A fé como proteção à recaída
Os indivíduos de menos idade são os que menos atribuem à espiritualidade e à religiosidade o caráter de fator protetor para manter-se longe das drogas. Eles são os que mais cedo fazem o primeiro uso de substâncias de dependência e que também usam um número maior no que se refere à diversidade de substâncias. Entretanto, vários pesquisadores concluem que quanto maior a importância dada à religião, menor o envolvimento com drogas.
Ainda que existam outros fatores que contribuam para a mudança de conduta dos dependentes químicos, é a espiritualidade desenvolvida ao longo de alguns meses, através do contato com a informação religiosa, que os faz permanecer no caminho da abstinência - pessoas que há mais de dois anos estão abstêmios demonstram uma estreita relação com a religião professada e a ela atribuem o principal fator da manutenção da abstinência.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé. Romanos 1:17
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus; Marcos 11:22
(Porque andamos por fé, e não por vista). 2 Coríntios 5:7
Guardando o mistério da fé numa consciência pura. 1 Timóteo 3:9
Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tiago 1:3
Disseram então os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé. Lucas 17:5
Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. Gálatas 3:23
De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. Gálatas 3:9
As questões que tratam do apoio de membros da instituição religiosa têm significativa relevância, confirmando que a religião não promove apenas a abstinência do consumo de drogas, mas, em especial, oferece recursos sociais de reestruturação: nova rede de amizades, ocupação do tempo livre em trabalhos voluntários, atendimento “psicológico” individualizado, valorização das potencialidades individuais, coesão do grupo e apoio incondicional dos lideres religiosos, sem julgamentos.
A religiosidade controla indiretamente as atitudes frente ao consumo de drogas através da percepção do perigo de usar. Em especial, os aspectos de suporte social oferecido pela igreja ficam mais evidentes, pois realiza um forte acolhimento, demonstra mais zelo, preocupação e cuidado com os seus membros. A importância da igreja como suporte social também é destacada por algumas pessoas em recuperação.
Na igreja, o fiel passa a seguir as regras adotadas e passa a respeitar as normas e valores determinados pela religião. Naturalmente essas normas levam a um distanciamento das drogas, devido à conscientização gradual da degradação moral associada ao seu uso e também pelo receio da rejeição por parte dos outros membros da igreja.
A gratidão que o dependente químico tem pela instituição religiosa, apoiado na fé, afasta-o de atitudes e comportamentos que não estejam de acordo com a moral difundida pela religião.
O papel da oração
Pesquisas demonstram que a oração parece ser a ferramenta mais adotada para evitar a fissura e lidar com as dificuldades, uma vez que 80,0% dos dependentes fazem orações nessas ocasiões.
Este aspecto demonstra que a devoção pessoal, expressa essencialmente pelas orações dirigidas a Deus, mostra-se inversamente associada ao abuso e à dependência das drogas e é o principal método de tratamento da síndrome de abstinência e de qualquer sintoma de recaída associada à fissura.
É utilizada sempre que surge a vontade de usar e sempre que os dependentes sentem necessidade de “conversar com Deus”. A oração atua também como um ansiolítico, pois além de promover a fé, é nesse momento que o indivíduo divide suas angústias, sua luta diária contra a vontade de consumir drogas, confiante na resposta que terá do Divino.
O despertar da fé
Fica claro que a busca pela fé está diretamente ligada à história de dependência química, pois quando questionados sobre “em que momento da sua vida sentiram necessidade de procurar uma religião ou desenvolver sua espiritualidade” a maioria relata que foi no pior momento que tiveram quando ainda usavam drogas.
Observa-se também que esses momentos estão ligados a rupturas drásticas na já frágil estabilidade emocional dos dependentes tais como: brigas e separação familiar, perda de emprego, perdas financeiras, discriminação generalizada, isolamento, etc..
Outro fator importante de estresse durante a dependência química é o tratamento e internação psiquiátrica, 40% dos sujeitos sentiram necessidade de buscar apoio religioso/espiritual nesse momento da vida.
Assim, a religião influencia o modo como as pessoas lidam com situações de estresse, sofrimento e problemas vitais. A religiosidade pode proporcionar à pessoa maior aceitação, firmeza e adaptação a situações difíceis de vida, gerando paz, autoconfiança e perdão, além de permitir o despertar de uma imagem mais positiva de si mesmo.
É notório, porém, que esse despertar para fé, não acontece apenas por uma situação única e isolada, mas como a “gota d’água”, isto é, parte dos recorrentes conflitos causados pelo consumo de drogas, que na maioria das vezes é decorrente de uma desestruturação existencial e comportamental.
