
Face a este panorama, é vital para a nossa sociedade ultrapassar o modo superficial como tem lidado com o tema dependência, para nos dedicarmos mais em profundidade às causas e implicações do desenvolvimento da habituação. É urgente, questionarmos o preconceito moral largamente difundido entre os nossos contemporâneos contra os dependentes de substâncias aditivas.
Este opúsculo foi escrito com o objetivo de prestar um serviço a três grupos de pessoas visadas:
a) Ao dependente, que oscila continuamente entre as auto acusações e agressões do meio em que vive, o qual, no seu entender, encara a situação com grande incompreensão. Por esta razão, o alcoólico tem necessidade de aprender a conhecer-se melhor, e ao seu comportamento; só assim ganhará a liberdade para poder daí tirar as conclusões necessárias que o levem, e à sua família, de retorno à vida.
b) Aos familiares dos dependentes, que desejariam saber se têm o direito ou mesmo a obrigação de se afastarem daquele que bebe, embora desde sempre tivessem nutrido por ele grande estima. Seja porque ele, entretanto, ultrapassou as marcas do suportável, seja porque o respeito por si próprio e a defesa de certos interesses justificados como, por exemplo, a obrigação de cuidar dos filhos, aparentemente aconselhem que ele seja abandonado definitivamente à sua sorte.
c) Aos colegas, vizinhos ou superiores hierárquicos do dependente, que querem aceder rapidamente a informação, pré-dispostos, a corrigir os seus preconceitos e modos de ver unilaterais.
I. Alcoolismo-doença ou fracasso moral?
No decorrer dos últimos anos por toda a Europa, fomos literalmente submersos por uma avalanche de ações de esclarecimento sobre os problemas das habituações e das dependências. Conferências, exibição de filmes na televisão e jornadas científicas relacionadas com estes temas tinham por finalidade levar junto do público anônimo e dos profissionais relacionados com estes assuntos os mais recentes conhecimentos e pontos de vista.
Os resultados de todos estes esforços foram, porém, assaz modestos. O alcoólico continua a ser segregado pela população em geral, como indivíduo volúvel e dotado de vontade débil, mas o próprio alcoólico e os seus familiares cedo alinham entre os defensores deste mesmo preconceito; e isto e tanto mais é assim, quanto maior é a segurança e até a superioridade aparentadas.
Seria, efetivamente, insuportável para o visado e seus familiares, se os vizinhos adivinhassem as dúvidas dilacerantes e as dolorosas autocríticas. O alcoólico vê-se, assim, entre a esperança e o medo, preso nesta aparência de alternativa: “Serei eu uma pessoa decente apesar de beber imoderadamente e sem parar, ou devo confessar que, como falhado e decadente, deixei de merecer um lugar na comunidade dos cidadãos honestos?”
Acontece freqüentemente a ex-dependentes que vivem em abstinência serem assaltados por pensamentos desta natureza, por dúvidas desmoralizantes em relação à sua própria pessoa e por complexos de culpa. Mas, o extremo oposto, também é bem conhecido por aqueles que lidam com dependentes. As suas tentativas de auto-justificacão, a que Jellinek chama “sistema de explicações”, revelam até que ponto ainda se encontram acorrentados à sua dependência.
Quanto mais o alcoólico se vê atormentado pelos complexos de culpa, tanto mais, enfaticamente, quer fazer crer que é uma pessoa segura de si, ou até um inocente ofendido, que insiste em que, a origem dos problemas reside unicamente nas outras pessoas. A montanha dos sentimentos de culpa próprios é simplesmente transferida para as pessoas que o rodeiam. A elas é imputada a responsabilidade de tudo o que corre mal e de que são culpados dos conflitos existentes. Este procedimento não só justifica o continuar a beber, como origina um sentimento de auto compaixão simultaneamente dolorosa e agradável, em que a vítima inocente de um meio tão ruim, se lastima profundamente.
· Sendo assim, qual dos pontos de vista deve, então, ser considerado correto?
· A visão científica da doença do alcoolismo desculpabiliza o alcoólico?
· Terá ele que conservar até ao fim dos seus dias a sensação de ser uma má pessoa?
