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9/01/2018

Continuação...

Comorbidade

Designação de duplo diagnóstico. Corresponde a associação de pelo menos duas patologias num mesmo paciente.
Comorbidade é a ocorrência de pelo menos duas entidades diagnósticas em um mesmo indivíduo. Estudos demonstram que o abuso de substâncias é o transtorno coexistente mais frequente entre portadores de transtorno mental. Os mais frequentes são: os transtornos do humor, transtorno de ansiedade, transtorno de déficit de atenção e a esquizofrenia.
  • Comorbidade patogênica ocorre quando duas ou mais doenças estão etiologicamente relacionadas; Comorbidade diagnóstica ocorre quando as manifestações da doença associada forem similares às da doença primária;
  • Comorbidade prognóstica ocorre quando houver doenças que predispõem o paciente a desenvolver outras doenças.
Conforme afirma o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Norte-americana de Psiquiatria) o Transtorno por Uso de Substâncias, que engloba o abuso e a dependência de substâncias, encontra-se frequentemente associado a outras patologias psiquiátricas.
Assim diante de um paciente com uso problemático de drogas, seja dependência ou uso abusivo, deve-se sempre investigar a existência de outra doença emocional; ou por baixo da dependência ou como consequência.
É provável até que a existência de outros transtornos emocionais comórbidos à dependência dificulte a adesão do paciente ao tratamento, proporcione resultados piores em termos de frequência e quantidade da droga consumida, bem como do funcionamento psicossocial.
Nem sempre é a droga em si a responsável exclusiva pela apatia ocupacional do dependente, pelos fracassos sociais e familiares. Muitas vezes sua própria personalidade se mostra algo inviável para a condução da vida.
Muitos trabalhos de pesquisa têm mostrado uma elevada prevalência (13%) da associação de doença mental com uso abusivo de substâncias. Nas populações em tratamento psiquiátrico, tanto ambulatorial quanto em internação hospitalar, encontra-se 20 a 50% de comorbidade entre as variadas doenças mentais com o alcoolismo e abuso de outras drogas.
Observações inversas também ocorrem, pois nos centros especializados no atendimento ao dependente químico a comorbidade com outros transtornos mentais também é maior, se comparada à população em geral.
Em relação às doenças mentais mais severas, como são a esquizofrenia e o transtorno bipolar do humor, em quase metade dos pacientes também aparece a associação com abuso ou dependência de substâncias psicoativas.
Embora não haja evidências na literatura de determinados transtornos emocionais e de personalidade como sendo causas do comportamento aditivo, a presença de Transtorno de Conduta na infância, de diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar na adolescência e Transtorno Antissocial de Personalidade ou Borderline seriam fortes fatores de risco para uso de drogas no futuro. Não obstante, há evidências de que a desinibição de comportamento e o temperamento considerado "difícil" na criança possam representar fatores de risco para o uso futuro de drogas.
Em outras palavras, embora sem critérios suficientes para se constituir em relação causa-efeito, as observações mostram sugestiva associação de determinadas patologias mentais e traços de personalidade com o uso de drogas.
Uma das hipóteses que tentam justificar a associação entre dependência química e transtornos emocionais seria uma espécie de vulnerabilidade da pessoa para a doença mental. Neste caso a droga apenas desencadearia e agravaria os sintomas mentais dormentes.
O segundo modelo sugere que essa associação se  em função da pessoa que se sente mal por conta de algum transtorno emocional e busca a droga como uma espécie de “automedicação”. Ela aliviaria os sintomas de sua depressão, sua ansiedade, obsessão, angústia e assim por diante.
A terceira hipótese supõe uma causa (biológica) comum que predisporia o sujeito ao uso de drogas e à doença mental simultaneamente. Um quarto e último modelo entende a associação droga - doença mental como a ocorrência independente das duas coisas, apenas uma concomitância. Nesse caso o uso de drogas pela pessoa com doença mental seria determinado por fatores independentes daqueles da doença mental.
Esses quatro modelos podem ser usados para tentar explicar, por exemplo, a associação de uma pessoa com transtorno afetivo bipolar e dependência à cocaína, ou do transtorno obsessivo-compulsivo com o álcool, o transtorno de ansiedade, fóbico ou do pânico com maconha e assim por diante.
O tratamento do dependente químico portador também de outra doença mental tem resultados melhores quando se integra o tratamento dos sintomas psíquicos do eventual transtorno com atitudes direcionadas à dependência.
A existência de comorbidade aumenta a dificuldade no controle de cada doença isoladamente, ou seja, é mais difícil tratar um paciente deprimido e dependente de cocaína do que o tratamento da depressão ou dependência à cocaína isoladamente.
Tem sido comum a comorbidade de Transtorno Depressivo com uso diário de bebida alcoólica, com dependência ou não. Na maioria dos casos percebe-se claramente que o álcool está sendo usado como lenitivo da angústia, desânimo e tristeza próprios da depressão.
Neste caso o sucesso terapêutico será inegavelmente maior se a depressão for tratada com mesmo empenho que a abstinência do álcool. É bastante frequente a associação de alcoolismo, dependência de cocaína ou anfetaminas com depressão. Não se pode tratar uma doença sem tratar igualmente a outra.
A dependência de anfetaminas, cocaína e seus derivados (crack) leva a um quadro francamente psicótico, paranoico e alucinatório. Como não se trata de uma esquizofrenia franca ou genuína, falamos em quadro esquizofreniforme. Apesar de muito exuberante em sintomas, tudo isso se resolve em poucas semanas com a abstinência e o tratamento da dependência.
Por outro lado, embora a esquizofrenia verdadeira não seja causada pelas drogas, poderá ser severamente piorada com o uso de destas, formando assim um círculo vicioso; esquizofrenia – drogas - piora da esquizofrenia – mais drogas e assim por diante. Nesses pacientes o controle dos sintomas psicóticos é de grande importância para a redução na utilização da droga.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TSPT), também tem forte relação com o uso de drogas, tanto de cocaína quanto de maconha. Violência urbana, guerras, acidentes e outros eventos traumáticos favorecem o TSPT e, consequentemente o uso de drogas.
Transtorno de Pânico é outro quadro que também representa um risco aumentado para o uso abusivo de substância, notadamente do álcool. Há prevalência de uso abusivo de drogas em 16% da população com Transtorno do Pânico.
É muito importante avaliar a presença de comorbidades nos pacientes com dependência química para maior eficácia do tratamento.
Além de proporcionar o não uso da substância, o tratamento objetiva assistir intensivamente a eventual síndrome de abstinência, a correção de estados agudos de ansiedade e depressão, ideias delirantes e eventuais alucinações.

Codependência

O dependente químico raramente vive “no vazio”. Aqueles que o cercam são direta ou indiretamente afetados pela disfunção comportamental que acompanha a progressão da doença da dependência e desenvolvem mecanismos de racionalização para melhor suportar a dor de serem rejeitados em função da droga do familiar dependente. Quando isto ocorre, estas pessoas passam a ser o que denominamos codependentes.
É um problema progressivo, capaz de tornar doentes as pessoas que, em consequência de uma relação tão intensa e comprometida com um dependente químico, não conseguem administrar suas próprias vidas.
Esse fato inicia-se quando nessa relação alguém tenta controlar o uso de drogas, o consumo de bebidas ou quaisquer comportamentos compulsivos de um dependente na esperança de ajudá-lo, sendo malsucedido nesse controle, acabando assim por perder o domínio sobre seu próprio comportamento e vida.
Assim como o dependente químico necessita da droga, a droga do codependente é o dependente. Embora seja uma resposta normal para uma situação anormal, a codependência é extremamente prejudicial a todos quando se tenta controlar algo ou alguma coisa que não pode ser controlada.
Todo indivíduo é dotado de algo chamado “Soberania Pessoal”. Não há restrições quanto a isso, exceto se ela agride a terceiros. Na “Soberania Pessoal” está incluído o direito de usar qualquer substância, seja para que fim for, mas responsabilizar-se integralmente pelas consequências.
No atendimento e tratamento do dependente químico é comum o indivíduo ser trazido pela família, é comum também, que a família apresente certa resistência quando solicitada a participar, ou então aceite o tratamento apenas por causa do dependente, como se ela não precisasse refletir sobre a qualidade da relação familiar. Normalmente a fala é a seguinte: - “Ele estando bem, eu também estarei”.
O “sistema de negação” desenvolvido pelos codependentes é basicamente idêntico ao utilizado pelo dependente químico. Estas características são desenvolvidas ou geradas por reflexo de comportamento diretamente vinculado e sob a influência da conduta do dependente.
Além disso, outros mecanismos de defesa mais complexos atuam no sentido de sustentação das possibilidades de ganho que a doença promove. A princípio, os ganhos são quase sempre representados pela atenção social que recebe e parece envolver de satisfação imediata tanto o dependente quanto o codependente, seja pela necessidade de que carecem, seja pela força da patologia à qual estão aferrados.
Todavia, com o tempo, o indivíduo com essa característica se torna insistente e a qualidade das relações que desenvolvem tende a se tornar obstinada. Como consequência, ele fica cada vez mais isolado socialmente e entra em estado depressivo cíclico, apresenta sentimentos de abandono, frustração e baixa autoestima.
Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá. Salmos 27:10
Todas as atitudes a que o codependente responde mediante a manipulação do dependente pressupõe-se atuarem no sentido de uma degradação de conduta de ambas as partes.
Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Romanos 1:24
Assim, o que o codependente necessita, é de uma orientação para que possa perceber como responder às diretrizes de conduta do seu dependente, o grau de envolvimento e de participação na patologia em questão.

