a) Porque é que as pessoas se drogam?
As drogas modificam a realidade das coisas. As drogas dão um prazer que não pode ser programado nem controlado pela vontade própria.
Estimulam, deprimem e perturbam o comportamento do indivíduo, alterando-lhes a realidade das coisas; a diversidade de produtos proporciona-lhes variadas alternativas, mas todas têm algo em comum: podem causar dependência psicológica e ou física.
As razões porque as pessoas se drogam, são variadas, mas há sempre razões comuns que levam o indivíduo a consumir este ou aquele tipo de produto tóxico, seja ele legal, ilegal, solventes ou medicamentos.
b) A falta de comunicação.
É um fato consumado que as famílias estão "sobre ocupadas"; os empregos ocupam os pais, totalmente, de manhã à noite. Temos formas mais rápidas de fazer as coisas; temos computadores, faxes, internet, televisão, etc. e temos cada vez menos tempo para fazer o que é mais importante.
c) A autonomia dos jovens.
A indisponibilidade das famílias levou à autonomia precoce dos jovens. Desde tenra idade são "despejados" nos colégios e a educação ficou à mercê de estranhos, da televisão e uns dos outros. Cedo começam a tomar as suas próprias decisões e a exigir o que não precisam, nem lhes faz falta. Ficam à mercê da publicidade subliminar escandalosamente influenciadora do seu comportamento e da sua capacidade de decisão, ainda em formação.
Sozinhos nas decisões proporcionam-se experiências de consumo que lhes podem trazer. Prazer, no início, mas conseqüências desagradáveis a curto, médio e longo prazo.
d) Os grupos e a necessidade do grupo.
As influências da sociedade e a procura de identidade levam o jovem a identificar-se com algo. Um estilo de música, um estilo de vestir, um estilo de comer, um estilo de andar... É a crise de identificação e a necessidade de ter um "grupo".
Os pais não percebem os riscos que o jovem corre. Não gostam da música que ele ouve e não dão pela influência que está diretamente relacionada. Assim, depositam neles uma confiança excessiva deixando para a escola e para os amigos a educação que deveriam ser eles a transmitir. O "fosso" vai ficando cada vez maior.
e) Desafios.
O jovem gosta de experimentar o que não lhe é autorizado. Gosta de dizer "sou capaz", "nenhuma droga me vai tornar dependente". Na família, os pais diziam para não fumar ou beber álcool, mas os pais fazem-no. Agora que está mais crescido, porque é que o Pai pode beber, a mãe fumar e ele não pode fumar um "charro"? Só porque eles acham que faz mal? "Atão" não é verdade que o álcool e o tabaco matam muito mais gente?
Outras razões como o stress, as influências culturais e de grupo são também fortes motivos que levam as pessoas a tomar drogas. O medo, a depressão, a solidão, a falta de motivação para viver, o desemprego e inúmeras causas levam as pessoas a um envolvimento com produtos que proporcionam algum alívio, nem que seja por alguns momentos, apenas.
O homem e o espiritual.
Desde cedo muitas crianças mostram uma tendência para identificar os seus pais como primeiro conceito de Deus. Em geral, as crianças tendem a aceitar os conceitos da religião formal, sem duvidar. À medida que se aproximam da adolescência e começam a questionar a autoridade de todas as coisas, podem revoltar-se contra a Igreja, contra a Escola e contra a autoridade dos pais. Outros adolescentes analisam a religião de forma honesta, tentando encontrar uma fonte de satisfação emocional e intelectual.
Experiências recentes mostram que os adolescentes descrevem uma boa consciência, como trazendo paz, alegria e satisfação. Uma má consciência causa sentimentos de culpa, inquietação, auto- reprovação, ansiedade, medo, remorsos e auto- condenação. Os adolescentes que sofrem de uma má consciência, são tentados a isolarem-se socialmente, evitam contactos pessoais e são mal humorados e irritáveis sem causa aparente. Em geral, os sentimentos de culpa, conduzem o adolescente a algum tipo de confissão, como um meio de alívio emocional.
Um estudo recente mostra que os adolescentes integrados numa Igreja, apresentavam menos preocupações, são menos introvertidos e demonstram um melhor ajustamento às suas famílias, do que os descrentes.
