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8/14/2015

Glossário de Termos em Dependência Química, Psiquiatria e outros

Glossário
A
Abstinência
A abstenção do uso de droga ou (particularmente) de bebidas alcoólicas, por questão de princípio ou por outras razões. Quem pratica a abstinência de álcool é chamado de “abstêmio” ou “abstêmio total”.
A expressão “atualmente abstinente”, frequentemente empregada em inquéritos populacionais, geralmente define uma pessoa que não ingeriu bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses; esta definição não coincide necessariamente com a descrição que o próprio indivíduo faz de si como um abstêmio. O termo “abstinênciao deve ser confundido com “síndrome de abstinência”.
Abstinência condicionada
Uma síndrome com sinais e sintomas semelhantes à abstinência, ocasionalmente vivenciada por indivíduos dependentes de álcool ou opiáceos em abstinência, que o expostos a estímulos previamente associados com o uso de álcool ou outras drogas.
De acordo com a teoria clássica do condicionamento, estímulos ambientais o condicionados, temporariamente associados a reações o condicionadas de abstinência tornam-se estímulos condicionados capazes de eliciar os mesmos sintomas de abstinência. Em outra versão da teoria do condicionamento, uma resposta inata compensatória aos efeitos de uma substância (tolerância aguda) torna-se condicionalmente relacionada aos estímulos associados ao uso da substância.
Se os estímulos o apresentados sem a administração concreta da substância, a resposta condicionada é eliciada como uma reação compensatória do tipo da abstinência. Deve-se, no entanto, diferenciar “abstêmio (pessoa que o bebe ou o usa drogas) de “abstinente (pessoa que presentemente o está bebendo, que o está usando drogas).
Abstinência protraída
A ocorrência de sintomas da síndrome de abstinência, geralmente leves, mas desconfortáveis, por várias semanas ou meses após a síndrome de abstinência física aguda ter passado. Esta é uma condição mal definida descrita em dependentes do álcool, dependentes de sedativos, e dependentes de opioides.
Os sintomas psíquicos, como ansiedade, agitação, irritabilidade e depressão, o mais proeminentes que os sintomas físicos. Os sintomas podem ser precipitados ou exacerbados pela visão do álcool ou da droga de dependência, ou pelo retorno ao ambiente previamente associado ao uso de álcool ou de outra droga.
Abulia e hipobulia
Por Hipobulia e Abulia entende-se, respectivamente, a diminuição e a total incapacidade do potencial volitivo. Esse enfraquecimento da vontade pode ocorrer fugazmente em indivíduos normais, em estados de fadiga ou em consequência de trauma emocional intenso. Nessa situação há lentidão concomitante das ações e dos movimentos (bradibulia e bradicinesia).
A debilidade da vontade é observada em todos os estados de depressão e de inibição. A Hipobulia pode ser permanente nas esquizofrenias e em oligofrênicos apáticos. O tipo mais característico de debilidade volitiva é encontrado na depressão, na qual a vontade está inibida em todo o período de duração do acesso. Em estados depressivos a Hipobulia é duradoura, onde surge junto com a baixa volição as típicas dificuldades de decisão.
Abuso
(de drogas, de álcool, de substâncias, de produtos químicos ou de substâncias psicoativas).
Um grupo de termos muito utilizado embora com significados variáveis. Na 3a edição revista do Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Psiquiátrica Norte-Americana (DSM-III-R), “abuso de substância psicoativa” é definido como “padrão desajustado de uso indicado pela continuação desse uso apesar do reconhecimento da existência de um problema social, ocupacional, psicológico ou físico, persistente ou recorrente, que é causado ou exacerbado pelo uso recorrente em situações nas quais ele é fisicamente arriscado”.
Trata-se de uma categoria residual, ao qual é preferível o diagnóstico de dependência, quando for o caso. O termo “abuso” é algumas vezes utilizado de forma desaprovativa para designar qualquer tipo de uso, particularmente o de drogas ilícitas.
Devido à sua ambiguidade, o termo não é usado na 10a revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) (exceto no caso de substâncias que não produzem dependência; veja mais adiante); uso nocivo e uso arriscado são os termos equivalentes na terminologia da OMS, embora eles geralmente digam respeito apenas aos efeitos físicos e não às consequências sociais.
O emprego de “abuso” também é desestimulado pelo Escritório de Prevenção do Abuso de Substâncias dos EUA, embora expressões como “abuso de substâncias” sigam sendo amplamente utilizadas na América do Norte, para se referir, de modo geral, aos problemas do uso de substâncias psicoativas.
Em outros contextos, o abuso já indicou padrões de uso não médico ou não aprovado, independentemente das consequências. Assim, a definição publicada em l969 pela Comissão de Peritos da OMS em Dependência de Drogas foi “uso excessivo de droga, persistente ou esporádico, inconsistente ou sem relação com a prática médica aceitável”.
Abuso de substâncias que não produzem dependência
Definido na CID-10 como o uso repetido e inadequado de uma substância que, embora isenta de potencial de dependência, se acompanha de efeitos físicos ou psicológicos nocivos ou envolve um contato desnecessário com profissionais da saúde (ou ambos).
Esta categoria poderia ser mais apropriadamente chamada de “uso indevido de substâncias não psicoativas” (compare com uso indevido de álcool ou droga). Na CID-10, este diagnóstico está incluído na secção “Síndromes comportamentais associadas a perturbações fisiológicas e fatores físicos”.
Uma ampla variedade de medicamentos à venda com prescrição médica ou de venda livre e de remédios populares e fitoterápicos pode estar envolvida. Os grupos particularmente importantes são:
·         Drogas psicotrópicas que não produzem dependência, tais como os antidepressivos e os neurolépticos;
·         Laxativos (o uso inadequado dos mesmos é chamado de “hábito laxativo”);
·         Analgésicos que podem ser comprados sem prescrição médica, tais como aspirina (ácido acetilsalicílico) e paracetamol (acetaminofeno);
·         Esteroides e outros hormônios;
·         Vitaminas; e antiácidos.
Embora estas substâncias não produzam, tipicamente, efeitos psíquicos agradáveis, as tentativas de desencorajar ou proibir o seu uso frequentemente encontram resistência. A despeito da forte motivação do paciente para tomar a substância, não há o desenvolvimento de síndrome de dependência nem de síndrome de abstinência. Estas substâncias não têm potencial de dependência no sentido de efeitos farmacológicos intrínsecos, mas são capazes de induzir dependência psicológica.
Abuso de substâncias
Uso patológico de agentes que modificam o humor, comportamento e cognição, criando um prejuízo no funcionamento social ou ocupacional.
Adicção
O uso repetido de uma ou mais substâncias psicoativas, a tal ponto que o usuário (designado como um adicto) fica periódica ou permanentemente intoxicado, apresenta uma compulsão para consumir a substância preferida (ou as substâncias preferidas), tem grande dificuldade para interromper ou modificar voluntariamente o uso da substância e demonstra uma determinação de obter substâncias psicoativas por quaisquer meios.
Numa situação típica, a tolerância é proeminente e quando o uso da substância é interrompido frequentemente ocorre uma síndrome de abstinência. A vida de um adicto pode ser dominada pela substância a ponto de uma virtual exclusão de todas as demais atividades e responsabilidades.
O termo adicção também tem a conotação de que o uso de tal substância tem um efeito negativo para a sociedade, além de para o indivíduo; quando aplicado ao uso do álcool, é equivalente a alcoolismo.
Adicção é um termo antigo e de uso variado. É considerado por muitos como uma entidade nosológica específica, um transtorno debilitante baseado nos efeitos farmacológicos da droga, implacavelmente progressivos.
De 1920 a 1960 houve tentativas para se diferenciar adicção de “hábito”, uma forma menos grave de adaptação psicológica. Nos anos 1960 a Organização Mundial da Saúde recomendou que ambos os termos fossem abandonados em favor de dependência, que pode existir em vários graus de gravidade.
Álcool
Na terminologia química, os álcoois constituem um numeroso grupo de compostos orgânicos derivados de hidrocarbonetos que contém um ou mais grupos hidroxila (-OH). O etanol (ou álcool etílico, C H OH) é um dos membros dessa classe de compostos, e é o principal ingrediente psicoativo das bebidas alcoólicas. Por extensão, o termo “álcooltambém é usado para referir-se a bebidas alcoólicas.
O etanol resulta da fermentação de açúcar produzida por lêvedos. Em condições normais, as bebidas produzidas por fermentação m uma concentração de álcool que o ultrapassa 14%. Na produção de álcoois por destilação, ferve-se uma mistura fermentada e o etanol que se evapora é recolhido como um condensado quase puro. Além do seu uso para consumo humano, o etanol é também usado como combustível, como solvente e na manufatura química.
O álcool absoluto (etanol anidro) é o etanol contendo o mais do que 1% de água por massa. Nas estatísticas sobre produção ou consumo de álcool, o álcool absoluto refere-se ao conteúdo de álcool (como 100% de etanol) das bebidas alcoólicas.
Do ponto de vista químico, o metanol (CH OH), também conhecido como álcool metílico e álcool de madeira (ou de amido), é o mais simples dos álcoois. É usado como um solvente industrial e também como um adulterador para desnaturar o etanol e torná-lo impróprio para o consumo (bebidas metiladas). O metanol é altamente tóxico; dependendo da quantidade consumida, pode produzir turvação da visão, cegueira, coma e morte.
Outros álcoois impróprios para o consumo, com efeitos potencialmente nocivos, o consumidos ocasionalmente, como, p.ex., o isopropanol (álcool isopropílico, frequente em desinfetantes) e etilenoglicol (usado como anticongelante em automóveis).
O álcool é um sedativo/hipnótico com efeitos semelhantes aos dos barbitúricos. Além dos efeitos sociais do uso, a intoxicação pelo álcool pode resultar em envenenamento e até morte; o uso excessivo e prolongado pode resultar em dependência ou numa ampla variedade de transtornos mentais orgânicos e físicos.
Os transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de álcool (F10) o classificados como transtornos decorrentes do uso de substância psicoativa na CID-10 (F10-F19).
Alcoolismo
Um termo antigo e de significado variável, em geral refere-se a um padrão crônico e continuado de ingestão de álcool, ou mesmo periódico, e que é caracterizado pelo comprometimento do controle sobre a ingestão, frequentes episódios de intoxicação e preocupação com o álcool e seu uso, apesar das consequências adversas.
O termo alcoolismo foi originalmente cunhado em 1849 por Magnus Huss. Até os anos 1940, referia-se principalmente às consequências físicas do beber pesado, de longa duração (alcoolismo Beta na tipologia de Jellinek).
Um conceito mais restrito é o de alcoolismo como uma doença, caracterizada pela perda do controle sobre o beber, causado por uma anormalidade biológica pré-existente e que tem um curso progressivo previsível. Posteriormente, o termo foi usado por Jellinek e outros para indicar o consumo de álcool que leva a qualquer tipo de dano (físico, psicológico ou social, tanto para o indivíduo como para a sociedade). Jellinek subdividiu o alcoolismo assim definido em uma série de “tiposdesignados por letras gregas.
A inexatidão do termo levou uma Comissão de Peritos da OMS, em 1979, a desaprová-lo, preferindo estreitar a formulação para síndrome de dependência do álcool como um dos muitos problemas relacionados com o álcool. O alcoolismo o está incluído como uma entidade diagnóstica na CID 10.
Apesar de seu significado ambíguo, alcoolismo é ainda amplamente usado como termo diagnóstico e descritivo. Em 1990, por exemplo, a Sociedade Norte-americana de Adicções definiu o alcoolismo como “uma doença crônica primária que tem seu desenvolvimento e suas manifestações influenciados por fatores genéticos, psicossociais e ambientais”.
A doença frequentemente é progressiva e fatal. “É caracterizada por uma perturbação contínua ou periódica do controle sobre a ingestão, uma preocupação com o álcool, o seu uso apesar das consequências adversas e distorções de pensamento, notadamente, negação”. Outras formulações m dividido o alcoolismo em diversos tipos: algumas o consideram como doença e outras, o.
Distingue-se: o alcoolismo essencial do alcoolismo reativo, sendo que “essencial tem o objetivo de indicar que o alcoolismo o é secundário nem provocado por nenhuma outra condição; alcoolismo primário de secundário, para indicar a ordem de início, em casos de duplo diagnóstico; e o tipo I do tipo II, tendo este último um componente genético fortemente ligado ao sexo masculino.
Antigamente, a dipsomania (ingestão episódica) e a adicção ao álcool referiam-se à perda do controle sobre a ingestão de bebidas; embriaguez tinha também uma relação mais estreita com a intoxicação habitual e seus efeitos prejudiciais.
Além da alucinose, que é produzida regularmente, o frequentes outros efeitos adversos de alucinógenos, entre os quais:
·         Más-viagens;
·         Transtorno de percepção pós-alucinógeno ou flashbacks;
·         Transtorno delirante, que geralmente segue-se à - viagem; as mudanças perceptuais atenuam-se, mas o indivíduo torna-se convencido de que as distorções perceptuais vivenciadas correspondem à realidade; o estado delirante pode durar apenas um ou dois dias, ou pode persistir além desse período;
·         Transtorno afetivo ou do humor, que consiste em ansiedade, depressão ou mania que ocorre logo após o uso de alucinógeno e persiste por mais de 24 horas; tipicamente o indivíduo sente que nunca mais poderá voltar ao normal e expressa preocupação a respeito de um dano cerebral como resultado da ingestão de droga.
Os alucinógenos m sido usados como coadjuvantes de terapia através do “insight, mas esse uso tem sido restrito ou até mesmo banido pela legislação.
Alienação
Condição caracterizada pela perda de relacionamentos significativos com outros, com sua sociedade ou sua cultura. Este termo, também usado num sentido socioeconômico, passou a substituir o antigo conceito de loucura. A falha da sociedade em aculturar e socializar o desenvolvimento individual pode, por sua vez, produzir ou exacerbar perturbações psicopatológicas, tais como despersonalização, comportamento dissociativo e desavenças com outros indivíduos.
Alogia
Um empobrecimento do pensamento, inferido pela observação da fala e do comportamento relativo à linguagem. As respostas a perguntas podem ser breves e concretas e a quantidade de fala espontânea pode ser restrita (pobreza da fala). Ocasionalmente, a fala é adequada em quantidade, mas transmite poucas informações por ser excessivamente concreta, abstrata, repetitiva ou estereotipada (pobreza do conteúdo).
Alteração do humor
Uma mudança mórbida do afeto que ultrapassa as variações normais, e que leva a vários estados que incluem: depressão, exaltação, ansiedade, irritabilidade e raiva.
Alterações permanentes da personalidade
Um transtorno da personalidade e do comportamento adulto que se desenvolve após estresse catastrófico ou excessivamente prolongado, ou após várias doenças psiquiátricas graves num indivíduo sem transtorno de personalidade prévia. Há uma mudança definitiva e permanente no padrão individual de perceber, relacionar-se com ou pensar sobre o meio ambiente e o eu.
A mudança de personalidade é associada com comportamento inflexível e mal adaptativo que não estava presente antes da experiência patogênica e não é uma manifestação de outro transtorno mental nem um sintoma residual de qualquer transtorno mental precedente. A síndrome de personalidade com dor crônica se enquadra nesta categoria.
Alucinação
Sensopercepção, de qualquer natureza, que se dá na ausência de estímulo externo apropriado. As alucinações podem subdividir-se de acordo com: a modalidade sensorial afetada; a intensidade; a complexidade; a clareza de percepção; e o grau subjetivo de sua projeção ao exterior.
Em indivíduos normais, podem ocorrer alucinações nos estados de transição vigília-sono (hipnagógicas) e sono-vigília (hipnopômpicas). Enquanto fenômeno mórbido, as alucinações podem ser sintomáticas de patologia orgânica cerebral, de psicoses funcionais e de intoxicação por drogas, com aspectos característicos para cada qual.
Dependendo da cultura, algumas alucinações podem ou não ser socialmente sancionadas como eventos reais (p.ex., comunicação com os mortos ou espíritos, mensagens de Deus). Alucinações do cativeiro são imagens visuais ou auditivas induzidas pelo isolamento e pelo estresse decorrente de situações de ameaça à vida, na ausência de disfunções psiquiátricas graves.
Alucinógeno
Uma substância que induz alterações do senso-percepção, do pensamento e dos sentimentos parecidos aos das psicoses funcionais, sem, no entanto, produzir as importantes alterações da memória e da orientação características das síndromes orgânicas. O ácido lisérgico (LSD, ou dietilamida do ácido lisérgico), a dimetiltriptamina (DMT), a psilocibina, a mescalina, a tenanfetamina (MDA, ou 3, 4-metilenodio- xianfetamina), o êxtase (MDMA, ou 3,4-metilenodioximetanfetamina) e a fenciclidina (PCP) o exemplos de alucinógenos.
A maioria dos alucinógenos é ingerida; contudo, a DMT é aspirada ou fumada. O uso característico é episódico, sendo que o uso crônico e frequente é extremamente raro. Os efeitos manifestam-se de 20 a 30 minutos após a ingestão e consistem em dilatação pupilar, elevação da pressão arterial, taquicardia, tremor, hiperreflexia e a fase psicodélica (que consiste em euforia ou alterações variadas do humor, ilusões visuais e distorções perceptivas, borramento dos limites entre o eu interior e o mundo exterior, e frequentemente uma sensação de fusão com o cosmos).
São comuns as flutuações rápidas entre a euforia e a disforia. Após umas 4 a 5 horas, esse quadro pode ser substituído por ideias de auto referência, sentimentos de aumento da consciência do eu interior, e uma sensação de controle mágico.
Alucinose
Um transtorno que consiste em alucinações persistentes ou recorrentes, em geral visuais ou auditivas, e que ocorrem com clareza de consciência, mas que o indivíduo afetado pode ou o reconhecer como irreais. Pode ocorrer uma elaboração delirante das alucinações, mas os delírios o dominam o quadro clínico.
Amnésia
Perda ou perturbação da memória (completa ou parcial, permanente ou temporária), atribuível tanto a causas orgânicas como a psicológicas. A amnésia anterógrada é a perda da memória de duração variável para eventos e vivências subsequentes a um incidente causal, após a recuperação da consciência. A amnésia retrógada é a perda da memória de duração variável para eventos e vivências que precederam um incidente causal.
Anedonia
Ausência da capacidade de experimentar prazer, associada frequentemente com estados esquizofrênicos e depressivos. O conceito foi introduzido por Ribot (1839-1916).
Anfetamina
Uma classe das aminas simpatomiméticas com poderosa ação estimulante do sistema nervoso central. Esta classe inclui a anfetamina, a dexanfetamina e a metanfetamina. Outras drogas relacionadas incluem o metilfenidato, a fenmetrazina e a anfepramona (dietilpropiona). Em linguagem de rua, as anfetaminas o frequentemente referidas como “bolinhas”.
Os sinais e sintomas sugestivos de intoxicação por anfetaminas ou outros simpatomiméticos de ação semelhante incluem taquicardia, dilatação pupilar, aumento da pressão arterial, hiperreflexia, sudorese, calafrios, anorexia, náusea ou vômito, e comportamentos anormais, tais como agressividade, grandiosidade, hipervigilância, agitação e perturbação do juízo crítico.
Em raros casos pode-se desenvolver um delirium a menos de 24 horas da ingestão. O uso crônico em geral induz alterações da personalidade e do comportamento tais como impulsividade, agressividade, irritabilidade, desconfiança e psicose paranoide. A interrupção da ingestão após uso prolongado ou intenso pode produzir uma reação de abstinência, com humor deprimido, fadiga, hiperfagia, transtornos do sono e aumento dos sonhos.
Atualmente, a prescrição de anfetaminas e de substâncias similares está limitada principalmente ao tratamento da narcolepsia e do transtorno de hiperatividade por ficit de atenção. o é recomendado o uso dessas substâncias como agentes anorexígenos no tratamento da obesidade.
Anomia
Inexistência de normas e valores no repertório pessoal ou na realidade sociocultural. Ausência de lei e a discórdia numa sociedade devido a normas conflituosas. A anomia pode precipitar transtornos psiquiátricos caracterizados particularmente por ansiedade, isolamento e/ou desorientação pessoal e pode culminar com o suicídio.


Anorexia nervosa
Perda de peso deliberada, induzida e mantida pelo paciente, com uma psicopatologia específica na qual um receio de engordar e da flacidez do contorno corporal persistem como uma ideia intrusiva e supervalorizada. Os pacientes impõem a si próprios um limite baixo de peso, geralmente resultando em subnutrição de intensidade variável, alterações secundárias endócrinas e metabólicas, e perturbações de funções fisiológicas (p.ex., amenorreia).
Os sintomas incluem uma dieta restritiva, exercícios excessivos, vômito induzido e uso de laxantes, bem como uso de supressores do apetite e diuréticos. O transtorno ocorre mais frequentemente em meninas adolescentes e mulheres jovens, mas mulheres de mais idade, até a época da menopausa, assim como meninos adolescentes e homens jovens também podem ser afetados.
Ansiedade
Apreensão, tensão ou inquietação que se deriva da antecipação de perigo, cuja fonte é amplamente desconhecida ou não reconhecida; de origem basicamente intrapsíquica, contrariamente ao medo que é a resposta emocional a uma ameaça ou perigo conscientemente reconhecido e habitualmente externo.
Antidepressivos
Um grupo de substâncias psicoativas prescritas para o tratamento dos transtornos depressivos; também o usados em outras condições, tais como o transtorno do pânico. Há três classes principais: os antidepressivos tricíclicos (quer o principalmente inibidores da recaptura de noradrenalina); os agonistas de receptores e bloqueadores da recaptura da serotonina; e os inibidores da monoaminoxidase, menos comumente prescritos.
Os antidepressivos tricíclicos m um risco de abuso relativamente baixo, mas algumas vezes o usados sem finalidade terapêutica por seus efeitos psíquicos imediatos. Desenvolve-se tolerância aos seus efeitos anticolinérgicos, mas o está esclarecido se ocorre uma síndrome de dependência ou uma síndrome de abstinência. Por estas razões, o uso impróprio de antidepressivos está incluído na categoria F55 da CID-10, abuso de substâncias que o produzem dependência.
Anti-histamínicos
Um grupo de drogas terapêuticas usadas no tratamento de transtornos alérgicos e, por vezes, devido aos seus efeitos sedativos, para aliviar a ansiedade e induzir o sono. Farmacologicamente, os anti-histamínicos o classificados como bloqueadores dos receptores H1. Estas drogas o ocasionalmente utilizadas sem finalidade terapêutica, particularmente por adolescentes, nos quais pode causar sedação e desinibição. Um grau moderado de tolerância se desenvolve, mas o uma síndrome de dependência ou uma síndrome de abstinência.
Uma segunda classe de anti-histamínicos, os bloqueadores de receptores H2, suprime a secreção ácida gástrica e é usada no tratamento da úlcera péptica e do refluxo esofágico; esta o tem um potencial de dependência conhecido e o seu uso indevido é incluído na categoria F55 da CID-10, abuso de substâncias que o produzem dependência.
Antipsicótico
Termo genérico aplicado de maneira ampla a diversas classes químicas de drogas empregadas no manejo sintomático de várias condições psicóticas, especialmente a esquizofrenia e estados de excitação. As substâncias incluem fenotiazinas, butirofenonas e tioxantenos, assim como drogas mais recentes como difenilbutilpiperidinas, pimozide e fluspirileno. A maioria delas pode provocar reações adversas, das quais as síndromes extrapiramidais são as mais incômodas.
Apagão
Termo vulgar para designar a amnésia anterógrada aguda, não associada com perda de consciência, resultante de ingestão de álcool e de outras substâncias; um período de perda de memória durante o qual há pouca ou nenhuma lembrança do que passou. Quando isto ocorre no curso da ingestão contínua de álcool, é algumas vezes chamado de “palimpsesto alcoólico”.
Arritmia
Qualquer irregularidade do ritmo ou padrão, mais comumente usado em referência a anormalidades do batimento cardíaco. O eletrocardiograma é usado para detectar anormalidades na propagação do impulso elétrico através do tecido cardíaco. Arritmias cardíacas podem ser causadas por vários fatores, incluindo desequilíbrio eletrolítico, agentes psicofarmacológicos e outras drogas, doença cardíaca e ansiedade.
Assimilação
Um processo psicossocial no qual um grupo étnico ou cultural dominante absorve outro grupo étnico ou cultural não dominante, tornando-se, em decorrência, um só grupo étnico ou cultural. A identidade étnica original é perdida em favor da identidade do grupo assimilador.

B
Barbitúricos
Um grupo de depressores do sistema nervoso central quimicamente derivado do ácido barbitúrico, por exemplo, o amobarbital, o pentobarbital e o secobarbital. o empregados como antiepilépticos, anestésicos, sedativos, hipnóticos e – menos comumente – como ansiolíticos. O uso agudo e crônico induz efeitos similares aos do álcool.
Os barbitúricos m uma pequena margem de segurança entre as dosagens terapêutica e tóxica e com frequência o letais em superdose. Devido à sua maior margem de segurança, os benzodiazepínicos m substituído amplamente os barbitúricos como sedativos/ hipnóticos ou ansiolíticos. A tolerância aos barbitúricos se desenvolve rapidamente e o risco de uso prejudicial ou de dependência é alto. Os pacientes que usam estas drogas por períodos prolongados podem tornar-se dependentes, mesmo quando a dose prescrita o é ultrapassada.
Os barbitúricos estão associados com a totalidade dos transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de substâncias da categoria F13 da CID-10. A sintomatologia específica inclui o seguinte: intoxicação por barbitúricos, síndrome de abstinência e demência (também denominada transtorno psicótico residual induzido por barbitúricos).
Bebida alcoólica
Líquido que contém álcool (etanol) e é destinado a ser bebido. Quase todas as bebidas alcoólicas o preparadas por fermentação, que pode ser seguida no caso dos destilados por destilação. A cerveja é produzida através da fermentação de cereais (cevada maltada, arroz, milho, etc.) frequentemente com a adição de lúpulo. Os vinhos o produzidos através da fermentação de frutas, particularmente de uvas.
O Xerez, o vinho do Porto e outros vinhos fortificados o vinhos aos quais se adicionam certos destilados, habitualmente para obter-se um conteúdo de etanol de cerca de 20%%. Outros produtos de fermentação tradicionais o o hidromel (a partir de mel), cidra (de maçã ou outras frutas), saquê (de arroz), pulque (do cacto agave) e chicha (de milho).
Os destilados variam quanto à matéria prima (cereal ou fruta) da qual o derivados: por exemplo, a vodca é feita a partir de cereais ou de batatas; o uísque, de centeio ou milho; o rum, de cana de açúcar; e o conhaque, de uvas ou outras frutas.
O álcool também pode ser sintetizado quimicamente (do petróleo, por exemplo), mas raramente tem-se usado isso para produzir bebidas alcoólicas.
Inúmeros congêneres constituintes das bebidas alcoólicas que o o etanol e a água – já estão identificados, mas o etanol é o principal ingrediente psicoativo em todas as bebidas alcoólicas comuns.
As bebidas alcoólicas m sido usadas desde a pré-história na maioria das sociedades tradicionais, exceto na Australásia, na América do Norte (logo ao norte da atual fronteira entre os EUA e o México) e na Oceania. Muitas bebidas fermentadas tradicionais tinham um conteúdo de álcool relativamente baixo e só podiam ser armazenadas por poucos dias.
A maioria dos governos procura criar alvarás ou impostos especiais ou mesmo controlar completamente a produção e a venda de álcool, embora possa permitir a produção caseira de diversos tipos de bebidas alcoólicas. Em vários países, certas bebidas alcoólicas (principalmente destiladas) o produzidas ilicitamente, e podem se contaminar com substâncias tóxicas (chumbo, por exemplo) no processo de produção.