Como lidar com as drogas

O primeiro aspecto e talvez o mais importante para que os pais possam lidar com o uso de drogas por seus filhos é desmistificar todo e qualquer adjetivo pejorativo, rotulador do indivíduo, compreender que na maioria das vezes o uso é ou poderá se transformar numa doença séria que, embora incurável, pode ser tratada, estabilizada e permitir que o usuário volte a ter uma vida normal em todos os seus aspectos.
Conhecendo as drogas mais usadas, os sinais que podem indicar o uso de cada uma dessas drogas, os efeitos do uso a curto, médio e longo prazo, as consequências para a saúde, as possibilidades de tratamento e o papel fundamental da família no processo de recuperação do dependente, os pais e a família podem desenvolver seu verdadeiro papel de protetores, cuidadores e formadores não só dos aspectos morais, mas como da saúde física e mental de seus filhos.
Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada um morrerá pelo seu pecado. Deuteronômio 24:16
A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais. Provérbios 17:6
Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Efésios 6:1
Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor. Colossenses 3:20
Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo. Colossenses 3:21

Qual é a hora de procurar ajuda

Com toda certeza no primeiro momento em que se notam certos tipos de comportamento, soa o alarme e aparecem os indícios e os questionamentos dos pais sobre a mudança de rotina de seus filhos. Importante: a mudança sempre ocorre; sempre.
Listamos uma série de pontos que podem levar à conclusão de que um jovem está se transformando em um dependente químico, seja álcool ou qualquer outra droga.

Indícios do uso abusivo de drogas por adolescentes

Para ilustrar esse ponto vamos usar o álcool, pois, além de lícito e amplamente aceito pela sociedade - é droga, gera dependência e mata. Os pontos mencionados servem da mesma forma para quaisquer outras drogas.
É preciso distinguir consumo de bebida e alcoolismo, mas sintomas como: queda do rendimento escolar, depressão, mentiras desenvolvimento de antipatias ou até mesmo hostilidade frente sua própria sociedade ou cultura e outras alterações psicopatológicas podem ser indicadores do início da dependência.
Mudanças sociais que implicam na decisão de beber (ou usar outra droga):
  • De famílias extensas por famílias nucleares,
  • De status atribuído por status conquistado,
  • De uma vida centrada na família por uma vida centrada nos pares,
  • De valores religiosos por seculares,
  • Da vida em comunidade pelo individualismo,
  • Da estabilidade social por mudanças sociais,
  • Da moral tradicional pela amoralidade.
A alienação causada pelo abuso de álcool durante a adolescência, se generalizada, pode resultar em problemas psicossociais epidêmicos como delinquência, depressão, conflitos familiares, gravidez fora do casamento, abandono escolar, vandalismo e até suicídio.
Outros sinais de abuso
  • Atrasos constantes na escola;
  • Desculpas as mais variadas para não ir à escola;
  • Dificuldade para despertar, levantar-se, etc.
  • Colocar-se em situações de risco como não prestar atenção ao atravessar a rua, tombos, distração generalizada;
  • Incapacidade de se lembrar do que aconteceu depois de beber;
  • Envolvimentos mal explicados com a polícia devido a brigas e outros fatores de risco;
  • Chegar em casa machucado e não saber explicar ou distorcer os motivos para o incidente;
  • Beber para curar uma ressaca;
  • Preocupação de colegas e amigos com a forma dele ou dela se comportar;
  • Incapacidade de controlar a quantidade de bebida ingerida;
  • Aumento significativo na frequência e na quantidade ingerida;
  • Impedido de beber apresenta dores de estômago, sudorese excessiva, tremedeira, ansiedade, mau humor, agressividade, isolamento;
  • Abandono progressivo de atividades antes costumeiras e prazerosas;
  • Passar muito tempo na rua sem justificativas plausíveis;
  • Rompimento progressivo de relações sociais e tendências a ficar cada vez mais só;
  • Beber sozinho, em casa, no quarto ou escondido;
  • Esconder bebida pela casa;
  • Mudar o que costuma beber como, por exemplo, deixar a cerveja e passar a beber vodca ouuísque;
  • Gabar-se de que bebe muito, mas não fica bêbado;
  • Sentir-se culpado depois de uma ressaca ou um porre;
  • Perda de peso, gastrite, inchaço nos pés, bochechas e nariz vermelhos.
Entendendo o dependente - sete regras básicas
O momento de parar é agora
Uma das táticas mais usadas pelos dependentes e abusadores de álcool e/ou outras drogas para evitar ingressar em tratamento é a procrastinação (“deixar para mais tarde ou para depois”, adiamento indefinido que colabora para o aumento das consequências derivadas do consumo). A frase “Eu vou parar amanhã” significa exclusivamente que o indivíduo não tem nenhuma intenção de interromper o consumo.
Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. 1 João 2:21
A verdadeira testemunha não mentirá, mas a testemunha falsa se desboca em mentiras. Provérbios 14:5
Deve-se parar o consumo de uma vez
Interromper o consumo de drogas e álcool é uma tarefa ingrata e infrutífera. Cada episódio de consumo de droga aumenta o desejo por mais droga e assim o processo de recuperação acaba sempre adiado.
  1. -Parar todas as drogas de abuso

Esta é uma das regras mais difíceis para o dependente aceitar. O indivíduo tende a focalizar todas as suas dificuldades, por exemplo, na cocaína, desprezando a participação das outras substâncias no seu padrão de consumo.
O consumo de álcool ou de maconha frequentemente representa o primeiro passo para uma recaída no consumo da própria cocaína. Além desse fato, o consumo de qualquer substância evoca as memórias da droga principal usada, desencadeando “fissuras” intensas. Ao usar outra droga, o indivíduo terá menor capacidade de resistir a tais “fissuras”, recorrendo ao consumo.
Mudar o estilo de vida
Os dependentes de drogas não devem manter relacionamentos com antigos companheiros de consumo, não devem ir aos bares e outros ambientes onde costumavam encontrar esses colegas, pois o consumo de substâncias psicoativas (drogas e/ou álcool) é o ponto central dessas atividades.
O indivíduo, nessas ocasiões, volta a sentir desejo intenso, como uma necessidade de consumir, não conseguindo resistir à droga. Esta é a principal razão de recaídas, pelo menos nos pacientes em tratamento.
Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. 1 Coríntios 15:33
Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos. Provérbios 27:6
O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será destruído. Provérbios 13:20
O que guarda a lei é filho sábio, mas o companheiro dos desregrados envergonha a seu pai. Provérbios 28:7
Desviaste para longe de mim amigos e companheiros, e os meus conhecidos estão em trevas. Salmos 88:18
Sempre que possível evitar situações, pessoas e ambiente que causem fissuras
É importante antecipar estas situações antes de se encontrar nas situações acima descritas, para que o paciente possa lidar adequadamente e evite o uso. Os dependentes em tratamento nunca devem testar-se, para saber “como estão indo no tratamento”.
Este fenômeno é muito visto entre os pacientes, que acreditam que “passando no teste” estarão provando que voltaram a conquistar o controle sobre a droga e que “jamais irão consumir novamente”. Infelizmente nada poderia ser mais falso que isto.
Mesmo passando no “teste” o paciente estará mais próximo de uma recaída, por ter se aproximado ao ambiente de consumo e, provavelmente, por excesso de autoconfiança.
Procurar outras recompensas (fontes de prazer)
Durante a trajetória da dependência os indivíduos costumam afastar-se de praticamente todas as formas de lazer que não se encontram associadas diretamente ao consumo. Frequentemente abandonam hobbies, afastam-se de pessoas que não usam, param de exercitar-se; com a evolução da dependência mesmo o interesse no sexo se reduz muito, e a vida torna-se escassa de prazeres não quimicamente induzidos.
O aprendizado de como voltar a estar em sintonia com o mundo “careta” é uma das tarefas mais difíceis da recuperação. Alguns indivíduos chegam a relatar que “desaprenderam a falar” sem o efeito das drogas.
Cuidados pessoais: aparência, alimentação, exercício etc.
A cocaína, por exemplo, é um potente inibidor do apetite, de forma que usuários crônicos tendem a apresentar deficiências de diversos nutrientes e vitaminas. Alguns indivíduos dependentes de álcool ingressam no tratamento muito adoecidos, física e emocionalmente.
Da mesma forma, o condicionamento físico do paciente costuma ser negligenciado, indicando a inclusão de exercícios físicos na recuperação. O exercício pode, ainda, auxiliar a controlar a ansiedade do indivíduo, facilitando a manutenção da abstinência, além de produzir sensação de bem-estar pela liberação de substâncias (endorfinas), que podem resultar em redução do desejo pelo consumo.