O adolescente recebe vários benefícios do ponto de vista emocional e psicológico, com a sua integração numa igreja.
O sentimento de perdão, libertação da culpa através da confissão, a sensação de receber outra chance na vida, são redução de tensão, são de grande valor no ajustamento pessoal;
O aumento da segurança que resulta da fé em Deus. A confiança em Deus, previne o adolescente do desespero, a crença na imortalidade, liberta-o do medo da morte;
Tornar-se membro de um grupo, dá um sentimento de pertença e a possibilidade de construir outras identificações positivas que contribuem para o bem estar e ajustamento pessoal.
A religião (no sentido vasto da palavra) pode, portanto ser um fator importante de saúde mental, bem como a base para uma filosofia de vida.
· A história mostra-nos como o homem se tem sentido insatisfeito consigo próprio e com os outros ao longo dos séculos. A sua ambição, guerras, desajustes sociais e drogas são bem prova disso. Se o homem não tem um Deus, inventa-o. Mas o fato é que dentro do homem existe uma natureza que o leva a procurá-lo; consideremos:
· Foi Deus quem colocou esta necessidade no coração do homem. Deus deseja ser "o objeto" da adoração do homem.
· Se as pessoas não adorarem Deus, adorarão qualquer outra coisa ou pessoa. Por exemplo: outro deus, outro homem / mulher, um ídolo, uma filosofia, dinheiro, etc. (Ex.32:1-9.)
· Deus quer que o homem o adore. Para isso criou o Homem para que pudesse ter comunhão.
· Inconscientemente o homem procura algo espiritual para adorar. (Atos 17:22-27)
A juntar a isto, há o desejo interior de liberdade que o homem expressa continuamente. Cada um tem o seu conceito de liberdade. Quanto aos políticos, cada um tem o seu, os religiosos têm o seu, os judeus também, mas Jesus acha que só aquele que "O Filho liberta é que é verdadeiramente livre". Jo. 8:32-36. E com o Plano que Deus traçou para nós ficarmos bem...
Se recorrermos ás origens, em Gênesis, capítulo 1 verificamos que para toda a criação Deus ordenou: "Produza a terra..." mas quando chegou à ocasião de criar o homem, olhou para si mesmo: "Façamos o homem, à nossa imagem e à nossa semelhança..." Está provado a nossa dependência de Deus porque fomos criados de acordo com a sua mais perfeita vontade.
O que são drogas?
Noções e definições:
a) Tóxico
Tóxico é toda a substância que quando entra em circulação no organismo humano produz reações indesejáveis. Assim, muitos produtos aparentemente inofensivos podem ser considerados como tóxicos, em termos gerais. Existem tóxicos que em condições normais e em determinadas doses, não causam qualquer efeito no nosso organismo mas não deixam por isso de se tratar de venenos que não nos fazem qualquer falta.
b) Dependência
Alguns produtos tóxicos determinam no nosso organismo, quando ingeridos múltiplas vezes, um efeito de necessidade de nova ingestão desse produto, sob pena de levar ao aparecimento de sintomas estranhos (dores, febre, ansiedade, etc.). A esta necessidade imperiosa de ingerir um produto tóxico, chama-se dependência. Consoante os diversos produtos tóxicos, assim a dependência é física ou psíquica, que, como os nomes indicam, correspondem a sintomas físicos (dores, contrações musculares, diarréias, etc.) ou psíquicas (ansiedade, angústia, etc.).
c) Habituação ou tolerância.
A maioria dos produtos quando consumidos de uma forma regular, levam a uma necessidade de se aumentar a dose deste produto, com o objetivo de se obterem os mesmos sintomas desejáveis pelo utilizador. É a este fenômeno que se chama habituação ou tolerância do organismo. Depois de algum tempo de uso de determinado produto, sem surtir os efeitos desejados durante o mesmo período de tempo, o indivíduo é levado a experimentar outro tipo de produto, iniciando um novo ciclo de tolerância e habituação.
d) O papel das endorfinas.