Benzodiazepínicos
Um grupo de drogas estruturalmente relacionadas, usadas primordialmente como sedativos/hipnóticos, relaxantes musculares e antiepilépticos, e outrora denominados de “tranquilizantes menores”. Acredita-se que estes agentes produzam efeitos terapêuticos ao potencializar a ação do ácido gama-aminobutírico (GABA), um importante neurotransmissor inibidor.
Os benzodiazepínicos foram introduzidos para substituir os barbitúricos, como uma alternativa mais segura. Eles o suprimem o sono REM na mesma medida que os barbitúricos, mas tem um potencial significativo para induzir dependência e uso indevido.
Os benzodiazepínicos de ação curta incluem o halazepam e o triazolam, ambos com início de ação rápida; o alprazolam, o flunitrazepam, o nitrazepam, o lorazepam e o temazepam com início intermediário; e o oxazepam com início lento. Têm-se relatado amnésia anterógrada profunda (apagamento) e reações paranoides com o uso de triazolam, bem como insônia de rebote e ansiedade. Muitos clínicos m encontrado problemas particularmente difíceis na interrupção do tratamento com o alprazolam.
Os benzodiazepínicos de ação longa incluem o diazepam (com o mais rápido início de ação), o clorazepato (também de início rápido), o clordiazepóxido (início intermediário), o flurazepam (início lento) e o prazepam (início mais lento). Os benzodiazepínicos de ação longa podem produzir um efeito incapacitante cumulativo e tem maior probabilidade de causar sedação diurna e perturbações motoras que os agentes de ação curta.
Mesmo em doses terapêuticas, a interrupção abrupta dos benzodiazepínicos induz uma síndrome de abstinência em até 50% das pessoas tratadas por seis meses ou mais. Os sintomas o mais intensos com as preparações de ação curta; com os benzodiazepínicos de ação longa os sintomas de abstinência aparecem uma ou duas semanas depois da interrupção e duram mais, mas o menos intensas. Como com outros sedativos, é necessário um programa de desintoxicação lenta para evitar complicações graves como as convulsões da abstinência.
Alguns benzodiazepínicos m sido usados em combinação com outras substâncias psicoativas para acentuar a euforia, por exemplo, ex., 40-80 mg de diazepam tomados logo antes ou imediatamente após uma dose de manutenção diária de metadona. Os benzodiazepínicos são, com frequência, usados indevidamente em combinação com o álcool ou na dependência de opioides.
A superdose fatal é rara com qualquer benzodiazepínico, a menos que ele seja ingerido concomitantemente ao álcool ou outro depressor do sistema nervoso central.
Borderline
Patologicamente podemos dizer que a pessoa portadora de Personalidade Borderline, embora seja bem menos perturbada que os psicóticos, são muito mais complexas que os neuróticos, embora não apresentem deformações de caráter típicas das personalidades sociopáticas. Na realidade, o Borderline tem séria limitação para usufruir as disponibilidades de opção emocional diante dos estímulos do cotidiano e, por causa disso, pequenos estressores são capazes de enfurecê-lo.
São indivíduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fúria ou de mau gênio, em completa inadequação ao estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente e, habitualmente, têm por alvo pessoas do convívio mais íntimo, como os pais, irmãos, familiares, amigos, namoradas, cônjuges, etc.
Embora o Borderline mantenha condutas até bastante adequadas em grande número de situações, ele tropeça escandalosamente em certas situações triviais e simples. O limiar de tolerância às frustrações é extremamente susceptível nessas pessoas.
Bruxismo
Consiste num ranger de dentes ou numa contração dos músculos mandibulares associados, quase sempre, à fase 2 do sono. Pode ser acompanhado de alterações neurovegetativas e, em alguns indivíduos, é possível evocá-lo por estímulos auditivos.
Bulimia nervosa
Ataques repetidos de hiperfagia e preocupação excessiva com o controle do peso corporal, que levam a um padrão de hiperfagia seguida de vômitos ou do uso de laxantes. Os vômitos repetidos causam frequentemente transtorno eletrolítico e complicações físicas. A bulimia nervosa às vezes é precedida, de poucos meses a vários anos, por um episódio de anorexia nervosa. Sinonímia: Hiperorexia Nervosa.


Burnout
Termo que designa uma síndrome caracterizada por exaustão física e emocional, despersonalização, percepção (real ou imaginária) de diminuição da capacidade laboral, sensação de fracasso pessoal e insônia. Pode-se encontrar ainda depressão, suscetibilidade aumentada para doenças físicas, uso de álcool ou outras drogas para obter alívio e, em alguns casos, suicídio.
Esta síndrome, originalmente descrita nos Estados Unidos, é geralmente considerada como uma reação de estresse frente a inexoráveis exigências emocionais, ou por dedicação excessiva ao trabalho e uma negligência em relação à família e ao lazer. Parece ser uma síndrome relacionada à cultura, com maior prevalência em sociedades urbanas industrializadas, onde predomina o status conquistado.

C
Cannabis (maconha)
Cannabis é um termo genérico usado para referir os vários preparados do cânhamo (Cannabis sativa). Isso inclui a folha de maconha ou diamba (com variada sinonímia de gíria), o cânhamo-da-índia ou haxixe (derivado da resina dos extremos floridos da planta) e o óleo de haxixe.
Na Convenção Única de Narcóticos e Drogas de 1961, a cannabis foi definida como "as extremidades floridas ou frutificadas da planta de cannabis (excluindo as sementes e as folhas sem aquelas extremidades) das quais a resina não foi extraída", enquanto que a resina da cannabis é "a resina bruta ou purificada, extraída da planta da cannabis".
As definições são baseadas na terminologia tradicional indiana como ganja (=cannabis) e charas (=resina). Um terceiro termo indiano, o bhang se refere às folhas. O óleo de cannabis (óleo de haxixe, cannabis líquida ou haxixe líquido) é um concentrado de cannabis obtido pela extração geralmente através de um óleo vegetal (José Manoel Bertolote - Glossário de Termos de Psiquiatria, 1997 - Artes Médicas).
O termo marijuana é de origem mexicana. Originalmente um termo usado para o tabaco barato, ocasionalmente misturado com cannabis. Tornou-se um termo genérico para as folhas de cannabis ou a cannabis, em geral, em muitos países. O haxixe, inicialmente um termo utilizado para a cannabis nas áreas do Mediterrâneo oriental, é hoje utilizada para a resina da cannabis.
A cannabis contém pelo menos 60 canabinoides, muitos dos quais biologicamente ativos. O componente mais ativo é o delta-tetrahidrocanabinol (THC), o qual, bem como seus metabólitos, pode ser detectado na urina várias semanas após seu uso (geralmente após ter sido fumado).
A intoxicação pela cannabis produz sensação de euforia, leveza dos membros e geralmente retração social. Prejudica a capacidade de dirigir veículos, bem como de outras atividades complexas que requerem habilidade; prejudica a memória imediata, a capacidade de concentração, os reflexos, a capacidade de aprendizado, a coordenação motora, a percepção de profundidade, a visão periférica, a percepção do tempo (a pessoa geralmente tem a sensação de lentificação do tempo) e a detecção de sinais.
Outros sinais de intoxicação podem incluir ansiedade excessiva, desconfiança ou ideias paranoides em alguns e euforia ou apatia em outros, juízo crítico prejudicado, irritação conjuntival, aumento de apetite, boca seca e taquicardia. A cannabis às vezes é consumida com álcool, o que aumenta os efeitos psicomotores.
Há registros de que o uso da cannabis pode precipitar recaídas em casos de esquizofrenia. Estados de ansiedade e pânico agudos, e estados delirantes foram também relatados na intoxicação por cannabis; estes geralmente regridem em alguns dias. Os canabinoides são às vezes usados terapeuticamente para glaucoma e para as náuseas em tratamentos quimioterápicos do câncer.
Os transtornos por uso de canabinoides estão incluídos nos transtornos por uso de substância psicoativa na CID-10 (classificados em F12). São sinônimos: Maconha, Marijuana e Marijuana.


Caráter
De acordo com Reich, o Caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Inclui atitudes e valores conscientes, estilo de comportamento (timidez, agressividade e assim por diante) e atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo).
Na psiquiatria clássica o Caráter é o atributo funcional da Personalidade responsável pela volição (vontade) e pelos conceitos éticos e morais. Assim sendo, o sociopata ou a pessoa que se conduz emancipada dos conceitos morais e éticos, bem como aquela que não consegue dominar sua vontade seria portadora de um transtorno de Caráter.
As neuroses (algumas) também podem ser entendidas como alterações do Caráter. A chamada Personalidade Neurótica ou, conforme termo de Henri Ey, do Caráter Neurótico, implica nas Disposições Pessoais, no arranjo peculiar dos Traços no interior do eu, da modelagem afetiva no desenvolvimento da Personalidade, da história biológica e existencial do indivíduo e das exigências adaptativas que a vida solicita.
Patologicamente podemos dizer, também, que a pessoa portadora da Personalidade Borderline, embora seja bem menos perturbada que os psicóticos, são muito mais complexas que os neuróticos, embora possam ter deformações de caráter tanto quanto nas personalidades sociopáticas.
Estas personalidades sociopáticas ou psicopáticas, devido aos defeitos de caráter, costumam fazer com que a pessoa demonstre uma absoluta falta de sentimentos diante de estímulos importantes.
Ao estudarmos as perturbações mentais, em muitos casos vamos ver que se tratam de reações cuja natureza não é só determinada pela situação vivencial psico traumática, mas também pelas predisposições da personalidade. A maioria das reações psíquicas mórbidas desenvolve-se em função de uma perturbação de Caráter que predispõe a elas.
Cardiopatia alcoólica
Transtorno difuso do músculo do coração, observado em indivíduos com uma história de consumo arriscado de álcool, geralmente de no mínimo 10 anos de duração. Os pacientes caracteristicamente apresentam insuficiência biventricular do coração; os sintomas mais comuns incluem: diminuição do fôlego durante esforço e deitado (dispneia noturna), palpitações, edema de tornozelos e distensão abdominal (devido à ascite).
É comum o transtorno do ritmo cardíaco; a fibrilação auricular é a mais frequente arritmia. A cardiopatia alcoólica deve ser diferenciada do beribéri cardíaco e de uma forma da “cardiomiopatia dos bebedores de cerveja”, causada pelo envenenamento por cobalto. Sinonímia: Doença Alcoólica do Músculo Cardíaco.
Cenestesia & Cinestesia
Cenestesia é a consciência (senso-percepção) que temos do próprio corpo, é a representação consciente do próprio corpo, de sua posição, de seu movimento, de sua postura em relação ao mundo à sua volta e em relação aos suas diversas partes e segmentos.
Quando existe uma percepção falseada dos órgãos internos ou do esquema corporal falamos em Alucinações Cenestésicas. Nestes casos os pacientes sentem como se tivessem seu fígado revirado, esvaziado seu pulmão, seus intestinos arrancados, o cérebro apodrecido, o coração rasgado, e assim por diante.
Cinestesia já diz respeito a senso-percepção dos movimentos corporais e em relação ao ambiente à sua volta. As Alucinações Cenestésicas devem ser diferenciadas das Alucinações Cinestésicas, que não dizem respeito à sensação tátil, mas sim aos movimentos (cine=movimento). Nas cinestesias os pacientes percebem as paredes movendo-se ou eles próprios movendo-se no espaço.
Ciclotimia
Instabilidade persistente do humor, envolvendo períodos numerosos de depressão e hipomania, sendo que nenhum destes é suficientemente grave ou prolongado para justificar um diagnóstico de transtorno afetivo bipolar ou transtorno depressivo recorrente. Originalmente, o termo foi introduzido por Kahibaum (1828-1899) para designar as formas mais leves de psicose maníaco-depressiva; subsequentemente o conceito foi também aplicado para transtornos de personalidade caracterizados por anomalias afetivas.


Cirrose alcoólica
Grave forma de hepatopatia alcoólica caracterizada por necrose e deformação permanente da arquitetura do fígado devido à formação de tecido fibroso e nódulos regenerativos. Esta é uma definição estritamente histológica, porém o diagnóstico com frequência é clínico.
A cirrose alcoólica acontece principalmente na faixa etária de 40 a 60 anos, depois de no mínimo 10 anos de uso arriscado de álcool. Os indivíduos apresentam sintomas e sinais de descompensação hepática, tais como ascite, edema de tornozelos, icterícia, hematomas, hemorragia gastrintestinal procedentes de varizes esofágicas e confusão ou estupor devido à encefalopatia hepática.
Por ocasião do diagnóstico, cerca de 30% dos pacientes estão “compensados” e relatam queixas inespecíficas, tais como dor abdominal, perturbações intestinais, perda de peso e de massa muscular e fraqueza. O câncer de fígado é uma complicação tardia da cirrose em aproximadamente 15% dos casos.
A cirrose alcoólica é algumas vezes designada de “cirrose portal” ou "cirrose de Laennec", embora nenhum destes termos implique necessariamente uma causa alcoólica. Em países não tropicais nos quais o consumo de álcool é substancial, o uso do álcool é a principal causa da cirrose. Devido à deficiência de registros de consumo de álcool, a soma global de mortalidade por cirrose — mais que “cirrose com menção de alcoolismo” — é frequentemente usada como indicador de problemas ligados ao álcool.
Ciúme alcoólico
Tipo de transtorno psicótico crônico provocado pelo álcool, caracterizado por delírios de que o parceiro conjugal ou sexual é infiel. O delírio é caracteristicamente acompanhado de uma procura intensa da evidência da infidelidade e acusações diretas que podem levar a discussões violentas. Inicialmente foi visto como uma entidade diagnóstica específica, mas agora esta consideração é controvertida. Sinonímia: Paranoia Amorosa; Paranoia Conjugal.
Cocaína
Alcaloide obtido das folhas de coca (Erythroxylon coca) ou derivado sinteticamente da ecgonina ou de seus derivados. O hidrocloreto de cocaína era comumente usado como anestésico local em odontologia, oftalmologia e cirurgias de ouvido, nariz e garganta, dada à sua forte ação vasoconstritora, auxiliar na redução das hemorragias locais.
A cocaína é um poderoso estimulante do sistema nervoso central, usado não medicamentosamente para produzir euforia ou “ligação”; o uso constante produz dependência. A cocaína ou "coca" é geralmente vendida como cristais brancos e translúcidos, ou em pó ("farinha" ou "pó"), frequentemente adulterada com açúcares ou anestésicos locais. O pó é aspirado (“cheirado” ou “cafungado”) e produz efeitos entre 1-3 minutos que duram em torno de 30 minutos.
A cocaína pode ser ingerida oralmente, geralmente com álcool; os usuários de opioides e cocaína combinados geralmente os injetam por via intravenosa. Freebase (elementos alcalinos) são utilizados para aumentar a potência da cocaína pela extração do alcaloide puro através da inalação dos vapores em cigarros ou cachimbo de água (narguilé). Uma solução aquosa de sal de cocaína é misturada com um álcali (como bicarbonato de sódio) e o extrato é obtido através de um solvente orgânico como o éter ou hexano.
O procedimento é perigoso, uma vez que a mistura é explosiva e altamente inflamável. Um procedimento mais simplificado que evita o uso de solventes orgânicos consiste em aquecer o sal de cocaína com bicarbonato de sódio; isto produz o crack. O crack é uma cocaína alcaloidal (básica), um composto amorfo que pode conter cristais de cloreto de sódio. E um composto de coloração bege.
Crack refere-se ao som de estalido provocado quando o composto é aquecido. Um efeito intenso ocorre de 4-6 segundos após a inalação do crack. Um sentimento de exaltação e de desaparecimento de ansiedade é experimentado, juntamente com um exagerado sentimento de confiança e autoestima. Há também uma perturbação do juízo crítico e o usuário tende a cometer atos irresponsáveis, ilegais ou perigosos, sem atentar para as consequências.
A fala é acelerada e pode tornar-se desconexa e incoerente. Os efeitos agradáveis terminam em torno de 5-7 minutos, depois disso o humor rapidamente muda para depressão e o consumidor é compelido a repetir o processo de forma a recuperar a euforia do ápice. A superdose parece ser mais frequente com o crack que com outras formas de cocaína.
A interrupção do uso contínuo de cocaína é geralmente seguida por uma crise que pode ser vista como síndrome de abstinência, na qual a exaltação dá lugar à apreensão, depressão profunda, sonolência e inércia.
Reações tóxicas agudas podem ocorrer tanto no consumidor de cocaína principiante quanto no inveterado. Essas reações incluem delirium semelhante ao pânico, hiperpirexia, hipertensão (algumas vezes com hemorragia subdural ou subaracnoide), arritmias cardíacas, infarto do miocárdio, colapso cardiovascular, convulsões, estado de mal epiléptico e morte.
Outras sequelas neuropsiquiátricas incluem uma síndrome psicótica com delírios paranoides, alucinações visuais e auditivas e ideias de autorreferência. "Luzes na neve" (snow lights) é o termo usado para descrever alucinações ou ilusões que lembram o brilho do sol nos cristais de neve.
Efeitos teratogênicos foram descritos, incluindo anormalidades do trato urinário e deformidade dos membros. Os transtornos por uso de cocaína estão entre os transtornos por uso de substâncias psicoativas incluídas na CID-10 (classificadas em F14).
Codependente
Parente, amigo próximo ou colega de uma pessoa alcoolista ou dependente de droga cujas reações são definidas por este termo como tendendo a perpetuar a dependência daquela pessoa e daí retardar o processo de recuperação. No início dos anos 1970, os termos "coalcoolista" e "coalcoolismo" passaram a ser usados entre os que se tratavam de alcoolismo nos EUA, para caracterizar parentes próximos de alcoolistas (inicialmente a esposa em particular).
Com a mudança na terminologia de alcoolismo para dependência de álcool, "codependente direto" e "codependência" passaram a ser usados também para se referir aos parentes dos dependentes de outras drogas. O uso do termo implica uma necessidade de tratamento ou ajuda e há quem proponha classificar a codependência como um transtorno psiquiátrico. O termo é também usado atualmente no sentido figurado para se referir à comunidade ou sociedade que age como um facilitador da dependência de álcool ou droga.
Cognição
Termo geral que abrange a aquisição de conhecimentos por meio de qualquer um dos vários processos mentais, como conceitualização, percepção, julgamento ou imaginação. O domínio cognitivo é tradicionalmente contrastado com o domínio conativo (relativo à volição ou à psicomotricidade) e com o domínio das emoções.
Cognição delirante
Sob a designação de Cognição Delirante incluem-se certas convicções intuitivas que surgem inesperadamente, sobretudo no início de surtos psicóticos agudos, vivências que, não raro, se mantêm, arraigadas e firmes, durante largo tempo. O característico dessas vivências é que, em contraste com as anteriores, elas dispensam por completo de conexões significativas com quaisquer dados perceptivos ou representativos concretos, ocorrendo a guisa de intuições puras atuais.
É o que pode se evidenciar no seguinte relato do tipo: "Súbito, eu me dei conta de que a situação significava qualquer coisa de mau, mas eu não sabia o que".
O mesmo se verifica, neste outro exemplo, em que a paciente se revela repentinamente tomada da tranquila convicção de sua alta linhagem: "sabia que era filha do Presidente da República", certeza que se instala sob a forma de uma evidência interna imediata, isto é, que não lhe vem de qualquer interpretação, suposição ou reflexão crítica ou lógica, referente a acontecimentos vividos.
Caracteriza-se igualmente como Cognição Delirante, por exemplo, a vivência experimentada por um paciente que, acometido de súbita alteração, sai para a rua, dizendo: "Eu sou o filho da estrela d'Alva". Algumas vezes, contudo, essas cognições aparecem em estreita consonância com a temática delirante, ligando-se então, incidentalmente, a acontecimentos implicados no delírio.
Esse tipo de Cognição Delirante ligada à temática do próprio delírio se observa, por exemplo, em pacientes obcecados com a Bíblia. Jaspers cita o caso de certa jovem que, ao ler o episódio da Ressurreição de Lázaro, sente-se, de repente, ela própria, encarnada na pessoa de Maria. Daí em diante assume o delírio onde sua irmã é Marta, Lázaro é um primo seu e passa a viver, com grande intensidade, o acontecimento narrado na Bíblia.
Cognitivo, desenvolvimento
Começando na infância, a aquisição de inteligência, pensamento consciente e habilidades para a solução de problemas. Uma sequência ordenada no aumento do conhecimento, derivada da atividade sensório-motora, demonstrada empiricamente por Piaget.


Coma
O estado de coma é a alteração do estado de consciência. Traduz uma lesão que provocou o desligamento das funções cerebrais superiores que são responsáveis pela manutenção do estado de consciência. A graduação do estado de coma vai de um estado mais superficial quando pode ocorrer movimentos espontâneos como a abertura dos olhos, até estado mais profundo quando não há possibilidade de ocorrer uma respiração espontânea nem condições de se manter a pressão arterial em níveis normais.
Representa sempre grave insulto ao cérebro ocorrendo nas hemorragias cerebrais extensas, tumores cerebrais, nos traumatismos cranianos graves e nos distúrbios metabólicos severos. O diabetes descontrolado pode evoluir para o estado de coma. Há sempre necessidade de cuidados intensivos.
Comorbidade
Coexistência simultânea de mais de um diagnóstico, que é uma imposição do processo diagnosticador analítico-descritivo. É usado com frequência para se referir à coexistência dos diagnósticos de síndrome de dependência (geralmente de álcool) e de outro transtorno mental.
Compensação
Mecanismo mental, operando inconscientemente, pelo qual o indivíduo tenta compensar por deficiências reais ou imaginárias; o processo consciente pelo qual o indivíduo luta para compensar defeitos reais ou imaginados em áreas tais como psique, desempenho, habilidades ou atributos psicológicos - os dois tipos frequentemente fundem-se.
Compulsão
Ato ou comportamento repetitivo e estereotipado (p.ex., lavar as mãos, verificar se as janelas ou o gás estão fechados, se as luzes estão apagadas, rezar) que uma pessoa se sente insistentemente obrigada a realizar, apesar da consciência da inutilidade do ato ou de sua indesejabilidade. A compulsão é o equivalente motor e comportamental da obsessão.
Quando aplicado ao uso de substâncias psicoativas, o termo refere-se a uma necessidade poderosa de consumir a substância (ou substâncias) em questão, atribuída mais a sentimentos internos do que a influências externas.
O usuário da substância pode identificar a necessidade como prejudicial ao seu bem-estar e pode ter uma intenção consciente de refrear-se. Esses sentimentos são menos característicos da dependência do álcool e de droga do que do transtorno obsessivo-compulsivo.
Comunidade terapêutica
Um ambiente estruturado no qual indivíduos com transtornos por uso de substância psicoativa vivem para alcançar a reabilitação. Tais comunidades são geralmente especificamente designadas para pessoas dependentes de drogas; elas operam sob normas estritas, são dirigidas principalmente por pessoas que se recuperaram de uma dependência, e são geralmente isoladas geograficamente.
As comunidades terapêuticas são caracterizadas por uma combinação de "teste de realidade" (através da confrontação do problema relacionado ao uso de droga do indivíduo) e apoio para a recuperação dos funcionários e colegas. Elas têm geralmente uma linha muito similar à dos grupos de ajuda mútua tais como Narcóticos Anônimos.
Concretismo
Trata-se de uma modalidade especial de alteração da forma do pensamento, que consiste na incapacidade do indivíduo para fazer a distinção entre o simbólico e o concreto. Seria quase o oposto do derreísmo. Em muitas pessoas, esta manifestação não representa nada de anormal, sendo mais um resultado de incultura ou dificuldade intelectual, em outras pessoas, porém, essa dificuldade de abstrair-se do concreto adquire um caráter nitidamente patológico.
A capacidade de abstração é fundamental ao ser humano e serve, entre outras utilidades, para avaliar os vários aspectos de uma situação, arguir e reagir diante de estímulos que não aparecem intrínseca e concretamente definidos. Pessoas incultas revelam sempre dificuldades na compreensão do simbólico e o ato de captar, rápida e intuitivamente, os vários aspectos de uma situação simbólica requer um bom nível intelectual e cultural.
Nas atividades cotidianas não há exigência de nenhuma atitude abstrata, visto tratar-se da execução de atos eminentemente pragmáticos, aprendidos ou até condicionados.


O pensamento concreto sempre se refere ao sensível e se opõe à abstração, tal como o pensamento chamado de primitivo. Falta ao pensamento primitivo e concreto a independência de abstrair-se, estando sempre escravizado ao fenômeno material e o objeto do pensar é sempre o objeto da percepção. Portanto, o conceito de concreto exprime sempre um objeto particular determinado e sensorialmente percebido. O que esse tipo de pensamento consegue produzir está sempre vinculado à analogia.
Confinamento
Processo legal de admissão de uma pessoa mentalmente enferma a um programa de tratamento. A definição legal e o procedimento, nos Estados Unidos, variam de estado para estado, embora isso normalmente exija um processo judicial.
Conflito
Luta mental que surge da operação simultânea de impulsos, pulsões e demandas internas ou externas (ambientais) opostos; chamado de intrapsíquico, quando o conflito é entre as forças internas da personalidade; extra psíquico, quando é entre o eu e o ambiente.
Confusão mental
Estado de turvação de consciência associado à doença cerebral orgânica aguda ou crônica. Clinicamente é caracterizada por desorientação, lentificação de processos cerebrais com escassa associações de ideias, apatia, perda da iniciativa, fadiga e atenção empobrecida.
Em estados confusionais leves, respostas e comportamentos racionais podem estar presentes ao exame, mas graus mais graves do transtorno não permitem ao indivíduo manter contato com o meio. O termo é também empregado de forma imprecisa para descrever pensamentos desordenados nas psicoses funcionais; este último uso não é recomendado. Sinonímia: Estado Confusional.
Congêneres
A rigor, este termo aplica-se aos álcoois (que não o etanol), aldeídos e ésteres que são encontrados nas bebidas alcoólicas e contribuem para o gosto e aroma especiais dessas bebidas. Entretanto, “congêneres” é também usado, informalmente, para referir-se a qualquer constituinte de uma bebida alcoólica que conceda aroma, paladar, cor e outras características, tais como "corpo" para tal bebida. Os taninos e os corantes estão entre os compostos assim denominados.
Consciência
Parte moralmente autocrítica dos padrões próprios do comportamento, desempenho e julgamento de valores. Habitualmente equacionada com o superego.
Consumo compulsivo periódico de bebida
Padrão de beber intensivamente que ocorre por um período prolongado, propositadamente. Em estudos populacionais, o período usualmente é definido como beber mais que um dia de cada vez. Sinonímia: Ataque de Bebedeira.
Convenções internacionais sobre drogas
Tratados internacionais relacionados ao controle da produção e distribuição de drogas psicoativas. Tratados iniciais (General Brusseis Act, 1889-90, e a Convenção de St. Germain-en-Laye, de 1912) controlavam, na era colonial, o tráfico de bebidas destiladas na África.
O primeiro tratado relacionado com as substâncias controladas atualmente foi a Convenção de Haia, de 1912; suas determinações e sucessivos acordos foram consolidados na Convenção Única de Drogas Narcóticas (1961, emendada por um Protocolo de 1972). A essa foi adicionada a Convenção de Substâncias Psicotrópicas, de 1971, e a Convenção contra o Tráfico Ilícito de Drogas Narcóticas e Substâncias Psicotrópicas, de 1988.
Convulsão relacionada a álcool ou drogas
Evento do tipo convulsivo que ocorre durante a abstinência ou a intoxicação por álcool ou outras drogas. É caracterizada por perda de consciência e rigidez muscular (acompanhada por parada respiratória temporária), seguida por movimentos despropositados dos membros e tronco.
O termo é também usado algumas vezes para incluir convulsões resultantes de danos cerebrais induzidos pelo álcool ou drogas. As convulsões devido à epilepsia idiopática ou a danos cerebrais estruturais consequentes a trauma ou infecções em indivíduos com uso de substâncias psicoativas são excluídas desta definição. Sinonímia: Ataques Relacionados ao Álcool ou Drogas.


