Álcool e autodestruição
A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora. Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes como euforia, desinibição e loquacidade (maior facilidade para falar).
Com o passar do tempo, começam a aparecer os efeitos depressores como falta de coordenação motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma.
Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com outra pessoa que não está acostumada a beber.
Outro exemplo está relacionado a estrutura física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte terá uma maior resistência aos efeitos do álcool. O consumo de bebidas alcoólicas também pode desencadear alguns efeitos desagradáveis, como enrubescimento da face, dor de cabeça e um mal-estar geral. Esses efeitos são mais intensos para algumas pessoas cujo organismo tem dificuldade de metabolizar o álcool.
Efeitos Orgânicos
· A esofagite e a gastrite alcoólica podem ser intensas;
· Queimação na porção alta do abdômen e no peito ocorre e se acentuam com a alimentação;
· As úlceras do estômago e do duodeno também tem uma incidência maior;
· O doente alcoólico sofre a ação direta do álcool nas mucosas do aparelho digestivo;
· É mais propenso ao câncer da boca, da língua, da garganta, do esôfago, estômago, pâncreas e dos intestinos;
·O álcool é absorvido no estômago e age em diversos órgãos levando às disfunções progressivas e graves;
· Ele afeta o cérebro levando a um quadro demencial precoce, confusão mental extrema, delírios e alucinações aterradoras;
· O coração fica dilatado, perdendo a sua função de bomba e pode provocar severas arritmias cardíacas, inchaço dos pés e intensa falta de ar;
· O comprometimento do pâncreas leva à uma disfunção do órgão que pode ocasionar o diabetes e pode levar a uma insuficiência na produção das enzimas digestivas, ocasionando uma má absorção intestinal, com 20 a 30 episódios diários de diarreias;
· A pancreatite crônica, que leva a uma destruição deste órgão vital;
· A dor abdominal é intensa e ocorrem náuseas e vômitos frequentes;
· O fígado afetado pelo álcool vai tendo o seu tecido normal substituído, inicialmente por gordura e posteriormente por fibrose e vai perdendo a sua função normal gerando a insuficiência hepática;
· A doença hepática é irremediavelmente progressiva;
· Os olhos ficam amarelos, é a icterícia, que é o prenúncio de uma fase de muito sofrimento para o doente e aos seus familiares;
· Ocorre confusão mental, agitação intensa;
· O coma hepático precede a morte;
· O acometimento do fígado, com a cirrose evoluindo rapidamente, leva a uma dificuldade na passagem do sangue através das veias porta e cava;
· O mesmo ficando represado leva ao acúmulo de líquidos na barriga (ascite), ao aumento do baço (esplenomegalia), aparecimento de veias dilatadas no abdômen e ao aumento do fígado e do coração;
· Aumento das mamas, pés inchados, lesões hemorrágicas na pele, perda de pelos e atrofia testicular;
· As varizes do esôfago ocorrem devido ao aumento da pressão venosa pela dificuldade de passagem do sangue pelas veias hepáticas;
· Quando ocorre a ruptura destas varizes, os doentes podem sangrar até a morte através de vômitos contendo sangue vivo e de fezes com melena (sangue digerido);
Observando a porcentagem de álcool nas bebidas compare o nível de etanol no sangue relacionando-o aos sintomas de intoxicação que o mesmo provoca no organismo.
Blackout Alcóolico (Apagão)
Algo semelhante à síndrome amnésica pode ser observado em casos de blackout alcóolico, no qual a pessoa manifesta amnésia sem perda da consciência. O indivíduo intoxicado pode manter uma conversação ou executar outros atos normalmente, mas, após ficar sóbrio, não terá memória do episódio. Blackouts são observados em dependentes crônicos, embora possam ocorrer em não dependentes que tenham se intoxicado intensamente. De qualquer modo, essa situação tem maior probabilidade de ocorrer quando a pessoa ingere grandes quantidades de álcool rapidamente, especialmente se estiver muito cansada ou com fome.