Álcool - A droga mais perigosa

Nossa sociedade teme as drogas ilícitas. Maconha, cocaína, ópio, crack e ecstasy, entre outros, são os fantasmas que assombram os pais cada vez que seus filhos vão para uma festa. Sem dúvida, são substâncias nocivas que causam dependência física ou psíquica e, embora proibidas por lei, podem ser encontradas com facilidade nas mãos dos traficantes, que estão em toda a parte.
O maior perigo, porém, não mora aí. O vilão dos vilões é o álcool e nem todo mundo percebe isso. Vendido em larga escala, disponível em todos os restaurantes, padarias, supermercados, residências, bares e casas noturnas em geral, essa droga lícita tem feito vítimas em números astronômicos.
Está provado que o álcool causa dependência fortíssima. É mais fácil deixar a cocaína do que a bebida. A força de vontade do alcoolista em processo de cura tem de ser redobrada para se livrar da tentação.
A Droga Incentivada
Se droga fosse ruim, ninguém se viciaria. Ninguém se vicia em martelada no dedo. Toda droga tem uma egrégora (uma energia que tem vida própria e que é criada e alimentada pelos usuários) extremamente forte, tem um departamento de marketing tremendamente eficiente mostrando as maravilhas alcançadas pelo seu uso.
Bem, a princípio, realmente a droga parece fantástica, torna a pessoa descontraída, simpática, autoconfiante e por  vai... Mas depois, com o tempo, ela (a droga) começa a se sentir mais segura e vai tornando-se exigente, ranzinza, mal humorada, até que ela não tem mais medo de ser abandonada e pronto, você está nas garras dela.
Daí em diante o comando muda de lado, não há mais escolha, você não é mais livre, você depende dela. Agora ela é sua dona e já pode mostrar seu verdadeiro caráter...
Ela quer sua vida, ela vive através de você e o lado negro que agora aparece pede o seu aniquilamento, a sua destruição, você está condenado por ter se tornado mais fraco que ela.
Todas as drogas agem de maneira similar, porém, no caso do álcool, a dificuldade é muito maior. Existem os bebedores pesados, que fogem de si próprios através da bebida e existem os alcoólatras.
Os primeiros conseguem parar de beber, os segundos, podem ficar anos sem beber, mas quando bebem não conseguem tomar um copo só, eles não são viciados, são doentes. Existe uma predisposição orgânica e fatores psíquicos ou de personalidade que favorecem sua instalação.
O organismo “defeituoso” que não sabe “lidar” com o álcool, não o elimina adequadamente e vai se habituando progressivamente a funcionar sob intoxicação, chegando a um ponto em que, se não receber mais álcool, perderá inteiramente a capacidade de ação. Agora o indivíduo está em dependência química, é alcoólatra.
O álcool é a porta de entrada para todas as outras drogas, conseguiu o 2º lugar como causa de morte, é responsável por 75% dos acidentes de trânsito, 45% das internações psiquiátricas, pode levar ao suicídio, causar invalidez precoce, destruir lentamente o físico e por aí vai...
Mas o “lado bom” do álcool, é que ele não tem preconceito, ele atinge qualquer pessoa de qualquer classe sócio econômica com a mesma dedicação e intensidade. O mais assustador é que, de cada 100 pessoas, de 12 a 15, tem esta doença.
Qual a forma de se combater as drogas, principalmente o álcool? O álcool, de todas as drogas, é a mais perniciosa e dissimulada. Ele é visto de uma maneira simpática e é até incentivado na sociedade, como um “remédio” fantástico para liberar as pessoas.
É considerado um símbolo de masculinidade e neste país, onde o machismo é incentivado, as mulheres tendem a se portar como os homens para sentirem-se liberadas. Assim, um número muito maior de mulheres desenvolvem o alcoolismo. A juventude também está sendo atingida cada vez mais cedo, na busca de se sentir adulta e dona de si. O alcoolismo, que se instala lentamente, tem um campo fértil para se desenvolver.
Se quisermos uma vida melhor para nossos jovens, não adianta culpar o mundo, pois esse é um reflexo de nossas atitudes. Adianta sim, conhecermos o inimigo, tomarmos ciência de sua força e agir.
Se uma criança tem tendência à dependência do álcool, que ela não seja incentivada pelo desconhecimento de seus pais. Muitas vezes, uma brincadeira aparentemente inocente, pode despertar um monstro adormecido. A única saída é a conscientização.
Sozinhos não podemos mudar o mundo”. Talvez sim, talvez não. Mas podemos tentar. Entretanto, as grandes mudanças sempre começam na cabeça de alguém, que teve uma ideia, colocou em prática e contagiou os outros.
Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se a sua obra é pura e reta. Provérbios 20:11
Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. Provérbios 22:6
O álcool através da história
Acredita-se que a bebida alcoólica teve origem na Pré-História, mais precisamente durante o período Neolítico quando houve a aparição da agricultura e a invenção da cerâmica. A partir de um processo de fermentação natural ocorrido há aproximadamente 10.000 anos o ser humano passou a consumir e a atribuir diferentes significados ao uso do álcool. Os celtas, gregos, romanos, egípcios e babilônios registraram de alguma forma o consumo e a produção de bebidas alcoólicas.
A droga mais antiga da humanidade
O álcool não é privilégio de nenhum povo sobre a terra. Ao contrário, é considerado a única droga comum a todas as civilizações. A fabricação de vinho de uva começou provavelmente no período Neolítico, 8500 anos antes de Cristo. Nas montanhas Zagros, no norte do Irã, uma equipe do Centro de Arqueologia Química da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, encontrou um jarro de 7000 anos com capacidade para 9 litros de vinho.
Mais tarde, houve no delta do Rio Nilo uma pujante indústria vinícola, por volta de 2700 a. C. Beber vinho era um hábito tão comum que vários faraós foram enterrados com jarros, provavelmente na crença de que poderiam continuar bebendo depois da morte.
A cerveja é um pouco mais recente. Aparece uns 1500 anos antes de Cristo. Com um microscópio eletrônico, arqueólogos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriram que os egípcios usavam malte para produzir açúcar usado na fermentação. Em outras palavras: conheciam técnicas de cervejaria.
Os egípcios obtinham seu malte a partir de cevada.  que em vez de adicionar lúpulo, como se faz hoje, eles acrescentavam um tipo raro de trigo.
Ao repetir a receita, os pesquisadores descobriram uma boa cerveja. Sem o amargo do lúpulo, a mistura ganhava um sabor doce e frutado. Era dourada, mas menos transparente que as atuais.
Vieram depois os destilados, que são mais fortes. Curiosamente, a técnica não foi desenvolvida para fazer bebidas. Proibidos de beber pelo islamismo, os árabes foram os primeiros a produzir álcool destilado para fabricar perfumes. Os europeus aprenderam com eles e no século XI já há registro de aguardente na Itália.
A Embriaguez de Noé
Em uma das mais belas passagens do Antigo Testamento da Bíblia (Gênesis 9.21) Noé, após o dilúvio, plantou vinha e fez o vinho. Fez uso da bebida a ponto de se embriagar. Reza a bíblia que Noé gritou, tirou a roupa e desmaiou. Momentos depois seu filho Cam o encontrou "tendo à mostra as suas vergonhas". Foi a primeiro relato que se tem conhecimento de um caso de embriaguez.
Michelangelo, famoso pintor renascentista (1475-1564), se inspirou nesse episódio para pintar um belíssimo afresco, com esse nome, no teto da Capela Sistina, no Vaticano. Nota-se, assim, que não apenas o uso de álcool, mas também a sua embriaguez, são aspectos que acompanham a humanidade desde seus primórdios.
  • E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha.
  • E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.
  • E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora.
  • Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.
  • E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera. Gênesis 9:20- 24
Grécia e Roma
O solo e o clima na Grécia e em Roma eram especialmente ricos para o cultivo da uva e produção do vinho. Os gregos e romanos também conheceram a fermentação do mel e da cevada, mas o vinho era a bebida mais difundida nos dois impérios tendo importância social, religiosa e medicamentosa.
No período da Grécia Antiga o dramaturgo grego Eurípedes (484 a.C.-406 a.C.) menciona nas Bacantes duas divindades de primeira grandeza para os humanos:
Deméter, a deusa da agricultura que fornece os alimentos sólidos para nutrir os humanos, e Dionísio, o Deus do vinho e da festa (Baco para os Romanos).
Apesar do vinho participar ativamente das celebrações sociais e religiosas greco-romanas, o abuso de álcool e a embriagues alcoólica  eram severamente censurados pelos dois povos.
Egito Antigo
Os egípcios deixaram documentado nos papiros as etapas de fabricação, produção e comercialização da cerveja e do vinho. Eles também acreditavam que as bebidas fermentadas eliminavam os germes e parasitas e deveriam ser usadas como medicamentos, especialmente na luta contra os parasitas provenientes das águas do Nilo.
Idade Média
A comercialização do vinho e da cerveja cresce durante este período, assim como sua regulamentação. A intoxicação alcoólica (bebedeira) deixa de ser apenas condenada pela igreja e passa a ser considerada um pecado por esta instituição.
Idade Moderna
Durante e Renascença passa a haver a fiscalização dos cabarés e tabernas, sendo estipulados horários de funcionamento destes locais. Os cabarés e tabernas eram considerados locais onde as pessoas podiam se manifestar livremente e o uso de álcool participa dos debates políticos que mais tarde vão desencadear na Revolução Francesa.
Idade Contemporânea
O fim do século 18 e o início da Revolução Industrial é acompanhado de mudanças demográficas e de comportamentos sociais na Europa. É durante este período que o uso excessivo de bebida passa a ser visto por alguns como uma doença ou desordem.
Ainda no início e na metade do século 19 alguns estudiosos passam a tecer considerações sobre as diferenças entre as bebidas destiladas e as bebidas fermentadas, em especial o vinho. Neste sentido, Pasteur em 1865, não encontrando germes maléficos no vinho declara que esta é a mais higiênica das bebidas.
Durante o século 20 países como a França passam a estabelecer a maioridade de 18 anos para o consumo de álcool e em janeiro de 1920 o estado americano decreta a Lei Seca que teve duração de quase 12 anos.
A Lei Seca proibiu a fabricação, venda, troca, transporte, importação, exportação, distribuição, posse e consumo de bebida alcoólica e foi considerada por muitos um desastre para a saúde pública e economia americana. Foi no ano de 1952 com a primeira edição do DSM-I (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) que o alcoolismo passou a ser tratado como doença.