Craving
Necessidade imperiosa de uma substância psicoativa ou de seus efeitos intoxicantes. Craving é um termo popular usado para o mecanismo que se supõe estar na base do controle prejudicado: alguns acreditam que esse desejo aumente, pelo menos parcialmente, como resultado de associações condicionadas que evocam respostas de abstinência condicionada. O craving pode também ser induzido pela evocação de algum estado psicológico semelhante à síndrome de abstinência do álcool ou drogas.

D
Dano cerebral relacionado com o uso de álcool
Termo genérico que engloba a deterioração da memória e das funções mentais superiores relacionadas com o lobo frontal e o sistema límbico. Assim, compreende tanto a síndrome amnésica induzida pelo álcool (F10.6) como a síndrome do lobo frontal (incluído em F10.7). No entanto, o termo é com frequência usado quando somente um destes transtornos está presente.
A perda de memória na síndrome amnésica afeta caracteristicamente a memória recente. O dano do lobo frontal manifesta-se por deficiências relativas ao pensamento abstrato, a conceitos e ao planejamento e processamento de informação complexa.
Outras funções cognitivas estão relativamente bem conservadas e a consciência não está perturbada. Deve-se distinguir entre dano cerebral relacionado com o álcool e demência alcoólica. Nesta última situação, há um maior dano global das funções cognitivas e, geralmente, a presença de evidência de outras etiologias, tais como repetidos traumatismos cranianos.
Defeito
Deterioração irreversível de qualquer função psicológica particular (p.ex., defeito cognitivo) do desenvolvimento geral das capacidades mentais, ou dos padrões característicos do pensamento, afeto e comportamento que constituem a personalidade do indivíduo. Um defeito em qualquer uma destas áreas pode ser inato ou adquirido.
Um estado característico de defeito da personalidade, incluindo em suas manifestações desde perda do vigor emocional e intelectual, leves excentricidades comportamentais até autismo e embotamento afetivo, foi descrito por Kraepelin (1856-1926) e Eugen Bleuler (1857-1939) como sendo uma característica da evolução da doença esquizofrênica, em contraste com a psicose maníaco-depressiva.
Deficiência de niacina
Níveis inadequados de ácido nicotínico (ou niacina) produzem o quadro clínico da pelagra, caracterizado por uma dermatite simétrica nas partes do corpo expostas ao sol, sintomas gastrintestinais (náuseas, vômitos, distensão abdominal, diarreia) e encefalopatia.
Esta última pode simular qualquer tipo de transtorno mental, mas a depressão é provavelmente a manifestação psiquiátrica mais comum. Desorientação alucinações e delirium também podem surgir e alguns pacientes podem evoluir para a demência. A pelagra é endêmica nas classes menos favorecidas nos países onde a dieta é inadequada e onde o milho não processado é a dieta principal. Em outros países, ela aparece principalmente entre os alcoolistas.
Deficiência de vitamina B12
Carência de vitamina B12, geralmente uma deficiência nutricional secundária à absorção insuficiente de vitamina pelo íleo, em indivíduos com doenças gastrintestinais crônicas. Uma consequência frequente é a degeneração subaguda da medula, do nervo óptico, da substância branca cerebral e dos nervos periféricos.
O envolvimento da medula se manifesta como uma doença sistemática, caracterizada por parestesias progressivas simétricas dos pés ou mãos (dormência, formigamento, queimação, etc.) seguida de falta de firmeza ao andar e, finalmente, espasticidade, ataxia e paraplegia. Os sintomas psicológicos incluem apatia, irritabilidade, desconfiança e, com a progressão, confusão e demência.


Deficiência mental
Condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, caracterizado particularmente pela redução das capacidades que contribuem para o nível global da inteligência, i.e., habilidades cognitivas, linguísticas, motoras e sociais manifestada durante o período de desenvolvimento. A deficiência pode ocorrer com ou sem qualquer outra condição física ou mental. Os graus de deficiência são convencionalmente estimados por:
·         Testes padronizados de inteligência cujo resultado (Quociente Intelectual ou QI) médio é 100 com desvio padrão de 15 pontos.
·         Escalas de medida de adaptação social num dado meio. Nenhuma destas medidas pode dar mais que uma indicação aproximada do grau de deficiência mental. O funcionamento intelectual e a adaptação social podem mudar no decorrer do tempo e podem melhorar em função da maturação e da resposta à reabilitação e ao treinamento. Sinonímia: Subnormalidade Mental; Oligofrenia.
a)    Leve (F70). Suscetível de experimentar certa dificuldade na escola; muitos adultos serão capazes de trabalhar, ter e manter boas relações sociais e contribuir para a sociedade. Alguns aspectos da aprendizagem podem ser mais lentos e podem, requerer treino mais sistemático. O intervalo aproximado do QI é de 50-69 (adultos com idade mental de 9 a 12 anos).
b)    Moderada (F71). Marcado atraso de desenvolvimento na infância, mas muitos aprendem a desenvolver certo grau de independência em cuidar de si e adquirir uma adequada escolaridade e capacidade de comunicação. Quando adultos, necessitarão, em grau variado, de ajuda para viver e trabalhar na comunidade. O intervalo aproximado de QI é de 35-49 (adultos com idade mental de 6 a 9 anos).
c)    Grave (F72). Pode responder a programas adequados de reabilitação, apesar das limitações físicas e orgânicas, mas o indivíduo provavelmente permanecerá dependente e com necessidade de ajuda permanente. O intervalo aproximado de QI é de 20-34 (adultos com idade mental de 3 a 6 anos).
d)    Profunda (F73). Limitação grave da capacidade de cuidar de si próprio, de continência, comunicação e mobilidade, mas o indivíduo pode ser capaz de ter alguma resposta a programas de reabilitação. O QI situa abaixo de 20 (adultos com idade mental de 3 anos, no máximo).
Deficiência
Falta ou redução. No contexto psiquiátrico (Ing.: impairment), é qualquer perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. Ver Desvantagem; Incapacidade.
Degeneração
Alteração patológica em um tecido ou organismo, que consiste em uma descontinuidade de sua estrutura original. Na psiquiatria do século XIX, o termo foi associado à desacreditada teoria de Morel (1809-1873), que postulava a transmissão de características hereditárias adversas de geração em geração.
Delírio
Convicção ou juízo falso, incorrigível, fora dos padrões da realidade e incompatível com as crenças sociais da cultura e do meio do indivíduo. Os delírios primários são essencialmente incompreensíveis em termos de história de vida e de personalidade do indivíduo; os delírios secundários são psicologicamente compreensíveis e estão associados a outras perturbações mentais, como, p.ex., transtorno afetivo ou de desconfiança.
Uma distinção foi feita por Birnbaum em 1908 e Jaspers em 1913 entre delírio propriamente dito e ideias delirantes; estas últimas são meramente um juízo equivocado mantido com excessiva tenacidade. Em avaliações psiquiátricas, uma crença cultural pode ser confundida com um delírio se o clínico não souber que esta crença particular é uma crença prescrita culturalmente e “normal”, independentemente de sua validez empírica. O brusco questionamento das crenças culturais sem a sua adequada substituição por outros conceitos ou crenças pode resultar em anomia ou crise de identidade.
Delírio de grandeza
Crença mórbida na própria importância, grandiosidade ou superioridade (como, p.ex., no delírio de missão messiânica), frequentemente acompanhada por outras ideias delirantes. Pode ser sintoma de paranoia, esquizofrenia (com frequência, mas não invariavelmente do tipo paranoide), mania e síndromes orgânicas cerebrais, particularmente paralisia geral.


Delírio de influência
Convicção delirante que algo de si está sendo substituído ou está sendo submetido à influência e controle de alguma força estranha. As descrições originais deste fenômeno delirante o associavam a pseudoalucinações (Kandisnki, 1849-1889) e a alterações da consciência (Clérambault, 1872-1934).
Delírio de perseguição
Crença patológica de vitimização de um ou mais indivíduos ou grupos. Ocorre nos transtornos paranoides, mais comumente na esquizofrenia, mas também em alguns estados orgânicos ou depressivos. Certos transtornos da personalidade aumentam a predisposição para tais delírios.
Delírio humor-congruentes
A distinção fundamental entre Ideias Delirantes (que é o Delírio) e Ideias Deliroides, é que nas Ideias Deliroides a imagem do mundo exterior é falsificada de acordo com as demandas afetivas e instintivas fragilizadas. O sistema deliroide constrói a realidade da qual a pessoa necessita emocionalmente, portanto, é uma construção da realidade secundária às exigências emocionais e não, como no Delírio, uma ocorrência primária.
O raciocínio que caracteriza a ideia deliroide é bastante similar àquele que todos nós utilizamos, embora de grau muito diferente (patológico). Seria uma fantasia ou devaneio patologicamente mais sólido que aqueles aos quais todos nós estamos sujeitos nos momentos de angústia. Na penúria nos imaginamos ganhando na loteria, o deliroide tem certeza de que ganhou...
Por isso a ideia deliroide é compreensível para as pessoas normais na maioria das vezes. Nossas crenças tendem a ser subjetivamente coloridas e, sem dúvida, todos recorremos a certas ficções por insegurança. O emprego da Racionalização e da Projeção com propósitos defensivos, por exemplo, têm o mesmo objetivo psicológico da utilização patológica desses Mecanismos de Defesa como acontece nas Ideias Deliroides.
As Ideias Deliroides, notadamente aquelas organizadas e sistematizadas, constituem tentativas de manipular os problemas e as tensões da vida através de fantasias elaboradas para fornecer aquilo que a vida real nega, entretanto, devido ao seu aspecto mórbido, tais fantasias não são construídas numa estrutura compatível com uma adaptação social normal.
Verificamos, com frequência, que o conteúdo das Ideias Deliroides revela aspectos significativos dos problemas pessoais do paciente. As fontes desses problemas podem ser frequentemente encontradas em inclinações e impulsos contrariados, esperanças frustradas, sentimentos de inferioridade, inadequações biológicas, qualidades rejeitadas, desejos importunantes, sentimentos de culpa e outras situações que exigem uma defesa contra a angústia.
Uma profunda necessidade de consolo pode ser satisfeita por ideias auto elogiosas, portanto, uma falsa Ideia Deliroide de grandeza, por exemplo, pode refletir uma defesa contra sentimentos de inferioridade.
Na Depressão Grave com Sintomas Psicóticos, como sabemos e bem atestou Kurt Schneider, embora a tristeza vital seja considerada primária, no sentido de ser também incompreensível e psicologicamente irredutível, dela deriva e se vincula toda a gama de Ideias Deliroides depressivas.
Essas Ideias Deliroides são pseudo-delírios ou Delírios Secundários, como os denomina Jaspers, por tomá-los psicologicamente compreensíveis e dentro do quadro clínico geral em que se formam. Atualmente fala-se também em Delírio Humor-Congruentes.
Delírio polimórfico
Quadro composto por delírios (p.ex., ideias delirantes, juízos delirantes) com numerosos conteúdos inconsistentes e contraditórios. Caracteriza-se pela inconstância dos temas e mudança de forma em breves unidades de tempo; é um fenômeno que se contrapõe ao delírio sistematizado.
Delírio sensitivo de auto referência
(Al.: Sensitiver Beziehungswahn) - Forma específica de psicose paranoide não esquizofrênica com ideias mórbidas de auto referência surgindo da base de uma estrutura de personalidade introvertida sensitiva, com uma capacidade pobre de desenvolver a liberação de afeto e tensão.
A psicose normalmente se segue a uma experiência significante envolvendo humilhação e amor-próprio ferido. A personalidade é caracteristicamente bem preservada e o prognóstico, favorável. O conceito foi introduzido por Kretschmer (1888-1964).


Delirium associado ao VIH
 O delirium pode estar sobreposto a déficits cognitivos da demência associada ao VIH e pode agravar o seu curso. O delirium pode também ocorrer na altura da seroconversão em associação com meningite asséptica.
Mais frequentemente, o delirium em doentes com AIDS/SIDA pode estar relacionado com hipóxia (p.ex., pneumonia por Pneumocystis carinii), meningite por criptococos, infecções sistemáticas (p.ex., bacteremia por estafilococos), lesões expansivas cerebrais (p.ex., linfoma do SNC ou abscesso cerebral devido à toxoplasmose), alterações metabólicas (alterações do equilíbrio hidreletrolítico e acidobásico) e uso de drogas psicotrópicas (especialmente antidepressivos tricíclicos, cuja ação anticolinérgica parece ser mais pronunciada nestes doentes).
Delirium tremens
Síndrome de abstinência com delirium; um estado psicótico agudo que ocorre durante a fase de abstinência em indivíduos dependentes de álcool e caracterizado por confusão, desorientação, ideação paranoide, delírios, ilusões, alucinações (tipicamente visuais ou táteis, menos comumente auditivas, olfatórias ou vestibulares), inquietação, distração, tremores (algumas vezes grosseiros), sudorese, taquicardia e hipertensão.
É usualmente precedida por sinais de síndrome de abstinência simples. O início do delirium tremens ocorre usualmente 48 horas ou mais após a retirada ou a redução do consumo de álcool, mas pode apresentar-se até 1 semana após este período. Deve ser distinguido da alucinose alcoólica, que nem sempre é um fenômeno da abstinência. A condição é conhecida coloquialmente como "DT".
Delirium
Síndrome orgânica cerebral aguda, de etiologia inespecífica, caracterizada por perturbações da consciência, atenção, percepção, orientação, pensamento, memória, comportamento psicomotor, emoções e ciclo sono-vigília. O estado de delirium é transitório e de intensidade flutuante. A duração é variável, de poucas horas a poucas semanas e a gravidade varia de leve até muito grave.
A maior parte dos casos remite dentro de 4 semanas ou menos; contudo, não são incomuns casos de delirium que duram mais do que 6 meses. A síndrome de abstinência induzida pela retirada do álcool com delirium é conhecida como delirium tremens. Sinonímia: Estado Confusional Orgânico Agudo. Ver Síndrome de Abstinência; Síndrome de Abstinência com Delirium.
Demência alcoólica
Termo de significado variável, que comumente designa um transtorno crônico ou progressivo resultante de um beber arriscado, caracterizado pelo comprometimento das múltiplas funções corticais superiores, que incluem memória, raciocínio, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento.
A consciência é preservada. As perturbações cognitivas são comumente acompanhadas de deterioração do controle emocional, do comportamento social ou da motivação. A existência da demência alcoólica como uma síndrome específica é posta em dúvida por alguns que atribuem a demência a outras causas.
Demência
Síndrome, geralmente crônica e progressiva, devido a uma patologia encefálica na qual se verificam diversas deficiências das funções corticais superiores, que incluem memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprender, linguagem e julgamento; a consciência não é afetada; as deficiências cognitivas são acompanhadas (e ocasionalmente precedidas) por deterioração do controle emocional, da conduta social ou da motivação.
Dependência cruzada
Termo farmacológico usado para denotar a capacidade de uma substância (ou classe de substâncias) de suprimir as manifestações da síndrome de abstinência de outra substância ou classe e assim manter o estado de dependência física. Note que dependência é normalmente usado num sentido psicofarmacológico mais estrito, associado à supressão dos sintomas da síndrome de abstinência.
Uma consequência do fenômeno da dependência cruzada é que a dependência a uma substância é mais provavelmente desenvolvida se o indivíduo já está dependente de uma substância relacionada. Por exemplo, a dependência de um benzodiazepínico desenvolve-se mais rapidamente em indivíduos já dependentes de outra droga deste tipo ou de outras substâncias com efeitos sedativos, tais como álcool e barbitúricos.
Dependência
Como um termo geral, o estado de necessidade ou dependência de alguma coisa ou alguém para apoio, funcionamento ou sobrevivência.
Quando aplicado ao álcool e outras drogas, o termo implica a necessidade de repetidas doses da droga para sentir-se bem ou para evitar sensações ruins. No DSM-IIIR, a dependência é definida como um grupo de sintomas cognitivos, comportamentais e psicológicos que indicam que uma pessoa tem o controle do uso da substância psicoativa prejudicado e continua esse uso a despeito de consequências adversas.
É aproximadamente equivalente à síndrome de dependência da CID-10. No contexto da CID-10, o termo dependência refere-se geralmente a qualquer dos elementos da síndrome. O termo é frequentemente usado como equivalente de alcoolismo.
Em 1964, uma Comissão de Peritos da OMS introduziu "dependência" em substituição a adicção e habituação. O termo pode geralmente ser usado com referência a todas as drogas psicoativas (p.ex., dependência de drogas, dependência química, dependência do uso de substância), ou referindo-se especificamente a uma droga em particular ou a uma classe de drogas (p.ex, dependência de álcool, dependência de opioide). Embora a CID-10 descreva dependência em termos de classes de drogas, há diferenças entre os sintomas característicos de diferentes drogas.
De forma não qualificada, dependência refere-se a ambos os elementos físicos e psicológicos. Dependência psicológica ou psíquica refere-se à experiência de controle prejudicado sobre o beber ou o uso da droga (Ver craving, compulsão), enquanto dependência fisiológica ou física refere-se à tolerância e sintomas de abstinência. Em discussões de orientação biológica, dependência é frequentemente usada para referir-se somente à dependência física.
Dependência (ou dependência física) é também usado no contexto psicofarmacológico num sentido limitado, referindo-se somente ao desenvolvimento de sintomas de abstinência que seguem uma parada do uso de droga. Neste sentido restrito, dependência cruzada é vista como complementar à tolerância cruzada, com ambas as definições referindo-se somente à sintomatologia física (neuroadaptação).
Depressão
Em linguagem leiga, um estado de acabrunhamento, desânimo ou tristeza que pode indicar má saúde. Em um contexto médico, o termo se refere a um estado mental dominado por uma diminuição do humor e frequentemente acompanhado por um conjunto de sintomas variados, particularmente ansiedade, agitação, sentimentos de desvalia, ideias suicidas, hipobulia, lentificação psicomotora e vários sintomas somáticos, disfunções fisiológicas (p.ex., insônia) e queixas diversas.
Como síndrome, a depressão é um elemento importante em várias categorias de doenças. O termo é amplamente utilizado — por vezes, de modo impreciso — para designar um transtorno, uma síndrome ou um estado de doença. Ver Melancolia.
Depressor
Qualquer agente que suprime, inibe ou diminui alguns aspectos da atividade do SNC. As principais classes de depressores do SNC são os sedativos/hipnóticos, opioides e neurolépticos. Álcool, barbitúricos, anestésicos, benzodiazepinas, opiáceos e seus análogos sintéticos são exemplos de drogas depressoras. Os anticonvulsivantes são incluídos algumas vezes no grupo dos depressores, por causa de suas ações inibitórias da atividade neuronal anormal.
Os transtornos relacionados ao uso de depressores são classificadas na CID-10 como transtornos por uso de substâncias psicoativas, nas categorias F10 (para álcool), F11 (para opioides) e F13 (para sedativos ou hipnóticos).
Descarrilamento
 ("afrouxamento de associações"). Um padrão de discurso no qual as ideias da pessoa mudam de um assunto para outro sem qualquer relação ou apenas obliquamente relacionado. Ao mover-se de uma frase ou oração para outra, a pessoa muda de assunto, idiossincraticamente, de um quadro de referência para outro, podendo dizer coisas em justaposição, sem que tenham um relacionamento significativo.
Esta perturbação ocorre entre as frases, em contraste com a incoerência na qual a perturbação se dá dentro das frases. Uma mudança ocasional de assunto sem aviso ou conexão obvia não constitui um descarrilamento.


Descriminalização
Anulação de leis ou regulamentações que definem como criminoso um comportamento, produto ou condição. O termo é usado tanto em conexão com drogas ilícitas como com delitos de embriaguez em via pública (Ver embriagado). Algumas vezes é também aplicado à redução na gravidade de um crime ou de penalidades criminais, como quando a posse de cannabis é reduzida de crime que leva à prisão para infração que pode ser penalizada com uma advertência ou multa.
Assim, a descriminalização é frequentemente distinguida da legalização, o que envolve a completa anulação de qualquer definição de um crime, frequentemente acompanhado com um esforço governamental para controlar ou influenciar o mercado do comportamento ou produto afetado.
Desenvolvimento psicossocial
Interação progressiva entre uma pessoa e seu ambiente através de estágios que começam na infância, como inicialmente descritos por Erikson. Tarefas do desenvolvimento específicas, envolvendo as relações sociais e o papel da realidade social, são enfrentadas por uma pessoa em uma determinada fase de seu desenvolvimento. As principias tarefas acompanham os estágios do desenvolvimento psicossexual; as posteriores estendem-se através da idade adulta.
Desinibição
Estado de liberação das funções inibitórias em geral exercidas pelo córtex cerebral. A desinibição pode resultar tanto de lesões orgânicas cerebrais como da administração de uma droga psicoativa.
A crença de que uma droga psicoativa, especialmente o álcool, induz farmacologicamente o comportamento desinibido, é encontrada desde o século XIX na formulação fisiológica do desligamento das inibições localizadas “nos centros superiores da mente”.
Quase qualquer adjetivo, desde “maligno” a “expressivo”, pode ser usado para descrever o comportamento atribuído ao efeito desinibitório. A expressão “teoria da desinibição" é usada para distinguir esta crença de uma perspectiva mais recente que afirma que os efeitos farmacológicos são fortemente mediados por expectativas culturais, pessoais e pelo contexto.
Desinibição é também usado por neurofisiologistas e neurofarmacologistas para referir-se à retirada de uma influência inibitória em um neurônio ou circuito neuronal em contraste com a estimulação direta do neurônio ou circuito neuronal. Por exemplo, as drogas opioides deprimem a atividade de neurônios dopaminérgicos que normalmente exercem um efeito inibitório na secreção de prolactina pelas células da hipófise. Assim, os opioides “desinibem” a secreção de prolactina e indiretamente causam uma elevação do nível de prolactina no plasma.
Desintoxicação
Processo pelo qual um indivíduo é afastado dos efeitos de uma substância psicoativa. Como um procedimento clínico, o processo de privação ocorre de maneira segura e efetiva, de modo que os sintomas da abstinência são minimizados. O local no qual esse processo se dá é denominado de unidade ou centro de desintoxicação.
No início de desintoxicação, em geral o indivíduo está clinicamente intoxicado ou já em abstinência. A desintoxicação pode ou não envolver o uso de medicamentos. Quando usada, a medicação dada é usualmente uma droga que apresenta tolerância cruzada e dependência cruzada com a(s) substância(s) usada(s) pelo paciente. A dose é calculada para aliviar a síndrome de abstinência sem induzir intoxicação e é gradualmente diminuída à medida que o paciente se recupera.
A desintoxicação como um procedimento clínico implica que o indivíduo seja supervisionado até recuperar-se completamente da intoxicação ou da síndrome de abstinência física. O termo “auto desintoxicação” é usado algumas vezes para denotar a recuperação não assistida de um episódio de intoxicação ou sintomas da abstinência.
Desorientação
Obscurecimento das esferas temporal, topográfica ou pessoal da consciência, associado a várias formas de síndromes cerebrais orgânicas ou, menos comumente, com síndromes dissociativas. Em avaliações interculturais, o clínico deve estar sensível às diferenças culturais relativas a calendários, diferenças geográficas na identificação de estações do ano, do acesso a meios de mensuração de unidades do tempo ligadas à cultura (p.ex., relógios) e vários meios de orientação espacial (p.ex., indicar andares de um edifício, conhecimento dos nomes de distritos locais).


Despersonalização
Estado de perturbação da consciência no qual a pessoa percebe a si mesma como irreal, distante ou artificial; tais alterações da consciência de si mesmo aparecem sem alteração sensorial e com integridade da capacidade de expressão emocional. Entre uma grande variedade de fenômenos de sofrimento subjetivo, muitos deles difíceis de serem verbalizados, os mais relevantes se referem à experiência de transformação corporal, auto avaliação compulsiva, ausência de resposta afetiva (apatia), perturbação da orientação temporal e da percepção do fluir do tempo, alienação da consciência de identidade (orientação auto psíquica) ou automatização.
O paciente pode sentir-se distanciado de suas experiências, como se visse a si mesmo de longe ou como se tivesse morrido. A consciência do caráter patológico destas experiências costuma estar conservada. A despersonalização pode ocorrer como manifestação isolada, mesmo em pessoas sadias submetidas a fadiga ou sobrecarga emocional, ou pode compor quadros clínicos mais complexos de ruminação e outros estados de ansiedade obsessiva, depressão, esquizofrenia, certos transtornos da personalidade e alterações funcionais cerebrais. Sua patogenia é desconhecida. Ver Síndrome De Despersonalização/Desrealização.
Desrealização
Experiência subjetiva de alienação semelhante à despersonalização, mas que envolve o mundo externo ao invés das experiências próprias do indivíduo e sua personalidade. O ambiente pode parecer descolorido, sem vida e parecer artificial ou num estágio no qual as pessoas estão agindo em papéis errados.
Desvantagem
Obstáculos, consequentes a deficiências ou incapacidades, que limitam ou impedem a um indivíduo o desempenho de papéis ou atividades normalmente esperados por seu grupo social, de acordo com sua idade, sexo e outros fatores sociais e culturais.
Representa uma discordância entre o desempenho ou status de um indivíduo e as expectativas do próprio indivíduo ou do grupo social a que ele pertence. Resulta das barreiras físicas ou de qualquer outra natureza, erigidas pelo grupo social em relação a um indivíduo (ou grupo de indivíduos) em função de sua identidade particular como portador de um dado transtorno.
Desvio
Em geral, forma de comportamento que se afasta significativamente daquilo que é considerado como normal em uma dada cultura. O termo pode ser neutro, designando baixa frequência estatística, ou pode traduzir um significado sociológico, p.ex., quebra de regras, conduta estigmatizada ou censurada ou adoção de papéis marginais na sociedade.
Deterioração esquizofrênica
Redução da capacidade cognitiva adaptativa, da resposta volitiva e afetiva, da motivação e das habilidades sociais, que ocorrem em uma parte das doenças esquizofrênicas, após o início da doença, por períodos variáveis. Este processo normalmente resulta em um defeito ou em um estado terminal, mas nem sempre é irreversível.
Determinismo cultural
A visão de que o desenvolvimento, a psicologia e o comportamento humano são determinados pela cultura, com pouca ou nenhuma contribuição de fatores biológicos e psicológicos. É um conceito que se opõe, por um lado, ao determinismo biológico (ou seja, a biologia determina tudo), e, por outro lado, ao determinismo psicológico (ou seja, a psicologia determina tudo).
Dipsomania
Forma de uso excessivo de álcool caracterizada por uso episódico, porém descontrolado.
Discriminação
1.    Ato de distinguir precisamente e identificar um objeto ou conceito através do reconhecimento de diferenças entre dois objetos ou conceitos. Assim, discriminação auditiva é a habilidade de diferenciar entre sons da fala, entre fala com significado e sílabas sem sentido ou barulho, entre vozes diferentes, etc. Da mesma forma, discriminação visual é a habilidade de diferenciar entre as letras de uma palavra escrita e rabiscos, entre números diferentes, entre cores, etc.
2.    Identificação, na maioria das vezes de forma negativa ou pejorativa, de um indivíduo como pertencente a um grupo ou minoria social.