Embora exista a ideia de que a memória retorna quando a pessoa para de beber, pesquisas de laboratório indicam claramente que as lembranças perdidas em um episódio de blackout são irrecuperáveis e que, portanto, a amnésia representa um déficit em codificação.
Síndrome de Korsakoff
A síndrome de Korsakoff - encefalopatia induzida por álcool - é um estado grave de amnésia, onde podem aparecer confabulação e incapacidade de registrar novos traços de memória, levando o paciente a uma situação paradoxal, em que ele pode executar atos complexos aprendidos antes da doença, mas não consegue aprender outros, mais simples e novas habilidades.
Quando a amnésia é causada por alcoolismo, torna-se uma doença progressiva e haverá problemas neurológicos, tais como movimentos descoordenados e perda de sensação nos dedos das mãos e dos pés. Quando esses problemas ocorrem, em geral, é muito tarde para começar a parar de beber.
Álcool e Obesidade
Nos últimos anos, homens e mulheres com casos de alcoolismo na família têm mais chances de ser obesos.
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington descobriram que pessoas que tendem a serem alcoólatras também correm o risco de ser obesas. O estudo sugere que o tratamento de uma disfunção pode ajudar na cura das outras.
Os cientistas observaram que a associação entre um histórico familiar de alcoolismo e o risco de obesidade ficou mais acentuada nos últimos anos. Tanto homens como mulheres que tinham casos de alcoolismo na família tinham mais chances de ser obesos em 2002 do que os membros desse mesmo grupo de risco em 1992.
Richard Gruzca, um dos autores do estudo, diz que, ao estudar esse tipo de problema, os cientistas costumam verificar se a predisposição de uma pessoa para desenvolver um vício também pode ser responsável pelo aparecimento de outros.
O estudo mostra que alguns riscos de vício podem ser influenciados pelo ambiente. E foi justamente o ambiente que mudou entre os anos 1990 e os anos 2000; não foram os genes das pessoas.
Nos Estados Unidos, a obesidade dobrou em décadas recentes, de 15% da população (no final dos anos 70) para 33%, em 2004. Pessoas obesas – que têm um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais – têm um risco elevado de pressão alta, diabetes, doenças cardíacas, derrames e alguns tipos de câncer.
No estudo, Gruzca e sua equipe relatam que pessoas com um histórico familiar de alcoolismo, em especial as mulheres, têm um alto risco de obesidade – problema que parece estar aumentando. O cientista diz que isso talvez seja resultado de mudanças nos alimentos que comemos e na oferta de comidas que interagem com as mesmas áreas do cérebro que as drogas que viciam.
O cientista explica que muitas coisas que comemos atualmente contêm mais calorias do que os alimentos que comíamos nos anos 70 e 80 e também têm alguns tipos de calorias – principalmente uma combinação de sal, açúcar e gordura – que são atraentes para os chamados centros de recompensa do cérebro.
O pesquisador acrescenta que, como o álcool e as drogas afetam as mesmas partes do cérebro, o consumo exagerado desses tipos de alimentos pode ser maior ainda em pessoas com predisposição para o vício. Uma explicação possível para a obesidade em pessoas com histórico de alcoolismo é a de que algumas das pessoas podem substituir um vício pelo outro.
Depois de ver um parente próximo lidar com problemas de álcool, uma pessoa pode fugir da bebida. Mas alimentos saborosos e com muitas calorias também podem estimular os centros de recompensa do cérebro e criar efeitos parecidos aos que experimentariam com o álcool.
Ironicamente, ele conta, pessoas com alcoolismo não tendem a ser obesas: têm mais chances de ser mal nutridas ou pelo menos subnutridas porque muitas substituem a comida pelo álcool. Gruzca explica que muita gente acha que o excesso de calorias associado ao consumo de álcool poderia, teoricamente, contribuir para a obesidade, mas não é o que os pesquisadores notaram nessas pessoas. Ele conta que outros fatores, do cigarro e do álcool a variáveis demográficas como a idade e o nível de educação não parecem explicar a associação entre o risco de alcoolismo e a obesidade.







