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5/30/2014

TRATAMENTO DO ALCOOLISMO

Orientação familiar

Educação em saúde é fundamental para assegurar não só o entendimento do cliente, como também de sua família, sobre os problemas relacionados ao uso crônico de álcool. Assim como é imprescindível a orientação do paciente sobre o seu problema, a família, parte integrante dessa disfunção, precisa ser informada e encaminhada para um tratamento mais intensivo, se necessário. 

Em qualquer dos níveis de comprometimento que o indivíduo apresente, é essencial trabalhar os conceitos de síndrome de dependência e abstinência alcoólica, com objetivo claro de desenvolver, nesse sistema familiar, a análise crítica sobre seu papel nesse transtorno, como também promover sua mudança de pensamento e comportamento. 

Trabalhar a autoestima e a importância da desintoxicação, assim como a prevenção da recaída, são estratégias a serem adotadas nessa fase inicial do tratamento, não só com o paciente, como também com seu sistema familiar e social.

Como falar sobre álcool com os filhos

Reconhecendo que os pais exercem grande influência sobre o consumo precoce dos filhos, foram desenvolvidas algumas dicas para conversar sobre o assunto em casa. A idade ideal para começar a falar sobre os efeitos do álcool é a partir dos nove anos de idade.

· Dê o exemplo: Se você bebe, não cometa exageros. Não se gabe por beber, nem menospreze aqueles que não bebem. Não dirija embriagado, nem seja tolerante com quem o faz. Se você não bebe, converse sobre o álcool e explique o que motivou sua opção.
· Seja realista: Apresente fatos concretos. Como os jovens se consideram indestrutíveis, os efeitos imediatos da bebida são os principais argumentos. Ensine que o álcool atrapalha o desenvolvimento físico e que as crianças ficam.

A recuperação é demorada

A recuperação é difícil e depende da disposição do indivíduo em aceitar a ajuda necessária. Nada que se faça tem o poder de fazer o alcoólatra parar de beber. Pode-se bater nele, prendê-lo, rezar por ele, interná-lo em uma clínica, vigiá-lo, chantageá-lo. Mas ele só vai entrar num programa de recuperação se assim o quiser. 

Há vários programas de recuperação: religioso, de mútua ajuda, ajuda psicológica, programas místicos baseados na recuperação através da água, fogo, terra, ar, etc.

O importante é que o indivíduo se sinta bem com aquele que escolher. O maior inimigo da recuperação são as recaídas, que podem inclusive levar à morte.

A recuperação é um trabalho para anos e consiste em transformar uma vida até então marcada por brigas, egocentrismo, perdas, pensamentos obsessivos, compulsão, não aceitação do outro, dificuldades de relacionamentos, desconfiança, paranoia, etc., em uma vida produtiva e melhor do que qualquer indivíduo não alcoólico.

Se você não é alcoólatra e bebe socialmente, então será fácil ficar sem beber por uns 06 meses só para ver como é... Mas se você tem alguma dúvida se é alcoólatra, não espere chegar à quarta fase, procure ajuda ainda hoje. Quanto mais cedo melhor.

O alcoolismo, do ponto de vista científico, é incurável, por isso, o alcoólatra precisa abster-se total e permanentemente do álcool. Simples paradas não bastam.

Essa abstinência, para quem já considera o álcool como droga indispensável a todas as atividades da vida, não é tarefa fácil. Implica, praticamente, em reaprender a viver, a ter um novo nascimento e uma nova vida.

Os objetivos do tratamento da síndrome de abstinência do álcool são: 

· O alívio dos sintomas existentes; 
· A prevenção do agravamento do quadro com convulsões e delirium;
· A possibilidade de que o tratamento adequado da SAA possa prevenir a ocorrência de síndromes de abstinência mais graves no futuro.
· A vinculação e o engajamento do paciente no tratamento da dependência propriamente dita;

Planejamento geral do tratamento

Serão considerados três níveis de atendimento, com complexidade crescente: 

· Tratamento ambulatorial;
· Internação domiciliar;
· Internação hospitalar. 

O tratamento pode ser dividido em:

· Não farmacológico;
· Farmacológico. 

Esse último pode ser subdividido em:

· Tratamento farmacológico clínico (como a reposição de vitaminas);
· Psiquiátrico (uso de substâncias psicoativas).

