Sinônimos: Personalidade sociopática
Pessoas com transtorno de personalidade antissocial
frequentemente possuem histórico de abuso de substâncias, especialmente álcool.
Já está comprovado que indivíduos diagnosticados como
psicopatas têm maiores chances de reincidir em crimes e, portanto, deveriam ser
melhor vigiados.
Pessoas com transtorno psicopático, durante o período da
infância, podem ter sofrido com negligência e autoritarismo por parte de seus
cuidadores, sentem-se profundamente isolados e tendem à introversão.
Maltratar animais é um importante indicativo de psicopatia.
Já foi comprovado que a serotonina tem um papel importante
no controle da agressividade, impulsividade e comportamento antissocial tanto
em humanos quanto em outros animais.
Apesar de manipuladores, psicopatas têm mais dificuldade em
identificar expressões faciais e verbais que pessoas sem esse transtorno.
Em 1904, Emil Kraepelin analisou cientificamente pela
primeira vez, tipos de personalidades semelhantes ao do transtorno de
personalidade antissocial e que serviram de embasamento para a criação desse
diagnóstico.
Apesar de cometerem mais crimes, serem mais violentos e
terem maior índice de reincidência, psicopatas ainda recebem liberdade
condicional com 2,5 mais frequência que outros presos.
O transtorno de personalidade antissocial (TPA), comumente
referido como sociopatia, é um transtorno de personalidade descrito no
DSM-IV-TR, caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afetado,
desprezo por normas sociais e indiferença ou desrespeito pelos direitos e pelos
sentimentos dos outros.
Frequentemente o indivíduo demonstra também baixa
consciência ou sentido de moral associado a um histórico de problemas legais e
comportamentos agressivos ou impulsivos. Na classificação internacional de
doenças (CID), é chamado de transtorno de personalidade dissocial (F60.2).
Costuma-se distinguir o conceito de distúrbio da
personalidade antissocial do conceito de psicopatia. Muitos pesquisadores
argumentam que a psicopatia é um distúrbio que se sobrepõe ao TPA mas é
distinto deste.
Na população em geral, as taxas dos transtornos de
personalidade podem variar de 0,5% a 3%, subindo para 45-66% entre
presidiários.
O distúrbio é caracterizado, principalmente, pela ausência
de empatia com outros seres humanos (quando não pertencentes à família),
resultando em falta de interesse com o bem-estar do outro e sérios prejuízos
aos que convivem com eles.
O distúrbio costuma ir se estruturando desde a infância. Por
isso, na maioria das vezes, alguns dos seus sintomas podem ser observados nesta
fase e/ou na adolescência, por meio de comportamentos agressivos que, durante
estes períodos, são denominados de transtornos de conduta.
Não demonstram empatia, são interesseiros, egoístas e
manipuladores. Conforme se tornam adultos, o transtorno tende a se cronificar e
causar cada vez mais prejuízos na vida do próprio indivíduo e especialmente de
quem convive com ele.
Na psicanálise tal comportamento é característico das
estruturas ligadas às modalidades de perversão, que diferem das neuroses e das
psicoses. Indivíduos com este diagnóstico são usualmente chamados de
sociopatas, segundo definição do próprio CID 10:
Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo
das obrigações sociais e falta de empatia para com os outros. Há um desvio
considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas.
O comportamento não é facilmente modificado pelas
experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à
frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da
violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer
racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a
entrar em conflito com a sociedade.
Egocentrismo patológico: incapacidade para lealdade ou
manutenção de sentimentos de amor ou afeição, sedução apurada, vida sexual
impessoal ou pobremente integrada, prática comum de calúnias, omissões ou
distorções de fatos e constante incapacidade de seguir algum plano de vida
também fazem parte de suas características.
As características dos sociopatas englobam, principalmente,
o desprezo pelas obrigações sociais, leis e a falta de consideração com os
sentimentos dos outros. Eles possuem um egocentrismo exageradamente patológico,
emoções superficiais, teatrais e falsas, pobre ou nenhum controle da
impulsividade, baixa tolerância para frustração e derrotas, baixo limiar para
descarga de agressão física, irresponsabilidade, falta de empatia com outros
seres humanos e animais, ausência de sentimentos de remorso e de culpa em
relação ao seu comportamento.
São pessoas sedutoras, cínicas e manipuladoras. Geralmente
são incapazes de manter uma relação conjugal leal ou duradoura. É comum o
histórico de diversos relacionamentos de curta duração.