As endorfinas circulam entre os neurônios, têm como finalidade reduzir a dor e são fabricadas permanentemente. Se fazemos muito esforço aumentarão em número e se estivermos em repouso serão menos. Se fôssemos privados das endorfinas todos os nossos movimentos seriam acompanhados de uma intensa dor. As drogas substituem as endorfinas e como tal o organismo suprime a fabricação das mesmas uma vez que deixa de precisar delas.
e) Ressaca ou Síndrome de Privação
Os efeitos de dependência e habituação de um produto tóxico, provocam um fenômeno composto de um conjunto de sintomas que se manifestam quando um organismo dependente é privado do tóxico ou cessa o efeito dele. Isto é, sempre que um indivíduo consome regularmente um tóxico, para que não sofra estes sintomas, necessita voltar a consumir assim que a dose deixa de ter ação. É a este conjunto de sintomas que se dá o nome de "Síndrome de Privação", vulgarmente conhecido por "ressaca". À semelhança do que se disse anteriormente, também a Síndrome de Privação pode ser físico ou psíquico, consoante o tipo de tóxicos.
f) Tipos de tóxicos.
Quando nos referimos a produtos tóxicos, estamos só a considerar aqueles produtos que são usados com o fim de obter efeitos a nível físico ou psíquico, aceites pelo utilizador e que ao serem tomados têm como objetivo produzir prazer. Neste grupo de tóxicos, todos eles atuam ao nível do SNC (Sistema Nervoso Central) produzindo prazer mais ou menos intenso. Os produtos tóxicos, têm, essencialmente, dois efeitos opostos no SNC:
• Depressão
Provocam depressão ou diminuição da ação deste Sistema (efeito calmante ou tranqüilizante, também conhecido pelo efeito drunf). Com estes tóxicos os consumidores buscam prazer e bem estar ao estarem calmos, parados, sem agitação, etc. Fazem parte deste grupo de tóxicos, uma grande parte dos medicamentos ansiolíticos, indutores de sono, haxixe, opiáceos como a morfina, heroína e álcool (em doses elevadas), etc.
• Estímulo
Provocam desinibição ou estimulação dos efeitos do SNC, ou seja, um efeito vulgarmente chamado "speed". Estão neste grupo medicamentos como as anfetaminas (medicamentos para diminuir o apetite e emagrecer), alguns medicamentos anti-depressivos, o álcool na sua fase inicial, etc.
g) Tóxicos mais freqüentes
Os produtos tóxicos mais freqüentes consumidos em Portugal são:
• Tabaco
• Álcool
• Haxixe
• Heroína
• Cocaína
• Crack
• Comprimidos
Há comprimidos estimulantes e depressivos do SNC. Não temos qualquer dúvida que quer o tabaco, quer o café, quer outros tóxicos que todos nós conhecemos, são maléficos para o organismo, mas que a grande maioria das pessoas consome.
Generalidades
O percurso para chegar às drogas mais pesadas (ou duras) pode ser um percurso longo e subtil. Tudo pode começar com um inofensivo café, ou chá com cafeína. Depois vem o uso ocasional do tabaco seguido do social; de seguida o álcool, os solventes, o haxixe, anfetaminas, cocaína e heroína.
Qualquer indivíduo pode parar em qualquer patamar da escada. Menos de metade das pessoas que bebem café ou chá irão experimentar haxixe e destes, apenas uma pequeníssima minoria (menos de 5%) chegarão à heroína;
O que leva as pessoas a tomar drogas cada vez mais fortes não são as drogas em si mesmas, mas sim a personalidade do consumidor, designadamente a sua curiosidade, a capacidade de resistir às experiências, as suas circunstâncias físicas, psíquicas, sociais, econômicas, etc., bem como ambiente em que vivem e o meio social em que estão envolvidos; família, escola, vizinhança, igreja, emprego, etc.
a) Resiliência
À capacidade que as pessoas têm de resistir às experiências com substâncias aditivas pode dar-se o nome de resiliência, termo que vem da física e que se resume no seguinte: "é a propriedade que os metais têm de resistir a forças maiores ou menores sem se deformarem, ou quando se deformam, têm a capacidade de voltar à forma primitiva sem quebrar ou perderem as suas propriedades ou identidade". Aplicado aos indivíduos, é a capacidade que cada um tem (que está associada a fatores genéticos, à personalidade, ao ambiente, à auto-estima, auto-imagem e auto-conceito, etc.) e que pode ser, aprendida e desenvolvida a resistir ao stress e a geri-lo da melhor forma, conseguindo efeitos positivos e duradouros. Todas as experiências que atravessamos ao longo da vida afetam o nosso futuro e desta forma a nossa "qualidade" de resiliência, ajudando-nos a superar todas as dificuldades de uma forma positiva ou não.
b) O consumo de drogas.