No ano de 1967, o conceito de doença do alcoolismo foi incorporado pela Organização Mundial de Saúde à Classificação Internacional das Doenças (CID-8), a partir da 8ª Conferência Mundial de Saúde. No CID-8, os problemas relacionados ao uso de álcool foram inseridos dentro de uma categoria mais ampla de transtornos de personalidade e de neuroses.
Esses problemas foram divididos em três categorias: dependência, episódios de beber excessivo (abuso) e beber excessivo habitual. A dependência de álcool foi caracteriza pelo uso compulsivo de bebidas alcoólicas e pela manifestação de sintomas de abstinência após a cessação do uso.
Os índices são assustadores. Mais da metade das crianças entre 10 e 12 anos já experimentaram bebida alcoólica e 15% dos jovens entre 10 e 18 anos consomem álcool frequentemente (até cinco dias na semana). As expectativas em relação aos efeitos do álcool exercem influências importantes no início e manutenção do uso e nos comportamentos relacionados a este uso.
Antes mesmo de o indivíduo consumir qualquer tipo de bebida alcoólica em sua vida, vão se formando crenças a respeito dos efeitos do álcool. Desenvolvem-se através de modelos parentais e do grupo de pares, experiências diretas e indiretas com bebidas alcoólicas.
A importância do estudo em relação aos efeitos do álcool entre adolescentes está no impacto das experiências deste período do desenvolvimento sobre as práticas de beber na idade adulta.
A comparação de diferentes padrões de uso do álcool na adolescência demonstra que bebedores mais frequentes apresentam expectativas de dependência mais fortes e mais específicas do que bebedores menos frequentes.
Bebedores mais frequentes, em geral, relacionam-se ás seguintes crenças: mudanças no comportamento social; aumento da agressividade; mais prazer e melhor desempenho sexual; aumento de poder; e redução de tensão.
As peculiaridades de cada história de consumo de álcool trazem, paralelamente, um conjunto de expectativas de efeitos que refletem esta história. Inicialmente, as relações entre o uso do álcool e suas consequências são aprendidas vicariamente, existindo antes da experiência direta com bebidas alcoólicas. As consequências influenciam a decisão de beber.
Confiança e bem-estar podem ser confirmados pela experiência com o álcool e fortalecer as expectativas previamente existentes, especificando-as.
A experiência de embriagar-se é percebida como desagradável pelos adolescentes, que temem a reação dos pais e não consideram prazerosos os efeitos como tontura e desinibição excessiva. A tontura é o limite escolhido como aquele em que se deve parar de beber.
As festas são mencionadas como ocasiões de maior consumo de álcool. Ressalve-se, contudo, que o item não é específico e nem sempre distingue o tipo de festa. Assim, estão incluídos como festas as comemorações familiares, aniversários, festividades e encontros com amigos.
Nas atividades sociais dos adolescentes, especialmente as festas com os amigos, a bebida alcoólica está presente. De forma geral, uma festa sem bebida não seria uma festa. A festa perderia a graça, as pessoas não se aproximariam e as pessoas iriam embora ou sairiam para comprar bebida. O álcool pode atuar como facilitador da aceitação pelo grupo de amigos.
Quando se trata dos rapazes, o uso de álcool aparece como uma prova de maturidade, um ritual de passagem para a idade adulta. Quando um rapaz não bebe, sua virilidade é questionada e sua maturidade também.
Para as garotas que não bebem, por sua vez, não  pressão para beber. Mesmo entre os jovens, as garotas que não bebem são vistas como virtuosas, pois cuidam de sua saúde. Já a garota que resolve beber, acaba sendo vista como liberada e de mais fácil aproximação por parte dos meninos.
Esta vinculação do álcool com a sexualidade do adolescente apareceu fortemente na relação das moças com os rapazes, que hoje podem cortejá-los, usando o álcool para se desinibir e também como uma desculpa para os comportamentos considerados socialmente inadequados.
No caso das adolescentes o uso do álcool relaciona-se à expectativa de facilitar relacionamentos sociais, especialmente com amigos. A experimentação de bebidas alcoólicas com os amigos faz com que estas adolescentes não apresentem um controle eficiente sobre a quantidade consumida e um limite frouxo em relação à embriaguez.
O porre não é relatado como experiência desagradável. Ao contrário, é ao beber demais que outras expectativas, como: esquecer problemas e incremento da sexualidade validam comportamentos de desabafo dos problemas e sedução, respectivamente.
A literatura já apontou que regras explícitas sobre a bebida aconselhadas pelos pais e educadores são mais eficientes na prevenção do alcoolismo.
Pais que não expressam normas reguladoras a respeito do álcool têm mais probabilidade de ter filhos que bebam do que aqueles que as expressam. A permissividade ou o interesse dos pais pelo consumo de álcool de seus filhos influenciam os hábitos alcoólicos dos adolescentes.
A aceitação do álcool como uma droga legitimamente usada por adolescentes reflete o quanto nossa sociedade é tolerante e, muitas vezes, instigadora deste uso. A consequência disto é que o uso precoce expõe o jovem aos efeitos do álcool mais rapidamente, em um momento de seu desenvolvimento em que o álcool pode facilitar o enfrentamento de novas situações.
Jovens brasileiros bebendo muito
Um levantamento feito pelo Cebrid em dez capitais brasileiras com estudantes de primeiro e segundo graus indica isso. "A pesquisa aponta um aumento no consumo pesado, ou seja, cresceu o número de entrevistados que bebem mais de vinte vezes por mês", diz o psicólogo Ricardo Tabach.
"Isso é preocupante", acrescenta. Segundo a pesquisadora Ana Regina Noto, também do Cebrid, a família não ajuda muito. "Um em cada três brasileiros prova álcool pela primeira vez na própria casa, quase sempre oferecido pelos pais", informa.
Segundo ela, os refrigerantes foram praticamente abolidos nas festinhas de jovens. A cerveja rola solta e até alguns porres são tratados com a anuência e a condescendência dos pais, como se fosse algo normal.
Não é. "Isso acontece porque a sociedade não considera o álcool uma droga", diz ela. Outro problema é que se costuma achar que na juventude tudo é episódico e passageiro. No entanto, quando se trata de bebida, ocorre o contrário.
Se um adulto leva de dez a quinze anos para se tornar um alcoólatra, um adolescente precisa apenas de seis meses a três anos para incorporar o vício. Além disso, o uso abusivo do álcool provoca problemas sociais. Segundo a pesquisa do Cebrid, o álcool está no sangue de sete em cada dez brasileiros mortos violentamente – de acidentes de carro a assassinatos.
Esses problemas são agravados pelo fato de a legislação ser pouco respeitada. Poucas coisas são tão fáceis de comprar no Brasil quanto o álcool. Embora a venda seja proibida para menores de 18 anos, ninguém obedece à lei.
A mesma pesquisa mostra que não chega a 1% o número de adolescentes que dizem "garçom, um chope" e não são atendidos. O uso de álcool entre adolescentes é naturalmente um tema controverso no meio social e acadêmico brasileiro.
Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens – seja no ambiente domiciliar, seja em festividades, ou mesmo em ambientes públicos.
Basta chegar à sexta-feira para que os bares de todo o país fiquem repletos de adolescentes que, entre um papo e outro, bebem. Incrivelmente a maior parte dos jovens não associa a cerveja ao álcool. O jovem possui uma imagem ingênua da cerveja, vendo-a como diferente das demais bebidas alcoólicas.
Poucos sabem que bebida preferida contem 5% teor alcoólico e bastam seis copos para que uma pessoa apresente dificuldades de coordenação motora e reflexos.
O jovem chega a apontar aspectos positivos. Dizem que a cerveja é fraca, que ela é mais apropriada para o jovem e que no calor o que combina mesmo é a cerveja. Frente à pergunta “Você acha que a cerveja é igual às outras bebidas alcoólicas? ”, 34% dos jovens disseram que não, e destes, 90% apontaram esses aspectos “positivos” para justificar a diferença.
Os amigos e a família, sempre apontados na literatura como as maiores influências no consumo de substâncias psicoativas em geral, são inocentados pela maioria destes adolescentes, que chamam para si a responsabilidade; ao negar a variável externa, o jovem chama para si a responsabilidade de seus atos em uma tentativa de obter o reconhecimento social da ascensão ao estatuto de adulto.
É necessário enfatizar as vantagens de não beber (ou, pelo menos, não se embriagar) e não as desvantagens de beber. A literatura aponta que a prevenção ao abuso do álcool deve iniciar preferencialmente na infância, mas concentrar-se entre os 12 e 15 anos, continuando até a idade adulta, pois até os 15 anos as expectativas positivas aumentam, estabilizando-se depois.
O pai que pede um uísque “para relaxar", uma caipirinha para "abrir o apetite" e a mãe que bebe um licor “para fazer a digestão", a cerveja “para refrescar", o conhaque “para esquentar" estão colocando funções ou indicações de uso nas bebidas.
Seguir esta regra geral formulada pelos pais não é diferente de seguir as regras do grupo de amigos: "para ter coragem", "para mostrar que é macho", "para ficar com o cara", "para chegar à menina", "para esquecer", "para aproveitar melhor a festa", etc. A criança vai observando e aprendendo a respeito destes efeitos, o adolescente testa estas expectativas.
  • Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes. 2 Tessalonicenses 3:9
  • Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 1 Pedro 5:3
  • Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. 1 Timóteo 4:12
  • A coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais. Provérbios 17:6
Tipos de bebida alcoólica
As bebidas alcoólicas contêm diferentes teores de álcool. Podem distinguir-se dois grupos, de acordo com a quantidade de álcool e o processo de fabricação. As bebidas fermentadas são obtidas a partir da fermentação de açúcares constituintes de frutos por ação de microrganismos chamados leveduras. Estas bebidas podem obter-se a partir de frutos, cereais, grãos, tubérculos e cactos.
As bebidas destiladas são obtidas através da destilação, dando origem a bebidas com maior percentagem de álcool, como por exemplo, a aguardente, uísque, gin, vodca, uísque, etc.
Você sabia que...
  • A bebida alcoólica surgiu ao acaso durante o período Neolítico na pré-história?
  • Alexandre o Grande caiu inconsciente depois de beber muito em seu último banquete e veio a morrer dias depois de doença relacionada ao abuso de álcool?
  • A regulamentação do comércio de vinho passou a existir de forma mais consistente a partir da Idade Média?
  • As mulheres russas proletárias no início do século XX colocavam bebida destilada nas chupetas de seus filhos?
  • Na Inglaterra do século XVIII o gim era conhecido como a bebida de preferência das mulheres?
  • Apesar do abuso de álcool ter sido sempre criticado durante a história humana, o conceito de dependência alcoólica só foi surgir no final do século XVIII e início do século XIX?