Disforia
Humor desagradável. Ansiedade. Angústia.
Dislexia
Incapacidade ou dificuldade para a leitura, incluindo cegueira para as palavras e uma tendência para inverter letras e palavras na leitura e na escrita.
Dissociação
Alteração temporária da consciência não devido à doença mental orgânica; suas manifestações clínicas podem incluir conversão, fuga, desorientação, amnésia, pseudoconvulsões. Certas síndromes vinculadas à cultura, tais como personalidade múltipla, síndrome de Ganser e síndromes de possessão frequentemente apresentam esta condição considerada como não-psicótica.
Dissonia
Transtornos primários do sono ou vigília, caracterizados por insônia ou hipersonia como sintoma principal. As dissonias são transtornos na quantidade, qualidade ou tempo de sono.
Distorção
Alteração de fatos, percepções, ideias ou impulsos de forma que eles não correspondem às interpretações ou percepções comumente aceitas. A distorção pode ser consciente ou inconsciente, ou pode ser uma combinação de ambas. De acordo com a teoria psicanalítica, a neurose de transferência é um tipo particular de distorção inconsciente que se desenvolve no contexto da relação psicoterapêutica. Geralmente a distorção não implica nem um erro interpretativo psicótico nem uma percepção delirante.
Distorções de linguagem
Alterações de palavras, frases ou construções gramaticais. Exemplos destas distorções ocorrem em pacientes afásicos ou em crianças com transtornos de desenvolvimento da leitura ou da fala. Estas distorções podem tornar difícil ou às vezes impossível o entendimento do que a pessoa tenta dizer. Em avaliações clínicas com auxílio de intérpretes, estes podem não reconhecer o valor clínico deste quadro e podem tentar “normalizar” as expressões do paciente, mascarando a patologia expressa no discurso do paciente.
Distribuição lognormal
Refere-se à teoria, proposta por Sully Ledermann, nos anos 1950, que o consumo de álcool está distribuído entre os bebedores de uma população de acordo com uma curva lognormal que varia, de uma população a outra, segundo um único parâmetro, pelo que uma grande proporção do consumo de álcool se deve a uma pequena proporção de bebedores.
Se bem que a formulação específica de Ledermann esteja hoje desacreditada, se aceita, em geral, que, nas sociedades onde se obtém álcool livremente no mercado, os bebedores estão distribuídos ao longo de um espectro de níveis de consumo de álcool, numa curva unimodal desviada para a esquerda (referida como a distribuição unimodal do consumo, a qual também caracteriza o consumo de muitos outros bens).
A ênfase na distribuição do consumo na população tornou-se associada a uma atenção renovada para com medidas do controle do álcool que reduzem os níveis dos problemas ligados ao álcool; por isso, esta perspectiva orientada para a saúde pública é, às vezes, designada como teoria da distribuição do consumo.
Doença alcoólica
A convicção de que o alcoolismo é uma condição de causa biológica primária e com história natural previsível configura-a de acordo com as definições aceitas de uma doença. A perspectiva leiga dos Alcoólicos Anônimos (1939) — de que o alcoolismo, caracterizado pela perda de controle do indivíduo sobre o beber e assim sobre sua vida, era uma “doença” — foi introduzida na literatura acadêmica nos anos 1950 na forma de conceito de doença do alcoolismo.
O conceito tinha suas raízes nas concepções médica e leiga do século XIX de embriaguez como uma doença. Em 1977, um grupo de investigadores da OMS, reagindo ao amplo e diversificado uso do termo alcoolismo, propôs substituí-lo na nosologia psiquiátrica por síndrome de dependência do álcool. Por analogia com dependência de drogas, a dependência de álcool tem encontrado aceitação geral nas atuais nosologias.


Doença dos nervos
Mal vago, encontrado em grupos latino-americanos. Os sintomas mais comuns variam de instabilidade emocional e ansiedade ao abuso de álcool, dores de cabeça e síndrome paranoide. Julga-se que os efeitos patológicos do estresse no sistema nervoso contribua para a existência de uma série de alterações comportamentais, emocionais ou mentais.
Pode ocorrer em associação com vários transtornos psiquiátricos, tais como transtorno de ajustamento, transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno por uso de substâncias. É descrita como um transtorno crônico ou como uma vulnerabilidade crônica devido a defeitos constitucionais. Nervos é um estado semelhante à doença dos nervos, encontrado em indivíduos que falam diferentes dialetos do inglês. Nevra é um estado semelhante à doença dos nervos, encontrado em pessoas de origem grega.
Doping
Definido pelo Comitê Olímpico Internacional e pela Federação Internacional de Atletas Amadores como o uso ou distribuição de substâncias que podem melhorar artificialmente as condições físicas e mentais do atleta e, portanto, seu desempenho atlético.
As substâncias que têm sido usadas com este fim são inúmeras e incluem vários esteroides, estimulantes, beta bloqueadores, anti-histamínicos e opioides. Testes de rastreamento oficiais para detecção de doping têm sido feitos nos Jogos Olímpicos desde 1968 e são atualmente uma prática habitual em vários esportes profissionais e amadores em muitos países.
No final do século XIX, um exemplo de doping era a ministração de substâncias psicoativas a cavalos de corrida, para alterar seu desempenho e “dopado” passou a ser usado para descrever uma pessoa cujos sentidos estivessem aparentemente embotados, como sob efeito de drogas. Na gíria, o termo “dopado” tem sido utilizado para se referir a qualquer substância
Dosagem de drogas
Análise de fluidos corporais (sangue, urina ou saliva), cabelos ou outros tecidos para verificar a presença de uma ou mais substâncias psicoativas.
Os testes são usados para monitorizar a abstinência de substâncias psicoativas em participantes de programas de reabilitação de drogas, para monitorizar o uso furtivo de drogas por pacientes em terapia de manutenção e em empregos condicionados à abstinência destas substâncias.
Dose padrão
Volume de bebida alcoólica (p.ex., um copo de vinho, uma lata de cerveja, ou um coquetel que contém destilados) que contém aproximadamente as mesmas quantidades (em gramas) de etanol, independente do tipo de bebida. O termo é geralmente utilizado para educar usuários de álcool sobre efeitos similares associados com o consumo de diferentes bebidas alcoólicas, servidas em copos ou em recipiente de tamanho-padrão (p.ex., os efeitos de um copo de cerveja são equivalentes aos de uma taça de vinho).
No Reino Unido, é empregado o termo “unidade” (aproximadamente 8-9 g de etanol); na literatura norte-americana, “uma dose” contém cerca de 12g de etanol. Em outros países, as quantidades de álcool escolhidas para se aproximarem de uma dose padrão podem ser maiores ou menores, dependendo dos costumes locais e do acondicionamento da bebida.
Droga sensibilizadora ao álcool
Um agente terapêutico prescrito para ajudar na manutenção da abstinência do álcool por meio da produção de efeitos colaterais desagradáveis, se o álcool for ingerido. Os compostos comumente em uso inibem a aldeidodesidrogenase, a enzima que catalisa a oxidação do acetaldeído. A consequente acumulação do acetaldeído causa a síndrome de rubor facial, náusea e vômito, palpitações e tontura. Exemplos de drogas sensibilizadoras incluem o dissulfiram (Antabuse) e a carbamida de cálcio.
Droga
Termo de uso variado. Em geral, refere-se a qualquer substância com o potencial de prevenir ou curar doenças ou aumentar o bem-estar físico ou mental. Em farmacologia, refere-se a qualquer agente químico que altera os processos bioquímicos e fisiológicos de tecidos ou organismos.
Portanto, droga é uma substância que é, ou pode ser, listada numa farmacopeia. Na linguagem comum, o termo se refere especificamente a drogas psicoativas e em geral ainda mais especificamente às drogas ilícitas, as quais têm um uso não médico além de qualquer uso médico.
As classificações profissionais (p.ex., “álcool e outras drogas”) frequentemente procuram fazer com que a cafeína, o tabaco, o álcool e outras substâncias de uso habitual não médico sejam também enquadradas como drogas, na medida em que elas são consumidas, pelo menos em parte, por seus efeitos psicoativos.
Duplo diagnóstico
Um termo genérico que se refere à comorbidade ou à concomitância no mesmo indivíduo de um transtorno por uso de substâncias psicoativas e outro transtorno psiquiátrico. Tais indivíduos são algumas vezes conhecidos como doentes mentais que abusam de substâncias químicas.
Menos comumente o termo se refere à ocorrência simultânea de dois transtornos psiquiátricos, não envolvendo o uso de substâncias psicoativas. O termo também tem sido aplicado à concomitância de dois transtornos por uso de substâncias (Ver Uso de Múltiplas Drogas).
O uso deste termo não traz implicações sobre a natureza da associação entre as duas condições ou de qualquer relação etiológica entre elas. Sinonímia: comorbidade.

E
Ebriedade
Estado de estar intoxicado por substância psicoativa. O termo usualmente implica um padrão habitual de embriaguez, mas já foi usado onde alcoolismo ou dependência de álcool seriam usados agora, implicando uma condição de doença. Junto com "ébrio" (uma pessoa apresentando ebriedade), "ebriedade" foi terminologia padrão, no final do século 19, para intoxicação habitual e permaneceu em uso até os anos 40.
O conceito permanece corrente no contexto legal, como nos termos “ébrio crônico“ ou “ébrio público", equivalente ao transgressor (crônico) por embriaguez, uma pessoa (recorrentemente) sentenciada do crime de estar embriagada em lugares públicos.
Ego
Na teoria psicanalítica, uma das três principais divisões no modelo do aparato psíquico. O ego representa a soma de certos mecanismos mentais, tais como percepção e memória, e mecanismos de defesa específicos. Serve para mediar entre as demandas das pulsões instintivas (o id), das proibições parentais e sociais internalizadas (o superego) e da realidade.
Os acordos feitos entre essas forças pelo ego tendem a resolver o conflito intrapsíquico e servir a uma função adaptativa e executiva. O uso psiquiátrico do termo não deve ser confundido com o uso comum que tem a conotação de amor-próprio ou egoísmo.
Elação
Afeto consistindo de sentimentos de euforia, triunfo, intensa satisfação consigo mesmo, otimismo; um humor instável, mas excitado, é característico da mania.
Embriaguez patológica
Síndrome caracterizada por excitação extrema, comportamento agressivo e violento e, frequentemente, ideias de perseguição, após consumo de quantidade relativamente pequena de álcool. Dura várias horas e termina com o doente adormecendo.
Normalmente há amnésia completa do episódio. Descrita em indivíduos com uma tolerância anormalmente baixa ao álcool, este diagnóstico é usado principalmente no contexto forense, porém vários autores contestam sua existência.
Embriaguez
Estado de intoxicação com comprometimento da consciência e do controle da conduta.


Encefalopatia de Wernicke
Síndrome neurológica aguda (descrita como poliencefalite hemorrágica superior, em 1881), que representa risco de vida. É caracterizada por confusão, apatia, embotamento, delirium oniroide, paralisia dos músculos palpebrais e oculomotores (devido a lesões nos núcleos dos nervos cranianos III e VI), nistagmo e alterações do equilíbrio (devido a lesões no núcleo vestibular) e ataxia (devido a lesões no córtex cerebelar).
A causa mais comum nos países industrializados é a deficiência de tiamina associada com alcoolismo. Se não tratado imediatamente com terapia de reposição de tiamina, o paciente provavelmente evoluirá para psicose de Korsakov (também conhecida como psicose ou síndrome de Wernicke-Korsakov e como transtorno amnésico alcoólico) caracterizado por amnésia anterógrada grave, amnésia retrógrada e algumas vezes confabulação.
Esta condição pode ser fatal, se não for adequadamente tratada. Ver síndrome amnésica induzida por álcool ou drogas; deficiência de tiamina.
Encefalopatia
Termo impreciso que se refere a qualquer doença do cérebro e, em particular, a toda doença cerebral crônica degenerativa. Alguns autores usam o termo em um sentido mais restrito para designar doença cerebral crônica com mudanças patológicas irreversíveis; outros o usam para descrever um delirium. Outros ainda usam-no para sinais precoces de disfunção do tecido cerebral que são muito sutis para confirmar um diagnóstico definitivo. Encefalopatia alcoólica indica que o dano ao tecido cerebral é causado por uso de álcool ou associado ao mesmo. Ver Encefalopatia de Wernicke; síndrome cerebral alcoólica.
Envenenamento por álcool ou droga
Estado de grande perturbação do comportamento, das funções vitais e do nível de consciência, que se segue à administração de uma dosagem excessiva (deliberada ou acidental) de uma substância psicoativa. No campo da toxicologia, o termo envenenamento é utilizado de forma mais ampla para denotar um estado resultante da administração de quantidades excessivas de qualquer agente farmacológico, psicoativo ou não.
Enxaqueca
Ataque recorrente e paroxístico de dores de cabeça variáveis em intensidade, frequência e duração. Os ataques são comumente unilaterais e geralmente acompanhados de anorexia, náusea e vômito. Em alguns casos, são precedidos por, ou associados com, transtornos neurológicos especialmente do campo da visão. Em certos casos, a enxaqueca pode apresentar-se com sintomas psiquiátricos. O estado é atribuído a transtornos vasomotores da circulação cerebral.
Episódio
Forma de manifestação de uma patologia aguda que se inicia subitamente e dura pouco tempo (segundos, minutos, horas ou, no máximo, poucos dias). Em geral, há uma rápida recuperação, mas pode, em muitos casos, apresentar tendência a se repetir, geralmente da mesma maneira, com os mesmos sintomas que surgem na mesma sequência. Das formas de evolução episódica das doenças mentais, fala-se de fase, quando se trata de depressão, de surto, diante de casos de esquizofrenia, e, finalmente de crise, com referência à epilepsia ou a rupturas de um estado de equilíbrio (como em crises vitais).
Esquizofrenia
Transtorno caracterizado, em geral, por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção e por afeto inadequado ou embotado. A consciência clara e a capacidade intelectual estão usualmente mantidas, embora certos déficits cognitivos possam surgir no curso do tempo. A perturbação envolve as funções mais básicas que dão à pessoa normal um senso de individualidade, unicidade e de direção de si mesmo.
Os mais íntimos pensamentos, sentimentos e atos são frequentemente sentidos como conhecidos ou partilhados por outros e podem desenvolver-se delírios explicativos, a ponto de o indivíduo atingido crer que forças naturais ou sobrenaturais trabalham de forma a influenciar seus pensamentos e ações, de modo frequentemente bizarro. Embora nenhum sintoma estritamente patognomônico possa ser identificado, os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem eco do pensamento, inserção ou roubo do pensamento, difusão do pensamento, percepção delirante e delírio de controle, influência ou passividade, vozes alucinatórias comentando ou discutindo com o paciente na terceira pessoa, alterações do curso do pensamento, catatonia ou sintomas negativos.
O curso da esquizofrenia pode ser contínuo ou episódico com déficit progressivo ou estável seguindo os episódios, ou consistindo de um ou mais episódios com remissão completa.
Esteroide
Substância do grupo de hormônios naturais ou sintéticos que são lipídios complexos baseados na molécula de colesterol que afetam o crescimento, processos químicos do organismo e funções fisiológicas sexuais, entre outras. Compreende os hormônios corticais, testiculares e ovarianos e seus derivados.
No contexto do uso de drogas e problemas relacionados, os esteroides anabolizantes são os que causam maior preocupação. Estes compostos são relacionados aos hormônios sexuais masculinos; eles aumentam a massa muscular e, nas mulheres, causam masculinização.
Os esteroides anabolizantes são utilizados inadequadamente por atletas com o objetivo de aumentar a força e o desempenho. O uso indevido de esteroides corticais é raro.
Estimulante
Agente que aumenta a atividade funcional de um organismo ou de qualquer parte de um organismo. Os estimulantes podem ser categorizados pelo sistema somático, pela função ou pelo agente em questão. Os estimulantes do sistema nervoso central incluem os analépticos (p.ex., estricnina, picrotoxina) e as aminas simpaticomiméticas (p.ex., anfetamina, cocaína).
Com referência ao sistema nervoso central, qualquer agente que ative, potencie ou aumente a atividade neural; também chamado de psico estimulante. Compreende as anfetaminas, a cocaína, a cafeína e outras xantinas, a nicotina, e os supressores do apetite sintéticos, tais como a fenmetrazina e o metilfenidato. Outras drogas têm ações estimulantes que, embora não sejam seus efeitos primários, podem manifestar-se em altas doses ou após o uso crônico; estes incluem os antidepressivos, os anticolinérgicos, e certos opioides.
Os estimulantes podem induzir sintomas sugestivos de intoxicação, incluindo taquicardia, dilatação pupilar, aumento da pressão sanguínea, hiperreflexia, sudorese, calafrios, náusea e vômitos, e comportamento anormal tal como agressão, grandiosidade, hipervigilância, agitação e alteração do juízo crítico.
O uso crônico geralmente induz alterações de personalidade e comportamento, tais como impulsividade, agressividade, irritabilidade e desconfiança. Pode ocorrer uma psicose alucinatória completa. A interrupção da ingestão após períodos de consumo prolongado ou elevado pode produzir uma síndrome de abstinência, com humor depressivo, fadiga, alterações de sono e aumento de sonhos.
Na CID-10, os transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de estimulantes são subdivididos em (i) devido ao uso de cocaína (F14) e (ii) devido ao uso de outros estimulantes, inclusive a cafeína (F15). Proeminente entre eles estão a psicose anfetamínica e a psicose por cocaína. Ver transtorno psicótico induzido por álcool ou droga.
Estresse
No uso atual, este termo é empregado de modo variável para descrever diversos tipos de estímulos aversivos de intensidade excessiva, ou as respostas subjetivas, comportamentais e fisiológicas aos mesmos; ou o contexto que medeia o encontro entre o indivíduo e os estímulos estressantes; ou todos os acima mencionados considerados como sistema. O termo, obviamente, é por demais abrangente e deve ser empregado com parcimônia.
Euforia
Sentimento exagerado de bem-estar físico e emocional, geralmente de origem psicológica.
Exaltação
Estado afetivo de alegria, o qual, quando intensificado e sem conexão com as circunstâncias, é um sintoma dominante da mania e da hipomania.
Excitação
Um conceito psicofisiológico incorporando um estado de alerta de grau variável, associado à estimulação e à ativação de impulsos corticosseptais da formação reticular. A excitação tem sido relacionada com teorias de personalidade, bases biológicas dos impulsos, resposta a drogas e transtornos mentais.


F
Fabulação
Transtorno de memória que ocorre sem alteração de consciência, caracterizado por falsos relatos de eventos passados ou experiências pessoais. As memórias falseadas são usualmente esquecidas e precisam ser evocadas; menos comumente, elas são espontâneas e sustentadas e, ocasionalmente, tendem à grandiosidade. A tabulação usualmente ocorre em síndromes amnésicas orgânicas (p.ex., Síndrome de Korsakov). A tabulação pode também ser induzida ou influenciada iatrogenicamente. Ela não deve ser confundida com as alucinações de memória que ocorrem na esquizofrenia, nem com a pseudologia fantástica (síndrome de Delbruck).
Facilitador
Pessoa ou grupo social cujas ações ou políticas facilitam, intencionalmente ou não, o contínuo uso indevido de álcool ou de outra substância psicoativa.
Fenciclidina
Substância psicoativa com efeitos depressores, estimulantes, analgésicos e alucinógenos sobre o sistema nervoso central. Foi introduzida na clínica como anestésico dissociativo, mas seu uso foi abandonado devido à frequente ocorrência de uma síndrome aguda manifestada por desorientação, agitação e delirium. Parece ser útil no tratamento de acidentes vasculares cerebrais.
A PCP é relativamente barata e fácil de sintetizar, sendo utilizada como droga ilícita desde os anos 1970. Substâncias relacionadas que produzem efeitos semelhantes compreendem o dexoxadrol e a quetamina.
O uso ilícito da PCP se faz por via oral, endovenosa ou por aspiração, mas geralmente é fumada. Os efeitos começam em 5 minutos e têm seu pico em 30 minutos. Primeiro, o usuário sente euforia, calor corporal, formigamento, sensação de flutuação e o sentimento de um sereno isolamento.
Podem aparecer alucinações visuais e auditivas, assim como alterações da imagem corporal, percepções distorcidas do tempo e do espaço, delírios e desorganização do pensamento. Alguns sintomas neurológicos e psicológicos acessórios estão relacionados com a dose e incluem hipertensão, nistagmo, ataxia, disartria, esgares, sudorese intensa, hiperreflexia, diminuição da resposta à dor, rigidez muscular, hiperpirexia, hiperacusia e convulsões.
Os efeitos geralmente duram de 4 a 6 horas, embora alguns sintomas residuais possam levar vários dias para desaparecerem. Durante o período imediato de recuperação pode haver comportamento autodestrutivo ou violento. Foram observados delirium, transtorno delirante e transtorno de humor causados pelo uso de PCP.
Como no caso dos alucinógenos, não se sabe se tais transtornos são efeitos específicos da droga ou manifestação de uma vulnerabilidade preexistente. Na CID-10, os transtornos relacionados à PCP estão classificados junto com os dos alucinógenos (F16).
Fetichismo
Transtorno da preferência sexual consistindo na dependência de alguns objetos inanimados como um estímulo para excitação e satisfação sexuais. Muitos fetiches são uma parte do corpo (p.ex., uma mecha de cabelos, os pés, extensões do corpo humano) ou artigos de vestuário e calçados.
Outros exemplos comuns são caracterizados por alguma textura em particular, tais como borracha, plástico ou couro. Os objetos-fetiche variam em sua importância de indivíduo a indivíduo. Em alguns casos, eles servem simplesmente para intensificar a excitação sexual alcançada por meios comuns (p.ex., ter parceiro usando uma determinada peça de roupa).
Há diferenças culturais consideráveis quanto a este conceito, na medida em que o apego erótico a um objeto em particular pode ser inteiramente aceitável em uma sociedade, mas ser moderada ou gravemente desviante em outra sociedade. A valorização erótica de uma parte do corpo ou de um objeto pode mudar no decorrer do tempo (p.ex., o fetichismo por mulheres com pés pequenos na sociedade chinesa do século passado, ou por mulheres de cintura fina na sociedade europeia ou da América do Norte do século passado, ou por mulheres de seios volumosos e por homens musculosos na sociedade norte-americana contemporânea).
Fígado gorduroso alcoólico
Acumulação de gordura no fígado consequente à ingestão de níveis arriscados de álcool com o consequente aumento das células do fígado e algumas vezes hepatomegalia, função anormal do fígado, dor abdominal inespecífica, anorexia e — menos comumente — icterícia. O diagnóstico definitivo somente pode ser feito pelo exame histológico do fígado.
O fígado gorduroso pode desenvolver-se após uns poucos dias de beber e esta situação não deve ser considerada como indicativa de uma dependência de álcool. A abstinência resulta em regressão das anormalidades histológicas. O termo preferido para esta situação é “fígado gorduroso induzido pelo álcool”, embora não seja de uso generalizado.
Filho de alcoolista
Pessoa com pelo menos um dos pais que seja ou tenha sido um alcoolista. As discussões iniciais sobre os efeitos dos pais alcoolistas sobre os seus filhos focalizavam crianças e adolescentes.
Nos anos 1980, ser um filho adulto de alcoolista (FAA ou FADA) passou a ser uma identificação associada a um movimento de grupo de ajuda mutua, operando seja sob os auspícios de Al-Anon seja em grupos separados e em programas de tratamento, a maioria deles organizados segundo os princípios do grupo dos doze passos. Uma crescente literatura popular caracteriza o FDA como um coalcoolista ou codependente, e apresenta uma lista abrangente de características debilitantes do FDA na vida adulta. Há agora uma tendência a se generalizar o modelo para "filhos adultos de famílias disfuncionais".
Fobia social
Medo de expor-se a outras pessoas, levando à evitação de situações sociais. Fobias sociais mais difusas são usualmente associadas com pouco amor-próprio e medo de críticas. Elas podem apresentar-se como queixas de enrubescimento, tremor nas mãos, náusea ou urgência miccional quando o indivíduo se convence de que uma dessas manifestações secundárias da ansiedade é o problema primário. Os sintomas podem progredir para transtorno de pânico.
Fobia
Medo irracional e persistente de um objeto, atividade ou situação específicos (o estímulo fóbico), ocasionando um intenso desejo de evitá-los. Isto frequentemente leva o indivíduo a se esquivar do estímulo fóbico ou a enfrentá-lo com temor. A Fobia é um medo específico intenso o qual, na maioria das vezes, é projetado para o exterior através de manifestações próprias do organismo.
Essas manifestações normalmente tocam ao sistema neurovegetativo, tais como: vertigens, pânico, palpitações, distúrbios gastrintestinais, sudorese e perda da consciência por lipotimia. As manifestações autossômicas externadas pela fobia têm lugar sempre que o paciente se depara com o objeto (ou situação) fóbico.
O pensamento fóbico é tão automático quanto o obsessivo e o paciente tem plena consciência do absurdo de seus temores ou, ao menos, sabem-no como completamente infundados na intensidade que se manifestam. Resistem os temores, a qualquer argumentação sensata e lógica. Aliás, o medo só será fóbico quando considerado injustificável pelo próprio paciente e, concomitantemente, for capaz de produzir reações adversas comandadas pelo sistema nervoso autônomo.
Folha de coca
As folhas do arbusto da coca (Erythroxylon coca), tradicionalmente mascadas nas culturas andinas com uma pequena porção de cinzas alcalinas, são utilizadas como estimulante e supressor do apetite e também para aumentar a resistência nas grandes altitudes. A cocaína é extraída das folhas de coca.
Formação reativa
Formação Reativa é um dos Mecanismos de Defesa descritos por Freud. Esse Mecanismos de Defesa substitui comportamentos e sentimentos que são diametralmente opostos ao desejo real. Trata-se de uma inversão clara e, em geral, inconsciente do verdadeiro desejo.
Como outros mecanismos de defesa, as formações reativas são desenvolvidas, em primeiro lugar, na infância. As crianças, assim como incontáveis adultos, tornam-se conscientes da excitação sexual que não pode ser satisfeita, evocam consequentemente forças psíquicas opostas a fim de suprimirem efetivamente este desprazer.
Para essa supressão elas costumam construir barreiras mentais contrárias ao verdadeiro sentimento sexual, como por exemplo, a repugnância, a vergonha e a moralidade. Não só a ideia original é reprimida, mas qualquer vergonha ou auto reprovação que poderiam surgir ao admitir tais pensamentos em si próprios também são excluídas da consciência.
Infelizmente, os efeitos colaterais da Formação Reativa podem prejudicar os relacionamentos sociais. As principais características reveladoras de Formação Reativa são seu excesso, sua rigidez e sua extravagância. O impulso, sendo negado, tem que ser cada vez mais ocultado.
Através da Formação Reativa, alguns pais são incapazes de admitir certo ressentimento em relação aos filhos, acabam interferindo exageradamente em suas vidas, sob o pretexto de estarem preocupados com seu bem-estar e segurança. Nesses casos a superproteção é, na verdade, uma forma de punição.
O esposo pleno de raiva contra sua esposa pode manifestar sua Formação Reativa tratando-a com formalidade exagerada: "não é querida..." A Formação Reativa oculta partes da personalidade e restringe a capacidade de uma pessoa responder a eventos e, dessa forma, a personalidade pode tornar-se relativamente inflexível.
Formula de Jellinek
Um método de avaliar o número de alcoolistas numa população, proposto originalmente por E. M. Jellinek, por volta de 1940, e integralmente publicado em 1951. Na versão final, a fórmula era A = (PD/K)R, na qual A é o número de alcoolistas; D é o número de mortes devido à cirrose notificadas num determinado ano; supõem-se que P, K, e R são constantes, refletindo respectivamente a proporção de mortes por cirrose devido a alcoolismo, à percentagem de alcoolistas com complicações e que morrem de cirrose num determinado ano e à relação entre a totalidade de alcoolistas e os alcoolistas com complicações. Tanto a suposição que P, K e R são constantes, bem como a própria base conceituai da fórmula foram objeto de críticas cada vez mais severas, e o próprio Jellinek recomendou, por volta de 1959, o seu abandono. Não obstante, a fórmula, por falta de alternativas, continuou a ser muito utilizada até os anos 1970.
Fuga dissociativa
Estado de amnésia dissociativa acompanhado de deslocamento geográfico intencional que excede os trajetos cotidianos. Apesar da amnésia simultânea à fuga, pode o indivíduo, durante esta, ostentar comportamento que, para observadores independentes, aparente completa normalidade. Sua incidência parece diferir de uma cultura para outra, bem como ao longo do tempo na mesma cultura. Ver dissociação.