· Devem considerar-se, ao fim ao cabo, os erros de educação e outras influências sociais nocivas como responsáveis pelo desenvolvimento do hábito?
· Têm razão de ser as queixas dos familiares e superiores hierárquicos?
· Não restará outra saída para o alcoólico senão vegetar como um proscrito à margem da sociedade até ao fim dos seus dias?
II. Etiologia e desenvolvimento da doença
Limitar-nos-emos a focar aqui, abreviadamente, algumas características das doenças tais como foram sistematizadas pelo professor americano Jellinek, célebre pela sua investigação feita para a Organização Mundial de Saúde.
Característica essencial da doença “alcoolismo” é o seu começo insidioso furtivo de que nem a vítima, nem muito menos os que a rodeiam, se dão conta.
São especialmente os seus sentimentos, conflitos íntimos e tensões, que atormentam o futuro dependente a fazer a descoberta, de que, ao beber “normalmente” com outros, aliás, em determinadas situações psicológicas e ambientais, de que o álcool é um ótimo meio para a sua auto-medicação, de forma a superar esse males.
Uns conseguem libertar-se das conseqüências físicas dos seus estados de tensão, outros verificam como se dissolvem facilmente sensações aborrecidas; outros ainda, desinibem-se a ponto de desempenharem trabalhos ou estabelecerem contactos que, de outra forma, excederiam as suas forças.
Graças ao álcool, um produto que hoje se pode encontrar facilmente em toda a parte, qualquer um possui um instrumento que lhe permite ultrapassar mais rapidamente os conflitos e aspectos mais sombrios da sua existência. O seu consolo permite-lhe desenvolver melhor os seus dotes e sofrer menos.
São portanto, motivos perfeitamente compreensivos os que levam a contrair a dependência. O que sucede, é que a relação entre este inofensivo alívio da vida e o futuro círculo infernal do hábito, que acaba por destruir a vida, ainda não consegue ser discernida nesse momento pela futura vítima nem pelos seus familiares.
O bebedor tem a vaga sensação de que o álcool lhe sabe bem, que lhe faz bem, e que se sente muito bem quando bebe. E de resto, toda a gente faz o mesmo! Ele procede exatamente como as pessoas com quem convive. Nessa altura, ainda não tem de que começar a afastar-se cada vez mais da normalidade e a iniciar um caminho que levará ao isolamento e à destruição da sua existência.
Este começo furtivo, vai conduzi-lo sem disso dar conta, através da ilusão da sensação de alívio, e de uma maneira efetiva, aos grilhões da dependência.
Daí a alguns anos surgirá a perda de autocontrole, sinal inequívoco de que se está perante uma doença. A perda da faculdade de se auto-controlar e de limitar a ingestão de álcool, deve-se a uma alteração do metabolismo. A partir desse momento constata-se que o mínimo trago de álcool faz despertar uma necessidade irresistível de beber mais, necessidade essa que, numa primeira fase, ainda é vencida com muito esforço pelo dependente, mas a qual, depois, é dado livre curso.
E fala-se de doença porque a capacidade do homem saudável limitar voluntariamente as quantidades ingeridas, fica condenada para sempre a perder o controlo. Segundo os conhecimentos científicos atuais, esta perda, é irreversível, por mais demorados que sejam os tratamentos, e apesar de uma abstinência de muitos anos. O que acaba de se afirmar, também é válido para uma outra forma de alcoolismo, a que se pode chamar “beber para manter o nível”.
O indivíduo que se enquadra nesta categoria não se torna notado por cenas de embriaguez mas sim, pelo seu consumo moderado e muito regular de álcool, anos a fio. Ele bebe ao longo do dia pequenas quantidades, para manter um determinado nível de álcool no sangue. Isto conserva-o numa espécie de narcose mental, conseqüência da sua dependência física do álcool.
Quando está durante algum tempo sem beber manifesta-se toda uma sintomatologia de privação, desde estado de inquietação e medo, até ao enjôo, tremura das mãos e dificuldades psicomotoras. Neste tipo de alcoolismo só passados alguns anos é que se verifica uma dependência psicológica que, no caso anteriormente estudado, verifica-se que a perda de controlo, tinha antecedido de anos, a dependência fisiológica.
