Em geral, a atitude de quem confia nos procedimentos da razão para a determinação de crenças ou de técnicas em determinado campo. Esse termo foi usado a partir do século XVII para designar tal atitude no campo religioso; "Há uma nova seita difundida entre eles (presbiterianos e independentes) que é a dos racionalistas: o que a razão lhes dita, eles consideram bom até que achem algo melhor.
Nesse sentido Baumgarten dizia: "Racionalismo é o erro de quem elimina da religião todas as coisas que estão acima da própria razão". Kant foi o primeiro a adotar esse termo como símbolo de sua doutrina, estendendo-o do campo religioso para os outros campos de investigação.
Deu o nome de Racionalismo à sua filosofia transcendental, ao passo que chamava de noologistas ou dogmáticos os filósofos que a historiografia alemã do século XIX chamou depois de racionalistas. No terreno da moral, defendia "o Racionalismo do juízo, que da natureza sensível toma apenas o que a Razão Pura pode pensar por si, ou seja, a conformidade com a lei", opondo-se por isso ao misticismo e ao empirismo da razão prática.
Finalmente, caracterizava como Racionalismo seu ponto de vista em matéria religiosa: "O racionalista, em virtude desse mesmo título, deve manter-se nos limites da capacidade humana. Portanto, nunca usará o tom contundente do naturalista nem contestará a possibilidade nem a necessidade de uma revelação.
(...) porquanto sobre tais assuntos nenhum homem pode decidir o que quer que seja pela razão". Por outro lado, Hegel foi o primeiro a caracterizar como Racionalismo a corrente que vai de Descartes a Spinoza e Leibniz, opondo-o ao empirismo de origem lockiana.
Por Racionalismo ele entendeu a "metafísica do intelecto", que é a "tendência à substância, em virtude da qual se afirma, contra o dualismo, uma única unidade, um único pensamento, da mesma maneira como os antigos afirmavam o ser.
A contraposição entre racionalismo e empirismo fixou-se depois nos esquemas tradicionais da história da filosofia, por mais que o próprio Hegel notasse seu caráter aproximativo. Quanto ao "Racionalismo religioso", Hegel afirmava que ele é "o oposto da filosofia" porque coloca "o vazio no lugar do céu" e porque sua forma é um raciocinar sem liberdade, e não um entender conceitualmente".
Com base nessas observações históricas, pode-se dizer que o termo em foco compreende os seguintes significados:
1º O Racionalismo religioso designa algumas correntes protestantes, ou um ponto de vista semelhante ao de Kant.
2º O Racionalismo filosófico designa propriamente a doutrina de Kant (que adotou esse termo), ou então a corrente metafísica da filosofia moderna, de Descartes a Kant.
3º Em sua significação genérica, pode ser usado para indicar qualquer orientação filosófica que recorra à razão.
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