho ou vantagem. Sociopatas têm pouca ou nenhuma consideração ou respeito pelos direitos e sentimentos dos outros.
Eles podem ser encantadores e carismáticos, mas usam suas habilidades e talentos sociais de forma manipuladora e egocêntrica. A maior parte dos mentirosos compulsivos não são necessariamente manipuladores, eles sofrem com seu hábito de mentir, tendo as relações sociais sempre sob risco de serem quebradas.
O mitômano possui consciência de que está mentindo?
O mitômano sempre sabe, no fundo, o que ele diz não é totalmente verdadeiro, embora não possuam consciência plena da intenção de cada mentira. Por isso, acabam por iludir os outros em histórias de fins mirabolantes, com o intuito de suprirem aquilo que falta em suas vidas. A tendência a mentira parece ser perseverante, não é provocada pela situação imediata ou pressão social, mas representa uma característica inata da personalidade. As histórias contadas tendem a apresentar o mentiroso sempre favoravelmente. Por exemplo, a pessoa pode ser apresentada como sendo fantasticamente corajosa ou estar relacionado com muitas pessoas famosas.
Como é feito o diagnóstico?
Com o tempo, é natural as pessoas que rodeiam um mitômano perceberem a mentira. Porém, mais importante do que identificar a ação repetida de mentir, é reconhecer este ato como um hábito patológico. Mentira excessiva é um sintoma comum de diversas doenças mentais. Por exemplo, pessoas que sofrem de transtorno de personalidade antissocial usualmente mentem para se beneficiar dos outros.
Alguns indivíduos com transtorno de personalidade borderline podem mentir para chamar a atenção, alegando que eles foram mal tratados ou pressionados. A mentira patológica, pode ser descrita como um vício em mentir. É quando o indivíduo mente sem nenhum ganho pessoal. As mentiras são geralmente brancas e muitas vezes parecem sem sentido. O diagnóstico da mitomania pode ser feito pelo médico psiquiatra ou psicoterapeuta após uma avaliação.
Existem diferenças no cérebro do mentiroso compulsivo?
Yang e colaboradores, 2007 examinaram os volumes de substância branca em quatro sub-regiões pré-frontais, utilizando a ressonância magnética estrutural em 10 mentirosos patológicos, 14 controles antissociais e 20 controles normais. Mentirosos patológicos mostraram um aumento relativamente generalizado na substância branca (23-36%) nas regiões orbito frontal, médio e inferior, mas não superior nos giros frontais em comparação com os controles antissociais e normal. Este aumento da substância branca podem predispor algumas pessoas a mentira patológica.
A mitomania tem cura?
Os mitômanos veem que estão sofrendo de um mal e desejam curar-se, mas raramente procuram ajuda por vontade própria. A compreensão dos companheiros ou familiares é muito importante. Se houver punição o tratamento é dificultado. É preciso fazer uma reinserção social da melhor maneira possível, trazendo o indivíduo positivamente à realidade.
Como é o tratamento?
O mais importante que o indivíduo consiga reconhecer os prejuízos que seu comportamento pode trazer para si e para terceiros e que queira mudá-lo. O tratamento geralmente envolve acompanhamento psicológico e, no caso de pessoas que também apresentem outros quadros psiquiátricos (como depressão e ansiedade), tratamento medicamentoso pode ser recomendado.
Psicoterapia parece ser um dos poucos métodos para tratar uma pessoa que sofre de mentira patológica pois ajuda o indivíduo a desenvolver novos repertórios, reforçando relatos verdadeiros e ignorando relatos falsos. Neste contexto trabalha-se a extinção deste hábito disfuncional através do foco na visão distorcida de si mesmo. Algumas pesquisas indicam que certas pessoas podem ter uma predisposição para mentir.
Quais os riscos para o mitômano que não busca tratamento

Há muitas consequências de ser um mentiroso patológico. Devido à falta de confiança, relacionamentos e amizades tendem a ser destruídos. Se a doença continua a progredir, a mentira pode se tornar tão grave que eventualmente pode causar problemas de ordem social, psicológica e até legal. A pessoa geralmente é excluída do grupo que frequenta por vivenciar situações sem saída, passar por situações embaraçosas e perder a confiança de todos ao seu redor.

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