Dentre as medidas do tratamento não farmacológico, destacamos o monitoramento frequente do paciente; tentativas de propiciar um ambiente tranquilo, não estimulante, com luminosidade reduzida; fornecimento de orientação (com relação a tempo, local, pessoal e procedimentos); limitação de contatos pessoais; atenção à nutrição e à reposição de fluidos; e manutenção dos cuidados e encorajamento positivo.

Embora haja consenso sobre a necessidade da reposição de vitaminas (sobretudo a tiamina) durante o tratamento da SAA, ainda existe controvérsia a respeito de doses preconizadas e mesmo quais as vitaminas a serem repostas. 

Dentre os psicofármacos utilizados, os benzodiazepínicos são a medicação de primeira escolha para o controle dos sintomas da SAA. De modo geral, os compostos de ação longa são preferíveis. 

Esquemas de administração são planejados de acordo com a intensidade dos sintomas, pois permitem uma utilização de doses menores de medicação, quando comparados aos esquemas posológicos fixos. Ou seja, deve-se buscar a dose adequada para a intensidade de sintomas de cada paciente.

Tratamento ambulatorial

Ao receber o paciente, a atitude do profissional de saúde deve ser acolhedora, empática e sem preconceitos. O tratamento da SAA (quadro agudo) é um momento privilegiado para motivar o paciente para o tratamento da dependência (quadro crônico). 

Deve-se esclarecer a família e, sempre que possível, o próprio paciente sobre os sintomas apresentados, sobre os procedimentos a serem adotados e sobre as possíveis evoluções do quadro. 

Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável do quadro.

Abordagem não farmacológica

· Orientação da família e do paciente quanto à natureza do problema, tratamento e possível evolução do quadro;
· Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
· A dieta é livre, com atenção especial à hidratação;
· As consultas devem ser marcadas o mais brevemente possível para reavaliação.

Abordagem farmacológica

· Reposição vitamínica;
· Ansiolíticos e Antidepressivos.

Ocorrendo falha (recaída ou evolução desfavorável) dessas abordagens, a indicação de ambulatório deve ser revista, com encaminhamento para modalidades de tratamento mais intensivas e estruturadas.

Internação domiciliar

O paciente deve permanecer restrito em sua moradia, com a assistência dos familiares. Idealmente, o paciente deverá receber visitas frequentes de profissionais de saúde da equipe de tratamento. Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável do quadro.

Abordagem não farmacológica

· A orientação da família deve ter ênfase especial em questões relacionadas à orientação têmporo-espacial e pessoal, níveis de consciência, tremores e sudorese;
· Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
· A dieta é leve, desde que tolerada, com atenção especial à hidratação;
· Visitas devem ser restritas, assim como a circulação do paciente.

Abordagem farmacológica

· Reposição vitamínica;
· Ansiolíticos e Antidepressivos.

Tratamento hospitalar

Essa modalidade é aconselhada para os casos mais graves, que requerem cuidados mais intensivos. Deve ser dada atenção especial à hidratação e correção de distúrbios metabólicos (eletrólitos, glicemia, reposição vitamínica). 

Em alguns casos, a internação parcial (hospital dia ou noite) pode ser indicada, e, nesses casos, a orientação familiar sobre a necessidade de comparecimento diário deve ser reforçada e a retaguarda para emergências deve ser bem esclarecida.

Abordagem não farmacológica

· Monitoramento do paciente deve ser frequente, com aplicação da escala Clinical Institute Withdrawal Assessment for Alcohol, Revised – CIWA-Ar que orienta a avaliação do paciente em relação à gravidade da SAA e a necessidade de administração de medicamentos.

· A locomoção do paciente deve se restrita;
· As visitas devem ser limitadas, pois o ambiente de tratamento deve ser calmo, com relativo isolamento, de modo a ser propiciada uma redução nos estímulos audiovisuais;
· A dieta deve ser leve;
· Pacientes com confusão mental devem permanecer em jejum, pois existe o risco de aspiração e complicações respiratórias. Nesses casos, deve ser utilizada a hidratação.

Contenção física

Os pacientes agitados que ameaçam violência devem ser contidos, se não forem suscetíveis à intervenção verbal. A contenção deve ser feita por pessoas treinadas, preferivelmente com quatro ou cinco pessoas. É muito importante explicar ao paciente o motivo da contenção.

Abordagem farmacológica

· Reposição vitamínica;
· Ansiolíticos e Antidepressivos.