G
Ganho secundário
Ganho externo derivado de qualquer doença, tal como atenção e atendimento pessoal, vantagens financeiras, benefícios por incapacitação e dispensa de responsabilidades desagradáveis.
Ganho secundário
Na teoria psicanalítica, ganho secundário ou epinósico assinala as vantagens práticas que podem ser alcançadas usando-se um sintoma para manipular e/ou influenciar outras pessoas. Deve ser diferenciado do ganho primário (ou paranósico), que consiste na diminuição de ansiedade e conflitos resultantes da formação de um sintoma. A determinação do ganho secundário pode ser influenciada pela sociedade (pensões ou pagamentos recebidos pela presença persistente dos sinais ou sintomas) ou cultura (desenvolvimento de uma condição clínica sob circunstância de extremo estresse cultural ou expectativas).
Gastrite alcoólica
Inflamação do revestimento da mucosa do estômago causada pelo álcool. Isto acontece caracteristicamente após uma alcoolização abusiva (ver beber excessivo) e está caracterizada por erosões, eventualmente hemorrágicas, da mucosa. Os sintomas incluem dor na parte superior do abdômen. A gastrite alcoólica é comumente acompanhada por esofagite. Na maioria dos casos, esta situação é autolimitada e desaparece com a abstinência.
Grandiosidade
Uma avaliação enfatuada do próprio valor, poder, conhecimento, importância ou identidade. Quando extrema, a grandiosidade pode apresentar proporções delirantes.


Grupo de autoajuda
Termo que se refere a dois tipos de grupos terapêuticos, mas é mais comumente usado para o que é mais propriamente chamado de grupo de ajuda mútua, que exprime mais rigorosamente a ênfase na ajuda e apoios mútuos. Também se refere a grupos que ensinam técnicas de autocontrole cognitivas, comportamentais e outras.
Grupo dos 12 passos
Grupo de ajuda mútua organizado ao redor do programa de 12 passos dos Alcoólicos Anônimos (AA) ou uma adaptação próxima deste programa. O programa AA de 12 passos implica admitir a própria incapacidade da pessoa de controlar o próprio beber e a própria vida devido ao beber, entregando a vida a uma "força maior", fazendo um inventário moral e reparações dos erros do passado e oferecendo ajuda para outros alcoolistas.
O alcoolista em recuperação "no programa" nunca mais deve beber, embora este objetivo seja cumprido a cada dia. O AA é organizado nos termos de "doze tradições", que incluem anonimato, posicionamento apolítico e uma estrutura organizacional não hierárquica. Outros grupos de 12 passos variam quanto à sua adesão às 12 tradições. Existem agora centenas de organizações de grupos de 12 passos, cada uma focalizada em um de vários problemas comportamentais, de personalidade e de relacionamento.
Outros grupos operantes na área de drogas incluem os Cocainômanos Anônimos, Drogados Anônimos, Narcóticos Anônimos, Fumadores Anônimos e Dependentes de Comprimidos Anônimos. Para familiares de alcoólicos ou de dependentes de outras substâncias existem grupos como Al-Anon, Alateen e Codependentes Anônimos. Instituições de tratamento com uma forte ênfase no modelo AA são geralmente denominadas de "programas de 12 passos".
Grupo primário de apoio - Pessoas com as quais um indivíduo tem uma relação face a face forte e persistente, e que formam o núcleo ou o centro de seu ambiente interpessoal.
Grupos de ajuda mútua
Grupo no qual os participantes — portadores de problemas ou transtornos específicos — se ajudam uns aos outros; têm grande importância na manutenção da remissão da dependência ou de problemas ligados ao álcool ou outras drogas ou de outros efeitos de outras dependências, sem terapia ou orientação profissional.
Grupos importantes no campo do álcool e outras drogas incluem os alcoólicos anônimos, narcóticos anônimos e Al-Anon (para membros das famílias de alcoolistas) os quais seguem 12 passos baseados numa abordagem espiritual não confessional. Os grupos de ajuda mútua no campo do álcool datam dos Washingtonianos de 1840 e incluem grupos europeus, tais como Blue Cross, Gold Cross, grupos Hudolin e Links.
A abordagem de alguns desses grupos possibilita uma orientação profissional ou semiprofissional. Alguns lares de recuperação ou centros de dia/noite no campo do álcool e as comunidades terapêuticas para os dependentes de outras drogas devem ser encarados como grupos residenciais de ajuda mútua.



H
Hepatite alcoólica
Transtorno do fígado caracterizado por necrose das células do fígado (hepatócitos) e sua inflamação, devido ao consumo crônico de álcool de forma nociva. É um bem documentado precursor da cirrose alcoólica, especialmente em casos nos quais ingestão de álcool permanece elevada.
Embora, estritamente falando, o diagnóstico seja histológico, com frequência é realizado com base em evidências clínicas e bioquímicas, mesmo que a confirmação pela biopsia não seja possível. Em termos clínicos, o diagnóstico é sugerido pela presença de icterícia (a qual pode ser intensa), discreta hepatomegalia e, algumas vezes, ascite e hemorragia.
Hipomania
Transtorno caracterizado por uma elevação leve, porém persistente, do humor, aumento da vitalidade e da atividade e, habitualmente, uma notável sensação de bem-estar e de eficiência física e mental. Aumento da sociabilidade, loquacidade, familiaridade exagerada, aumento do vigor sexual e diminuição da necessidade de sono estão frequentemente presentes, mas não a ponto de perturbarem gravemente o desempenho ocupacional ou resultarem em rejeição social. Os transtornos do humor e do comportamento não se fazem acompanhar nem por delírios nem por alucinações.
Histeria
Síndrome conhecida desde os tempos da Grécia clássica, quando se acreditava que a causa estava relacionada com o útero (Gr. hystera), já que ocorria quase exclusivamente em mulheres, àquela época. Guarda, historicamente, certa relação com o transtorno dissociativo (conversão) da CID-10. A prevalência dessa condição pode diferir muito de uma cultura para outra, bem como na mesma cultura ao longo do tempo. Atualmente, tanto homens como mulheres manifestam esta condição.
Histriônico
Relativo à mímica, expressão e discurso exagerados normalmente associados à teatralidade. Quando aplicado à personalidade, o termo denota agregação de traços pré-mórbidos, que incluem comportamento teatral, desejo de impressionar, ganho de simpatia ou de ser o centro das atenções, superficialidade emotiva e intensos períodos de sonhar acordado. Ver transtorno histriônico da personalidade.
Humor
Uma emoção abrangente e constante que matiza a percepção do mundo. Exemplos comuns de humor incluem depressão, euforia, raiva e ansiedade. Em contraste com o afeto, que se refere a alterações mais flutuantes no "clima" emocional, o humor refere-se a um "clima" emocional mais abrangente e constante. Tipos de humor incluem:
·         Disfórico - Humor desagradável, como tristeza, ansiedade ou irritabilidade.
·         Elevado- Sensação exagerada de bem-estar, euforia ou excitação. Uma pessoa com humor elevado pode descrever uma sensação de "euforia", "êxtase", de "estar nas nuvens" ou "no topo do mundo".
·         Eutímico- Humor na faixa "normal", que Implica a ausência de humor deprimido ou elevado.
·         Expansivo- Falta de restrições na expressão dos próprios sentimentos, frequentemente com supervalorização da própria importância.
·         Irritável- Facilmente aborrecido e levado à raiva.



I
Id
Termo psicanalítico que designa a fonte de energia psíquica, em sua forma mais primitiva, apresentando-se sob a forma dos instintos ou pulsões, que são essencialmente de natureza biológica. O ID seria o instinto ou pulsão de vida, ligado à sobrevivência do sujeito e da espécie (libido ou desejo). É no ID que se concentram nossos sentimentos, desejos e experiências reprimidas e recalcadas. As ideias e os afetos contidos no ID não têm limite, são amorais e simbólicos.
Ideação paranoide
Ideação de proporção menor que delirante, envolvendo suspeitas ou a crença de que o indivíduo está sendo assediado, perseguido ou injustamente tratado.
Ideia obsessiva (obsessão)
A intromissão indesejável de um pensamento no campo da consciência de maneira insistente e repetitiva, reconhecido pelo indivíduo como um fenômeno incômodo e absurdo, é denominada de Pensamento Obsessivo. Portanto, para que seja Obsessão é necessário o aspecto involuntário das ideias, bem como, o reconhecimento de sua conotação ilógica pelo próprio paciente, ou seja, ele deve ter crítica sobre o aspecto irreal e absurdo desta ideia indesejável.
As Obsessões estão tão enraizadas na consciência que não podem ser removidas simplesmente por um aconselhamento razoável, nem por livre decisão do paciente. Elas parecem ter existência emancipada da vontade e, por não comprometerem o juízo crítico, os pacientes têm a exata noção do absurdo de seu conteúdo mental. Em maior ou menor grau, as Ideias Obsessivas ocorrem em todas as pessoas, notadamente quando crianças.
As ideias obsessivas podem aparecer, por exemplo, como uma musiquinha conhecida que "não sai da cabeça", ou a ideia de que pode haver um bicho debaixo da cama, ou que o gás pode estar aberto apesar da lógica sugerir estar fechado. Em crianças aparecem como certo impedimento em pisar nos riscos da calçada, uma obrigatoriedade em contar as árvores da rua ou os carros que passam, etc. Estas ideias obrigatórias, quando exageradas e promovedoras de significativa ansiedade ou sofrimento, constituem quadro patológico.
A temática das Ideias Obsessivas pode ser extremamente variável, entretanto, em grande número de vezes diz respeito à higiene, contaminação, transmissão de doenças, bactérias, vírus, organização ou coisas assim. É muito frequente também a existência de Ideias Obsessivas sobre um eventual impulso suicida, como por exemplo saltar da janela de edifícios, ou em ser acometido subitamente por impulsos de agressão e ferir pessoas, principalmente os filhos. Neste último caso a obsessão está justamente em acreditar que, diante de um mal estar súbito, a pessoa venha a perder o controle e executar, impulsivamente, aquilo que sugere tais ideias.
Identidade
Sentimento que uma pessoa tem de pertencer a um ou mais grupos. A identidade étnica consiste de atitudes, crenças, rituais, comportamentos, linguagem (ou dialetos), costumes, normas, aceitação social, habilidades sociais e valores adquiridos da própria família ou comunidade, do nascimento até ao final da adolescência. É uma importante fonte de amor próprio, status e prestígio para o indivíduo.
Pode estar sobre determinada (p.ex., chauvinismo nacional, racismo) em algumas condições psicopatológicas, nas quais a identidade individual, familiar ou nacional é fraca ou negativa. Problemas de identidade referem-se ao baixo nível de amor próprio e de autoconfiança e a confusão em relação à própria identidade.
Tais problemas, frequentemente associados a alterações do humor ou de ansiedade, podem ocorrer em indivíduos obrigados a se afiliar a culturas antagônicas ou mesmo conflituosas, como p.ex., filhos de migrantes, crianças adotadas por pais de etnia diferente da sua e crianças nascidas de casamentos interétnicos.


Ilusões
Segundo Bleuler, as ilusões são percepções reais falsificadas e estudadas sob o título engano dos sentidos. Trata-se, na realidade, da interpretação distorcida de um objeto real, uma falsificação da percepção de um objeto que, de fato, existe. É uma percepção enganosa de um objeto real.
Nesta caricatura do processo de percepção nossos sentidos são simplesmente enganados por alguma variável circunstancial (iluminação, distância, efeitos ópticos, etc.) ou deixam-se superar por alguma emoção. É o caso, por exemplo, de um ruído qualquer, parecer-nos passos misteriosos, das manchas num papel serem percebidas como símbolos religiosos, de um barulho indefinido soar-nos como alguém nos chamando e assim por diante. Sem dúvida, tais acontecimentos estão impregnados pelo medo, pela necessidade religiosa, pela saudade ou por qualquer outro tipo de emoção.
Por si só a ilusão não constitui um estado mórbido, mas pode denotar um estado emocional mais ou menos intenso; desde pequenas oscilações do normal até situações patológicas. Os enganos da ilusão podem afetar os cincos sentidos.
Imagem corpórea
A imagem corpórea é a imagem que elaboramos mentalmente de nosso corpo. A imagem corpórea é, durante o período evolutivo adolescência, um dos dados referenciais para a compreensão dos problemas do adolescente, vez que seu corpo assume novo significado. Todas as características do ajustamento pessoal e social são influenciadas, dentre outros aspectos, pela configuração e pelo funcionamento do corpo, seja pela impressão que causa aos outros, seja pelo modo que o corpo é percebido pelo adolescente.
O modo como um garoto ou garota avalia seu corpo reflete os valores de quem os educa. Os meninos e meninas aceitos por suas famílias, habitualmente não subestimam nem superestimam seus corpos. Mas, quando as crianças e os adolescentes sentem que seus corpos não satisfazem as expectativas de quem os rodeia (por exemplo: ser muito baixinho ou alto demais, ter seios pequenos, deficiências físicas, etc.), frequentemente chegam a se auto menosprezarem. Ao contrário, famílias que imprimem alto valor ao corpo, à musculatura, à beleza física, normalmente, geram adolescentes intolerantes com qualquer desvio na configuração corpórea própria e dos outros.
Impulsividade
Diz-se impulsividade da pessoa incapaz de controlar seus impulsos, tendendo a agir desarrazoadamente por insuficiência das funções de controle dos impulsos. No DSM.IV e no CID.10 é classificado como transtorno.
Impulsos patológicos
Os Impulsos Patológicos são ações isoladas, súbitas, involuntárias e, normalmente, desprovidas de finalidade objetiva. São ações psicomotoras automáticas ou semiautomáticas, de natureza explosiva, instantânea e fulminante, caracterizadas sobretudo, pela subtaneidade e incontrolabilidade com que se desencadeiam e se processam. Todo impulso é fundamentalmente psicomotor e suas motivações psicológicas nem sempre são evidenciadas conscientemente ou pressentidas.
Algumas vezes, os atos impulsivos representam verdadeiras explosões emocionais, acompanhadas de acessos de riso ou de lágrimas. Outras vezes, porém, os atos impulsivos se caracterizam pela impetuosidade, rapidez e falta de consideração para com o próprio indivíduo ou para com os demais. Tendo em vista a automaticidade dos atos impulsivos, o que se observa neles é a perda do controle voluntário das ações.
Incapacidade de abster-se
Uma forma de controle prejudicado do uso de uma substância psicoativa, de tal forma que há uma incapacidade ou falta de desejo de refrear o seu uso. Segundo a formulação de Jellinek, em 1960, esta é uma das duas formas de perda de controle, sendo a outra a incapacidade de parar uma vez iniciado o uso.
Incapacidade relacionada com álcool ou droga
Qualquer problema, doença ou outra consequência de uso nocivo, intoxicação aguda ou dependência que inibe a capacidade individual de agir normalmente no contexto de atividades sociais ou econômicas. Exemplos incluem o declínio do funcionamento social ou da atividade física que acompanha a cirrose alcoólica, infecção pelo VIH relacionada à droga ou lesão traumática relacionada ao álcool.


Incoerência (do pensamento)
A Incoerência é uma alteração do curso do pensamento onde há uma grande desorganização na estrutura sintática com períodos em branco e frases soltas no meio da exposição de uma ideia. Frequentemente a Incoerência está associada a transtornos que comprometem o estado da consciência.
É como se faltasse ao paciente condições homeostáticas para a organização das ideias e para sua capacidade de comunicação verbal. O Estado Crepuscular é um bom exemplo de Distúrbio da Consciência, onde a capacidade de organização do pensamento encontra-se seriamente comprometido. Também na Turvação da Consciência pode haver Incoerência.
O pensamento incoerente é confuso, contraditório e ilógico. Enquanto na Fuga de Ideias percebemos a passagem repentina de uma ideia para outra, na Incoerência o que interrompe o curso do pensamento são fragmentos soltos de ideias aleatórias; como se o pensamento estivesse pulverizado.
Inconsciente
Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo tudo do que estamos cientes num dado momento. O interesse de Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele denominava Pré-Consciente e Inconsciente.
A premissa inicial de Freud era de que há conexões entre todos os eventos mentais e quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estariam no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida. "Denominamos um processo psíquico inconsciente, cuja existência somos obrigados a supor - devido a um motivo tal que inferimos a partir de seus efeitos - mas do qual nada sabemos".
No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem perdido mas, não obstante, não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente.
O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua força emocional. "Aprendemos pela experiência que os processos mentais inconscientes são em si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro lugar que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, e que a ideia de tempo não lhes pode ser aplicada."
Incontinência emocional
A Incontinência Emocional é uma forma de alteração da afetividade que se manifesta pela facilidade com que se produzem as reações afetivas, acompanhadas de certo grau de incapacidade para inibi-las. Diz Bleuler que a maioria dos pacientes com incontinência emocional domina-se pior que os demais. Tem de ceder diante dos acontecimentos mais insignificantes, tanto no que se refere a sua expressão como à ação que deles se deriva. Bleuler cita o exemplo de um paciente que não podia jogar cartas porque denunciava seu jogo com a fisionomia.
A Incontinência Emocional é um dos sintomas frequentes nas perturbações psíquicas provocadas por lesões orgânicas do cérebro, manifestando-se também em várias psicoses e neuroses. Na arteriosclerose cerebral a Incontinência Emocional constitui um dos sintomas mais característicos.
Nesses casos, os próprios pacientes se queixam de extrema facilidade para emocionar-se, com tendência ao choro fácil, o que não ocorria antes de adoecer. Segundo Nágera, a Instabilidade Afetiva nem sempre se apresenta junto com a Incontinência Emocional, pois existem pessoas que não podem conter as emoções, embora revelem tenacidade afetiva.
Índice da massa corporal de Quetelet
Peso dividido pela altura elevada ao quadrado multiplicado por 100; um índice antropométrico proposto em 1835 e ainda amplamente usado para quantificar a relação entre peso e altura na avaliação diagnóstica de transtornos alimentares.
Individuação
Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo. Na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Pode-se traduzir Individuação como tornar-se si mesmo, ou realização do si mesmo.
Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o desenvolvimento do eixo Ego-Self, além da integração de várias partes da psique: Ego, Persona, Sombra, Anima ou Animus e outros Arquétipos inconscientes. Quando se tornam individuados, esses Arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.
Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do auto conhecimento, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, sai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do Eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos.
Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou corrigido por contra tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo.
Inibidor da recaptação de serotonina
Droga que inibe a recaptação neuronal de serotonina e, consequentemente, prolonga a sua ação. Embora primariamente indicados no tratamento de transtornos depressivos, há relatos que drogas desta classe são capazes de reduzir o consumo de álcool. Certos antidepressivos inibem tanto a recaptação da serotonina como da noradrenalina (ou norepinefrina).
Instintos básicos
Num primeiro momento Freud descreveu duas forças instintivas opostas, a sexual (erótica ou fisicamente gratificante) e a agressiva ou destrutiva. Suas últimas descrições, mais globais, encararam essas forças ou como mantenedoras da vida ou como incitadoras da morte. Essas formulações supõem dois conflitos instintivos básicos, biológicos, contínuos e não-resolvidos. Tal antagonismo básico não costuma ser visível ou consciente, e a maioria de nossos pensamentos e ações é evocada por estas ambas as forças instintivas em combinação.
Freud impressionou-se com a diversidade e complexidade do comportamento que emerge da fusão das pulsões básicas. Por exemplo, ele escreve: "Os instintos sexuais fazem-se notar por sua plasticidade, sua capacidade de alterar suas finalidades, sua capacidade de se substituírem, permitindo uma satisfação instintiva ser substituída por outra, e por sua possibilidade de se submeterem a adiamentos..." Os instintos seriam então, canais através dos quais a energia pudesse fluir.
Interpretação
Em linguística, este termo significa a tradução de significados com conotação emocional ou denotação factual de um idioma para outro, de tal forma que sentimentos e avaliações não perdem seu significado original. Em geral, o termo se aplica mais à tradução de diálogos vivos do que de textos. Este significado linguístico da interpretação é diferente do significado do mesmo termo em psicoterapia. Neste caso, o termo refere-se à explicação de uma hipótese psicodinâmica que o terapeuta comunica ao paciente e que pode explicar a origem de um comportamento, .pensamento ou emoção do paciente.
Intervenção breve
Estratégia de tratamento na qual se oferece uma terapia estruturada de curta duração (normalmente 5-30 minutos) com o objetivo de auxiliar um indivíduo a parar ou reduzir o uso de substâncias psicoativas ou (menos comumente) a lidar com outras questões de vida. É particularmente adaptada para clínicos gerais e outros profissionais da área de saúde.
Até hoje a intervenção breve — algumas vezes conhecida como intervenção mínima — tem sido aplicada principalmente para se parar de fumar e como terapia do uso prejudicial do álcool. A base lógica para a intervenção breve é que, mesmo se o percentual dos indivíduos que alteram o uso de substâncias após uma única intervenção é pequeno, o impacto causado na saúde pública pelo grande número de profissionais da área a proporcionarem tais intervenções sistematicamente é considerável.
A intervenção breve está geralmente associada a testes sistemáticos para identificar o uso de substâncias perigosas ou prejudiciais, principalmente álcool e tabaco. Ver intervenção precoce.
Intervenção precoce
Estratégia terapêutica que combina a detecção precoce do uso de substâncias perigosas ou prejudiciais e o tratamento dos envolvidos. O tratamento é oferecido antes que o paciente se apresente por vontade própria e, em muitos casos, antes que ele esteja consciente que o uso dessas substâncias possa causar problemas. É particularmente dirigida a indivíduos que não desenvolveram dependência física ou grandes complicações psicossociais.
A intervenção precoce é, portanto, um tratamento proativo, que é iniciado mais pelo pessoal da área de saúde do que pelo próprio paciente. O primeiro estágio consiste de um procedimento sistemático de detecção precoce. Há vários enfoques: um inquérito de rotina sobre a história clínica do uso de álcool, tabaco e outras drogas e o uso de testes de triagem, p.ex., em locais de cuidados primários de saúde.
Posteriormente outras perguntas são feitas para confirmar o diagnóstico. O segundo componente é breve e ocorre no contexto de cuidados primários de saúde (durando em média de 5 a 30 min.). O tratamento pode ser mais prolongado em outros contextos. Ver intervenção breve.
Intoxicação
Situação que segue a administração de uma substância psicoativa e que tem como consequência perturbações do nível da vigília, da cognição, da percepção, do juízo, do afeto, do comportamento ou de outras funções e reações psicofisiológicas. As perturbações estão relacionadas com a substância através dos seus efeitos farmacológicos agudos e das reações aprendidas e desaparecem completamente com o tempo, exceto quando tenham surgido lesões teciduais ou outras complicações.
O termo é mais frequentemente utilizado em relação ao uso de álcool e refere-se a um padrão regular ou recorrente de beber até a intoxicação. Em certos lugares, este padrão já foi (ou ainda é) encarado como uma ofensa criminal, independentemente das circunstâncias individuais da intoxicação.
A intoxicação alcoólica aguda manifesta-se por sinais, tais como rubor facial, voz pastosa, marcha vacilante, euforia, hiperatividade, volubilidade, conduta desordeira, reações lentas, diminuição da crítica e incoordenação motora, insensibilidade ou estupor.
A intoxicação aguda depende muito do tipo e da dose da droga e é influenciada pelo nível individual de tolerância e outros fatores. Muitas vezes uma droga é consumida exatamente para se conseguir um grau desejado de intoxicação. A expressão comportamental de um determinado grau de intoxicação é fortemente influenciada pelas expectativas culturais e pessoais acerca dos efeitos da droga.
Intoxicação aguda é o termo da CID-10 para intoxicação de significado clínico (F1x.0). As complicações dependem da substância e do método de administração e podem incluir traumatismo, aspiração do vômito, confusão mental, coma e convulsões.
Irritabilidade
Estado indevido de reação exagerada que envolve aborrecimento, impaciência ou ira. Pode manifestar-se em estados de fadiga ou dor crônica, ou ser um traço clínico de anomalias temperamentais associados à idade avançada, trauma cerebral, estados epilépticos e transtornos maníaco-depressivos.