Quando percebem que suas atitudes estão sob avaliação,
reprovação ou questionamento, são capazes de adotar mudanças radicais em seu
estilo de vida para afastar as suspeitas sobre si, como por exemplo, casar-se
repentinamente, frequentar igrejas ou presentear conhecidos.
Eles mentem exageradamente, sem constrangimento ou vergonha.
Na narrativa dos fatos, utilizam contextos fundamentados em acontecimentos
verdadeiros, porém manipulados de acordo com seus interesses, e assim se tornam
extremamente convincentes.
Roubam, abusam, trapaceiam, manipulam dolosamente seus
familiares, parentes e amigos. Causam inúmeros transtornos a quem está ao seu
redor e podem colocar em risco a vida de outras pessoas sem sentir pena de quem
foi manipulado. Seduzem seus parceiros a fim de convencê-los a fazer algo em
seu lugar, evitando prejuízo a si mesmos.
Podem maltratar animais sem piedade, mesmo que não
obrigatoriamente. Esse conjunto de características faz com que os sociopatas
dificilmente consigam aprender com a punição e modifiquem suas atitudes.
São capazes de fingir com maestria comportamentos tidos como
exemplo de ética social e capazes de fingir crenças ou hábitos para se
infiltrarem em grupos sociais ou religiosos a fim de ocultar sua verdadeira
personalidade. Pessoas sociopatas não sentem remorso pelo o que fazem. Jamais
sentem culpa.
Quando detectam que outras pessoas começam a notar seus
desvios de personalidade são extremamente hábeis em fingir comportamentos
exemplares, alterando e adaptando seus desvios de conduta para que não sejam
descobertos.
Ao notarem que sua personalidade foi descoberta é comum que
saiam de cena, mudem de residência e procurem estabelecer novos vínculos
sociais com pessoas que desconheçam seu comportamento patológico, mantendo
pouco ou nenhum vínculo com seu passado.
Diagnósticos
No caso de timidez patológica os diagnósticos usados na
psiquiatria contemporânea podem ser, entre outros, de transtorno de
personalidade esquiva, fobia social ou transtornos de ansiedade.
Critérios diagnósticos pelo DSM-IV-TR
A. Um padrão perversivo de desrespeito e violação aos
direitos dos outros, que ocorre desde a adolescência, como indicado por pelo
menos TRÊS dos seguintes nove critérios:
Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a
comportamentos éticos e legais, indicado pela execução repetida de atos que
constituem motivo de reprovação social ou detenção (crimes);
Impulsividade predominante ou incapacidade em seguir planos
traçados para o futuro;
Irritabilidade e agressividade, indicadas por histórico
constante de lutas corporais ou agressões verbais violentas;
Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido
fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações
financeiras;
Ausência de remorso, indicada por indiferença ou
racionalização por ter manipulado, ferido, maltratado ou roubado outra pessoa;
Tendência para enganar, indicada por mentir compulsivamente,
distorcer fatos ou ludibriar os outros para obter credibilidade, vantagens
pessoais ou prazer;
Em alguns casos, incapacidade de conviver com animais
domésticos ou ter apreço pelos sentimentos dos mesmos em geral;
Dissociabilidade familiar, marcada pelo desrespeito ou
desapreço.
B. Existem evidências de Transtorno de Conduta com início
antes dos 15 anos de idade.
C. A ocorrência do comportamento antissocial não se dá
exclusivamente durante o curso de Esquizofrenia ou Episódio Maníaco.
Teste de psicopatia de Hare (PCL-R)
Para diagnosticar uma pessoa com psicopatia, Robert Hare
desenvolveu um famoso teste psicológico, válido somente quando aplicado por um
psicólogo ou psiquiatra. Seus critérios diagnósticos abrangem os recursos
afetivos, interpessoais e comportamentais. Cada item é avaliado em uma nota de
zero (ausente ou leve), um (moderada) ou dois (grave). A soma total determina o
grau de psicopatia de uma pessoa.
Fator 1
Narcisismo agressivo
Sedutora / Charme superficial
Grandioso senso de auto-estima / egocêntrico
Mentira patológica
Esperteza / Manipulação
Falta de remorso ou culpa
Superficialidade emocional
Insensibilidade / Falta de empatia
Falha em aceitar a responsabilidade por ações próprias
Agressão a animais
Fator 2
Estilo de vida socialmente desviantes
Necessidade por estimulação / tendência ao tédio e depressão
Estilo de vida parasitário tentando ser sustentado e mantido
por seus manipulados.
