Glossário
A
Abstinência
A abstenção do uso de droga ou (particularmente) de bebidas
alcoólicas, por questão de princípio ou por outras razões.
Quem pratica a abstinência de álcool é chamado de “abstêmio”
ou “abstêmio total”.
A expressão “atualmente abstinente”, frequentemente empregada em
inquéritos populacionais, geralmente define uma pessoa que não ingeriu
bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses;
esta definição não coincide necessariamente com a descrição que o próprio
indivíduo faz de si como um abstêmio. O termo
“abstinência” não deve
ser confundido com “síndrome de abstinência”.
Abstinência condicionada
Uma síndrome com sinais
e sintomas semelhantes à abstinência, ocasionalmente vivenciada
por indivíduos dependentes
de álcool
ou opiáceos
em abstinência,
que são expostos a estímulos previamente associados
com o uso de álcool ou
outras drogas.
De acordo com a teoria
clássica do condicionamento, estímulos ambientais não condicionados, temporariamente associados a reações não condicionadas
de abstinência
tornam-se estímulos condicionados
capazes de eliciar os mesmos
sintomas de abstinência. Em outra
versão da teoria do condicionamento,
uma resposta inata compensatória aos efeitos de uma substância (tolerância aguda) torna-se
condicionalmente relacionada aos estímulos associados ao uso da substância.
Se os estímulos são apresentados sem a administração
concreta da substância, a resposta
condicionada é eliciada
como uma reação compensatória do
tipo da abstinência.
Deve-se, no entanto, diferenciar “abstêmio” (pessoa que não bebe ou não usa drogas) de
“abstinente” (pessoa que presentemente não está bebendo, que não está usando drogas).
Abstinência protraída
A ocorrência de sintomas da síndrome de abstinência, geralmente leves, mas desconfortáveis, por várias semanas ou meses após
a síndrome de abstinência física aguda ter passado.
Esta é uma condição
mal definida descrita
em dependentes do álcool, dependentes
de sedativos, e dependentes de opioides.
Os sintomas psíquicos, como ansiedade, agitação, irritabilidade e depressão,
são mais proeminentes que os
sintomas físicos. Os sintomas
podem ser precipitados ou exacerbados pela
visão do álcool ou da droga de dependência, ou pelo retorno ao ambiente previamente
associado ao uso de álcool ou de outra droga.
Abulia e hipobulia
Por Hipobulia e Abulia entende-se, respectivamente,
a diminuição e a total incapacidade do potencial volitivo. Esse enfraquecimento
da vontade pode ocorrer fugazmente em indivíduos normais, em estados de fadiga
ou em consequência de trauma emocional intenso. Nessa situação há lentidão
concomitante das ações e dos movimentos (bradibulia e bradicinesia).
A debilidade da vontade é observada em todos os
estados de depressão e de inibição. A Hipobulia pode ser permanente nas
esquizofrenias e em oligofrênicos apáticos. O tipo mais característico de
debilidade volitiva é encontrado na depressão, na qual a vontade está inibida
em todo o período de duração do acesso. Em estados depressivos a Hipobulia é
duradoura, onde surge junto com a baixa volição as típicas dificuldades de
decisão.
Abuso
(de drogas, de álcool, de substâncias, de
produtos químicos ou de substâncias psicoativas).
Um grupo de termos muito utilizado embora
com significados variáveis. Na 3a edição revista do Manual Diagnóstico e
Estatístico da Associação Psiquiátrica Norte-Americana (DSM-III-R), “abuso de
substância psicoativa” é definido como “padrão desajustado de uso indicado pela
continuação desse uso apesar do reconhecimento da existência de um problema
social, ocupacional, psicológico ou físico, persistente ou recorrente, que é
causado ou exacerbado pelo uso recorrente em situações nas quais ele é
fisicamente arriscado”.
Trata-se de uma categoria residual, ao qual
é preferível o diagnóstico de dependência, quando for o caso. O termo “abuso” é
algumas vezes utilizado de forma desaprovativa para designar qualquer tipo de
uso, particularmente o de drogas ilícitas.
Devido à sua ambiguidade, o termo não é
usado na 10a revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) (exceto
no caso de substâncias que não produzem dependência; veja mais adiante); uso
nocivo e uso arriscado são os termos equivalentes na terminologia da OMS,
embora eles geralmente digam respeito apenas aos efeitos físicos e não às consequências
sociais.