As drogas legais e culturais como o tabaco e álcool, podem ser mais lesivas para a saúde da população, das famílias e dos indivíduos em particular, do que as ilegais. Poder-se-á então perguntar: por que ter receio das drogas ilegais? A resposta, tome ela que sentido tomar, exige várias considerações:
· O consumo das drogas traz sempre riscos para a saúde. As mortes causadas pelas drogas legais são incomparavelmente muito superiores aos casos fatais provocados pelas drogas ilegais. A diferença está no impacto social, através dos meios de comunicação social, que é provocado pelo abuso de substâncias ilegais. O que é ilegal capta muito mais as atenções das populações e os "media" exploram e vendem isso muito bem
· As populações não estão suficientemente informadas sobre as conseqüências das drogas culturais. Não conseguem colocar na balança o prazer e o bem estar em confronto com as conseqüências. Aos governos e aos "lobbies" não interessa ponderar sobre os benefícios e os danos causados.
· Algumas drogas legais fazem as pessoas atuar de modo irracional e descontrolado (tal como acontece com o álcool). A inconsciência e a perda de controlo podem tornar-se perigosas para o próprio e para os outros;
· O consumo de drogas ilegais pode adicionar outros riscos para a saúde por estarem muitas vezes contaminadas, adulteradas ou impuras;
· Os custos relacionados com as drogas ilegais torna o seu consumo incomportável para o viciado e proporciona o crime e a violência individual assim como organizações à escala internacional que não olham a meios para atingir os seus fins.
· O consumo destas substâncias leva ao inevitável confronto com a Lei e a conseqüente prisão agravando a oportunidade do indivíduo ter um futuro saudável e próspero. As experiências nas prisões para qualquer pessoa são sempre desagradáveis.
· Existem lacunas graves na Sociedade quanto ao tratamento com este tipo de consumidores que levam os consumidores destas drogas a se sentirem- se marginalizados pela família, pelos colegas de trabalho, pelos vizinhos, etc.. Gera-se um ciclo vicioso de segregação e auto exclusão sem retorno.
c) A cafeína.
Ao abordarmos as drogas em geral devemos considerar também as mais inofensivas para podermos perceber onde tudo começa. Aqui temos que começar pela cafeína, a qual é utilizada por todos os grupos etários através do chá, café, chocolate e de alguns refrigerantes, como as colas. Estas drogas provocam um efeito ligeiramente estimulante sobre o sistema nervoso central. Alteram discretamente o humor, estimulam o cérebro e diminuem o cansaço. O excesso de cafeína, em algumas pessoas, altera o sono, a capacidade de concentração e a vigília, podendo iludir também a necessidade de descanso.
Uma chávena de chá ou café forte tem à roda de 100 mg de cafeína. Estas quantidades variam com a qualidade das folhas de chá ou dos grãos de café, com o tempo e modo de torrefação. Uma lata de refrigerante contém, em média, entre 35 e 50 mg de cafeína.
Qualquer dose acima de 50 mg pode produzir alterações na pessoa, mas é geralmente depois de 250 mg (duas "bicas" e meia) que o efeito é mais evidente. Considera-se "cafeinismo" a ingestão aguda ou crônica de mais de 500 mg/dia, o que já pode dar efeitos secundários como agitação, insônias, tremores musculares, dores abdominais, fala apressada e por vezes, estados de ansiedade ou pânico, depressão ou até esquizofrenia.
d) O álcool
Consideramos "droga" toda a substância tóxica que proporciona estímulo ou depressão e que gera dependência física e ou psíquica. Assim, pelo que atrás foi exposto o café e o chá podem ser considerados "droga". Ao álcool não temos qualquer dificuldade em atribuir-lhe esta nomeação porque é uma droga estimulante, depressiva, tóxica e gera dependência. É a droga mais consumida pelos jovens e pelos adultos e a segunda mais mortal.