Quando inquiridos sobre qual a importância que a fé teve na recuperação de sua doença pode-se dizer que muitos dependentes encaram a fé como a salvação de suas vidas e como suporte indispensável para alcançar a abstinência e conseguir manter-se assim. Esses são aspectos responsáveis pelo sucesso de programas que abordam a espiritualidade/religiosidade no tratamento contra as drogas.
Aproximar a espiritualidade ao tratamento convencional ainda representa uma tarefa muito difícil para a psiquiatria. Entretanto, todo indivíduo tem a necessidade de ser tratado como pessoa completa num contexto bio-psico-sócio-espiritual.
Talvez se o tratamento psiquiátrico ao qual são submetidos tiver, em algum momento, um aporte espiritual, estejamos na verdade conseguindo abordar da forma mais abrangente possível todos os recursos capazes de levar à recuperação.
E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. Romanos 13:11
De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Romanos 12:6
Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós, Romanos 4:16
ESPIRITUALIDADE NA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Profissionais da saúde, pesquisadores e a população em geral reconhecem, cada vez mais, a importância da dimensão religiosa e espiritual para a saúde. Diversos estudos científicos sobre as relações entre saúde e espiritualidade estão presentes em diversos centros de pesquisas espalhados pelo mundo e esses estudos apontam que crenças e práticas religiosas estão associadas a uma melhor saúde física e mental, incluindo melhor qualidade de vida.
Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. 1 Coríntios 15:44
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. 1 Coríntios 2:15
Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados; Romanos 1:11
Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; Colossenses 1:9
Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. Colossenses 2:8
Há um consistente e diversificado corpo de evidências indicando a relevância da religiosidade e da espiritualidade na saúde mental, de tal maneira que discutir ou pesquisar se essa relação benéfica entre espiritualidade e saúde é válida ou não já está ultrapassada. Veja abaixo por que.
Em relação à saúde mental, existem milhares de pesquisas. A maior parte sugere uma associação do envolvimento religioso com maiores níveis de satisfação de vida, tais como:
· Sensação de bem estar
· Senso de propósito
· Significado da vida
· Esperança
· Otimismo
· Estabilidade nos casamentos
· Menores índices de ansiedade e depressão
· Menores índices de abuso de substâncias
Outros estudos demonstram que pessoas com envolvimento religioso têm menor probabilidade de:
· Usar e abusar de álcool, cigarros e drogas,
· Apresentar comportamentos de risco, como o sexo sem proteção, delinquência e crime, especialmente os adolescentes.
Ainda entre os adolescentes, o envolvimento religioso também é relacionado a menores taxas de suicídio e de atividade sexual precoce e consequente gravidez prematura.
O que nos cabe hoje, em ciência moderna, como profissionais de saúde mental, é encontrar as nossas dificuldades em lidar com esses assuntos na prática diária. Essas dificuldades passam por tópicos desde carência de treinamento em temas dessa natureza até os sistemas de crenças diversos de cada profissional, que podem gerar dificuldades em lidar com as crenças religiosas dos pacientes.
Os conceitos de religiosidade e espiritualidade
Espiritualidade e religião parecem a mesma coisa. Mas não são.
Antes de iniciar o estudo sobre o tema, é de extrema importância definir os conceitos de espiritualidade e religiosidade, uma vez que existe um infindável debate epistemológico na utilização desses conceitos. Há várias definições para esses dois vocábulos, mas apresentamos aquelas que nos parecem mais simples e mais perto do que consideramos adequado:
· Espiritualidade é uma busca pessoal pela compreensão das questões da vida, de seu significado e da relação com o sagrado e o transcendente, podendo ou não conduzir ou originar rituais religiosos e formação de comunidades.
· Religião é um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos, destinados a facilitar a proximidade com o sagrado e o transcendente: Deus ou uma força superior, nominadas ou não.
Religião desenvolve espiritualidade?
Na literatura em geral, ainda há controvérsia se a religião é benéfica ou prejudicial. O que se procura avaliar é se a forma como o indivíduo interpreta ou pratica sua religião é funcional ou disfuncional.
A prática religiosa funcional é aquela que facilita o desenvolvimento da personalidade como um todo, ao mesmo tempo em que encoraja relacionamentos construtivos e interdependentes com outras pessoas. Também ajuda a pessoa a aceitar a realidade, sendo fonte de inspiração para o uso de recursos disponíveis no ser humano, com o objetivo de atingir alvos nobres.
Ao contrário, a prática religiosa disfuncional é negativa e visa ao controle social por meio da culpa, do medo e da vergonha. Encoraja os seguidores a adotarem uma atitude de superioridade, de intolerância e de julgamento perante aqueles que possuem ideias contrárias.
Pequenos temas se transformam em importantes e exigem a suspensão da razão. Porém, muitas pessoas sentem grande apoio e orientação, segurança e clareza nesse ambiente, pois não precisam tomar decisões morais, deixando-se guiar com fé e confiança.
Prática religiosa funcional
· Reduz a ansiedade existencial.
· Fonte de esperança e sensação de bem estar emocional.
· Promove coesão social.
· Fornece identidade ao unir pessoas em torno de um ideal comum.
· Orientação moral que diminui estilo de vida autodestrutivo.
· Sensação de controle ao se unir com uma força onipotente.
· Diminui a ansiedade da morte.
· Desperta segurança para enfrentar dor e sofrimento.
· Fonte de solução de conflitos emocionais e situacionais.
· Prática religiosa disfuncional
· Gera culpa patológica.
· Diminui a autoestima.
· Gera ansiedade e medo por meio de crenças punitivas.
· Obstáculo para o crescimento pessoal.
· Favorece o conformismo e a sugestionabilidade.
· Inibe a expressão de sensações sexuais
· Fonte de paranoia.
Espiritualidade, religiosidade e recuperação de dependentes químicos
Impossível falar de espiritualidade como tratamento de dependência química sem falar de Alcoólicos Anônimos, bem como de seu posterior desdobramento, a irmandade de Narcóticos Anônimos.
São seguramente os primeiros a falarem em espiritualidade para seus membros, gente com uma história de sofrimento absurdo em função de sua toxicodependência/alcoolismo, desvinculando esse conceito de um modelo tradicional de religião. Isso pode ser verificado no próprio preâmbulo de AA:
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças a fim de resolver o seu problema comum e ajudarem outros a se recuperarem do alcoolismo. O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber.
Para ser membro de A.A. não há necessidade de se pagar taxas nem mensalidades somos autossuficientes graças às nossas próprias contribuições. A.A. não está ligado a nenhuma seita ou religião, nenhum movimento político, nenhuma organização ou instituição não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apoia nem combate quaisquer causas. Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançarem a sobriedade.
Essas características podem ser responsáveis pela imensa capacidade de agregar em um mesmo espaço pessoas tão diferentes. Mas outra relação menos conhecida do Programa de Doze Passos está de fato intimamente ligada ao convívio religioso, visto que algumas das ideias que perduram até hoje se originaram dos grupos de Oxford. Vejam um pequeno trecho de um relato histórico entre esse grupo religiosos e os interesses de Bill W. um dos fundadores de Alcoólicos Anônimos:
"AA no seu início recebeu é ideias de autoconhecimento, reconhecimento de defeitos de caráter, reparação para dano causado, e trabalhando com outros diretamente dos Grupos de Oxford e diretamente de Sam Shoemaker, o primeiro líder desse grupo na América, e em nenhum outro lugar." Em "AA atinge a maioridade”.
Eles praticavam rendição absoluta, direção de suas vidas por um Espírito Santo, compartilhar experiências, companheirismo, mudança de vida, fé e oração. Apontaram para padrões absolutos de Amor, Pureza, Honestidade, e eliminação do total do egoísmo, que foram introduzidos nos primeiro grupos de AA em Akron e Cleveland e Nova Iorque. Acima de tudo no grupo existia um companheirismo: "O Companheirismo Cristão do Primeiro Século." Levavam sua mensagem agressivamente aos outros. Reuniam-se em igrejas, universidades, e lares.
Em 1932 e 1933, um homem chamado Rowland Hazard, filho de um Senador e proprietário bem sucedido de um engenho da Ilha de Rhode, tinha tornando-se um Alcoólico sem esperança, e foi procurar ajuda com um psiquiatra de fama mundial, Carl Jung. Jung falou que não havia nenhuma esperança para ele ali, que voltasse para casa e que talvez encontrasse essa ajuda em algum grupo religioso.
Foi o que fez e ingressou no Grupo de Oxford nos Estados Unidos e tornou-se sóbrio. Ensinaram-lhe certos princípios que ele aplicou a sua vida. Este relato está documentado por Ed no Livro Azul (O livro texto de Alcoólicos Anônimos)
Em 1934, Ebby Thatcher, amigo de infância de Bill Wilson, estava para ser preso como um bêbado crônico em Bennington, Vermont. Foi visitado por três homens de um Grupo de Oxford; Shep Cornell, Rowland Hazard, e Cebra Graves. Eles posteriormente enviaram sozinho Rowland Hazard para ver Ebby.
Agiu como um tipo de padrinho e contou seu relato. Ensinou os preceitos que ele tinha aprendido para Ebby no Grupo de Oxford. Mais tarde, como sabemos, em dezembro desse ano, Ebby teve sua oportunidade de transmitir estes preceitos para Bill Wilson. Aqui estão esses preceitos, transcrito de uma fita de uma das conversas de Bill sobre A.A.:
1. Admitimos somos impotentes.
2. Seremos honestos conosco mesmos.
3. Falaremos sobre isso com outra pessoa.
4. Faremos reparação a quem prejudicamos.
5. Levaremos essa mensagem a outros de graça.
6. Oramos a um Deus que nós o entendemos.
Percebam portando a semelhança dos princípios espirituais dos grupos Oxford com os atuais princípios dos Doze Passos de AA e NA.
Como o Profissional de Saúde Mental pode atuar no campo da Espiritualidade
1) Pesquisar, a história espiritual: O terapeuta deve reunir informações sobre as experiências espirituais e religiosas de seus pacientes, suas experiências durante a vida e determinar qual papel desempenha nos seus problemas atuais. Mesmo que se perceba que o assunto naquele momento não é relevante, o paciente deve ser perguntado, para que o paciente perceba que pode tocar no assunto caso sinta necessidade no futuro. Se o paciente sentir dúvidas sobre a razão pela qual o assunto estar sendo tocado, explique brevemente que a religião e a espiritualidade.
Influenciam o modo como muitas pessoas cuidam de sua saúde e tratam suas doenças. Você pode usar como norteadoras as seguintes questões:
· Você se considera uma pessoa religiosa ou espiritualizada? Caso afirmativo, qual a importância da religião/espiritualidade na sua vida?
· Você é membro de alguma comunidade religiosa ou espiritual? Qual? Ela oferece apoio? De que tipo?
· Sua Religiosidade ou Espiritualidade influencia o modo como você lida com seus problemas em geral e com esse (motivo da consulta) em particular?
· Sua religiosidade ou espiritualidade oferece conforto ou é fonte de estresse?
2) Lidar com as crenças: Quando as práticas religiosas e o apoio dos grupos religiosos são ou foram úteis, o paciente deve ser incentivado e apoiado a manter ou refazer o vínculo. Podem ser sugeridas leituras, práticas de oração, meditação, buscas de aconselhamento religioso e participação em atividades assistenciais promovidas pelos grupos religiosos. Objetivo é estimular o “coping” espiritual.
Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. Romanos 15:13
E, levando-os à sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa. Atos 16:34
O que é “Coping”? É o modo como um paciente lida com situações de stress. Pode ser positivo ou negativo.
O Profissional deve ser respeitoso ao conversar sobre as crenças do paciente, pois nesse momento suas convicções religiosas podem contaminar a entrevista e o princípio da neutralidade pode ser abandonado. Mesmo que bizarras ou claramente patológicas, as crenças religiosas devem ser tratadas com respeito e deve-se tentar compreendê-las.
Normalmente as crenças religiosas contribuem para proporcionar sentido à vida e auxílio às dificuldades encontradas, sendo fonte de consolo e esperança. Quando a crença religiosa em questão, no entanto, contribui para a manutenção do estado patológico, a melhor estratégia é uma postura inicial respeitosa e neutra. Em algum ponto, contudo, essas crenças serão gentilmente desafiadas e o paciente será convidado a analisar outros pontos de vista.
3) Interação com Líderes religiosos: Por vezes pode ocorrer oposição entre questões religiosas e o tratamento oferecido. Nestes casos pode ser de grande valia contar com o Líder religioso, depois de autorizado pelo paciente, nunca com postura de confrontamento, mas sempre tentando trabalhar em conjunto. Normalmente ao perceber postura não hostil e atuação colaborativa, o Líder passa a estimular a adesão da paciente ao tratamento.
Critérios sugestivos de experiências espirituais saudáveis
· Ausência de sofrimento psicológico.
· Ausência de prejuízos sociais e ocupacionais.
· A experiência tem duração curta e ocorre episodicamente.
· Existe uma atitude crítica sobre a realidade objetiva da experiência.
· Existe compatibilidade da experiência com algum grupo cultural ou religioso.
· Ausência de comorbidades.
· A experiência é controlada.
· A experiência gera crescimento pessoal.
· A experiência é voltada para os outros
Tratamentos com abordagem religiosa e espiritual
A APA (Associação Psiquiátrica Americana) recomenda que os psiquiatras respeitem e considerem com relevância a identidade cultural, espiritual e religiosa dos pacientes ao decidir por um tratamento. Esclarece que as crenças religiosas e espirituais podem ser importantes fontes de esperança e significado.
Cita o programa de 12 passos, com uma dimensão espiritual, como importante para o tratamento. Considera que as comunidades religiosas e espirituais facilitem a reintegração social e oferecem estabilidade, inspiração e apoio prático para os membros mentalmente doentes.