O emprego de “abuso” também é desestimulado
pelo Escritório de Prevenção do Abuso de Substâncias dos EUA, embora expressões
como “abuso de substâncias” sigam sendo amplamente utilizadas na América do
Norte, para se referir, de modo geral, aos problemas do uso de substâncias
psicoativas.
Em outros contextos, o abuso já indicou
padrões de uso não médico ou não aprovado, independentemente das consequências.
Assim, a definição publicada em l969 pela Comissão de Peritos da OMS em
Dependência de Drogas foi “uso excessivo de droga, persistente ou esporádico,
inconsistente ou sem relação com a prática médica aceitável”.
Abuso
de substâncias que não produzem dependência
Definido na CID-10 como o uso repetido e
inadequado de uma substância que, embora isenta de potencial de dependência, se
acompanha de efeitos físicos ou psicológicos nocivos ou envolve um contato
desnecessário com profissionais da saúde (ou ambos).
Esta categoria poderia ser mais
apropriadamente chamada de “uso indevido de substâncias não psicoativas”
(compare com uso indevido de álcool ou droga). Na CID-10, este diagnóstico está
incluído na secção “Síndromes comportamentais associadas a perturbações fisiológicas
e fatores físicos”.
Uma ampla variedade de medicamentos à venda
com prescrição médica ou de venda livre e de remédios populares e fitoterápicos
pode estar envolvida. Os grupos particularmente importantes são:
·
Drogas psicotrópicas que não produzem dependência,
tais como os antidepressivos e os neurolépticos;
·
Laxativos (o uso inadequado dos mesmos é
chamado de “hábito laxativo”);
·
Analgésicos que podem ser comprados sem
prescrição médica, tais como aspirina (ácido acetilsalicílico) e paracetamol
(acetaminofeno);
·
Esteroides e outros hormônios;
·
Vitaminas; e antiácidos.
Embora estas substâncias não produzam,
tipicamente, efeitos psíquicos agradáveis, as tentativas de desencorajar ou
proibir o seu uso frequentemente encontram resistência. A despeito da forte
motivação do paciente para tomar a substância, não há o desenvolvimento de
síndrome de dependência nem de síndrome de abstinência. Estas substâncias não
têm potencial de dependência no sentido de efeitos farmacológicos intrínsecos,
mas são capazes de induzir dependência psicológica.
Abuso de substâncias
Uso patológico de agentes que modificam o humor,
comportamento e cognição, criando um prejuízo no funcionamento social ou
ocupacional.
Adicção
O uso repetido
de uma ou mais substâncias psicoativas, a tal ponto que o usuário
(designado como um adicto) fica periódica
ou permanentemente
intoxicado, apresenta uma compulsão para consumir a substância preferida (ou as substâncias
preferidas), tem grande dificuldade
para interromper ou modificar
voluntariamente o uso da
substância e demonstra uma determinação de obter substâncias psicoativas por quaisquer meios.
Numa situação típica,
a tolerância é proeminente e quando
o uso da substância é interrompido frequentemente ocorre uma síndrome de abstinência. A vida de um adicto
pode ser dominada pela substância a ponto de uma virtual exclusão de todas as demais atividades e responsabilidades.
O termo adicção também
tem a conotação de que o uso
de tal
substância tem um efeito negativo
para a sociedade, além de para
o indivíduo; quando aplicado ao uso
do álcool,
é equivalente a alcoolismo.
Adicção é um termo antigo e de uso variado. É
considerado por muitos como uma entidade nosológica específica, um transtorno debilitante baseado
nos efeitos farmacológicos da droga, implacavelmente progressivos.
De 1920 a 1960 houve tentativas para se diferenciar
adicção de “hábito”, uma forma menos grave de adaptação psicológica. Nos anos 1960 a
Organização Mundial da Saúde
recomendou que ambos os termos fossem abandonados em favor de dependência, que
pode existir em vários graus de gravidade.
Álcool
Na terminologia química, os álcoois constituem
um numeroso
grupo de compostos orgânicos derivados
de hidrocarbonetos
que
contém um ou mais grupos hidroxila (-OH). O etanol (ou álcool etílico, C H OH) é um dos membros dessa classe de compostos, e é o principal ingrediente psicoativo das bebidas alcoólicas.