Mitos e Realidades
  • O álcool não aquece. O álcool faz com que o sangue venha do interior do organismo à superfície da pele, dando a sensação de calor, mas este deslocamento do sangue provoca uma perda do calor interno, prejudicando o funcionamento de todos os órgãos.
  • O álcool não mata a sede. A sensação de sede significa necessidade de água. Quando se toma uma bebida alcoólica, uma considerável quantidade de água, que faz falta ao organismo, sai pela urina, aumentando assim a necessidade de água no organismo, logo a sede.
  • O álcool não dá força. O álcool tem uma ação excitante, que disfarça o cansaço do trabalho físico ou intelectual intenso, dando a ilusão de voltarem as forças, mas, depois, o cansaço é dobrado, porque gastou energias ao ser queimado no fígado.
  • O álcool não ajuda a digestão e não abre o apetite. O álcool faz com que os movimentos do estômago sejam muito mais rápidos e os alimentos passam para o intestino sem estarem devidamente digeridos, dando a sensação de estômago vazio. O resultado é a falta de apetite eo aparecimento de gastrites e úlceras.
  • O álcool não é um alimento. O álcool não é um nutriente porque produz calorias inúteis para os músculos e não serve para o funcionamento das células, contrariamente aos verdadeiros nutrientes ele não ajuda na edificação, construção e reconstrução do organismo. Ao contrário dos nutrientes, o álcool não é armazenado, sendo destruído nas horas seguintes à suaingestão.
  • O álcool não é um medicamento. É exatamente o contrário de um medicamento. Provoca apenas uma excitação e uma anestesia passageira que pode abafar durante algum tempo, dores ou sensação de mal-estar, acabando por ter consequências ainda mais graves.
  • O dependente de álcool não é uma pessoa fraca e irresponsável.
  • alcoolismo é uma doença crônica que compreende os seguintes sintomas: desejo incontrolável de beber, perda de controle (não conseguir parar de beber depois de ter começado), dependência física (sintomas físicos como sudorese, tremedeira e ansiedadequando está sem álcool) e tolerância (com o tempo passa a precisar de doses maiores de álcool). A dependência de álcool não está associada ao caráter do indivíduo e muito dosproblemas que ele apresenta são decorrentes da própria doença.
  • Problemas decorrentes do uso de álcool não são um claro indicador de que a pessoa sofre dealcoolismo.
  • Apesar do abuso de álcool não ser sinônimo de alcoolismo, ele pode trazer inúmeros problemas para o indivíduo e a sociedade.
  • O álcool não é a causa do alcoolismo.
  • Apesar de ser dependente de álcool, não é o álcool em si que causa o alcoolismo. Se isto fosse verdade toda pessoa que bebesse seria dependente de álcool. O que se sabe é que o alcoolismo não pode ser explicado por um único fator, mas pela interação de elementos genéticos, psicológicos e ambientais.
  • vinho não é uma bebida leve porque contém menos álcool do que outras bebidas. Aquantidade de álcool que a pessoa ingere depende da quantidade de doses que ela toma. Um copo de vinho tinto (aproximadamente 120 ml), uma lata de cerveja (aproximadamente 285 ml) e uma dose de bebida destilada (aproximadamente 30 ml) contém a mesma quantidade de álcool.
  • Misturar cerveja, vinho e destilados não leva a embriaguez mais rapidamente do que só tomar um tipo de bebida alcoólica. O nível de álcool no sangue é que determina o nível de sobriedade ou intoxicação alcoólica do indivíduo. Lembre-se que a quantidade de doses que a pessoa toma é que vai determinar a quantidade de álcool em seu sangue.
  • Beber café não ajuda a pessoa a se restabelecer do 'porre'. Apenas o tempo pode ajudar uma pessoa a se restabelecer do porre.
  • O organismo humano demora em média uma hora para processar uma dose de álcool.
  • Os efeitos do álcool no corpo da mulher não são iguais aos efeitos do álcool no corpo dohomem.
  • De maneira geral a ingestão da mesma quantidade de álcool afeta a mulher mais rapidamente do que o homem (mesmo levando-se em conta as diferenças no peso corporal). Isto ocorre porque a mulher apresenta menos água em seu corpo do que o homem e o álcool quando misturado à água do corpo torna-se mais concentrado na mulher.
  • Os efeitos do álcool no corpo do idoso não são iguais aos efeitos do álcool no corpo do jovem.
  • Os efeitos do álcool no organismo variam com a idade. Perda de reflexos, problemas com audição e visão e menor tolerância aos efeitos do álcool deixam os idosos sob o risco de quedas, acidentes automobilísticos e outros tipos de acidentes que podem resultar do uso de álcool. Com a idade, há também uma tendência de aumento no consumo de medicamentos. A mistura desses medicamentos com álcool pode trazer consequências danosas, inclusive fatais à saúde.
  • É sabido que mais de 150 remédios interagem de maneira prejudicial ao indivíduo. Ademais, o uso de álcool pode agravar condições clínicas comuns entre os idosos, como hipertensão e úlcera. Mudanças no organismo dos idosos fazem com que a ingestão de álcool provoqueefeitos mais acentuados comparativamente aos jovens de mesmo sexo e peso.
  • O alcoolismo pode levar as pessoas a sérios problemas, e pode ser fisiologicamente ementalmente destrutivo. Atualmente, o uso de álcool está envolvido na metade de todos os crimes, assassinatos, mortes acidentais e suicídios. Há também muitos problemas de saúde associados com o uso de álcool, como danos cerebrais, câncer, doenças cardíacas e doenças do  fígado. Alcoólatras que não param de beber reduzem sua expectativa de vida de 10 a 15 anos.
  • Quanto mais cedo uma pessoa começa a beber, maior é a possibilidade de se tornar dependente. O alcoolismo é definido como uma necessidade compulsiva de consumir álcool.Se instala quando uma pessoa deseja o álcool e não pode limitar ou conter a quantidade ingerida. Se alguém sente os sintomas de abstinência, tais como: náusea, suor, tremedeiras, ouansiedade, quando o consumo do álcool diminui, ou se existe a necessidade de beber maiores quantidades de álcool para sentir o mesmo efeito, essa pessoa provavelmente já é umalcoólatra.
  • A primeira sensação que o álcool provoca é de segurança. O usuário se sente desinibido e solta suas emoções. Depois vêm os efeitos depressores como falta de coordenação motora e sonolência, entre outras.
  • O uso contínuo provoca nos jovens, mudanças do comportamento com fundo psicológico, ou seja, eles passam a depender do álcool para criar coragem e vencer inibições. Na idade adulta, o dependente pode desenvolver sérios problemas emocionais, psíquicos e físicos.
  • Alguns podem pensar que é só uma questão de ter vontade de parar de beber, mas o alcoolismo é mais complicado do que isso. O desejo de um alcoólatra pelo álcool é tão grandeque ultrapassa sua capacidade de parar de beber. A maioria dos alcoólatras precisa de assistência para isso e o apoio da família e dos amigos.
  • Uma grande quantidade de álcool pode destruir células cerebrais, possivelmente levando a danos cerebrais.
  • O álcool perturba fortemente a estrutura e função do sistema nervoso central, dificultando a capacidade de obter, consolidar e processar informação.
  • O consumo moderado de álcool pode afetar as capacidades cognitivas, enquanto que grandes quantidades interferem com o fornecimento de oxigênio ao cérebro, causando um apagão quando totalmente embriagado.
  • alcoolismo pode também inflamar a boca, esôfago e estômago, e pode causar câncer nessas áreas, especialmente nas pessoas que também fumam.
  • Beber pode produzir batimentos cardíacos irregulares, e os que abusam correm maior riscode alta pressão arterial, ataques e outros danos cardíacos.
  • O álcool também pode prejudicar a visão, a função sexual, diminuir a circulação, ser motivo de desnutrição e de retenção de água.
  • Também pode causar doenças pancreáticas e cutâneas, assim como enfraquecer os ossos e músculos, e diminuir a imunidade.
Bebidas energéticas aumentam risco de alcoolismo
O consumo regular de bebidas energéticas com altos índices de cafeína favorece o alcoolismo. A pesquisa, baseada em cerca de mil estudantes de universidades americanas, concluiu que consumidores frequentes de energéticos cafeinados bebem álcool mais regularmente e em maior quantidade que os demais, aumentando seu risco de alcoolismo. Os consumidores frequentes de bebidas energéticas correm ainda mais risco de sofrer problemas relacionados ao álcool, como desmaios e ressaca.
As quatro fases do alcoolismo
O Alcoolismo é uma doença caracterizada por quatro fases:
Primeira fase:
  • Fase social, sem dependência física, apenas dependência emocional.
  • Inicia-se na primeira vez que se bebe (lembrando-se que dois fatores são fundamentais: predisposição orgânica e fatores sociais que reforçam o uso, do contrário a doença não sedesenvolve).
  • O primeiro sintoma é a dependência emocional.
  • O desenvolvimento emocional para e a pessoa torna-se pouco tolerante.
  • Como geralmente isso acontece na infância ou na adolescência, a mudança emocional geralmente não é percebida, pois se confunde com má criação, infantilidade ou temperamento forte.
  • A partir daí, a doença desenvolve-se mais ou menos devagar, dependendo da predisposiçãoorgânica.
  • Bebe-se pouco e socialmente, não há perdas em virtude do uso. Não há problemas físicos.
Segunda fase:
  • Fase social, sem dependência física, apenas dependência emocional.
  • O organismo modifica-se: tem-se a tolerância aumentada (bebe-se mais que na primeira fase). Não há problemas físicos.
  • Nesta fase o usuário pensa que pode minimizar o uso do álcool;
  • Admite saber seu limite de consumo e que pode parar quando quiser;
  • Pensa que o vício não o atingirá e coloca os prejuízos num futuro muito distante;
  • Justifica os momentos de excesso, como consequência de problemas que os outros vêm causando-lhes. Ex: Brigas com a família, com o (a) namorado (a).
Terceira fase:
  • Fase problemática, com dependência física e emocional.
  • Bebe-se muito (altíssima tolerância).
  • O beber torna-se um problema.
  • Muitos problemas emocionais, ressacas constantes, problemas em decorrência da bebida, problemas familiares, problemas de relacionamento.
  • A síndrome de abstinência tem início de 6 a 8 horas após a última dose;
  • Causa também a impotência sexual;
  • Começam as "PARADAS ESTRATÉGICAS";
  • Pode haver internações;
  • Há boas expectativas de recuperação física;
  •  muitas perdas; Perda de controle; compulsão ou intenso desejo de beber;
  • Não controla o consumo, ou seja, não sabe quando tem que parar;
  • O organismo causa tolerância (aumento das doses para obter efeitos antes produzidos por doses menores);
  • Demora mais para recuperar-se dos efeitos da bebida;
  • Abandono progressivo do trabalho, com faltas frequentes;
  • Dificuldade de relacionamento social e familiar.