Perda de controlo e manutenção do nível de álcool são dois estados patológicos, perfeitamente caracterizáveis de um ponto de vista médico, e que representam desvios da normalidade. Isto foi expressamente confirmado pelo Tribunal Social Alemão numa decisão de 1968. A perda de controlo e a incapacidade de abstinência, ou seja, de se privar de álcool durante um período dilatado, foram consideradas doenças cujo tratamento foi cometido às autoridades legais.
A perda de controlo e a ingestão de álcool para manter o nível, atestam pois inequivocamente, do ponto de vista médico e jurídico, a existência de uma doença.
Constantemente surge a interrogação se haverá fatos da personalidade que favorecem o desenvolvimento do alcoolismo. Porque é que os alcoólicos potenciais, como se viu atrás sofrem de maneira tão especial com as tensões que a vida proporciona, e de maneira tão perturbadoras, como o medo, insegurança, complexos de inferioridade, vergonha e complexos de culpa, para citar apenas alguns.
Quem assim reage ao mundo que o rodeia, fá-lo devido à sua estrutura de personalidade que tem a ver com as pessoas com quem conviveu durante os primeiros seis anos de vida. Vamos focar seguidamente dois tipos de reação e vivência (estruturas de personalidade) que é freqüente encontrar-se nos dependentes, para elucidar como surge uma predisposição para as drogas, compreensível em função da personalidade.
III. O tipo “carente do próximo”
Examinemos em primeiro lugar aquela estrutura de personalidade que se encontra mais freqüentemente nos dependentes masculinos. O que a tipifica é o modo característico de estar no mundo deste tipo “carente do próximo”, como o designaremos. Sobressaem não só o complexo de inferioridade e sensação de desamparo como a necessidade de dedicação e complementação, derivada dessa sensibilidade.
O tipo “carente do próximo” vive, coagido pela necessidade de se tornar útil ao seu próximo, para o levar a desempenhar o papel, que precisa que o outro assuma. Tem para isso duas hipóteses: A primeira consiste em tornar-se escravo da outra pessoa, seu criado indispensável, por exemplo, riscando do seu vocabulário a palavra NÃO. Neste caso, e sem se dar conta do fato, vai ao encontro dos desejos do outro de uma forma aparentemente altruísta e solícita.
Em contra partida encara esse seu próximo como pessoa indiscutivelmente obrigada a todas as prestações de que ele próprio tem necessidade. A outra possibilidade consiste em pressionar moralmente o próximo, exibindo com maior ou menor evidência o seu desamparo a tal ponto que aquele não tenha outro remédio se não intervir a favor do “carente do próximo”, livrando-o de problemas. Este tipo de pessoas não tem, normalmente, consciência de que ao proceder desse modo, dá muitas vezes origem a manifestações de tirania e manobras chantagistas.
O objetivo de ganhar o outro para a sua causa e mantê-lo nessa situação é tão prioritário que perde complemente de vista o seu próprio amadurecimento, a sua evolução a caminho da independência e capacidade de sacrifício. Este tipo de vida tanto pode ser proveniente de uma educação cheia de mimos, que não permitiu desenvolver a coerência própria da idade, ou da falta de capacidade para enfrentar desafios, num meio duro, frio ou indiferente.
Enquanto não conseguir uma profunda tomada de consciência e uma nova maneira de entender a sua própria pessoa e o seu comportamento no palco da vida, são as emoções que brotam desta “estrutura da personalidade” que determinam o viver e agir do adulto. As conseqüências, são por exemplo, o temor de sofrer prejuízos, um mal-estar profundo em relação às suas limitações pessoais, desgosto por o mundo aparentemente não o compreender e rejeitar; mundo esse que não corresponde aos seus desejos e necessidades: surgem inibições que demonstram entre outras realidades, a incapacidade de falar abertamente sobre o seu estado de alma e os seus sentimentos. As autoridades ou o companheiro são considerados prepotentes.