J
Janela terapêutica
Faixa de níveis sanguíneos associada com a resposta clínica a certas drogas.
Juízo
O raciocínio humano é uma cadeia infinita de representações, conceitos e juízos, sendo a fonte inicial de todo esse processo a experiência sensorial. Nosso conhecimento se dá através das representações senso perceptivas do mundo e delas, elaboramos nossos conceitos, vistos anteriormente. O pensamento lógico consiste em selecionar e orientar esses conceitos, tendo como objetivo alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional ante as necessidades do momento.
Chama-se Juízo o processo que conduz ao estabelecimento dessas relações significativas entre conceitos e, julgar é, nesse caso, estabelecer uma relação entre conceitos. A função que relaciona os juízos, uns com os outros, recebe a denominação de raciocínio. Em seu sentido lógico, o raciocínio não é nem verdadeiro nem falso, ele será sim, correto ou incorreto. Portanto, o raciocínio para ser correto deve ser lógico e, em Psicologia, o termo raciocínio tem o mesmo sentido de pensamento.
O Juízo e a Lógica, são duas operações intelectuais exercidas pelo pensamento reflexivo ou lógico. Porém, não obstante, nossos juízos estão sempre impregnados pela afetividade e pela vontade, de tal forma que todo julgamento é predominantemente subjetivo. Conforme Nobre de Melo, pode-se dizer que um juízo crítico, por mais fundamentado que possa ser, revela, às vezes, muito mais a natureza da pessoa que julga do que a qualidade da coisa julgada. Desta forma a própria razão, objeto do raciocínio lógico, também deve passar pela individualidade afetiva e, portanto, terá sempre uma racionalidade relativa por excelência.
Há situações onde ocorre uma predominância dos afetos sobre a reflexão consciente, com subsequente alteração do juízo da realidade e com repercussões secundárias no comportamento social do indivíduo. As Ideias Supervalorizadas são conhecidas também como Ideias Prevalentes ou Ideias Superestimadas. É quando o pensamento se centraliza obsessivamente num tópico especialmente definido e carregado de uma enorme carga afetiva.
Jaspers define o Delírio com sendo um juízo patologicamente falseado da realidade. Fala-se em Percepção Delirante quando o paciente atribui, a uma percepção normal da realidade, um significado anormal sem que, para isso, existam motivos compreensíveis. Não existe, neste caso, uma verdadeira alteração da percepção, mas é a interpretação dessa percepção que sofre um juízo crítico distorcido, patológico e com uma significação muito especial.

K
Kava
Bebida preparada a partir das raízes do arbusto Piper methysticum, muito usada, tanto ritualmente como socialmente, no Pacífico Sul. O princípio ativo é a cavaína, a qual produz ligeira euforia e sedação se a kava for consumida de forma habitual. A utilização intensa pode conduzir a dependência e problemas médicos.
Khat
Folhas e botões de flor de uma planta da África Oriental, Catha edulis, que são mascados ou bebidos após fermentação. O khat, também usado no Mediterrâneo Oriental e no Norte de África, é um estimulante com efeitos semelhantes aos da anfetamina. A utilização intensa pode conduzir à dependência e a problemas físicos e mentais semelhantes aos produzidos por outros estimulantes.


L
Libido
Na teoria psicanalítica, uma forma de energia sexual com que são investidos os processos, impulsos e representações mentais dos objetos.

M
Mania
Transtorno no qual o humor está exaltado, em discordância com as circunstâncias em que o indivíduo se encontra e que pode variar desde uma jovialidade despreocupada até uma excitação quase incontrolável. A exaltação é acompanhada de aumento da energia que resulta em hiperatividade, verborreia e diminuição das necessidades do sono.
A atenção não pode ser mantida e, às vezes, há uma marcada intratabilidade. O amor próprio está às vezes exaltado com ideias de grandiosidade e autoconfiança exagerada. A perda da inibição social normal pode resultar em comportamento imprudente, rude ou inadequado às circunstâncias ou deslocado.
Em casos graves, a fuga de ideias e verborreia podem levar a que o indivíduo se torne incompreensível; a excitação pode dar lugar a agressão ou violência, negligência com o comer e o beber (que pode levar a uma situação perigosa como desidratação) e com a higiene pessoal.
Adicionalmente a este estado clínico de mania sem sintomas psicóticos, pode haver delírios (geralmente de grandeza) ou alucinações (geralmente vozes que falam diretamente com o indivíduo). O conteúdo destes sintomas psicóticos pode ser congruente com o estado do humor (p.ex., consistente com a exaltação) ou incongruente com o estado de humor (p.ex., neutro ou em contraste com a exaltação de humor).
Má-viagem
No jargão de usuários de drogas, um efeito adverso do uso de drogas que consiste em alucinose com ansiedade ou depressão marcante, ideias de referência, ideias delirantes, medo de enlouquecer, julgamento comprometido e alterações senso perceptivas, tais como despersonalização, desrealização, alucinações e cinestesias. O episódio usualmente dura menos de 2 horas.
Os sintomas físicos podem incluir sudorese, palpitações, náuseas e parestesias. Embora reações adversas deste tipo estejam usualmente associadas ao uso de alucinógenos, elas também podem ser causadas pelo uso de anfetaminas e outros estimulantes psicomotores, anticolinérgicos, anti-histamínicos e sedativo-hipnóticos. Sinonímia: bode (Bras.).
Mecanismo de defesa
Processo psicológico automático que protege o indivíduo da ansiedade e da consciência de estressores ou perigos internos ou externos. Os mecanismos de defesa intermedeiam a reação do indivíduo a conflitos emocionais e a estressores externos. Alguns mecanismos de defesa (por ex., projeção, cisão e atuação) são quase que invariavelmente mal adaptativos. Outros, tais como a supressão e a negação, podem ser mal adaptativos ou adaptativos, dependendo de sua gravidade, inflexibilidade e contexto no qual ocorrem.
Megalomania
Durante os Episódios de Mania do Transtorno Afetivo Bipolar, dependendo de sua gravidade, pode ocorrer um delírio de grandeza do tipo Delírio Humor Congruente, ou seja, um delírio cuja temática é consoante à Mania (humor francamente expandido e eufórico). Esse Delírio Humor Congruente é um delírio de grandeza, de superioridade, de poder sobre-humano, etc., é também conhecido por Megalomania (Mégalo = grande).


Melancolia
Termo originário da tradição hipocrática (séc. IV A.C.) usado até ao fim do séc. XIX para indicar a síndrome depressiva em geral. Enquanto Kraepelin e outros restringiram o seu uso à depressão na idade avançada, Freud redefiniu-o como um correspondente mórbido da tristeza normal. Perante um declínio geral no seu uso, o DSM-III retomou o termo dando-lhe ainda outro significado, segundo o qual a qualidade do humor deprimido (diferente da do luto normal) é a característica proeminente. Em face desta falta de precisão e às conotações contraditórias, não se recomenda continuar a usar este termo.
Memória
Uma maneira importante pela qual a percepção se torna consciente é através da Atenção que, em essência, é a focalização consciente e específica sobre alguns aspectos ou algumas partes da realidade. Assim sendo, nossa consciência pode, voluntariamente ou espontaneamente, privilegiar um determinado conteúdo e determinar a inibição de outros conteúdos vividos. Portanto, reconhece-se a Atenção como um fenômeno de tensão, de esforço, de concentração, de interesse e de focalização da consciência.
A Atenção pode ser entendida como uma atitude psicológica através da qual concentramos a nossa atividade psíquica sobre um estímulo específico, seja este estímulo uma sensação, uma percepção, representação, afeto ou desejo, a fim de elaborar os conceitos e o raciocínio. Portanto, de modo geral a Atenção parece criar a própria consciência.
A Memória, no sentido estrito, pode ser entendida como a soma de todas as lembranças existentes na consciência, bem como as aptidões que determinam a extensão e a precisão dessas lembranças. De modo geral a Memória necessita de duas funções neuropsíquicas fundamentais; a capacidade de fixação, que é a função responsável pelo acréscimo de novas impressões à consciência e graças à qual é possível adquirir novo material mnemônico, e a capacidade de evocação, ou reprodução, pela qual os traços mnêmicos são revividos e colocados à disposição livremente da consciência.
Mescalina
Substância alucinógena que se encontra no cacto peyote, no sudoeste dos Estados Unidos da América e no norte do México. Ver alucinógeno; planta alucinógena.
Metadona
Droga opiácea sintética usada na terapia de manutenção dos dependentes de opioides. Tem uma longa semivida e pode ser administrada oralmente uma vez ao dia, sob vigilância. Ver opioide; terapia de manutenção.
Miopatia relacionada com álcool ou drogas
Alterações dos músculos esqueléticos relacionada com o consumo de álcool ou outras drogas. A perturbação pode ser aguda (caso em que é denominada rabdomiólise aguda) com necrose extensa dos músculos, que ficam moles e inchados e pode complicar-se com mioglobinúria e insuficiência renal. A forma crônica apresenta-se com fraqueza insidiosa e deterioração dos músculos proximais.
Moral
É difícil definir moralidade sem englobar a questão do bem-estar. Pois, nenhum conjunto de regras morais promete a infelicidade. Os seres humanos têm a perspectiva do bem estar. A moralidade implica, portanto, no próprio bem-estar, levando em conta o bem-estar dos outros.
A construção do pensamento moral e sua legitimação é um processo complexo para o ser humano, que começa nas primeiras inter-relações da infância e são modelados e reavaliados a todo instante pelo próprio sujeito.
Tanto a construção quanto a legitimação do pensamento moral abrangem, necessariamente, a afetividade, a interação social e a capacidade cognitiva da pessoa. A moralidade ser humano não é predeterminada nem definida. Como qualquer percepção humana do outro e de si mesmo, a moralidade é dinâmica, temporalizada e especializada.
As regras morais se relacionam com as leis sociais também via economia. Na nossa sociedade, dependemos frequentemente de pessoas que não conhecemos. Portanto, somos obrigados a nos relacionar bem com os desconhecidos. Se isto é necessário, o critério de honestidade, por exemplo, se torna extremamente importante. Quando o conceito moral de honestidade é declinante, a sociedade se torna violenta, sem escrúpulos para lesar o outro.


Motivação inconsciente
Qualquer força intrínseca da qual o indivíduo não está totalmente consciente, que serve para iniciar, manter ou dirigir o comportamento em direção a um objetivo. Muitas teorias psicológicas pressupõem a presença de uma porção inconsciente na estrutura mental que contém memórias, desejos, impulsos, etc., que não estão dentro do campo imediato da consciência e que apesar disso tem um efeito importante no comportamento.

N
Naloxona
Bloqueador dos receptores de opioides que antagoniza os efeitos das drogas opioides. Anula os sintomas da intoxicação opiácea e é prescrita no tratamento da superdose (overdose) causada por este grupo de drogas.
Narcologia
Tanto o estudo dos fenômenos relacionados com as substâncias psicoativas como a especialidade médica que se ocupa destes problemas.
Narcótico
Agente químico que induz estupor, coma ou insensibilidade à dor. O termo refere-se, em geral, a opiáceos ou opioides chamados analgésicos narcóticos. Na linguagem comum ou na terminologia legal é muitas vezes usado com pouco rigor para significar drogas ilegais independentemente de sua farmacologia.
P.ex., a legislação para o controle dos narcóticos no Canadá, Estados Unidos e alguns outros países inclui cocaína e maconha além dos opioides (Ver convenções internacionais sobre drogas). Devido a estes vários significados, é preferível usar termos de conteúdo mais específico (p.ex., opioide).
Negação
Recusa em admitir ou ser capaz de conhecer uma verdade aparente. Em alguns casos de alterações cerebrais, pode existir anosognosia, caracterizada pela falta de consciência dos sintomas e incapacitação. Na teoria psicanalítica, a negação exterioriza um mecanismo psicológico de defesa pelo qual se nega uma dolorosa experiência ou um aspecto do self.
Neuroléptico
Classe de drogas utilizadas no tratamento de psicoses agudas e crônicas. Também são conhecidas como tranquilizantes maiores e antipsicóticos. Os neurolépticos englobam as fenotiazinas (p.ex., clorpromazina, tioridazina, flufenazina) e as butirofenonas (p.ex., haloperidol). Os neurolépticos têm baixo potencial de abuso (Ver abuso de substâncias que não produzem dependência).
Neuropatia periférica
Transtorno e alteração funcional dos nervos periféricos. Pode manifestar-se através de entorpecimento de extremidades, parestesia (sensação de alfinetadas e agulhadas), fraqueza dos membros ou emaciação dos músculos e perda de reflexos dos tendões profundos. A neuropatia periférica pode ser acompanhada de perturbações do sistema nervoso autonômico, com consequente hipotensão postural. A má nutrição, principalmente a deficiência de vitamina B decorrente do uso arriscado de álcool, é uma causa comum de neuropatia periférica. Outras drogas, como os opioides, podem, se bem que raramente, causar esta síndrome. Sinonímia: polineuropatia.
Neurose
É um quadro psiquiátrico onde a pessoa geralmente tem dificuldades de adaptação, apesar de ser possível trabalhar, estudar, ter vida amorosa, estar bem entrosada com a realidade (ao contrário da psicose). A pessoa neurótica vive permanentemente em conflitos psíquicos, não conseguindo, desta forma, aproveitar prazerosamente a existência. Geralmente inicia-se na infância e acompanha o indivíduo por toda a vida. Grande indicação da psicoterapia para o seu tratamento.


Neurose de caráter
Conceito psicanalítico que descreve traços de caráter ora como derivações de fases do desenvolvimento ora como análogos de sistemas particulares. Aquelas poderiam incluir o caráter oral ou anal; estes poderiam incluir o caráter histérico ou obsessivo. As manifestações da neurose de caráter são consideradas como intermediárias entre traços normais de caráter e sintomas neuróticos. O termo é inconveniente, já que pode incluir qualquer transtorno da personalidade e do comportamento.
Neurose de compensação
Sintomas psiquiátricos induzidos, exacerbados ou prolongados como resultado de políticas sociais ou socioculturais. Deve ser diferenciado de "compensação" enquanto processo psicológico. Esta condição pode ocorrer entre vítimas de acidente em litígio por compensação legal, veteranos de guerra que solicitam pensões ligadas ao serviço, e pacientes psiquiátricos que buscam benefícios por incapacidade junto ao seguro social. É especialmente frequente em sociedades que têm seguros por acidentes e/ou por incapacidade e invalidez, pensões especiais para veteranos e indenizações para trabalhadores. Pode acompanhar quase todos os transtornos psiquiátricos.
Neurose depressiva
Termo impreciso originado da teoria psicanalítica (depressão caracterológica), mas que subsequentemente adquiriu vários significados, muitos dos quais contraditórios ou não relacionados a considerações psicodinâmicas. A neurose depressiva tem sido definida pela ausência de sintomas ou sinais de depressão endógena, por sua relação causal com uma situação ou evento estressante e por sua ligação a um padrão de personalidade mal adaptativo. Não há evidências que alguma entidade clínica homogênea preencha todos esses critérios. Ver depressão endógena.
Nicotina
A principal substância psicoativa do tabaco (Nicotiana tabacum); um alcaloide que tem efeitos tanto estimulantes quanto relaxante. Produz efeito de alerta no eletroencefalograma e, em alguns indivíduos, um aumento na capacidade de focalização da atenção; em outros, reduz a ansiedade e a irritabilidade.
A nicotina é utilizada sob forma de inalação da fumaça do tabaco ou como "tabaco sem fumaça" (tabaco de mascar, rapé ou goma de mascar com nicotina). Cada tragada de fumaça de tabaco inalada contém nicotina que é rapidamente absorvida através dos pulmões e chega ao cérebro em segundos.
A nicotina provoca tolerância e dependência consideráveis. Devido a um rápido metabolismo, seus níveis cerebrais caem rapidamente e o fumante sente desejo intenso (craving) de mais um cigarro em 30-45 minutos depois de fumar o último.
No usuário de nicotina que se tornou fisicamente dependente, desenvolve-se uma síndrome de abstinência depois de algumas horas da última dose: desejo intenso (craving) de fumar, irritabilidade, ansiedade, raiva, dificuldade de concentração, aumento do apetite, diminuição do ritmo cardíaco e, às vezes, dor de cabeça e perturbações do sono. O desejo intenso tem seu pico em 24 horas e declina ao longo de várias semanas, apesar de poder ser evocado por estímulos associados a hábitos anteriores de fumar.
O tabaco contém várias outras substâncias além da nicotina. O uso prolongado do tabaco pode resultar em câncer do pulmão, cabeça ou pescoço, doenças cardíacas, bronquite crônica, enfisema e outros transtornos físicos.
A dependência de nicotina (F17.2) está classificada na CID-10 como um transtorno por uso do tabaco no transtorno por uso de substância psicoativa. Ver transtornos por uso de tabaco.
Noz de Betel
A noz de Betel, uma grande semente de uma palmeira asiática (Areca catechu), é embrulhada na folha da pimenteira de Betel (Betel Peper), às quais é adicionada uma pitada de um álcali e aromatizantes. Em contato com a saliva, a mistura libera arecolina, um anticolinérgico estimulante do SNC, algo similar à nicotina. Mascar Betel é muito comum em algumas partes da Ásia e das ilhas do Pacífico.
Esta prática pode produzir dependência e seu uso habitual frequentemente resulta em problemas de saúde, particularmente doenças da boca, incluindo o câncer. Tem havido pouco esforço oficial para controlar seu uso.


Noz de cola
Noz de uma árvore africana da família Sterculiaceae, contendo cafeína e comida socialmente na África ocidental. Um extrato que contém cafeína é amplamente usado em bebidas de cola gaseificadas de largo consumo, algumas das quais também contém extrato de folhas de coca das quais foi removida a cocaína.

O
Obnubilação
A Obnubilação da Consciência é uma alteração da consciência e se caracteriza pela diminuição da sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração das impressões sensoriais. Há ainda lentificação no ritmo e alteração no curso do pensamento, prejuízo da fixação e da evocação da memória, algum grau de desorientação e sonolência mais ou menos acentuada.
Devido ao prejuízo na fixação da memória, possivelmente devido também à alteração da atenção, a qual, embora possa ser despertada por estímulos sensoriais não representa um ponto inicial de alguma progressão psíquica, o paciente obnubilado não se lembra de quase nada do que se passa ou se passou consigo. Na consciência obnubilada nada de novo pode ser acrescentado.
Na Obnubilação da Consciência há também deterioração do pensamento conceptual, que se torna incoerente e fragmentário. Com frequência surgem formas alucinatórias, pseudo-alucinatórias ou delirantes. Embora o paciente não tenha condições de apresentar qualquer queixa somática, é possível verificar, pela expressão fisionômica, algum sentimento de sofrimento, inquietação, ansiedade, depressão, habilidade emocional ou irritabilidade.
A Obnubilação da Consciência pode se apresentar em graus variados, desde leve torpor até à vizinhança do coma. Em muitos casos, a obnubilação da consciência pode representar o primeiro grau da confusão mental ou pode constituir a fase inicial da instalação do coma.
Obsessão
Ideia, emoção ou impulso indesejado que se intromete, de forma repetitiva e insistente, na consciência, a despeito de esforços em contrário, por parte da pessoa que os vivência. Ver compulsão; pensamentos obsessivos; transtorno obsessivo- compulsivo.
Opiáceo
Um dos grupos de alcaloides derivados da papoula (Papaver somniferum) que produz analgesia, euforia e, em doses mais altas, estupor, coma e depressão respiratória. O termo opiáceo não abrange os opioides sintéticos.
Opioide
Termo genérico aplicado a alcaloides da papoula (Papaver somniferum), seus análogos sintéticos e compostos sintetizados pelo organismo que interagem com os mesmos receptores específicos no cérebro. Tem a capacidade de aliviar a dor e de produzir uma sensação de bem-estar (euforia). Em altas doses, os alcaloides do ópio e seus análogos sintéticos também causam estupor, coma e depressão respiratória.
Os alcaloides do ópio e seus derivados semissintéticos incluem a morfina, a diacetilmorfina (diamorfina, heroína), a hidromorfina, a codeína e a oxicodona. Os opioides sintéticos incluem o levorfanol, o propoxifeno, o fentanil, a metadona, a petidina (meperidina) e o agonista-antagonista pentazocina. Os compostos endógenos com ações opioides abrangem as endorfinas e as encefalinas (ver opioides endógenos).
Os opioides utilizados mais comumente (como morfina, heroína, hidromorfina, metadona e petidina) ligam-se preferencialmente aos receptores u; eles produzem analgesia, alterações de humor (como euforia, que pode evoluir para apatia ou disforia), depressão respiratória, entorpecimento, lentificação psicomotora, fala arrastada, perturbações da concentração ou da memória, bem como do juízo crítico.
Com a persistência do uso, a morfina e seus análogos induzem tolerância e alterações neuroadaptativas responsáveis pela hiperexcitabilidade de rebote quando a droga é retirada. A síndrome de abstinência caracteriza-se por uma necessidade imperiosa (craving), ansiedade, disforia, bocejos, sudorese, piloereção (ondas de arrepio), lacrimejamento, rinorreia, insônia, náuseas ou vômitos, diarreia, cãibras, dores musculares e febre.
Com drogas de ação curta como a morfina e a heroína, os sintomas de abstinência aparecem dentro de 8-12 horas após a última dose, atingem o pico em 48-72 horas e desaparecem depois de 7-10 dias. Com drogas de ação mais prolongada como a metadona, o início dos sintomas de abstinência pode ocorrer apenas após 1-3 dias da última dose e o pico se dá entre o terceiro e o oitavo dia. Os sintomas podem persistir por várias semanas, mas geralmente são mais leves do que os que acompanham a abstinência de morfina ou heroína em doses equivalentes.
Há várias sequelas físicas decorrentes do uso de opioides, principalmente como resultado do método de administração usual, o endovenoso. Estas incluem: hepatite B, hepatite C, infecção pelo HIV, septicemia, endocardite, abscessos pulmonares e pneumonia, tromboflebite e rabdomiólise. São comuns também perturbações psicológicas e sociais, frequentemente resultantes da natureza ilícita da utilização não médica destas drogas.
Orientação
Orientação é um estado psíquico funcional em virtude do qual temos consciência plena, em cada momento de nossa vida, da situação real em que nos encontramos. É indubitável que a orientação depende, antes de tudo, da integridade psíquica e do estado de consciência e, uma vez perturbada esta consciência, altera-se concomitantemente a orientação.
A orientação mobiliza, em sua execução, fatores que muito cooperam em sua eficácia funcional e que envolvem o exercício de certas operações mentais, bem mais complexas do que se conhece.
De regra, verifica-se a orientação auto psíquica e a orientação alopsíquica, através da entrevista com o paciente. Pode-se dizer que o paciente está bem orientado quanto à noção do eu, quando fornece ele próprio dados de sua identificação pessoal, revelando saber quem é, como se chama, que idade tem, qual sua nacionalidade, profissão, estado civil, etc. Este atributo da consciência lúcida chama-se Orientação Auto psíquica.
Chama-se de Orientação Alopsíquica a orientação da pessoa em relação ao tempo e ao espaço. A orientação no tempo e no espaço depende estritamente da percepção, da memória e da contínuo processamento psíquico dos acontecimentos.
Overdose
Uso de qualquer droga em quantidade suficiente para provocar agudamente efeitos físicos e mentais indesejáveis. A superdose deliberada é um meio comum de suicídio ou de tentativa de suicídio. Em números absolutos, as superdoses de drogas lícitas são geralmente mais comuns do que as de drogas ilícitas.
A superdose pode provocar efeitos transitórios, duradouros ou morte; entretanto, a dose letal de uma droga em particular varia com o indivíduo e com as circunstâncias do uso. Ver Intoxicação; Envenenamento por Álcool ou Droga.