Os efeitos mais nefastos do álcool são a nível físico, como por exemplo cirroses hepáticas, doenças do aparelho digestivo e também a nível psíquico, provocadas pelo consumo prolongado de álcool. As conseqüências a nível da percepção, freqüentemente causadas por alcoolismo agudo, são o que todos conhecemos nas nossas estradas. As pessoas não conhecem os limites de consumo que provocam falta de reação, misturam bebidas e não conhecem a capacidade do seu organismo resistir à intoxicação.
Em Portugal as mortes diretamente relacionadas com o alcoolismo ascendem acima dos 8.000 casos fatais por ano e na Europa mais de 200.000 mortes.
e) Tabaco
O tabaco é a segunda droga mais utilizada. De fato, os resultados de vários estudos permitem afirmar que, aos 16 anos:
• Um terço dos adolescentes já experimentou o tabaco e vai continuar a fumar;
• Um terço experimentou e já deixou, ou vai deixar de fumar;
• Outro terço não experimentou.
O tabaco não altera o comportamento imediato das pessoas, (tal como a cafeína) pelo menos de forma significativa, mas é de longe a droga mais mortal a longo prazo. Se deixar de fumar enquanto é ainda jovem (o que não é fácil, dado o caráter fortemente aditivo do tabaco - semelhante, segundo alguns, ao da heroína), os efeitos a longo prazo podem não se verificar. De qualquer forma, seja com que idade for, é sempre bom deixar de fumar porque as vantagens vêm a revelar-se de muitas outras maneiras: melhor hálito, maior economia, maior capacidade de praticar exercício físico ou desporto, menor cansaço, etc.
O tabaco vitima todos os anos mais de 800.000 pessoas na Europa e em Portugal os números aproximam-se aos casos fatais de álcool; mais de 8.500 por ano. Os países nórdicos são mais afetados pelo consumo desta substância, enquanto proporcionalmente os países do sul da Europa são afetados pelo álcool; razões culturais.
f) As drogas ilegais
O Cannabis é a droga ilegal mais utilizada, com cerca de 100.000 consumidores crônicos em Portugal. Seguem-se as anfetaminas e as drogas "duras". Os efeitos, a longo prazo, do consumo de cannabis, por exemplo em relação ao aparecimento de cancro do pulmão, são pelo menos tão perigosos como os do tabaco. É considerada por alguns círculos legalistas como uma droga "leve" que deveria ser despenalizada e comercializada livremente. Pensamos no entanto que, dado os seus efeitos psíquicos e características aditivas, não é um produto que deva ser disponibilizado livremente; os resultados na condução de um automóvel por um indivíduo sob o efeito desta droga não proporcionaria qualquer segurança na estrada, a si mesmo e a terceiros.
O número total de mortes devido ao consumo de drogas ilegais, tem vindo a aumentar todos os anos em Portugal. Em 1995, por exemplo, de acordo com os dados do Instituto de Medicina Legal, foi de 196, sendo 147 devidas a "overdose".
Devemos, no entanto perceber que quando se fala de números e estatísticas poderemos não ser exatos ou falsear a gravidade do problema. Por exemplo, todas as faixas etárias consomem álcool, mas são os mais jovens que são vítimas de acidentes e violência enquanto os mais velhos são vitimados por doenças relacionadas com o consumo durante largos anos. Não poderemos omitir, neste contexto, que o álcool, pelos seus efeitos desinibidores e de agressividade, pode proporcionar imoralidade e uma relação sexual com um parceiro de risco, quer voluntariamente ou por violência; aqui fica-se sem saber onde se deve colocar a estatística.
No caso do tabaco, um cancro pode surgir num jovem, num fumador passivo mas geralmente é em idade avançada que "se paga a factura". Vítimas relacionadas com drogas são geralmente consumidores jovens que tomaram uma "overdose" ou o produto estava falseado. Doenças indiretas como hiv/SIDA e outras doenças infectocontagiosas ativas ocorrem normalmente entre pessoas relativamente jovens.
g) Drogas "leves" e drogas "duras"
Ouve-se falar em drogas "leves" e drogas "duras". Mas será que existe alguma diferença entre elas? Será que umas são o começo das outras? Ou não têm nada a ver umas com as outras?