O tipo “carente do próximo” sente que está indefeso, à sua mercê. Por outro lado considera que a sua própria pessoa não se adapta a este mundo e que tem por conseguinte um corpo estranho nele inserido. Não são poucos os que se consideram tão inferiores às outras pessoas que não conseguem participar nas suas conversas.
Não é raro porém encontrarem-se nestas pessoas, muitas vezes, afabilíssimas por natureza, tratos de ingenuidade e credulidade e ainda cegueira perante defeitos e singularidades dos outros. Daí o ser inevitável sofrerem desilusões que os marcam profundamente.
Tais indivíduos consideram-se freqüentemente pessoas abnegadas, dotadas de espírito de sacrifício, muito modestas e cheias de amor ao próximo, e em suma: não podem deixar de se sentir explorados, incompreendidos e tratados como simples pneus sobresselentes.
A tragédia do tipo “carente do próximo” reside na impossibilidade de trazer os outros para o seu lado, conforme precisa, apesar de todos os seus esforços. Daqui nasce a resignação e a autocomiseração: “Fiz tudo pelos outros e coloquei-me sempre em segundo plano mas todos os meus esforços foram em vão. Não gostam de mim. Nada mais me resta a não ser o desespero e o impasse”.
Esta disposição apocalíptica, está intimamente associada às sensações de solidão e vazio. O tipo “carente do próximo” não consegue fazer nada de si. Considera-se a si, e por arrastamento todo o mundo, cada vez mais cinzento e desolado.
Custa a entender que alguém procure compensar este estado de espírito com álcool para que a sua disposição passe a ser alegria e descontração.
· Não será uma obrigação para todo aquele que é vítima de tão lúgubres pensamentos, fazer tudo quanto está ao seu alcance para melhor suportar os estados de tristeza e épocas de crise, e para se fazer respeitar pela sogra e pelo patrão?
· Quem pode levar a mal ao alcoólico que procure libertar-se de certas manifestações que necessariamente acompanham o seu viver como sejam as inibições e a timidez para que melhor possa enfrentar os seus problemas?
· Quem pode condenar aquele que não está esclarecido sobre as origens e implicações do “beber-para-aliviar” de estas tentativas de se ajudar a si próprio recorrendo ao “consolo” do álcool?
IV. O TIPO “CARENTE DE NOTORIEDADE”
Um segundo tipo de alcoólicos em que mulheres preponderam, encontram-se numa busca permanente e agitada de si próprios, obcecados pela pergunta que os tortura:
“Afinal quem, ou o que sou?”
Sofrem intensamente por não conseguirem deslindar esta questão. Esta estrutura de personalidade caracteriza-se por, uma profunda insegurança menos difusa, fortes melindres e uma grave problemática de concorrência.
O que necessita de ser admirado, que nunca sabe quando é ele mesmo, ou quando finge, não pode nunca, do seu ponto de vista ser mediano.
A mediania representaria a sua morte. Assim é obrigado a correr todos os dias atrás daquilo que é especial, extraordinário ou extravagante, seja em matéria de vestuário ou cenário, seja relativamente aos seus tempos livres ou destino de férias. Deste modo pretende compensar os seus receios e insegurança a ocultar a sua grande susceptibilidade.
Esta técnica de vida oferece-lhe ainda a possibilidade de evadir-se da realidade subjetivamente desconsoladora, que respeita não só à sua própria pessoa como a tudo quanto é corriqueiro e de à muito conhecido.
O que o seduz e considera promissor é o que é novo e desconhecido. Um ambiente onde nunca esteve, porventura o novo destino de férias, uma ocupação dos tempos livres desconhecida até então, um livro acabado de comprar ou a mudança de companheiro. Nuns casos procurará neste um apoio, noutros, um bom conselho ou uma receita de vida.
Mas a frenética procura do tipo “carente de notoriedade” jamais poderá levá-lo à satisfação enquanto fugir de si mesmo e augurar uma melhoria do seu estado de descontentamento a partir da modificação das circunstâncias e das pessoas com quem vive. Ele teria que começar pela sua própria pessoa, encarar os seus aspectos negativos, insegurança e manifestá-los para conseguir a estabilidade e o equilíbrio interior; mas ele não consegue vislumbrar esta solução.
Por isso, a mudança de companheiro por exemplo, é para ele uma solução que está imediatamente ao dispor para escapar ao medo de que o conheçam e perscrutem. Não suportaria a revelação dos abismos da sua alma pois, conforme pensa, perderia o afeto e a admiração do companheiro.
É por isso que o tipo que estamos a analisar tem a tendência para mudar constantemente de companhia, para o corte de relações e para a busca de novas aventuras. Adota o lema de Wilhem Busch. “Não tenho outro remédio senão o estar aqui mas o que gostaria, era de estar noutro lugar”.
O fazer teatro, a mentira, a infidelidade e a vontade de suplantar a concorrência, atitudes de que os “carentes de notoriedade” são constantemente acusados, tem uma íntima relação entre si: na sua origem não se encontram nem uma depravação moral nem a arrogância de quem despreza o próximo.
Este comportamento corresponde ao jogo de forças interior que resulta da forma como subjetivamente encara o mundo. Como não sabe quem é; flutua sem destino qual folha soprada pelo vento; procura retirar consideração e identidade ao meio ambiente pelo qual sucessivamente vai passando.
Pode-se dizer de certo modo que procura suscitar a admiração dos outros para conseguir aquilo que lhe falta: gabarito, força de personalidade e auto-estima. Não tem porém conhecimento do que se está a passar. Apercebe-se apenas da necessidade que sente de ser o centro das atenções e do desejo de ser aclamado como uma estrela do cinema.
Na tentativa de se posicionar o mais favoravelmente possível aos olhos dos seus interlocutores do momento, acaba por faltar sentido de acordo com o gosto dele, e nessa adaptação exagerada não repara que com o passar do tempo transmite forçosamente a impressão de inautenticidade e hipocrisia.
Características da tragédia insolúvel do tipo “carente de notoriedade” são os seus problemas de relacionamento interpessoal. Já vimos que ele tem necessidade de se colocar permanentemente em evidência e o resultado inevitável são inimizades com colegas e amigos, embora ele deseje, intensamente, elogios e consideração. Da mesma incompatibilidade e contradição padecem muitos outros desejos e objetivos do tipo “carente de notoriedade”. Também o companheiro deverá ser forte e dominador mas, ao mesmo tempo fraco, e sem vontade própria para que não seja uma ameaça.
Estas discrepâncias fazem com que a insatisfação e a infelicidade se convertam num estado de espírito permanente fazendo-o viver num estado de contínuo descontentamento apesar da procura constante do que é novo e de todas as substituições que faz.
São constantes os fracassos face à realidade da vida sobretudo relativamente a dinheiro, tempo e idade. Não admira pois que uma pessoa assim desiludida da vida procure na garrafa auxílio e proteção contra a ameaça interior e exterior. Como pode alguém sentir-se bem na vida, se por necessidade interior nunca se mostra como na realidade é, por achar que fica indefeso perante os outros?
A auto-medicação com álcool começa de fato por aliviar os temores e a falta de segurança. Graças a ela, o charme e a criatividade, que já de si são característicos deste tipo de pessoas, ainda mais notáveis se tornam para que a sua estrela brilhe ainda mais intensamente e, ele melhor consiga atrair os outros para o seu lado, escondendo simultaneamente os seus temores interiores e a sua instabilidade.
Quem tiver conseguido apreender a vivência interior destas duas estruturas de personalidade terá descoberto importantes correlações de relacionamento de uma pessoa consigo própria, ou em linguagem técnica, na relação com a chamada auto-representação e do que resultam determinadas sensações que fazem com que o meio ambiente e os outros seres humanos sejam apreciados de uma determinada maneira e que pré-programem desejos, necessidades e modos de agir inconscientes e característicos. Este sistema dinâmico não consegue ser perscrutado, por quem dentro dele vive, sem auxílio externo.
E nunca lhe ocorrerá a idéia de que a percepção deste inter-relacionamento poderá proporcionar uma correção das necessidades emotivas e dos seus objetivos vitais libertando novas energias e modificando o comportamento.
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