Por extensão,
o termo “álcool” também é usado para
referir-se a bebidas alcoólicas.
O etanol resulta da
fermentação de açúcar produzida por
lêvedos. Em condições normais, as
bebidas produzidas por fermentação
têm uma concentração de álcool que não ultrapassa
14%. Na
produção de álcoois por destilação,
ferve-se uma mistura fermentada e o etanol que se evapora
é recolhido como um condensado
quase puro. Além do seu uso para consumo
humano, o etanol é também usado
como combustível,
como solvente
e na manufatura
química.
O álcool absoluto (etanol anidro) é o etanol contendo
não mais
do que
1% de
água por
massa. Nas estatísticas sobre produção
ou consumo
de álcool,
o álcool absoluto refere-se ao conteúdo de álcool (como 100% de etanol) das bebidas alcoólicas.
Do ponto de
vista químico, o metanol (CH OH), também
conhecido como álcool metílico e álcool
de madeira
(ou de amido), é o mais simples
dos álcoois.
É usado como um solvente industrial
e também como um adulterador para desnaturar o etanol e torná-lo impróprio para o consumo (bebidas metiladas). O metanol é altamente tóxico; dependendo
da quantidade
consumida, pode produzir turvação da visão, cegueira,
coma e morte.
Outros álcoois impróprios
para o consumo, com efeitos potencialmente
nocivos, são consumidos ocasionalmente, como, p.ex.,
o isopropanol (álcool isopropílico, frequente em
desinfetantes) e etilenoglicol (usado como anticongelante em automóveis).
O álcool é um
sedativo/hipnótico com efeitos semelhantes
aos dos barbitúricos. Além dos efeitos sociais do uso, a intoxicação pelo álcool pode resultar em envenenamento e até morte;
o uso
excessivo e prolongado
pode resultar em
dependência ou
numa ampla
variedade de transtornos mentais orgânicos
e físicos.
Os transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de
álcool (F10) são classificados
como
transtornos decorrentes do uso de substância psicoativa na CID-10 (F10-F19).
Alcoolismo
Um termo antigo e de
significado variável, em geral
refere-se a um padrão
crônico e continuado de ingestão de álcool, ou mesmo periódico, e que é caracterizado pelo comprometimento do controle sobre
a ingestão, frequentes episódios de intoxicação e preocupação com o álcool e seu uso, apesar
das consequências adversas.
O termo alcoolismo foi originalmente cunhado em
1849 por Magnus Huss. Até os anos 1940, referia-se principalmente às consequências físicas do beber pesado, de longa duração (alcoolismo Beta
na
tipologia de Jellinek).
Um conceito mais restrito
é o de alcoolismo
como uma doença, caracterizada pela perda
do controle
sobre o beber,
causado por uma anormalidade biológica pré-existente
e que tem um curso progressivo
previsível. Posteriormente, o termo
foi usado por Jellinek e outros para indicar o consumo de álcool que leva a qualquer
tipo de dano (físico, psicológico ou social,
tanto para o indivíduo como para
a sociedade). Jellinek subdividiu
o alcoolismo assim definido em
uma série de “tipos” designados
por letras gregas.
A inexatidão do termo levou uma
Comissão de Peritos da OMS,
em 1979,
a desaprová-lo, preferindo estreitar a formulação
para síndrome de dependência do álcool como um dos muitos problemas relacionados com o álcool. O alcoolismo não está incluído como uma
entidade diagnóstica na CID 10.
Apesar de seu significado ambíguo,
alcoolismo é ainda amplamente
usado como termo diagnóstico e descritivo. Em 1990, por
exemplo, a Sociedade
Norte-americana de
Adicções definiu o alcoolismo
como “uma doença crônica primária
que tem seu desenvolvimento e suas manifestações influenciados
por fatores genéticos, psicossociais e ambientais”.
A doença
frequentemente é progressiva e fatal. “É caracterizada por uma perturbação
contínua ou periódica do controle sobre a ingestão, uma preocupação com o
álcool, o seu uso apesar das consequências adversas e distorções de pensamento,
notadamente, negação”. Outras
formulações têm dividido o alcoolismo em diversos tipos: algumas
o consideram como doença e outras, não.