Quarta fase:
  • Fase problemática, com dependência física e emocional;
  • Bebe-se muito pouco, menos que na primeira fase;
  • Inicia-se a atrofia do cérebro;
  • O alcoólatra pode ter delírios, não tem interesse pela sua vida e nem por atividades de lazer;
  • Nervosismo; apatia; insônia; causa tremores generalizados por períodos excessivamente longos, com problemas físicos e emocionais extremos.
Efeitos do Álcool
Álcool e autodestruição
A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora. Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes como euforia, desinibição e loquacidade (maior facilidade para falar).
Com o passar do tempo, começam a aparecer os efeitos depressores como falta de coordenação motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma.
Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com outra pessoa que não está acostumada a beber.
Outro exemplo está relacionado a estrutura física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte terá uma maior resistência aos efeitos do álcool. O consumo de bebidas alcoólicas também pode desencadear alguns efeitos desagradáveis, como enrubescimento da face, dor de cabeça e um mal-estar geral. Esses efeitos são mais intensos para algumas pessoas cujo organismo tem dificuldade de metabolizar o álcool.
Efeitos Orgânicos
  • A esofagite e a gastrite alcoólica podem ser intensas;
  • Queimação na porção alta do abdômen e no peito ocorre e se acentuam com a alimentação;
  • As úlceras do estômago e do duodeno também tem uma incidência maior;
  • O doente alcoólico sofre a ação direta do álcool nas mucosas do aparelho digestivo;
  • É mais propenso ao câncer da boca, da língua, da garganta, do esôfago, estômago, pâncreas e dos intestinos;
  • O álcool é absorvido no estômago e age em diversos órgãos levando às disfunções progressivas e graves;
  • Ele afeta o cérebro levando a um quadro demencial precoce, confusão mental extrema, delírios e alucinações aterradoras;
  • O coração fica dilatado, perdendo a sua função de bomba e pode provocar severas arritmias cardíacas, inchaço dos pés e intensa falta de ar;
  • O comprometimento do pâncreas leva à uma disfunção do órgão que pode ocasionar o diabetes e pode levar a uma insuficiência na produção das enzimas digestivas, ocasionando uma má absorção intestinal, com 20 a 30 episódios diários de diarreias;
  • A pancreatite crônica, que leva a uma destruição deste órgão vital;
  • A dor abdominal é intensa e ocorrem náuseas e vômitos frequentes;
  • O fígado afetado pelo álcool vai tendo o seu tecido normal substituído, inicialmente por gordura e posteriormente por fibrose e vai perdendo a sua função normal gerando a insuficiência hepática;
  • A doença hepática é irremediavelmente progressiva;
  • Os olhos ficam amarelos, é a icterícia, que é o prenúncio de uma fase de muito sofrimento para o doente e aos seus familiares;
  • Ocorre confusão mental, agitação intensa;
  • O coma hepático precede a morte;
  • O acometimento do fígado, com a cirrose evoluindo rapidamente, leva a uma dificuldade na passagem do sangue através das veias porta e cava;
  • O mesmo ficando represado leva ao acúmulo de líquidos na barriga (ascite), ao aumento do baço (esplenomegalia), aparecimento de veias dilatadas no abdômen e ao aumento do fígado e do coração;
  • Aumento das mamas, pés inchados, lesões hemorrágicas na pele, perda de pelos e atrofiatesticular;
  • As varizes do esôfago ocorrem devido ao aumento da pressão venosa pela dificuldade de passagem do sangue pelas veias hepáticas;
  • Quando ocorre a ruptura destas varizes, os doentes podem sangrar até a morte através de vômitos contendo sangue vivo e de fezes com melena (sangue digerido);
Observando a porcentagem de álcool nas bebidas compare o nível de etanol no sangue relacionando-o aos sintomas de intoxicação que o mesmo provoca no organismo.
Blackout Alcóolico (Apagão)
Algo semelhante à síndrome amnésica pode ser observado em casos de blackout alcóolico, no qual a pessoa manifesta amnésia sem perda da consciência. O indivíduo intoxicado pode manter uma conversação ou executar outros atos normalmente, mas, após ficar sóbrio, não terá memória do episódio.
Blackouts são observados em dependentes crônicos, embora possam ocorrer em não dependentes que tenham se intoxicado intensamente. De qualquer modo, essa situação tem maior probabilidade de ocorrer quando a pessoa ingere grandes quantidades de álcool rapidamente, especialmente se estiver muito cansada ou com fome.
Embora exista a ideia de que a memória retorna quando a pessoa para de beber, pesquisas de laboratório indicam claramente que as lembranças perdidas em um episódio de blackout são irrecuperáveis e que, portanto, a amnésia representa um déficit em codificação.
Síndrome de Korsakoff
A síndrome de Korsakoff - encefalopatia induzida por álcool - é um estado grave de amnésia, onde podem aparecer confabulação e incapacidade de registrar novos traços de memória, levando o paciente a uma situação paradoxal, em que ele pode executar atos complexos aprendidos antes da doença, mas não consegue aprender outros, mais simples e novas habilidades.
Quando a amnésia é causada por alcoolismo, torna-se uma doença progressiva e haverá problemas neurológicos, tais como movimentos descoordenados e perda de sensação nos dedos das mãos e dos pés. Quando esses problemas ocorrem, em geral, é muito tarde para começar a parar de beber.
Álcool e Obesidade
Homens e mulheres com casos de alcoolismo na família têm mais chances de ser obesos.
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington descobriram que pessoas que tendem a serem alcoólatras também correm o risco de ser obesas. O estudo sugere que o tratamento de uma disfunção pode ajudar na cura das outras.
Os cientistas observaram que a associação entre um histórico familiar de alcoolismo e o risco de obesidade ficou mais acentuada nos últimos anos.
Tanto homens como mulheres que tinham casos de alcoolismo na família tinham mais chances de ser obesos em 2002 do que os membros desse mesmo grupo de risco em 1992.
Richard Gruzca, um dos autores do estudo, diz que, ao estudar esse tipo de problema, os cientistas costumam verificar se a predisposição de uma pessoa para desenvolver um vício também pode ser responsável pelo aparecimento de outros.
O estudo mostra que alguns riscos de vício podem ser influenciados pelo ambiente. E foi justamente o ambiente que mudou entre os anos 1990 e os anos 2000; não foram os genes das pessoas.
Nos Estados Unidos, a obesidade dobrou em décadas recentes, de 15% da população (no final dos anos 70) para 33%, em 2004. Pessoas obesas – que têm um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais  têm um risco elevado de pressão alta, diabetes, doenças cardíacas, derrames e alguns tipos de câncer.
No estudo, Gruzca e sua equipe relatam que pessoas com um histórico familiar de alcoolismo, em especial as mulheres, têm um alto risco de obesidade – problema que parece estar aumentando. O cientista diz que isso talvez seja resultado de mudanças nos alimentos que comemos e na oferta de comidas que interagem com as mesmas áreas do cérebro que as drogas que viciam.
O cientista explica que muitas coisas que comemos atualmente contêm mais calorias do que os alimentos que comíamos nos anos 70 e 80 e também têm alguns tipos de calorias – principalmente uma combinação de sal, açúcar e gordura – que são atraentes para os chamados centros de recompensa do cérebro.
O pesquisador acrescenta que, como o álcool e as drogas afetam as mesmas partes do cérebro, o consumo exagerado desses tipos de alimentos pode ser maior ainda em pessoas com predisposição para o vício. Uma explicação possível para a obesidade em pessoas com histórico de alcoolismo é a de que algumas das pessoas podem substituir um vício pelo outro.
Depois de ver um parente próximo lidar com problemas de álcool, uma pessoa pode fugir da bebida. Mas alimentos saborosos e com muitas calorias também podem estimular os centros de recompensa do cérebro e criar efeitos parecidos aos que experimentariam com o álcool.
Ironicamente, ele conta, pessoas com alcoolismo não tendem a ser obesas: têm mais chances de ser malnutridas ou pelo menos subnutridas porque muitas substituem a comida pelo álcool. Gruzca explica que muita gente acha que o excesso de calorias associado ao consumo de álcool poderia, teoricamente, contribuir para a obesidade, mas não é o que os pesquisadores notaram nessas pessoas.
Ele conta que outros fatores, do cigarro e do álcool a variáveis demográficas como a idade e o nível de educação não parecem explicar a associação entre o risco de alcoolismo e a obesidade.