P
Pancreatite alcoólica
Transtorno caracterizado por inflamação e necrose do pâncreas, frequentemente acompanhado de fibrose e disfunção, relacionada com o consumo de níveis arriscados de álcool. A pancreatite alcoólica pode ser crônica ou aguda. A aguda apresenta-se com dor abdominal alta, anorexia e vômito e pode ser complicada com hipotensão, falência renal, doença pulmonar e psicose.
A crônica geralmente apresenta-se com dor abdominal periódica ou contínua, anorexia e perda de peso; pode haver sinais de deficiência pancreática envolvendo as funções exócrinas do pâncreas (p.ex., má absorção, deficiência nutricional) ou as endócrinas (diabetes mellitus).
Paranoia
Psicose crônica rara na qual gradualmente se desenvolvem delírios sistematizados, elaborados logicamente e sem a presença concomitante de alucinações e da desorganização do pensamento típica da esquizofrenia. Os delírios são geralmente de grandeza (p.ex., o profeta ou o inventor paranoico), de perseguição ou de anormalidade somática.
Paranoide
Um termo descritivo que designa ideias dominantes mórbidas ou delírios de auto referência relativas a um ou mais temas — mais comumente: perseguição, amor, ódio, inveja, honra, litígio, grandeza ou sobrenatural. Estas ideias ou delírios podem ser associados a uma psicose orgânica, uma reação tóxica, um transtorno esquizofrênico, uma síndrome independente, uma reação a estresse emocional ou um transtorno de personalidade.
Pasta de coca
O produto do primeiro passo de processo de extração da cocaína das folhas de coca. Ela contém 50-90% de sulfato de cocaína e impurezas tóxicas como querosene e ácido sulfúrico. É fumada na América do Sul com cannabis, com tabaco ou sozinha. A pasta de coca misturada com cannabis e/ou tabaco é conhecida como pitillo na Bolívia ou bazuco na Colômbia.
Peiote
Botões alucinógenos de vários tipos de cactos (Lophophora Williamsii, Anhalonium lewinii). O agente psicoativo do peiote é a mescalina. Ver Alucinógeno.
Pelagra
Síndrome de deficiência nutricional causada por falta de niacina (vitamina B., ácido nicotínico) ou do aminoácido essencial triptofano (que pode ser convertido em niacina). Caracteriza-se por confusão, depressão, dermatite simétrica que afeia as partes do corpo expostas à luz e sintomas gastrintestinais, especialmente diarreia.
A pelagra é endêmica entre as populações pobres de países onde a base da dieta é milho não processado. Em outros países, aparece principalmente em alcoolistas avançados (pelagra alcoólica). Os sintomas gastrintestinais podem incluir náuseas, vômitos e distensão abdominal.
Os sintomas mentais são variáveis e podem simular qualquer tipo de transtorno mental, mas a depressão é provavelmente a apresentação psiquiátrica mais comum. Pode haver desorientação, alucinações e delirium. Alguns pacientes podem evoluir para demência. A terapêutica de reposição com niacina é eficaz na reversão da maioria dos sintomas; entretanto, alterações mentais graves de longa duração podem responder de forma incompleta a esta abordagem.
Pensamentos obsessivos
Ideias intrusivas, imagens mentais ou impulsos que se impõem a um indivíduo e que quase sempre são sugestões muito angustiantes para o mesmo. Algumas vezes as ideias tomam a forma de indecisão, com considerações infindáveis de alternativas, associadas a uma incapacidade para tomar decisões triviais, mas indispensáveis na vida diária. Há uma estreita relação entre pensamentos obsessivos e depressão.
Pentazocina
Opioide sintético que pode induzir a uma psicose aguda caracterizada por pesadelos, despersonalização e alucinações visuais. Por ter características tanto agonistas quanto antagonistas, a pentazocina pode precipitar uma síndrome de abstinência de narcóticos.
Percepção delirante
Atribuição de um significado anormal a uma percepção normal (geralmente, trata-se de uma experiência delirante de conteúdo místico, revelatório ou ameaçador).
Perda do autocontrole
Incapacidade de modular os afetos, as emoções, os impulsos ou o comportamento. No domínio particular do uso de substâncias psicoativas, refere-se à incapacidade de modular a quantidade e frequência do uso de uma dessas substâncias; a incapacidade de suspender a ingestão de substâncias, tais como o álcool e a cocaína, uma vez que seus efeitos iniciais tenham sido experimentados. Em recentes discussões sobre a síndrome de dependência, o termo "perda do autocontrole" foi substituído por controle prejudicado. Ver Incapacidade de Abster-Se.
Personalidade antissocial
Transtorno de personalidade marcado por uma história de comportamento antissocial crônico no qual os direitos dos outros são violados, persistindo na vida adulta a partir de um padrão de comportamento antissocial que começou no adolescência, bem como de um fracasso para manter um bom desempenho profissional por vários anos. Mentiras, furtos, lutas e ausências injustificadas são sinais precoces típicos.
Personalidade
Padrões arraigados de pensamento, sentimento e comportamento que caracterizam o estilo de vida e o modo de adaptação únicos de um indivíduo, que resultam de fatores constitucionais, do desenvolvimento e da experiência social.
Planta alucinógena
Uma ampla variedade de plantas que contêm alucinógenos que é usada tradicionalmente por povos indígenas com diversas variedades: euforia, sociabilidade, alívio de tensão, como medicamento ou para induzir visões (Ver mescalina; peiote).
Algumas plantas (Lophophora williamsii, Tricherocerus pachamoi, Banisteriosis caapi e outras) são usadas, especialmente por índios das Américas Central e do Sul, dentro de um contexto ritual para produzir alucinações. Tem sido relatado que tais plantas estão tornando-se moda entre experimentadores urbanizados e educados, que podem misturar uma ou outra delas com álcool, cocaína, cannabis ou outra substância psicoativa e podem ter reações adversas.
Política sobre drogas
1.    No contexto de drogas psicoativas, o conjunto de políticas destinadas a combater o fornecimento e/ou a demanda de drogas ilícitas, local ou nacionalmente, incluindo: educação, tratamento, controle e outros programas e políticas. Neste contexto, "políticas sobre drogas" não inclui política farmacêutica (exceto quando há uso não médico), política sobre o tabaco ou política sobre o álcool.
2.    No contexto do Programa de Ação de Medicamentos Essenciais da OMS, "política nacional sobre as drogas”, refere-se a uma política farmacêutica nacional que diz respeito à propaganda, disponibilidade e uso terapêutico de medicamentos. A OMS recomenda que todo país tenha uma política deste tipo, formulada no contexto de um plano de saúde nacional. A Lista de Medicamentos Essenciais da OMS é um esforço para auxiliar os países em desenvolvimento a desenvolverem uma política farmacêutica que leve em consideração as necessidades de saúde e não as pressões comerciais para a alocação dos escassos recursos para produtos farmacêuticos.
Política sobre o álcool
A soma de medidas destinadas a controlar o fornecimento ou afetar a procura de bebidas alcoólicas numa população (geralmente nacional), incluindo educação e programas de tratamento, controle do álcool, estratégias de redução de danos, etc. O termo originou-se nos países escandinavos, denotando a necessidade de uma coordenação de esforços governamentais de saúde pública e/ou a partir de uma perspectiva de ordem pública, e desde os anos 1960 tem-se difundido amplamente.
Potencial de dependência
Propensão de uma substância a gerar um estado de dependência, como consequência de seus efeitos fisiológicos ou psicológicos. O potencial de dependência é determinado pelas propriedades farmacológicas intrínsecas da substância que podem ser avaliados em animais e em seres humanos através de procedimentos laboratoriais. Ver risco de abuso.
Prevenção da recaída
Conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para ajudar indivíduos com problemas relacionados ao álcool ou outra droga a evitarem ou enfrentarem uma recaída ou deslize. Os procedimentos podem ser usados em combinação com outros tratamentos e abordagens terapêuticas, desde que baseados na moderação e abstinência. Através desta técnica, é possível ensinar-se ao paciente estratégias de enfrentamento para evitar situações consideradas perigosas precipitantes de recaída e, através de repetição mental e outras técnicas, a minimizar o uso da substância, uma vez que um deslize tenha ocorrido.


Problemas relacionados com drogas
Qualquer dos múltiplos efeitos adversos do uso de drogas, particularmente do uso de drogas ilícitas. "Relacionado" não implica necessariamente causalidade. O termo foi cunhado por analogia com problemas relacionados com o álcool, mas é menos usado, uma vez que o uso de drogas em si, mais do que suas consequências, tende a ser considerado como o problema e pode ser usado para se referir a problemas tanto individuais quanto sociais.
No controle de drogas em nível internacional, os problemas relacionados com as drogas são levados em conta para o estabelecimento de um determinado nível de controle para certas substâncias através de uma avaliação da OMS do seu potencial de dependência e do seu risco de abuso. "Problema com drogas" é uma expressão semelhante, mas pode ser confundida com "o problema das drogas", que considera as drogas ilícitas como uma questão política.
Problemas relacionados com o álcool
Qualquer um dos concomitantes adversos de beber álcool. É importante destacar que "relacionado" não implica necessariamente "ser causado por". O uso do termo pode referir-se tanto ao bebedor individual como à sociedade e foi adotado por uma Comissão de Peritos da OMS, em 1979. Um relatório da OMS, de 1974, havia usado incapacidade relacionada com o álcool como uma expressão equivalente em nível individual.
"Problema com o álcool" é uma expressão frequentemente usada com um sentido equivalente diferente de "o problema do álcool", uma velha formulação do movimento de temperança para o álcool como uma questão política, e da frase "ele tem um problema de álcool", o que implica que o padrão de beber de uma pessoa é em si mesmo um problema. Ver abuso (de droga, álcool, substância química ou psicoativa); uso nocivo; uso indevido de álcool ou droga.
Programa alternativo
Programa de tratamento ou reeducação para indivíduos encaminhados pela justiça (alternativa criminal) depois de terem sido acusados de dirigir sob o efeito de álcool (alternativa de crime de dirigir alcoolizado) ou sob efeito de outras drogas, de venda ou uso de drogas (alternativa da droga), ou de crime em geral não relacionado a drogas ou álcool.
No uso estritamente legal deste termo, os indivíduos são encaminhados para programas alternativos em vez de serem processados; o caso fica pendente do resultado positivo do programa alternativo a ser cumprido "Alternativo" é também usado mais amplamente para qualquer tipo de encaminhamento da justiça em qualquer estágio do julgamento, sentença ou condição de provação ou até mesmo como sentença condicional de liberdade.
Programa de assistência ao empregado
Programa inserido no emprego que permite o tratamento de problemas relacionados com o álcool ou de problemas relacionados com drogas ou outros transtornos mentais detectados através do desempenho no trabalho ou nos testes para a detecção de drogas. O termo substitui "programa industrial para o alcoolismo" (programa ocupacional para o alcoolismo) dos anos 1970 e se ampliou num enfoque mais geral do "empregado em dificuldade".
Normalmente, este programa se apresenta como uma alternativa para a demissão ou outras sanções, particularmente em casos de primeira infração. O termo teve origem nos EUA, mas atualmente é amplamente usado.
Projeção
Mecanismo de defesa mental pelo qual aquilo que é emocionalmente inaceitável no self é inconscientemente rejeitado e atribuído (projetado) sobre os outros.
Pseudo-síndrome de Cushing induzida por álcool
Transtorno endocrinológico induzido pelo álcool, no qual há produção excessiva de corticosteroides pelas glândulas suprarrenais. Manifesta-se pela face inchada e avermelhada (semelhante à da síndrome de Cushing), obesidade e hipertensão. Distingue-se da verdadeira síndrome de Cushing pela supressão mais imediata dos níveis de cortisol através da administração de dexametasona e pela resolução das anormalidades bioquímicas após a cessação do uso do álcool.


Psicodinâmica
Conhecimento sistematizado e teoria do comportamento humano e sua motivação cujo estudo depende amplamente da importância funcional da emoção; a psicodinâmica reconhece o papel da motivação inconsciente sobre o comportamento humano.
É uma ciência vaticinadora, baseada na presunção de que a configuração total da pessoa e as reações prováveis em qualquer determinado momento são o produto de interações passada entre seus dotes genéticos específicos e o ambiente no qual viveu desde a concepção.
Psicogênese
O conceito de psicogênese ou de causa psicológica foi formalmente introduzido na psiquiatria por Sommer em 1894 para designar estados histéricos que eram provocados ou influenciados por ideias. Desde então esta noção tem sido tão ampliada e usada de forma tão inadequada que se tornou irremediavelmente imprecisa.
Psicose
Transtorno mental maior de origem orgânica ou emocional na qual a capacidade para pensar, responder emocionalmente, recordar, comunicar, interpretar a realidade e comportar-se apropriadamente está suficientemente prejudicada, a ponto de interferir amplamente na capacidade para atender às demandas comuns da vida.
Psicose anfetamínica
Transtorno caracterizado por delírios paranoides frequentemente acompanhados por alucinações auditivas ou táteis, hiperatividade e labilidade do humor, que se desenvolve durante ou logo após o uso repetido de doses moderadas ou altas de anfetaminas. Tipicamente, o comportamento do indivíduo é hostil e irracional, podendo resultar em violência imotivada. Na maioria dos casos, não há obnubilação da consciência, mas um delirium agudo é ocasionalmente observado depois da ingestão de doses muito altas. Este transtorno é incluído na categoria F1x.5, transtorno psicótico decorrente do uso de álcool ou droga, da CID-10.
Psicose de Korsakov
Síndrome caracterizada pela redução predominante e permanente da memória incluindo a perda de memória recente, percepção do tempo desordenada e confabulação que se manifesta em indivíduos dependentes do álcool como sequela de uma psicose alcoólica aguda (especialmente delirium tremes) ou, em casos mais raros, durante a manifestação da síndrome de dependência do álcool. É normalmente acompanhada por neurite periférica e poderá estar associada à encefalopatia de Wernicke. Foi descrita em 1889 por Korsakov. Sinonímia: síndrome amnésica causada por álcool; psicose (síndrome) de Wernicke-Korsakov.
Psicose tóxica
Psicose resultando do efeito tóxico de produtos químicos e drogas, incluindo aquelas produzidas no organismo.
Psicoterapia de grupo
Tipo de psicoterapia que visa reforçar as defesas do cliente e ajudar a suprimir o material psicológico perturbador. A psicoterapia de apoio usa medidas tais como inspiração, confortos, sugestões, persuasão, aconselhamento e reeducação. Evita investigar os conflitos emocionais do cliente em profundidade. Nenhuma das quais conquistou aceitação universal.
A definição mais restrita de psicótico diz respeito a delírios ou alucinações proeminentes, com as alucinações ocorrendo na ausência de insight para sua natureza patológica. Uma definição ligeiramente menos restrita também incluiria alucinações proeminentes que o indivíduo percebe como sendo experiências alucinatórias. 
Ainda mais ampla é a definição que inclui outros sintomas positivos da Esquizofrenia (isto é, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico). À diferença dessas definições baseadas em sintomas, a definições usada no DSM-II e na CID-9 provavelmente era demasiado inclusiva e focalizada no prejuízo funcional de modo que um transtorno mental era chamado de psicótico se resultasse em "prejuízo que interfere amplamente na capacidade de atender as exigências habituais da vida".
Assim, o termo foi definido conceitualmente como uma perda dos limites do ego ou um amplo prejuízo no teste de realidade. Os diferentes transtornos no DSM-IV salientam diferentes aspectos das várias definições de psicótico, com base em seus aspectos característicos.
Psicoterapia
Qualquer forma de tratamento para a doença mental, disfunções comportamentais e outros problemas que se presume serem de natureza emocional na qual uma pessoa treinada deliberadamente estabelece um relacionamento profissional com um cliente, a fim de remover ou retardar os sintomas existentes, de atenuar ou reverter padrões perturbados de comportamento e de promover o desenvolvimento e cresci mento positivo da personalidade.
Psicotrópico
No seu sentido mais geral, é um termo com o mesmo significado de "psicoativos", ou seja, que afeta processos mentais. Em termos estritos, droga psicotrópica é qualquer agente químico com ação primária ou mais significativa no Sistema Nervoso Central. Alguns autores aplicam o termo a drogas de uso primário no tratamento de transtornos mentais, como sedativos ansiolíticos, antidepressivos, agentes antimaníacos e neurolépticos.
Outros usam o termo para se referir a substâncias com alto risco de abuso, devido a seus efeitos no humor, na consciência ou em ambos, como estimulantes, alucinógenos, opioides, sedativos/hipnóticos (inclusive o álcool), etc. No contexto do controle internacional de drogas, "substâncias psicotrópicas" refere-se a substâncias controladas pela Convenção de Substâncias Psicotrópicas de 1971 (Ver convenções internacionais sobre drogas).
Psilocibina
Um dos alucinógenos naturais encontrado em mais de 75 espécies de cogumelos dos gêneros Psilocybe, Paneoeolus e Conocybe, que crescem em várias regiões do mundo. A psilocibina é o principal alucinógeno encontrado nos cogumelos, mas a psilocina também está presente em pequenas quantidades. No entanto, após sua ingestão, a psilocibina é convertida em psilocina pela enzima fosfatase alcalina; a psilocina é aproximadamente 1,4 vezes mais potente que a psilocibina. Ver alucinógenos.

S
Sedativo
Qualquer substância que diminua a atividade de um órgão ou função; mais especificamente, a classe de substâncias farmacológicas que moderam a excitação e induzem um estado de calma pela sua ação depressora sobre o sistema nervoso central. Em altas dosagens pode induzir sono e anestesia geral.
Sedativo/hipnótico
Qualquer depressor do sistema nervoso central com a capacidade de aliviar a ansiedade e induzir tranquilidade e sono. Várias dessas drogas também induzem amnésia e relaxamento muscular e/ou têm propriedades anticonvulsivantes. Os principais sedativo-hipnóticos incluem os benzodiazepínicos e os barbitúricos.
Também estão incluídos o álcool, a buspirona, o hidrato de cloral, o acetilcarbromal, a glutetimida, a metiprilona, o etclorvinol, o etinamato, o meprobamato e a metaqualona. Algumas autoridades usam o termo sedativo/hipnótico apenas para uma subclasse dessas drogas usada para acalmar pessoas com ansiedade aguda ou para induzir o sono; neste sentido, distinguem-nas dos tranquilizantes (menores) usados para o tratamento da ansiedade crônica.
Os barbitúricos têm uma estreita margem de segurança entre doses terapêuticas e doses tóxicas e são letais em doses excessivas. O risco de abuso é alto; a dependência física, incluindo a tolerância, desenvolve-se rapidamente. O hidrato de cloral, o acetilcarbromal, a glutetimida, a metiprilona, o etclorvinol, e o etinamato também possuem alto risco de dependência física e abuso, além de serem altamente letais em doses excessivas. Devido a estes riscos, nenhum sedativo/hipnótico deveria ser usado de forma crônica para o tratamento da insônia.
Todos os sedativos/hipnóticos podem prejudicar a concentração, a memória e a coordenação; outros efeitos frequentes são ressaca, fala ininteligível, falta de coordenação, marcha instável, sonolência, boca seca, diminuição da motilidade gastrintestinal, labilidade de humor. Uma reação paradoxal de excitação ou raiva pode ocorrer, ocasionalmente.
O tempo que antecede o início do sono é reduzido, mas há supressão de sono REM. A supressão da droga pode produzir um rebote de sono REM e deterioração dos padrões de sono. Em consequência, pacientes tratados por um longo período podem tornar-se dependentes psicológicos e físicos da droga, mesmo que nunca tenham excedido a dose prescrita.
As reações de abstinência podem ser graves e ocorrer após umas poucas semanas de uso moderado de um sedativo/hipnótico ou de uma droga ansiolítica. Os sintomas de abstinência incluem ansiedade, irritabilidade, insônia (frequentemente com pesadelos), náusea ou vômito, taquicardia, sudorese, hipotensão ortostática, alucinações, cãibras musculares, tremores e mioclonias, hiper-reflexia e convulsões generalizadas que podem evoluir para um estado de mal epiléptico fatal.
Sensação
Em seu significado preciso, a sensação é um fenômeno psíquico elementar que resulta da ação de estímulos externos sobre os nossos órgãos dos sentidos. Entre o estado psicológico atual e o estímulo exterior há um fator causal e determinante ao qual designamos sensação, portanto, deve haver uma concordância entre as sensações e os estímulos que as produzem. As sensações podem ser classificadas em três grupos principais: externas, internas e especiais.
As Sensações Externas são aquelas que refletem as propriedades e aspectos de tudo, humanamente perceptível, que se encontra no mundo exterior. Para tal nos valemos dos órgãos dos sentidos; sensações visuais, auditivas, gustativas, olfativas e táteis. A resposta específica (sensação) de cada órgão dos sentidos aos estímulos que agem sobre eles é consequência da adaptação desse órgão a esse tipo determinado de estímulo.
As Sensações Internas refletem os movimentos de partes isoladas do nosso corpo e o estado dos órgãos internos. Ao conjunto dessas sensações se denomina sensibilidade geral. Discretos receptores sensitivos captam estímulos proprioceptivos, que indicam a posição do corpo e de suas partes, enquanto outros, que recebem estímulos denominados sinestésicos, são responsáveis pela monitorização dos movimentos, auxiliando-nos a realizar outras atividades cinéticas, segura e coordenadamente.
Os receptores dessas sensações se acham localizados nos músculos, nos tendões e na superfície dos diferentes órgãos internos. Portanto, esse grupo engloba três tipos de sensações: motoras, de equilíbrio e orgânicas.
A Sensação Especial se manifesta sob a forma de sensibilidade para a fome, sede, fadiga, de mal-estar ou bem-estar. Essas sensações internas vagas e indiferenciadas que nos dão a sensibilidade de bem-estar, mal-estar, etc., têm o nome de cinestesia. No processo do conhecimento e do autoconhecimento objetivo as sensações ocupam o primeiro grau.
São as sensações que nos relacionam com nosso próprio organismo, com o mundo exterior e com as coisas que nos rodeiam. O conhecimento do mundo exterior resulta das sensações dele captadas e quanto mais desenvolvidos forem os órgãos dos sentidos e o sistema nervoso do animal, mais delicadas e mais variadas serão as suas sensações.
Serotonina
A Serotonina é uma substância chamada de neurotransmissor, existe naturalmente em nosso cérebro e, como tal, serve para conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra.
Atualmente a Serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância (tornam ela mais disponível) no espaço entre um neurônio e outro.
Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar-se dos efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química. Outros produtos químicos, ou a falta deles, também podem proporcionar alterações emocionais.
Pensando nisso, em meados desse século a medicina começou a suspeitar ser muito provável a existência de substâncias químicas atuando no metabolismo cerebral capazes de proporcionar o estado depressivo. Isso resultou, nos conhecimentos atuais dos neurotransmissores e neuroreceptores, muitíssimo relacionados à atividade cerebral.
Alguns desses neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina, estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o deprimido não é apenas uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem tristes ficam. É mais acertado acreditar nos deprimidos como pessoas que apresenta um transtorno da afetividade, concomitante ou proporcionado por uma alteração nos neurotransmissores e neuroreceptores.
Síndrome amnésica induzida por álcool ou droga
Perturbação crônica e proeminente da memória recente e remota, associada ao uso de álcool ou droga. A recordação imediata está usualmente preservada e a memória remota está menos perturbada do que a memória recente. Perturbações da noção de tempo e do ordenamento de eventos estão evidentes, assim como perturbações de habilidade de aprendizagem de material novo.
A confabulação pode ser marcante, mas não está invariavelmente presente. Outras funções cognitivas estão relativamente bem preservadas e as alterações amnésicas estão fora de proporção com as outras perturbações. Ainda que a CID-10 use o termo “induzida”, outros fatores podem estar envolvidos na etiologia desta síndrome.
A psicose (ou síndrome) de Korsakov induzida pelo álcool é um exemplo de síndrome amnésica e está frequentemente associada à encefalopatia de Wernicke. Esta combinação é frequentemente referida como síndrome de Wernicke-Korsakov.
Síndrome cerebral alcoólica
Termo genérico para uma variedade de transtornos devido ao efeito do álcool sobre o cérebro — intoxicação aguda, intoxicação patológica, síndrome de abstinência, delirium tremens, alucinoses, síndrome amnésica, demência, transtorno psicótico. Deve-se dar preferência a termos mais específicos.
Síndrome de abstinência
Conjunto de sintomas de configuração e gravidade variáveis que ocorrem após a cessação ou redução do uso de uma substância psicoativa que vinha sendo usada repetidamente e geralmente após um longo período e/ou em altas doses. O início e o curso são limitados no tempo e são relacionados com o tipo de substância e com a dose que vinha sendo usada imediatamente antes da interrupção ou da redução do uso. A síndrome pode ser acompanhada por sinais de alterações fisiológicas.
A síndrome de abstinência é um dos indicadores da síndrome de dependência. Também é uma característica que define o significado mais estrito do termo dependência. Tipicamente, as características da síndrome são opostas às da intoxicação aguda.
A síndrome de abstinência do álcool é caracterizada por tremores, sudorese, ansiedade, agitação, depressão, náusea e mal-estar. Ela ocorre entre 6-48 horas após a cessação do consumo de álcool e, quando não complicada, termina após 2-5 dias. Ela pode ser complicada por convulsões tipo grande mal e pode progredir para delirium (conhecido como deliriam tremens).
As síndromes de abstinência de sedativos têm várias características comuns com a abstinência do álcool, mas podem também incluir dores musculares e espasmos, distorções perceptivas e distorções da imagem corporal.
A abstinência de opioides é acompanhada de rinorréia (secreção nasal), lacrimejamento (excesso de formação de lágrimas), dores musculares, calafrios, arrepios e, após 24-48 horas, cãibras abdominais e musculares. O comportamento de busca da droga é proeminente e continua após a diminuição dos sintomas físicos.
A abstinência de estimulantes (crash) não é tão bem definida quanto às síndromes de abstinência às substâncias depressoras do sistema nervoso central; a depressão é proeminente e é acompanhada por mal-estar, inércia e instabilidade. Ver Transtorno por Abuso de Substância Psicoativa.
Síndrome de dependência
Grupo de fenômenos comportamentais, cognitivos, e fisiológicos que podem desenvolver-se após uso repetido de uma substância. Esses fenômenos incluem tipicamente um forte desejo de ingerir a droga, controle prejudicado sobre o seu uso, uso persistente a despeito das consequências danosas, prioridade ao uso da droga sobre outras atividades e obrigações, aumento da tolerância e reação física de privação quando o uso da droga é interrompido.
Na CID-10, o diagnóstico da síndrome de dependência é feito se três ou mais dos seis critérios especificados ocorrerem no prazo de um ano. A síndrome de dependência pode referir-se a uma substância específica (p.ex., tabaco, álcool ou diazepam), a uma classe de substâncias (p.ex., opioides), ou a um espectro mais amplo de substâncias farmacologicamente diferentes. Ver Alcoolismo; Dependência; Transtornos por uso de Substância Psicoativa.
Síndrome de Münchausen
A característica essencial da Síndrome de Münchausen (Transtorno Factício) é a produção intencional de sinais ou sintomas somáticos ou psicológicos. A produção intencional pode incluir a fabricação de queixas subjetivas (por ex., queixas de dor abdominal aguda na ausência de qualquer dor desta espécie), condições auto infligidas (por ex., produção de abscessos por injeção subcutânea de saliva), exagero ou exacerbação de condições médicas gerais preexistentes (por ex., simulação de uma convulsão de grande mal por um indivíduo com história prévia de transtorno convulsivo) ou qualquer combinação ou variação destes elementos.
A motivação para o comportamento consiste em assumir o papel de doente e, pior ainda, de doente misterioso e desafio à medicina. Os indivíduos com Transtorno Factício em geral apresentam sua história de forma dramática quando questionados em maiores detalhes, podem envolver-se em mentiras patológicas, de um modo intrigante para o ouvinte, acerca de qualquer aspecto de sua história ou sintomas. Eles frequentemente possuem um extenso conhecimento da terminologia médica e das rotinas hospitalares.
Os indivíduos com este transtorno podem submeter-se com avidez a múltiplos procedimentos e operações invasivas. Quando confrontados com evidências de que seus sintomas são factícios, os indivíduos com este transtorno geralmente negam as alegações ou abandonam rapidamente o hospital, contrariando disposições médicas. Frequentemente, eles são admitidos, logo depois, em outro hospital.
Síndrome do lobo frontal
As lesões no lobo frontal podem proporcionar uma alteração significativa dos modos de comportamento que eram habituais ao sujeito antes do advento da doença; as perturbações concernem em particular à expressão das emoções, das necessidades e dos impulsos. O quadro clínico pode, além disto, comportar uma alteração das funções cognitivas, do pensamento e da sexualidade. Nas classificações internacionais (CID.10 e DSM.IV) essa síndrome está relacionada ao chamado Transtorno Orgânico da Personalidade.
Síndrome fetal alcoólica
Padrão de retardo do crescimento e do desenvolvimento, tanto mental como físico, com defeitos de crânio, face, membros e cardiovasculares, encontrados em alguns filhos de mães cujo consumo de álcool durante a gravidez é elevado. As anormalidades mais comuns são: deficiência de crescimento pré e pós-natal, microcefalia, atraso no desenvolvimento ou deficiência mental, fendas palpebrais pequenas, nariz curto e arrebitado com a ponte nasal afundada e um lábio superior fino, pregas palmares anormais e malformações cardíacas (especialmente septais). Muitas outras anomalias mais sutis também têm sido atribuídas aos efeitos do álcool no feto (efeitos alcoólicos fetais, EAF), mas há controvérsias quanto ao nível de consumo materno que produz tais efeitos.
Síndrome volitiva
Constelação de características tidas como associadas ao uso de substâncias psicoativas, que inclui apatia, perda de afetividade, capacidade diminuída para encarregar-se de planos complexos ou de longa duração, baixa tolerância à frustração, concentração prejudicada e dificuldade em seguir rotinas.
A existência desta condição é controversa. Ela tem sido relatada principalmente em conexão com o uso de cannabis e pode simplesmente refletir intoxicação crônica por esta droga. Os sintomas também podem refletir a personalidade, atitudes ou estágio de desenvolvimento do usuário. Na literatura de língua inglesa, esta síndrome é conhecida como motivacional.
Síndrome
Um agrupamento de sinais e sintomas com base em sua frequente coocorrência, que pode sugerir uma patogênese básica, curso, padrão familial ou tratamento comuns.
Sistema neurovegetativo
Existe, no organismo, um Sistema Nervoso Autônomo (SNA), responsável pelo gerenciamento de todas nossas vísceras, órgãos e glândulas. Esse SNA se equilibra em dois subsistemas: o Simpático e o Parassimpático. Enquanto o Sistema Simpático, do SNA, acelera tudo, faz subir a pressão, faz aumentar o batimento cardíaco, etc., o Sistema Parassimpático faz exatamente o contrário. Isso para haver um equilíbrio.
Num susto, por exemplo, primeiro funciona o Simpático e em seguida é equilibrado pelo Parassimpático. No Estado de Desequilíbrio Neurovegetativo haveria uma ruptura desse equilíbrio, normalmente devido ao estresse ou ansiedade muito intensa e duradoura. Passa, então a prevalecer ou os sintomas produzidos pelo Simpático ou do Parassimpático.