Uma forma de separar "dura" de "leve" é considerar droga "dura", a que gera uma dependência física. Contudo, "leve" não que dizer "inofensiva" e a droga "dura" é a que gera dependência, então o álcool é uma droga "dura". Se a heroína sendo uma droga "dura", causa inúmeros problemas, também o LSD e a própria cannabis (drogas "leves") podem causar.
A perspectiva do dependente
Um consumidor de drogas pára de crescer intelectualmente e fica com a mentalidade que tinha quando iniciou os consumos. As drogas travam o seu amadurecimento pessoal e por vezes, indivíduos já com 40 anos continuam com comportamentos típicos da sua adolescência.
Dependem dos pais afetivamente e as iniciativas são sempre no sentido de fazerem escolhas supérfluas, como comprar, por exemplo, uns tênis caros. Se mantém o consumo de drogas o seu pensamento foca a necessidade de encontrar dinheiro e se a opção é arrumar carros, convencem-se de que estão a fazer um serviço muito útil à sociedade. Se alguém não lhes paga o serviço, é como se lhes ficassem a dever! A sua autonomia nunca é conquistada. Interiorizam um sentimento de que todos tem obrigações para com eles; só eles estão certos. O pensamento do viciado depende, no entanto, da fase de consumo em que se encontra. Podemos distinguir três fases no percurso do consumidor de drogas.
a) Fases de consumo.
• Primeira fase
Esta fase inicia-se com o consumo quotidiano. Um "charro", uma pequena dose de heroína ou cocaína chegam para uma "viagem" ao "paraíso", uma vez que estas drogas provocam um prazer muito forte e um grande bem- estar intenso. Nesta fase tudo corre bem, dá prazer e é agradável. Não há sintomas de ressaca. Não é preciso muito dinheiro para as doses e em casa inventam-se umas "tretas" e vai dando para as despesas.
• Segunda fase
Começam os sintomas de ressaca e a necessidade de maiores doses aumenta. O prazer já não é o mesmo e a dependência instalou-se. A mentira já não "pega" e começam os pequenos roubos em casa e na rua, porque a necessidade de aumentar a dose é cada vez mais forte. A maior parte dos toxico dependentes não pede ajuda nesta fase.
• Terceira fase
Na última fase já não há prazer no consumo. O indivíduo droga- se apenas para não ter dores e para poder fazer a sua vida . Toda a sua vida anda à volta de conseguir mais uma dose. Deita-se a pensar em como obter a dose no dia seguinte e levanta-se com o mesmo pensamento.
b) A perspectiva do toxico dependente.
Em variados aspectos a perspectiva do dependente de drogas ilegais é coincidente também com a perspectiva do alcoólico. Poucas diferenças separam ambos os consumidores. Talvez a maior diferença seja aquela em que o dependente de drogas ilegais consome para poder fazer a sua vida, enquanto o alcoólico, se consumir não consegue ficar de pé, ainda que muitos alcoólicos só conseguem trabalhar com a sua dose de álcool.
1. Não precisam de ajuda de ninguém para se tratar.
Entendem que conseguem sair sozinhos. Procuram todos os escapes para resolver o problema; ir de férias para a terra, fazer a ressaca em casa, etc. não precisa de psiquiatra porque não é maluco. São extremamente desconfiados relativamente às instituições e quando passam por uma experiência de fracasso dificilmente retomam a confiança noutra instituição. A sensação, que as drogas proporcionam, de que não precisam de ninguém, contribui para este engano inconsciente.
2. Um dia vou ficar bom.
É uma excelente atitude mas quanto mais demora mais difícil se torna. Os riscos de adiar a solução são imensos: Acidentes, doenças infecto contagiosas, violência, "overdose". O risco do toxico dependente permanecer nas drogas é elevado e ele precisa de estar consciente disso, mas as drogas não lho permitem.
3. Controlam tudo e todos.
É comum entre os toxico dependentes a tentativa de controlar os outros através de:
• Manipulação
• Chantagem afetiva
• Divisão
Através da manipulação procuram controlar a família de forma a obter o que lhes faz falta. Utilizam os sentimentos familiares para fazer chantagem e por vezes usam promessas de que vão a uma consulta, inventando que é preciso pagar, etc. A divisão familiar é também uma arma que utilizam com grande sucesso. Com habilidade tiram proveito da divisão da família causada pelo problema.
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