Tratamento Convencional

A recuperação é demorada
A recuperação é difícil e depende da disposição do indivíduo em aceitar a ajuda necessária. Nada que se faça tem o poder de fazer o alcoólatra parar de beber. Pode- se bater nele, prendê-lo, rezar por ele, interná-lo em uma clínica, vigiá-lo, chantageá-lo. Mas ele só vai entrar num programa de recuperação se assim o quiser.
Há vários programas de recuperação: religioso, de mútua ajuda, ajuda psicológica, programas místicos baseados na recuperação através da água, fogo, terra, ar, etc. O importante é que o indivíduo se sinta bem com aquele que escolher. O maior inimigo da recuperação são as recaídas, que podem inclusive levar à morte.
A recuperação é um trabalho para anos e consiste em transformar uma vida até então marcada por brigas, egocentrismo, perdas, pensamentos obsessivos, compulsão, não aceitação do outro, dificuldades de relacionamentos, desconfiança, paranoia, etc., em uma vida produtiva e melhor como qualquer indivíduo não alcoólico.
Se você não é alcoólatra e bebe socialmente, então será fácil ficar sem beber por uns 06 meses só para ver como é. Mas se você tem alguma dúvida se é alcoólatra, não espere chegar à quarta fase, procure ajuda ainda hoje.
Quanto mais cedo melhor. O alcoolismo, do ponto de vista científico, é incurável, por isso, o alcoólatra precisa abster-se total e permanentemente do álcool. Simples paradas não bastam.
Essa abstinência, para quem  considera o álcool como droga indispensável a todas as atividades da vida, não é tarefa fácil. Implica, praticamente, em reaprender a viver, a ter um novo nascimento e uma nova vida.
Os objetivos do tratamento da síndrome de abstinência do álcool são:
  • O alívio dos sintomas existentes;
  • A prevenção do agravamento do quadro com convulsões e delirium;
  • A possibilidade de que o tratamento adequado da SAA possa prevenir a ocorrência de síndromes de abstinência mais graves no futuro.
  • A vinculação e o engajamento do paciente no tratamento da dependência propriamente dita;
Planejamento geral do tratamento
Serão considerados três níveis de atendimento, com complexidade crescente:
  • Tratamento ambulatorial;
  • Internação domiciliar;
  • Internação hospitalar.
O tratamento pode ser dividido em:
  • Não farmacológico;
  • Farmacológico.
Esse último pode ser subdividido em:
  • Tratamento farmacológico clínico (como a reposição de vitaminas);
  • Psiquiátrico (uso de substâncias psicoativas).
Dentre as medidas do tratamento não farmacológico, destacamos o monitoramento frequente do paciente; tentativas de propiciar um ambiente tranquilo, não estimulante, com luminosidade reduzida; fornecimento de orientação (com relação a tempo, local, pessoal e procedimentos); limitação de contatos pessoais; atenção à nutrição e à reposição de fluidos; e manutenção dos cuidados e encorajamento positivo.
Embora haja consenso sobre a necessidade da reposição de vitaminas (sobretudo a tiamina) durante o tratamento da SAA, ainda existe controvérsia a respeito de doses preconizadas e mesmo quais as vitaminas a serem repostas.
Dentre os psicofármacos utilizados, os benzodiazepínicos são a medicação de primeira escolha para o controle dos sintomas da SAA. De modo geral, os compostos de ação longa são preferíveis.
Esquemas de administração são planejados de acordo com a intensidade dos sintomas, pois permitem uma utilização de doses menores de medicação, quando comparados aos esquemas posológicos fixos. Ou seja, deve-se buscar a dose adequada para a intensidade de sintomas de cada paciente.
Tratamento ambulatorial
Ao receber o paciente, a atitude do profissional de saúde deve ser acolhedora, empática e sem preconceitos. O tratamento da SAA (quadro agudo) é um momento privilegiado para motivar o paciente para o tratamento da dependência (quadro crônico).
Deve-se esclarecer a família e, sempre que possível, o próprio paciente sobre os sintomas apresentados, sobre os procedimentos a serem adotados e sobre as possíveis evoluções do quadro.
Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável do quadro.
Abordagem não farmacológica
  • Orientação da família e do paciente quanto à natureza do problema, tratamento e possível evolução do quadro;
  • Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
  • A dieta é livre, com atenção especial à hidratação;
  • As consultas devem ser marcadas o mais brevemente possível para reavaliação.
Abordagem farmacológica
  • Reposição vitamínica;
  • Ansiolíticos e Antidepressivos.
Ocorrendo falha (recaída ou evolução desfavorável) dessas abordagens, a indicação de ambulatório deve ser revista, com encaminhamento para modalidades de tratamento mais intensivas e estruturadas.
Internação domiciliar
O paciente deve permanecer restrito em sua moradia, com a assistência dos familiares. Idealmente, o paciente deverá receber visitas frequentes de profissionais de saúde da equipe de tratamento. Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável do quadro.
Abordagem não farmacológica
  • A orientação da família deve ter ênfase especial em questões relacionadas à orientação têmporo-espacial e pessoal, níveis de consciência, tremores e sudorese;
  • Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
  • A dieta é leve, desde que tolerada, com atenção especial à hidratação;
  • Visitas devem ser restritas, assim como a circulação do paciente.
Abordagem farmacológica
  • Reposição vitamínica;
  • Ansiolíticos e Antidepressivos.
Tratamento hospitalar
Essa modalidade é aconselhada para os casos mais graves, que requerem cuidados mais intensivos. Deve ser dada atenção especial à hidratação e correção de distúrbios metabólicos (eletrólitos, glicemia, reposição vitamínica).
Em alguns casos, a internação parcial (hospital dia ou noite) pode ser indicada, e, nesses casos, a orientação familiar sobre a necessidade de comparecimento diário deve ser reforçada e a retaguarda para emergências deve ser bem esclarecida.
Abordagem não farmacológica
  • Monitoramento do paciente deve ser frequente, com aplicação da escala Clinical Institute Withdrawal Assessment for Alcohol, Revised – CIWA-Ar que orienta a avaliação do paciente em relação à gravidade da SAA e a necessidade de administração de medicamentos.
  • A locomoção do paciente deve se restrita;
  • As visitas devem ser limitadas, pois o ambiente de tratamento deve ser calmo, com relativo isolamento, de modo a ser propiciada uma redução nos estímulos audiovisuais;
  • A dieta deve ser leve;
  • Pacientes com confusão mental devem permanecer em jejum, pois existe o risco de aspiração e complicações respiratórias. Nesses casos, deve ser utilizada a hidratação.
Contenção física
Os pacientes agitados que ameaçam violência devem ser contidos, se não forem suscetíveis à intervenção verbal. A contenção deve ser feita por pessoas treinadas, preferivelmente com quatro ou cinco pessoas. É muito importante explicar ao paciente o motivo da contenção.
Abordagem farmacológica
  • Reposição vitamínica;
  • Ansiolíticos e Antidepressivos.
Manejo das complicações
Convulsões
A maioria das crises é do tipo tônico-clônica generalizada. As crises convulsivas correspondem a uma manifestação relativamente precoce da SAA, mais de 90% ocorrem até 48 horas após a interrupção do uso de álcool (pico entre 13 e 24 horas) e estão associadas com a evolução para formas graves de abstinência.
Cerca de 1/3 dos pacientes que apresentam crises evoluem para delirium tremens, se não forem tratados. Em 40% dos casos, as crises ocorrem isoladamente. Nos pacientes que apresentam mais de uma crise, elas ocorrem geralmente em número limitado.
Delirium Tremens
Forma grave de abstinência, geralmente iniciando-se entre 1 a 4 dias após a interrupção do uso de álcool, com duração de até três ou quatro dias. É caracterizado por rebaixamento do nível de consciência, com desorientação, alterações sensoperceptivas, tremores e sintomas autonômicos (taquicardia, elevação da pressão arterial e da temperatura corporal).
Alucinose alcoólica: quadro alucinatório predominantemente auditivo, com sons do tipo cliques, rugidos, barulho de sinos, cânticos e vozes. As alucinações podem ser também de natureza visual e tátil. Os pacientes podem apresentar medo, ansiedade e agitação em decorrência dessas experiências. Uma característica peculiar desse tipo de fenômeno é que ocorre na ausência de rebaixamento do nível de consciência e evolui sem alterações autonômicas óbvias.
Interações
Álcool e outras drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC)
São depressores do SNC: barbitúricos, sedativos não barbitúricos, benzodiazepínicos e opioides. O álcool, quando combinado a outras drogas depressoras pode levar a um aumento da sedação por uma adição do efeito da droga. Outros efeitos podem incluir a depressão de funções respiratórias ou cardíacas que podem resultar em perda da consciência e morte.
Benzodiazepínicos
O álcool aumenta a taxa de absorção dos medicamentos benzodiazepínicos o que pode levar a um aumento do efeito depressor que este tipo de medicamento tem sobre o cérebro.
Os efeitos mais importantes desta iteração são: sedação, diminuição dos reflexos, descoordenação, e prejuízo da memória. Os riscos desta associação são os relacionados às tarefas que envolvem coordenação de motora e concentração como dirigir um veículo ou operar uma máquina.
Analgésicos
Analgésicos como paracetamol e aspirina são utilizados para o alívio de dores moderadas, se utilizados juntamente ao álcool podem levar a um prejuízo da mucosa gástrica e aumentar o tempo de sangramento.
Os analgésicos também podem conter codeína e anti-histamínicos que ao interagir com o álcool levam à sonolência. Quando o álcool é combinado a opiáceos como morfina, heroína, codeína ou metadona pode haver um aumento da função depressora do SNC destas drogas. Aproximadamente um quarto das mortes de indivíduos que fazem uso de opiáceos se  em decorrência da interação com o álcool.
Barbitúricos
Quando o álcool é ingerido juntamente a barbitúricos pode ocorrer uma intensa depressão do SNC, com prejuízo de coordenação e da psicomotricidade. O risco de overdose é muito alto, esta combinação pode levar a uma redução no nível de consciência e parada respiratória.
Outras drogas depressoras
A maconha não é necessariamente um agente depressor do SNC, pois também possui características alucinógenas, no entanto, quando usado em combinação com o álcool pode prejudicar as funções motoras e intelectuais do indivíduo. Pouco se sabe a respeito da interação do álcool com substâncias voláteis, porém um efeito aditivo é provável.
Drogas estimulantes
Drogas estimulantes como anfetamina e cocaína, quando usadas juntamente ao álcool fazem com que o indivíduo necessite de doses muito maiores de álcool para que se sinta intoxicado. Algumas pessoas acreditam que o uso do álcool juntamente à cocaína ajuda minimizar os efeitos desagradáveis desta o que é um erro enorme.
Drogas alucinógenas
 poucas informações sobre a interação de alucinógenos com álcool. Porém, sabe-se que a mistura do álcool com alucinógenos é imprevisível e os efeitos de ambas as drogas pode ser intensificado.
Medicamentos controlados
Há alguns antibióticos que reagem com o álcool. O uso combinado pode levar a cefaleia e náuseas. O Álcool também pode diminuir a eficácia de antibióticos e drogas antivirais.
A interação de álcool e anti-histamínicos parece prejudicar o desempenho psicomotor. Algumas drogas anti-inflamatórias quando combinadas ao álcool podem levar a um aumento significativo do tempo de sangramento.
Alcoolismo feminino
Os fatores demográficos (idade, estado civil, etnia e ocupação), em consonância com outros aspectos como predisposição genética, fatores psicológicos e socioculturais, exercem influência no comportamento das mulheres e contribuem para determinar o início e o comportamento na evolução do beber problemático.
O alcoolismo entre meninas de 12 a 17 anos dobrou de 2001 para 2005: passou de 3,5% para 6%. A proporção de alcoolistas alcançou a razão de uma mulher para cada três homens (CEBRID, 2001, 2005).
Percebe-se, então, que o universo feminino está cada vez mais sensível ao uso de álcool, em virtude das mudanças ocorridas no seu modus vivendi e que, apesar da preocupação do Ministério da Saúde e dos esforços de diversos profissionais, existem muitos entraves ou barreiras pessoais para que a mulher alcoolista receba atendimento e tratamento diferenciados.
Muitas são as dificuldades encontradas para que a mulher alcoolista procure ajuda, começando pelo local de tratamento, pelo acolhimento, pelo profissional que a recebe e pela proposta de tratamento oferecida.
Além disso, os tabus sociais, a estigmatização e a culpa são alguns dos fatores que dificultam a procura de tratamento. Apenas 2% das mulheres com problemas relacionados ao álcool procuram tratamento, contra 8% dos homens.
O panorama atual com o aumento de consumo, abuso e dependência do álcool pelas mulheres, bem como suas possíveis consequências constituem um problema que merece atenção e implica a necessidade de se obter mais conhecimento acerca deste universo feminino.
Alcoolismo feminino e câncer
Smith-Warner et al. (1998), analisando seis estudos de corte conduzidos em quatro países distintos, investigaram a associação entre o risco do câncer de mama do tipo invasivo e o consumo de álcool. Mais de 300 mil mulheres avaliadas por até 11 anos foram incluídas no estudo, com cerca de 4.300 diagnosticadas de câncer mamário.
A quantidade, bem como o tipo de bebida alcoólica consumida pela grande maioria das pacientes, não interferiu no aumento do risco relativo para câncer de mama.
Entre aquelas que bebiam em maior quantidade e frequência, entretanto, o aumento do consumo esteve linearmente relacionado com o aumento do risco para câncer, assim como a redução do consumo alcoólico interferiu positivamente na diminuição do mesmo risco.
Mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. Esse risco aumenta 9% para cada 10 gramas de álcool (cerca de um drinque) diárias.
Alcoolismo feminino e osteoporose
Outro aspecto importante do consumo crônico de álcool pelas mulheres é a sua relação com a osteoporose. Considera-se que a osteoporose resulta do desequilíbrio de um complexo sistema, mantido por vários fatores nutricionais, hormonais e metabólicos.
As dependentes de álcool apresentam frequentemente hipocalcemia, hipomagnesemia e hipoparatireodismo, acarretando disfunções que levam à osteoporose. O efeito inibidor da remodelação óssea do álcool é fenômeno bem conhecido em ambos os sexos.
Alcoolismo feminino e doenças cardiovasculares
A análise dos dados de dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no “Nurses’ Health Study” revelou que tomar dois ou três drinques diários aumenta o risco de surgir hipertensão arterial em 40% e a probabilidade de acontecer derrame cerebral hemorrágico.
Nas mulheres que bebem mais do que três drinques por dia o risco de hipertensão arterial duplica. Mulheres que abusam de álcool desenvolvem também miocardiopatias mesmo usando doses mais baixas do que os homens.
Alcoolismo feminino e distúrbios psiquiátricos
Todos eles são mais prevalentes em mulheres que abusam de álcool do que em homens que o fazem e do que em mulheres abstêmias. A única patologia mais frequente no alcoolismo masculino é a personalidade antissocial. A prevalência de depressão em mulheres que abusam de álcool é de 30% a 40%.
Estudos demonstram que a maior parte dessas mulheres bebe como forma de se livrar dos sintomas associados a quadros de depressão primária. Anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das que abusam de álcool. Mulheres que abusam de álcool tentam o suicídio quatro vezes mais frequentemente do que as abstêmias.
Consequências psicossociais
Problemas familiares são mais comuns entre mulheres que abusam de álcool (entre os homens são os problemas legais e aqueles relacionados com o trabalho).
O alcoolismo torna as mulheres mais sujeitas a agressões físicas. Mulheres que consomem quantidades exageradas de álcool geralmente vivem com parceiros que também abusam da bebida.
Álcool e Gravidez
O uso de álcool durante a gravidez pode trazer inúmeros problemas para a criança, incluindo hiperatividade, déficits de atenção, aprendizado e memória.
Diversos fatores podem contribuir para o surgimento de problemas no feto: padrão de consumo, metabolismo materno, suscetibilidade genética, período da gestação em que o álcool foi consumido e vulnerabilidade das diferentes regiões cerebrais da criança.
Atualmente sabe-se que os riscos para o feto aumentam com o nível de consumo e a frequência de uso.
A mais grave das consequências relacionadas ao consumo de álcool durante a gestação é a Síndrome Fetal Alcoólica (SFA) que foi descrita pela primeira vez por Jones e Smith em 1973. A criança com SFA apresenta algumas anormalidades faciais e exibe déficit intelectual, problemas cognitivos e problemas comportamentais.
Apesar de apresentar inúmeras limitações intelectuais, a criança com SFA apresenta boa performance nos testes de linguagem, mas ainda assim apresenta dificuldades nos testes de aritmética e em seu desenvolvimento sócio emocional.
Outra grave consequência do uso de álcool durante a gravidez é o chamado Efeitos Relacionados ao Álcool (ERA). Crianças que apresentam ERA apresentam algumas das características dos pacientes com Síndrome Fetal Alcoólica, mas geralmente exibem melhor performance nos testes de inteligência.