Falta de metas de longo prazo possíveis ou realistas
(incapacidade de enxergar as consequências das ações no futuro)
Impulsividade
Irresponsabilidade e desonestidade frequente
Fator 3
Estilo de comportamentos irresponsáveis
Controle comportamental pobre*
Versatilidade criminal*
Delinquência juvenil*
Problemas comportamentais precoces*
Revogação da liberdade condicional*
Traços não
correlacionadas com ambos fatores
Várias relações conjugais de curta duração
Promiscuidade
Uma nota elevada no Fator 2 está associado com reação
agressiva, ansiedade, elevado risco de suicídio, criminalidade e violência por
impulsividade. Uma nota elevada no Fator 1 por outro lado indica uma melhor
habilidade em conviver socialmente, baixa ansiedade, baixa empatia, baixa
tolerância a frustrações e baixa ideação suicida, além de estar associado a
sucesso e bem-estar.
Indivíduos com Fator 1 positivo já foi considerado como
adaptativo em um ambiente altamente competitivo, por obter resultados tanto
para o indivíduo quanto paras as corporações, porém muitas vezes eles causam danos
a longo prazo, tanto para seus colegas de trabalho quanto para a organização
como um todo, devido ao seu comportamento manipulativo, enganoso, abusivo e,
muitas vezes fraudulento. Além disso, essas pessoas geralmente causam extremo
sofrimento a seus parceiros amorosos, a seus filhos, familiares e animais
domésticos.
Causas
Fatores ambientais e psicológicos como condições econômicas
precárias, família desestruturada e histórico de violência podem superar
fatores genéticos na formação dos psicopatas atuais. Existe grande número de psicopatas
entre as populações carcerárias.
Estes indivíduos vivenciaram, geralmente, situações de
desamparo, desprezo e desafeto por suas famílias. Vivências repletas de maus
tratos, humilhações, abusos e mais uma série de fatores que, somados, podem
levar o indivíduo a uma dessensibilização, emocionalmente superficial e a
repetir a violência sofrida em suas relações sociais.
Vários estudos mostram a associação entre lesões
pré-frontais e comportamentos impulsivos, agressividade e inadequação social. Um
indivíduo saudável apresentando comportamentos dentro dos padrões normais após
sofrer um acidente em que o córtex é atingido, pode passar a apresentar
comportamentos antissociais, ou seja, uma sociopatia adquirida. Estes dados
confirmam o fato de que possa existir um componente cerebral envolvido no
comportamento dos psicopatas.
A diminuição da massa cinzenta na área pré-frontal,
analisada por neuroimagem, demonstra que uma diminuição do volume do hipocampo
posterior e um aumento da matéria branca do corpo caloso contribuem para o
aparecimento de comportamentos mais agressivos.
Comorbilidades
Portadores de transtornos de personalidade são mais
susceptíveis a apresentarem outros transtornos psiquiátricos. Estima-se que 80%
das pessoas com transtornos de personalidade sofram de outros problemas de
saúde psicológica, como hiperatividade, síndrome do pânico, depressão maior,
transtornos de ansiedade e abuso de drogas.
Existe também uma correlação entre o transtorno de
personalidade antissocial com outros transtornos de personalidade de desvios
sociais, como transtorno de personalidade histriônica, o transtorno de
personalidade narcisista e o transtorno de personalidade limítrofe.
Tratamento
As formas mais comuns de medicamentos utilizados em
pacientes de transtornos de personalidade são os neurolépticos, antidepressivos,
lítio, benzodiazepínicos, anticonvulsivantes e psicoestimulantes.
Porém tratamentos medicamentosos revelaram ser ineficazes no
tratamento de psicopatia, apesar de poucos estudos terem sido realizados
adequadamente. Mesmo com poucos testes, sais de lítio são usados frequentemente
no tratamento de pacientes psicopatas, pois podem levar a uma redução nos
comportamentos impulsivos, explosivos e na instabilidade emocional. Seus
principais efeitos colaterais são sedação, tremores e problemas motores.
Há indicativos de que a terapia cognitivo-comportamental
possa ser um método eficaz no tratamento de transtornos de personalidade
antissocial. A American Psychiatric Association considera a terapia
analítico-comportamental como o tratamento de regulacão afetiva mais eficaz e
empiricamente suportado para transtornos de personalidade.
Psicoterapias com pacientes com personalidade violenta em
liberdade condicional reduziram os índices de reincidência para 20 e 33%
comparado com 40 a 52% dos grupos controles. Os autores concluem que a
personalidade dos pacientes não mudou, porém eles aprenderam a controlar melhor
seus impulsos e pensarem mais nas consequências de seus atos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário