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5/30/2014

Jovens brasileiros bebendo muito


Um levantamento feito pelo Cebrid em dez capitais brasileiras com estudantes de primeiro e segundo graus indica isso. "A pesquisa aponta um aumento no consumo pesado, ou seja, cresceu o número de entrevistados que bebem mais de vinte vezes por mês", diz o psicólogo Ricardo Tabach.
"Isso é preocupante", acrescenta. Segundo a pesquisadora Ana Regina Noto, também do Cebrid, a família não ajuda muito. "Um em cada três brasileiros prova álcool pela primeira vez na própria casa, quase sempre oferecido pelos pais", informa.
Segundo ela, os refrigerantes foram praticamente abolidos nas festinhas de jovens. A cerveja rola solta e até alguns porres são tratados com a anuência e a condescendência dos pais, como se fossem algo normal.
Não são. "Isso acontece porque a sociedade não considera o álcool uma droga", diz ela. Outro problema é que se costuma achar que na juventude tudo é episódico e passageiro. Quando se trata de bebida, ocorre o contrário.
Se um adulto leva de dez a quinze anos para se tornar um alcoólatra, um adolescente precisa apenas de seis meses a três anos para incorporar o vício. Além disso, o uso abusivo do álcool provoca problemas sociais. Segundo a pesquisa do Cebrid, o álcool está no sangue de sete em cada dez brasileiros mortos violentamente – de acidentes de carro a assassinatos.


Esses problemas são agravados pelo fato de a legislação ser pouco respeitada. Poucas coisas são tão fáceis de comprar no Brasil quanto o álcool. Embora a venda seja proibida para menores de 18 anos, ninguém obedece à lei. A mesma pesquisa mostra que não chega a 1% o número de adolescentes que dizem "garçom, um chope" e não são atendidos.
O uso de álcool entre adolescentes é naturalmente um tema controverso no meio social e acadêmico brasileiro. Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens – seja no ambiente domiciliar, seja em festividades, ou mesmo em ambientes públicos.
A sociedade como um todo adota atitudes paradoxais frente ao tema: por um lado condena o abuso de álcool pelos jovens, mas é tipicamente permissiva ao estímulo do consumo por meio da propaganda.
Basta chegar à sexta-feira para que os bares de todo o país fiquem repletos de adolescentes que, entre um papo e outro, bebem. Incrivelmente a maior parte dos jovens não associa a cerveja ao álcool.
O jovem possui uma imagem ingênua da cerveja, vendo-a como diferente das demais bebidas alcoólicas. Poucos sabem que bebida preferida contem 5% teor alcoólico e bastam seis copos para que uma pessoa apresente dificuldades de coordenação motora e reflexos.
O jovem chega a apontar aspectos positivos. Dizem que a cerveja é fraca, que ela é mais apropriada para o jovem e que no calor o que combina mesmo é a cerveja. Frente à pergunta “Você acha que a cerveja é igual às outras bebidas alcoólicas?”, 34% dos jovens disseram que não, e destes, 90% apontaram esses aspectos “positivos” para justificar a diferença.
Os amigos e a família, sempre apontados, na literatura, como as maiores influências no consumo de substâncias psicoativas em geral, são inocentados pela maioria destes adolescentes, que chamam para si a responsabilidade; ao negar a variável externa, o jovem chama para si a responsabilidade de seus atos em uma tentativa de obter o reconhecimento social da ascensão ao estatuto de adulto.
A prevenção poderia focalizar as expectativas em relação ao álcool voltadas às vivências dos adolescentes e, especialmente, questionar as expectativas positivas dos adolescentes sem enfatizar o alcoolismo, distante temporalmente.
É necessário enfatizar as vantagens de não beber (ou, pelo menos, não se embriagar) e não as desvantagens de beber. A literatura aponta que a prevenção ao abuso do álcool deve iniciar preferencialmente na infância, mas concentrar-se entre os 12 e 15 anos, continuando até a idade adulta, pois até os 15 anos as expectativas positivas aumentam, estabilizando-se depois.
Ao mesmo tempo, os adultos têm um papel fundamental na formação e consolidação das expectativas. A família, que provê a experimentação, deve orientar não só o beber do jovem, mas o seu próprio beber.
O pai que pede um uísque "pra relaxar", uma caipirinha para "abrir o apetite" e a mãe que bebe um licor "pra fazer a digestão", a cerveja "pra refrescar", o conhaque "pra esquentar" estão colocando funções ou indicações de uso nas bebidas.
Seguir esta regra geral formulada pelos pais não é diferente de seguir as regras do grupo de amigos: "para ter coragem", "para mostrar que é macho", "para ficar com o cara", "para chegar à menina", "para esquecer", "para aproveitar melhor a festa", etc. A criança vai observando e aprendendo a respeito destes efeitos, o adolescente testa estas expectativas.
Para alguns, elas são confirmadas pelo uso do álcool e permanecem, fortalecendo-se e especificando-se mais, enquanto algumas caem em desuso. Para outros, elas permanecem sempre gerais, devido à pequena experiência com o álcool e à inadequação dos efeitos por ele provocados.
Mas a prevenção não envolve somente a intervenção na escola, o controle da propaganda ou a aplicação da lei que proíbe a venda de bebidas para menores. Estas medidas não farão diferença na opinião dos adolescentes sobre a bebida se o modelo adulto não se modificar. É necessária uma modificação das expectativas dos adultos para que eles apresentem um modelo de uso do álcool com menores riscos para o beber abusivo na adolescência.
Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes. 2 Tessalonicenses 3:9
Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 1 Pedro 5:3
Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. 1 Timóteo 4:12

A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais. Provérbios 17:6