As doze doenças mais causadas pelo álcool

Anemia
O beber pesado pode fazer com que as células vermelhas que transportam oxigênio apresentem um número anormalmente baixo. Esta condição, conhecida como anemia, pode provocar uma série de sintomas, inclusive a fadiga, respiração ofegante, e frivolidade.
Câncer
Beber de forma habitual aumenta o risco do câncer. Os cientistas acreditam que o aumento do risco vem quando o corpo converte o álcool em acetaldeído, um carcinógeno potente. Os tipos de câncer relacionados ao consumo de álcool incluem a boca, faringe (garganta), esôfago, fígado, pulmão, e região colorrectal. O risco de câncer aumenta ainda mais quando associado ao vício de fumar.
Doença cardiovascular
O beber pesado faz com que as plaquetas se agrupem formando coágulos de sangue, que podem levar a um ataque de coração. Em um estudo importante publicado em 2005, os pesquisadores de Harvard descobriram que a bebida dobrou o risco da morte entre aqueles que inicialmente sobreviveram a um ataque de coração.
O beber pesado também pode causar cardiomiopatias, uma condição potencialmente mortal na qual o músculo de coração se enfraquece e consequentemente falha, bem como anormalidades de ritmo de coração como fibrilação atrial e ventricular.
A fibrilação atrial na qual as câmaras superiores do coração tenham contrações caóticas perdendo o ritmo cardíaco e podendo causar coágulos que podem provocar um infarto. A fibrilação ventricular ocorre da mesma maneira nos ventrículos. Causa a perda rápida da consciência e, a ausência de tratamento imediato, morte súbita.
Cirrose
O álcool é muito tóxico para as células de fígado, e muitos bebedores pesados desenvolvem a cirrose, uma condição às vezes letal na qual o fígado está tão lesionado que não é mais capaz de funcionar. Por alguma razão pouco conhecida as mulheres parecem ser mais vulneráveis ao álcool no aparecimento da cirrose.
É importante notar que o fígado tem uma taxa fixa de como digerir o álcool, então se o fígado for forçado demais, doenças e disfunções podem resultar, fazendo com que seja o principal local de dano do álcool.
Dano hepático pode ocorrer em três fases:
A primeira fase é a dilatação do fígado, na qual as células são perfuradas pelo tecido adiposo anormal. A segunda etapa é a hepatite alcoólica, na qual as células hepáticas incham, inflamam e eventualmente morrem. O terceiro estágio é a cirrose, na qual tecidos de cicatriz fibrosos são formados, atrapalhando o fluxo do sangue através do fígado.
Demência
À medida que as pessoas envelhecem, os seus cérebros “encolhem” em média 1.9 % por década. Isto é considerado normal. Mas o beber pesado apressa o encolhimento de certas regiões-chave no cérebro, resultando em perda de memória e outros sintomas de demência.
O beber pesado também pode levar a déficits sutis, mas potencialmente debilitadores da capacidade de planejar, julgar, resolver problemas e executar outros aspectos das funções executivas, que são as capacidades de mais alta ordem que permitem que nós maximizemos a nossa função como seres humanos.
Além da demência 'não específica' que se origina da atrofia cerebral, a bebida pesada pode causar deficiências nutritivas tão severas que provocam outras formas da demência.
Depressão
Sabe-se de muito tempo que a bebida pesada muitas vezes anda de mãos dadas com a depressão, mas muito se debate sobre qual vem primeiro - a bebida ou a depressão. Uma teoria diz que pessoas deprimidas buscam o álcool numa tentativa de se ‘automedicar' para aliviar a dor emocional. Outra mostra o caminho inverso. Beber demais leva à depressão.
Convulsões
A bebida pesada pode causar a epilepsia e provocar convulsões além de interferir de forma grave com as medicações para tratar essas doenças.
Gota
Uma condição dolorosa, a gota é causada pela formação de cristais de ácido úrico nas juntas.
Embora alguns casos sejam basicamente hereditários, o álcool e outros fatores dietéticos parecem desempenhar um papel importante no seu surgimento. O álcool com certeza agrava casos já instalados de gota.
Pressão alta
O álcool pode interromper o sistema nervoso simpático, que, entre outras coisas, controla a contração e a dilatação dos vasos sanguíneos em resposta a stress, temperatura, esforço, etc. A bebida pesada pode causar pressão alta. Com o tempo e o uso contínuo de álcool essa doença fica crônica e leva a muitos outros problemas de saúde, inclusive doença dos rins e do coração.
Doenças contagiosas
A bebida pesada suprime o sistema imune, abrindo a porta para que se instalem infecções, inclusive tuberculose, pneumonia, AIDS, e outras doenças sexualmente transmitidas (inclusive algumas que causam infertilidade). Pessoas alcoolizadas se expõem com maior frequência ao sexo de risco aumentando em pelo menos três vezes a possibilidade de contrair uma doença sexualmente transmitida.
Neuropatia
A bebida pesada pode causar uma forma de dano nos nervos conhecida como neuropatia alcoólica, que pode produzir pontadas ou alfinetadas dolorosas que se sentem pelo corpo, torpor nas extremidades, bem como fraqueza muscular, incontinência, constipação, disfunção erétil, e outros problemas.
A neuropatia alcoólica pode surgir porque o álcool é muito tóxico para as células nervosas ou devido a deficiências nutritivas atribuíveis à bebida pesada.
Pancreatite
Além de causar irritação de estômago (gastrite), a bebida pode inflamar o pâncreas. Pancreatite crônica, causando dor abdominal severa e diarreia persistente - e 'não é curável. Alguns casos de pancreatite crônica são provocados por cálculos biliares, mas em mais de 60% dos casos, devido ao consumo de álcool.
Álcool e morte

Como o álcool pode ser responsabilizado por milhares de mortes a cada ano?
  • 5% de todas as mortes por doenças do sistema circulatório são atribuídos ao álcool.
  • 15% de todas as mortes por doenças do aparelho respiratório são atribuídos ao álcool.
  • 30% de todas as mortes por acidentes causados por fogo e chamas são atribuídos ao álcool.
  • 30% de todos os afogamentos acidentais são atribuídos ao álcool.
  • 30% de todos os suicídios são atribuídos ao álcool.
  • 40% de todas as mortes devido a quedas acidentais são atribuídos ao álcool.
  • 45% de todas as mortes em acidentes automobilísticos são atribuídos ao álcool.
  • 60% de todos os homicídios são atribuídos ao álcool.

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