Socialização
Processo do desenvolvimento de qualidades e de aquisição de aptidões sociais requeridas para o funcionamento efetivo numa cultura particular, que começa no início da infância. Ainda que alguém possa aculturar-se durante a idade adulta em uma cultura estrangeira, a socialização numa cultura estrangeira nesta idade é extremamente difícil, se não impossível.
Speedball
Combinação de um estimulante e um opioide, p.ex., cocaína e heroína, anfetamina e heroína.
Subconsciente
O Subconsciente deve ser estudado juntamente com o estudo da Atenção. Subconsciente é diferente do inconsciente. O aspecto para o qual se dirige a Atenção é chamado de alvo (ou foco), por isso e apropriadamente, podemos fazer uma analogia didática do focalizar da consciência com um alvo de tiro. O elemento que, em dado momento, constitui o objeto de nossa Atenção, ocupa sempre o ponto central do campo da consciência. O centro desse alvo perceptual corresponde ao grau máximo de consciência e é denominado foco da Atenção.
Tudo o que é focalizado (no foco) pela consciência é percebido com Atenção mas, em seu redor, porém, existem outros objetos ou fenômenos psíquicos, os quais, sem ter abandonado o campo da consciência, deixam de ser objeto de Atenção. Os círculos concêntricos mais próximos exprimem, esquematicamente, a área Subconsciente e o círculo mais afastado o inconsciente.
O elemento que, em dado momento, constitui o objeto de nossa Atenção, ocupa sempre o ponto central do campo da consciência, portanto, nossa capacidade para concentrar a atividade da consciência em uma só coisa acaba, forçosamente, excluindo total ou parcialmente as demais. Entre as partes deste conjunto composto pela consciência, subconsciente e inconsciente não é possível estabelecer limites de nítidos.
Substância psicoativa
Substância que quando ingerida afeta os processos mentais, p.ex., cognição ou humor. Este termo e seu equivalente, droga psicoativa, são os termos mais descritivos e neutros para toda a classe de substâncias, lícitas e ilícitas que interessam à política sobre drogas. “Psicoativa” não implica necessariamente produção de dependência, e, no linguajar comum, é frequentemente omitido como em “uso de drogas” ou “abuso de substâncias”.
Nas décadas de 1960 e 1970, houve, em muitos países europeus e de língua inglesa, um amplo debate político-cultural sobre se termos descritivos gerais eram positivos ou negativos em relação às experiências de alterações mentais obtidas com a LSD e drogas similares. Os termos “psicomimético" e “alucinógeno” (que se tornou o nome aceito para esta classe de drogas) tinham uma conotação desfavorável, enquanto "psicodélico" e “psicolítico" transmitiam uma conotação mais favorável.
"Psicodélico", em particular, era também usado com o mesmo amplo alcance de "psicoativo". (O periódico Journal of psychedelic drugs acabou substituindo psychedelic de seu título para psychoactive em 1981.) Ver Psicotrópico.
Substâncias controladas
Substâncias psicoativas e seus precursores cuja distribuição é proibida por lei ou limitada aos canais médicos e farmacêuticos. As substâncias que estão sujeitas a esse controle diferem de país para país.
O termo é frequentemente usado para se referir às drogas psicoativas e seus precursores incluídos nas convenções internacionais sobre drogas (a convenção Única de Drogas Narcóticas de 1961, emendada pelo Protocolo de 1972; a Convenção de Substâncias Psicotrópicas de 1971; a Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Drogas Narcóticas e Substâncias Psicotrópicas de 1988). Tanto internacional como nacionalmente (como no Ato de 1970 sobre Substâncias Controladas, dos EUA), as drogas controladas são normalmente classificadas de acordo com uma relação hierárquica que reflete os diferentes graus de restrição ou disponibilidade.


Substâncias voláteis
Substâncias que se vaporizam a temperatura ambiente. As substâncias voláteis inaladas pelos seus efeitos psicoativos (também chamadas inalantes) incluem os solventes orgânicos presentes em muitos produtos domésticos e industriais (tais como colas, aerossóis, tintas, solventes industriais, lacas, gasolina e fluidos de limpeza) e os nitritos alifáticos, tais como o nitrito de amila .
Algumas substâncias são diretamente tóxicas para o fígado, rins ou coração, e algumas produzem neuropatia periférica ou degeneração cerebral progressiva. Os usuários mais frequentes destas substâncias são adolescentes jovens e crianças de rua.
O usuário tipicamente molha um pano com o inalante e coloca sobre a boca e nariz, ou coloca o inalante num saco de papel ou plástico que é então posto sobre a face (induzindo anoxia além da intoxicação). Os sinais de intoxicação incluem beligerância, agressividade, letargia, alteração psicomotora, euforia, alteração de juízo crítico, tonturas, nistagmo, visão embaciada ou diplopia, fala pastosa, tremores, marcha instável, hiper-reflexia, fraqueza muscular e estupor ou coma.
Suicídio
O termo suicídio define um comportamento  ou ato que visa à antecipação da própria morte. Essencialmente ele resulta de um processo em que a dor psicológica intensa consequência de acontecimentos que tornam a vida dolorosa e/ou insuportável, em que deixam de existir quaisquer soluções que permitam escapar a um processo de introspecção, que deixa como única solução, a morte do próprio individuo.
Este processo desenvolve-se regra geral, gradualmente num sentido negativo provocando um estado dicotômico em que passam a existir apenas duas soluções possíveis para um problema ou situação (tudo ou nada; viver ou morrer). Refira-se que uma das palavras mais relevante e perigosa em suicidologia é a palavra “apenas”, que denuncia exatamente o estado de constrição da mente evidenciando o estreitamento do focos de atenção.
Concorrem para este comportamento fatores psicológicos diversos de entre os quais se destacam a depressão, abuso de drogas ou álcool, doenças do foro psiquiátrico tais como esquizofrenia, depressão bipolar, distúrbio de stress pós-traumático, distúrbio de personalidade borderline entre outros fatores.
Superego
Sistema de forças restritivas e inibidoras dos impulsos básicos tais como: sexo, agressividade, fome etc. Ele é construído junto com as experiências de socialização da criança. Pois ela, ao exprimir instintos básicos, o sujeito corre o risco de se opor aos valores de sua comunidade. À medida que estes valores sociais são apresentados à criança, através de um sistema de reforçamento básico de recompensas e punições para as suas ações, ela constrói a ideia do que é ou não permitido. 
Fortalecendo-se com o tempo, o superego, devidamente estabelecido, torna-se uma "consciência moral" e o controle automático e inconsciente dos impulsos do ID. O termo "superego" é psicanalítico. Na teoria freudiana, a parte da mente que conscientemente identifica-se com pessoas importantes e estimuladas do início da vida, particularmente com os pais; os desejos supostos ou reais dessas pessoas significativas são assumidos como parte dos próprios critérios pessoais para ajudar a formar a "consciência".
Supressor do apetite
Agente utilizado no tratamento da obesidade para reduzir a fome e diminuir a ingestão de alimentos. A maioria destas drogas é constituída por aminas simpaticomiméticas, cuja eficácia é limitada pela insônia associada, pelo fenômeno da dependência e por outros efeitos adversos. As anfetaminas já estiveram anteriormente em amplo uso médico por seus efeitos supressores do apetite. Sinonímia: anorexígenos. Ver Transtorno por uso de Substância Psicoativa.



T
Temperança
Moderação e comedimento, a virtude do controle das paixões e dos impulsos pecaminosos (p.ex., a gula, a luxúria). Nos países de língua inglesa, este conceito tem vários usos em relação ao álcool e outras drogas; originalmente significava um compromisso com a moderação nos hábitos pessoais de beber (p.ex., abster-se de beber bebidas destiladas), mas após 1840 passou a significar um compromisso pessoal com a abstinência total.
Após 1850, passou a significar um compromisso com o controle de álcool local, nacional ou global, geralmente com o objetivo de uma eventual proibição da venda de bebidas alcoólicas (daí o termo proibicionista). Em consonância com preocupações mais amplas de algumas sociedades da temperança, tais como a União das Mulheres Cristãs para a Temperança, a temperança algumas vezes se refere também a comportamentos variados, que incluem a abstinência do tabaco e do uso de outras drogas.
Os termos “nova temperança” ou “neo-temperança” têm sido utilizados desde a década de 1980 para caracterizar indivíduos e grupos comprometidos com um maior controle do álcool ou uma política sobre o álcool mais coerente, ou com uma mudança da reação pública refletida em vários países com o declínio do consumo de álcool. “Neo-proibicionismo” é um termo utilizado mais pejorativamente para as mesmas referências.
Teor alcoólico no sangue
Concentração de álcool (etanol) presente no sangue. É geralmente expresso como massa por unidade de volume, mas diferentes países podem expressá-lo diferentemente ou usar diferentes unidades; p.ex., miligramas por 100 mililitros (mg /100 ml ou, incorretamente, mg por cento), miligramas por litro (mg/l), gramas por 100 mililitros (g/100 ml), gramas por cento, e milimoles por litro.
Uma concentração de 8 partes por mil é expressa em terminologia legal nos EUA como 0.08%, na Escandinávia como 0.8 promille, e no Canadá e outros países como 80mg/100ml. Também existem diferenças entre países quanto ao limite para se dirigir (Ver Dirigir Alcoolizado), com a maioria variando entre 50-100mg/100ml.
O TAS é frequentemente extrapolado a partir da respiração, da urina e de outros fluidos biológicos nos quais a concentração do álcool guarda uma relação conhecida com a do sangue. O cálculo de Widmark é uma técnica para se estimar o TAS num dado momento após ingestão de álcool pela extrapolação dos TAS em momentos conhecidos, assumindo-se uma taxa fixa de eliminação do álcool (cinética de ordem zero).
Em algumas jurisdições é considerado como uma suposição dúbia e não são aceitas estimativas de TAS em pontos anteriores no tempo. Sinonímia: alcoolemia; nível alcoólico sanguíneo.
Terapia aversiva
Tratamento que suprime um comportamento indesejável associando-o a uma experiência dolorosa ou desagradável. Este termo se refere a quaisquer das diversas formas de tratamento da dependência do álcool ou de outras drogas, direcionadas a estabelecer uma aversão condicionada à visão, cheiro, tato ou pensamento da substância indesejada.
Geralmente o estímulo é uma droga nauseante, tal como a emetina ou a apomorfina, administrada logo antes de uma bebida alcoólica, de forma que ocorra vômito imediato, sendo, ao mesmo tempo, evitada a absorção do álcool ou outra substância.
Outro estímulo envolve um choque elétrico dado em associação com uma bebida alcoólica ou com a sugestão visual de bebidas (garrafas, propagandas), administração de uma droga que causa breve paralisia da respiração ou sugestão verbal com ou sem hipnose. Uma técnica relacionada é a sensibilização dissimulada, na qual o procedimento de aversão é todo realizado na imaginação.


Terapia de manutenção
Tratamento da dependência de droga através da prescrição de uma droga de substituição para a qual exista dependência cruzada e tolerância cruzada. O termo, por vezes, refere-se a uma forma menos perigosa de uso da mesma droga usada no tratamento.
Os objetivos da terapia de manutenção são eliminar ou reduzir:
(i)           o consumo de uma substância específica, especialmente se for ilegal, ou reduzir o dano de um determinado método de administração,
(ii)          os perigos concomitantes para a saúde (p.ex., da partilha de agulhas) e
(iii)         as consequências sociais. A terapia de manutenção é muitas vezes acompanhada por tratamentos psicológicos e outros.
Exemplos de terapia de manutenção são a utilização de metadona para o tratamento da dependência de heroína e de goma com nicotina para substituir o fumar tabaco. A terapia de manutenção pode durar desde várias semanas até 20 anos ou mais. É por vezes diferenciada da terapia de diminuição gradual (Ver desintoxicação).
Terapia familiar
Tratamento de mais de um membro de uma família simultaneamente na mesma sessão.
Terapia ocupacional
Método de tratamento de problemas físicos ou psicológicos, baseado numa ocupação proposital e com o objetivo de restaurar a motivação, confiança e habilidades específicas. A diferença entre terapia ocupacional e laborterapia (ou terapia industrial) fundamenta-se principalmente na grande ênfase dada às preferências individuais, à auto-expressão e às atividades de lazer.
Teste de realidade
A atividade cognitiva de distinguir uma fantasia interna da realidade do mundo externo; a habilidade do indivíduo para discernir com precisão seu meio físico, social e cultural. Este conceito diz respeito não apenas à orientação em relação à pessoa, ao espaço e ao tempo do indivíduo, mas também à orientação quanto a status, normas, valores, relacionamentos e comportamento no domínio sociocultural.
Os médicos que atendem pacientes pertencentes a grupos socioculturais diversos do seu devem avaliar a habilidade do paciente para testar a realidade a partir das perspectivas dos pacientes, não das suas. Isto pode requerer um “assessor cultural” ou, pelo menos, algum conhecimento por parte do médico sobre a realidade sociocultural do paciente.
Teste de Rorschach
Teste psicológico desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach (1884-1922) que busca revelar traços da personalidade e conflitos emocionais conscientes e inconscientes, através da obtenção das associações que a pessoa faz para um conjunto padronizado de manchas de tinta.
Teste de triagem
Instrumento ou procedimento de avaliação, tanto biológico como psicológico, cujo objetivo principal é descobrir, numa dada população, o maior número possível de indivíduos que tenham atualmente um transtorno ou condição, ou que estejam arriscados a desenvolvê-lo em algum momento no futuro.
Os testes de triagem não são diagnósticos no sentido estrito da palavra, embora um resultado positivo seja tipicamente seguido por um ou mais testes definitivos para confirmar ou rejeitar o diagnóstico sugerido pelo teste de triagem.
Um teste com alta sensibilidade é capaz de identificar a maioria dos casos que efetivamente apresentam a condição em consideração. P.ex., sensibilidade de 90% significa que o teste irá identificar como positivas 90 de cada 100 pessoas com a condição e deixará de identificar os outros 10 (chamados de "falso-negativos").
A especificidade, por sua vez, refere-se à capacidade de um teste para excluir os casos falsos; ou seja, quanto maior a especificidade, menor a probabilidade que o teste dê resultados positivos para indivíduos que não têm de fato a doença em questão ("falso-positivos").


O termo “instrumento de triagem” é também de uso comum, referindo-se tipicamente a um questionário ou a uma breve entrevista estruturada. Há, atualmente, uma infinidade de tais instrumentos, alguns gerais p.ex., o Questionário de Auto Relato (SRQ) e o Questionário de Saúde Geral (GHQ) e outros para transtornos específicos p.ex., depressão, alcoolismo. Ver Marcador Biológico; Teste Diagnóstico.
Teste diagnostico
Procedimento ou instrumento usado junto com a observação de padrões comportamentais, história e exame clínico para ajudar a estabelecer a presença, natureza ou fonte de (ou vulnerabilidade) a um transtorno ou para medir uma característica específica de um indivíduo ou grupo.
Os espécimes testados variam de acordo com a natureza da investigação: urina (p.ex., para detectar a presença de drogas), sangue (p.ex., para medir o teor de alcoolemia), sêmen (p.ex., para medir a motilidade de espermatozoides), fezes (p.ex., para detectar a presença de parasitas), líquido amniótico (p.ex., para detectar um transtorno fetal hereditário), tecidos (p.ex., para a presença e atividade de células neoplásicas), etc.
Os métodos de teste também variam e incluem exames bioquímicos, imunológicos, neurofisiológicos e histológicos. Técnicas diagnósticas por imagem incluem Raios X (RX), tomografia computadorizada (CAT Scan), tomografia por emissão de pósitrons (PET Scan) e imagem por ressonância magnética (MRI).
As investigações psicológicas podem envolver testes de inteligência, de personalidade e projetivos (tais como o teste das manchas de Rorschach) e baterias de testes neuropsicológicos para determinar o tipo, localização e grau de qualquer disfunção cerebral e suas expressões comportamentais. Ver Marcador Biológico, Teste De Triagem.
Testes projetivos
Testes psicológicos diagnósticos nos quais o material de teste d desestruturado, de modo que qualquer resposta refletirá urna projeção de algum aspecto da personalidade e psicopatologia subjacente do indivíduo.
Tipologia de Jellinek
A classificação do alcoolismo feita em 1960 por Emíl Jellinek em seu livro The disease concept of alcoholism O conceito de alcoolismo como doença postulava a existência dos seguintes tipos:
·         alcoolismo alfa — caracterizado por dependência psicológica, sem desenvolvimento de dependência fisiológica; também chamado beber problemático, beber como fuga.
·         alcoolismo beta — caracterizado por complicações físicas, envolvendo um ou mais sistemas orgânicos, com enfraquecimento geral da saúde e tempo de vida reduzido.
·         alcoolismo gama — caracterizado por aumento da tolerância, perda de controle e síndrome de abstinência após interrupção do consumo de álcool; também chamado alcoolismo "Anglo-Saxão".
·         alcoolismo delta — caracterizado por aumento de tolerância, sintomas de abstinência e incapacidade de abster-se, mas nunca perda do autocontrole sobre a quantidade consumida (Ver alcoolização).
·         alcoolismo épsilon — beber paroxística ou periodicamente, beber compulsivo; às vezes referido como dipsomania.
Tolerância cruzada
Desenvolvimento de tolerância para uma substância, como resultado da ingestão aguda ou crônica de outra substância à qual o indivíduo não tenha sido exposto previamente. As duas substâncias geralmente, mas nem sempre, têm efeitos farmacológicos similares. A tolerância cruzada é evidenciada quando a dose de uma nova substância não produz o efeito esperado. Ver Dependência Cruzada; Desintoxicação.
Tolerância
Diminuição de resposta a uma dose de determinada substância que ocorre com o uso continuado da mesma. No consumidor frequente ou de grandes quantidades de bebidas alcoólicas (ou de outras drogas), p.ex., são necessárias doses mais elevadas de álcool para alcançar os efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas. Tanto fatores psicológicos como psicossociais podem contribuir para o desenvolvimento da tolerância, que pode ser física, comportamental ou psicológica.
Com referência aos fatores fisiológicos, podem desenvolver-se tanto a tolerância metabólica como a funcional. Aumentando-se a taxa de metabolismo da substância, o organismo pode ser capaz de eliminar a substância mais rapidamente. A tolerância funcional é definida pela diminuição da sensibilidade do sistema nervoso central para a substância.
A tolerância comportamental é uma mudança no efeito da droga como resultado de aprendizado ou de alterações ambientais. Tolerância aguda é uma acomodação rápida, temporária, ao efeito de uma substância após uma única dose. Tolerância reversa, também conhecida como sensibilização, refere-se a uma condição na qual a resposta a uma substância aumenta com o uso repetido. A tolerância é um dos critérios para a síndrome de dependência. Ver Síndrome de Dependência; Transtorno por uso de opioides.
Toxicomania, Adicção ou Drogadicção
Desajuste psiquiátrico causado por drogas, geralmente as ilícitas (maconha, cocaína, LSD, heroína), que leva a prejuízos ao indivíduo e à sociedade. É um problema de saúde pública .O toxicômano geralmente tem um desejo incontrolável de obter a droga e tentará obtê-la sob qualquer modo, até criminalmente. O toxicômano também tem a tendência de aumentar as doses do tóxico para obter os mesmos efeitos, em virtude do fenômeno da tolerância. A retirada das drogas geralmente causa sintomas de abstinência, fazendo o toxicômano sofrer horrivelmente. Geralmente são indivíduos problemáticos, os quais buscam nos tóxicos a fuga dos seus problemas. Incide mais nos jovens e menos na vida adulta.
Tranquilizante
Agente calmante; termo geral para várias classes de drogas empregadas no manejo sintomático de várias doenças mentais, usadas para aliviar a ansiedade (tranquilizantes menores) ou para fazer diminuir sintomas psicóticos (tranquilizantes maiores). O termo pode ser utilizado para diferenciar estas drogas dos sedativo-hipnóticos: os tranquilizantes tem um efeito depressor e calmante sobre os processos psicomotores sem interferirem na consciência e no pensamento, a não ser em altas doses.
Transtorno Bipolar (PMD)
Transtorno Bipolar é um transtorno caracterizado por dois ou mais episódios de alteração do humor onde o nível de atividade do sujeito está profundamente perturbado, sendo que este distúrbio consiste em algumas ocasiões de uma elevação patológica do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um rebaixamento patológico do humor e de redução da energia e da atividade (depressão). Pacientes que sofrem somente de episódios repetidos de hipomania ou mania são classificados como bipolares. Esse transtorno chamava-se Psicose Maníaco-Depressiva até antes de editar-se o CID.10.
O DSM.IV já classifica o Transtorno Afetivo Bipolar em dois tipos: Bipolar I e Bipolar II. A característica essencial do Transtorno Bipolar I é um curso clínico caracterizado pela ocorrência de um ou mais Episódios Maníacos ou Episódios Mistos. Com frequência, mas não obrigatoriamente, os indivíduos também tiveram um ou mais Episódios Depressivos Maiores. A característica essencial do Transtorno Bipolar II é um curso clínico marcado pela ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos Maiores, acompanhados por pelo menos um Episódio Hipomaníaco. Os Episódios Hipomaníacos não devem ser confundidos com os vários dias de eutimia que podem seguir-se à remissão de um Episódio Depressivo Maior.
Transtornos da personalidade
Padrões profundamente enraizados, inflexíveis e disfuncionais de relacionar-se, perceber e pensar, graves o suficiente para causar ou prejuízo no desempenho pessoal ou angústia. Os transtornos de personalidade são geralmente identificáveis na adolescência ou antes, continuam até a idade adulta e tornam-se menos óbvios no meia-idade ou velhice.
Transtornos fóbicos
A diferença entre a Fobia sintoma e o Transtorno Fóbico, deve ser considerada como a diferença que se faz entre o sintoma e a doença. A Fobia, como sintoma faz parte da alteração do pensamento, aparece como um medo imotivado e patológico, ilógico e especificamente orientado para um determinado objeto ou situação.


Normalmente é acompanhada de intensa ansiedade e outros sintomas autossômicos. O Transtorno Fóbico-Ansioso se caracteriza, exatamente, pela prevalência da Fobia sintoma entre os demais sintomas de ansiedade, ou seja, um medo anormal, desproporcional e persistente diante de um objeto ou situação específica. Dentro dos quadros fóbico-ansiosos destacam-se três tipos:
(i)           Agorafobia;
(ii)          Fobia Social e;
(iii)         Fobia Específica.
A FOBIA ESPECÍFICA (anteriormente Fobia Simples) tem como característica essencial o medo acentuado e persistente de objetos ou situações claramente discerníveis e circunscritos. A exposição ao estímulo fóbico provoca, quase invariavelmente, imediata resposta de ansiedade com muitos sintomas físicos. A FOBIA SOCIAL também é um quadro fóbico-ansioso.

U
Uso arriscado
Um padrão de uso de substância psicoativa que aumenta o risco de consequências prejudiciais para o usuário. Alguns limitariam as consequências à saúde física e mental (como em uso nocivo); outros também incluiriam consequências sociais. Ao contrário do uso nocivo, o uso arriscado refere-se a padrões de uso significativos para a saúde pública, apesar da ausência de qualquer transtorno atual no usuário. O termo é usado atualmente pela OMS, mas não é um termo diagnóstico na CID-10.
Uso de múltiplas drogas
O consumo por um indivíduo de mais do que uma droga ou tipo de droga, muitas vezes ao mesmo tempo ou sequencialmente e normalmente com a intenção de intensificar, potencializar ou neutralizar os efeitos de outra droga.
O termo é também utilizado, menos rigorosamente, para incluir o consumo independente de duas ou mais drogas pela mesma pessoa; tem uma conotação de utilização ilícita, embora o álcool, a nicotina e a cafeína sejam as substâncias mais frequentemente utilizadas em combinação com outras nas sociedades industrializadas.
O transtorno por uso de múltiplas drogas (F19) é um dos “transtornos mentais e de comportamento por uso de substância psicoativa” da CID-10, diagnosticado unicamente quando se sabe que há envolvimento de duas ou mais substâncias e é impossível avaliar qual delas contribui mais para o transtorno.
Também se utiliza esta categoria quando a identidade exata de algumas ou mesmo de todas as substâncias que estão a ser usadas é incerta ou desconhecida, já que muitos consumidores de múltiplas drogas não sabem muitas vezes o que estão a consumir.
O termo “politoxicomania”, de origem francesa, exprime um significado semelhante ao de uso de múltiplas drogas, exceto que pressupõe a dependência a uma ou mais das drogas consumidas. Sinonímia: uso (abuso) de polidrogas. Ver transtorno por uso de substância psicoativa.
Uso indevido de álcool ou droga
Utilização de uma substância com propósito incompatível com as normas legais ou médicas, como acontece com o uso não médico de medicamentos que requerem receita. Há quem prefira esta designação a abuso, por não envolver juízo de valor. Ver uso arriscado.
Uso nocivo
Padrão de consumo de qualquer substância psicoativa que produz dano para a saúde. O prejuízo pode ser físico (p.ex., hepatite secundária ao uso de drogas injetadas) ou mental (p.ex., episódios depressivos secundários à ingestão abundante de álcool). Comumente, mas não invariavelmente, o uso nocivo tem consequências sociais adversas; no entanto, consequências sociais, por si mesmas, não são suficientes para justificar o diagnóstico de uso nocivo.
O termo foi introduzido no CID-10 e suplantou "uso não dependente" como termo diagnóstico. O equivalente mais aproximado em outros sistemas diagnósticos (p.ex., DMS-III-R) é abuso de substância psicoativa, que usualmente inclui consequências sociais. Sinonímia: abuso de substância psicoativa. Ver transtorno por uso de substância psicoativa; uso arriscado.


V
Violência Doméstica
A Violência Doméstica é um problema que atinge milhares de crianças, adolescentes e mulheres. É um problema que não costuma obedecer algum nível sociocultural específico, como se pode pensar. Sua importância é relevante sob dois aspectos; primeiro, devido ao sofrimento indescritível que imputa às suas vítimas, muitas vezes silenciosas, em segundo, porque, comprovadamente, a violência doméstica, incluindo aí a Negligência Precoce e o Abuso Sexual, podem impedir um bom desenvolvimento físico e mental da vítima. Nos dias de hoje parece haver um consenso quanto adotar-se a nomenclatura de "Maus Tratos". Os Maus-Tratos constituem quatro categorias formais de Violência Doméstica, sendo elas:

Abusos Físicos
Abusos Sexuais
Abusos Psicológicos
Negligências

Z
Zoopsia
Uma forma de alucinação em que o doente vê animais (p.ex., insetos, cobras, cachorros). Acompanha usualmente psicoses associadas a condições orgânicas agudas, tais como delirium tremens, mas pode ocorrer como parte de um transe religioso ou de uma visão. Ver experiências sobrenaturais.


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