O dependente químico raramente vive “no vazio”. Aqueles
que o cercam são direta ou indiretamente afetados pela disfunção comportamental
que acompanha a progressão da doença da dependência e desenvolvem mecanismos de
racionalização para melhor suportar a dor de serem rejeitados em função da droga
do familiar dependente. Quando isto ocorre, estas pessoas passam a ser o que denominamos
codependentes.
É um problema progressivo, capaz de tornar doentes
as pessoas que, em consequência de uma relação tão intensa e comprometida com um
dependente químico, não conseguem administrar suas próprias vidas.
Esse fato inicia-se quando nessa relação alguém tenta
controlar o uso de drogas, o consumo de bebidas ou quaisquer comportamentos compulsivos
de um dependente na esperança de ajudá-lo, sendo mal sucedido nesse controle, acabando
assim por perder o domínio sobre seu próprio comportamento e vida.
Assim como o dependente químico necessita da droga,
a droga do codependente é o dependente. Embora seja uma resposta normal para uma
situação anormal, a codependência é extremamente prejudicial a todos quando se tenta
controlar algo ou alguma coisa que não pode ser controlada.
Todo indivíduo é dotado de algo chamado “Soberania
Pessoal”. Não há restrições quanto a isso, exceto se ela agride a terceiros. Na
“Soberania Pessoal” está incluído o direito de usar qualquer substância, seja para
que fim for, mas responsabilizar-se integralmente pelas consequências.
No atendimento e tratamento do dependente químico
é comum o indivíduo ser trazido pela família, é comum também, que a família apresente
certa resistência quando solicitada a participar, ou então aceite o tratamento apenas
por causa do dependente, como se ela não precisasse refletir sobre a qualidade da
relação familiar. Normalmente a fala é a seguinte: - “Ele estando bem, eu também
estarei”.
O “sistema de negação” desenvolvido pelos codependentes
é basicamente idêntico ao utilizado pelo dependente químico. Estas características
são desenvolvidas ou geradas por reflexo de comportamento diretamente vinculado
e sob a influência da conduta do dependente.
Além disso, outros mecanismos de defesa mais complexos
atuam no sentido de sustentação das possibilidades de ganho que a doença promove.
A princípio, os ganhos são quase sempre representados pela atenção social que recebe
e parece envolver de satisfação imediata tanto o dependente quanto o codependente,
seja pela necessidade de que carecem, seja pela força da patologia à qual estão
aferrados.
Todavia, com o tempo, o indivíduo com essa característica
se torna insistente e a qualidade das relações que desenvolvem tende a se tornar
obstinada. Como consequência, ele fica cada vez mais isolado socialmente e entra
em estado depressivo cíclico, apresenta sentimentos de abandono, frustração e baixa
autoestima.
Porque, quando meu pai e minha mãe me
desampararem, o Senhor me recolherá. Salmos 27:10
Todas as atitudes a que o codependente responde mediante
a manipulação do dependente pressupõe-se atuarem no sentido de uma degradação de
conduta de ambas as partes.
Por isso também Deus os entregou às
concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos
entre si; Romanos 1:24
Assim, o que o codependente necessita, é de uma orientação
para que possa perceber como responder às diretrizes de conduta do seu dependente,
o grau de envolvimento e de participação na patologia em questão.