Distingue-se: o alcoolismo essencial do alcoolismo reativo, sendo que “essencial” tem o objetivo
de indicar que
o alcoolismo não é secundário nem provocado
por nenhuma outra condição; alcoolismo primário de secundário,
para indicar a ordem de início, em casos de duplo diagnóstico; e o tipo I do tipo II, tendo este último
um componente
genético fortemente ligado ao sexo
masculino.
Antigamente, a dipsomania (ingestão
episódica) e a adicção ao
álcool referiam-se à perda do controle
sobre a ingestão
de bebidas; embriaguez tinha também uma relação
mais estreita com a intoxicação habitual
e seus efeitos
prejudiciais.
Além da alucinose, que é produzida regularmente, são frequentes outros efeitos adversos de alucinógenos, entre os quais:
·
Más-viagens;
·
Transtorno de percepção pós-alucinógeno
ou flashbacks;
·
Transtorno delirante, que geralmente segue-se à má- viagem;
as mudanças
perceptuais atenuam-se, mas o indivíduo torna-se convencido de que
as distorções
perceptuais vivenciadas correspondem
à realidade; o estado delirante
pode durar apenas um ou
dois dias, ou pode persistir
além desse período;
·
Transtorno afetivo ou do humor, que consiste em ansiedade,
depressão ou mania que ocorre
logo após o uso de alucinógeno e persiste
por mais de 24 horas; tipicamente o indivíduo
sente que nunca mais poderá voltar ao
normal e expressa preocupação
a respeito de um dano cerebral como resultado da ingestão de droga.
Os alucinógenos têm sido usados
como coadjuvantes de terapia
através do “insight”, mas
esse uso tem sido restrito
ou até
mesmo banido pela legislação.
Alienação
Condição
caracterizada pela perda de relacionamentos significativos com outros, com sua
sociedade ou sua cultura. Este termo, também usado num sentido socioeconômico,
passou a substituir o antigo conceito de loucura. A falha da sociedade em
aculturar e socializar o desenvolvimento individual pode, por sua vez, produzir
ou exacerbar perturbações psicopatológicas, tais como despersonalização,
comportamento dissociativo e desavenças com outros indivíduos.
Alogia
Um empobrecimento do pensamento, inferido pela observação
da fala e do comportamento relativo à linguagem. As respostas a perguntas podem
ser breves e concretas e a quantidade de fala espontânea pode ser restrita
(pobreza da fala). Ocasionalmente, a fala é adequada em quantidade, mas
transmite poucas informações por ser excessivamente concreta, abstrata,
repetitiva ou estereotipada (pobreza do conteúdo).
Alteração
do humor
Uma
mudança mórbida do afeto que ultrapassa as variações normais, e que leva a
vários estados que incluem: depressão, exaltação, ansiedade, irritabilidade e
raiva.
Alterações
permanentes da personalidade
Um
transtorno da personalidade e do comportamento adulto que se desenvolve após
estresse catastrófico ou excessivamente prolongado, ou após várias doenças
psiquiátricas graves num indivíduo sem transtorno de personalidade prévia. Há
uma mudança definitiva e permanente no padrão individual de perceber, relacionar-se
com ou pensar sobre o meio ambiente e o eu.
A mudança
de personalidade é associada com comportamento inflexível e mal adaptativo que
não estava presente antes da experiência patogênica e não é uma manifestação de
outro transtorno mental nem um sintoma residual de qualquer transtorno mental
precedente. A síndrome de personalidade com dor crônica se enquadra nesta
categoria.
Alucinação
Sensopercepção,
de qualquer natureza, que se dá na ausência de estímulo externo apropriado. As
alucinações podem subdividir-se de acordo com: a modalidade sensorial afetada;
a intensidade; a complexidade; a clareza de percepção; e o grau subjetivo de
sua projeção ao exterior.
Em
indivíduos normais, podem ocorrer alucinações nos estados de transição
vigília-sono (hipnagógicas) e sono-vigília (hipnopômpicas). Enquanto fenômeno
mórbido, as alucinações podem ser sintomáticas de patologia orgânica cerebral,
de psicoses funcionais e de intoxicação por drogas, com aspectos
característicos para cada qual.
Dependendo
da cultura, algumas alucinações podem ou não ser socialmente sancionadas como
eventos reais (p.ex., comunicação com os mortos ou espíritos, mensagens de
Deus). Alucinações do cativeiro são imagens visuais ou auditivas induzidas pelo
isolamento e pelo estresse decorrente de situações de ameaça à vida, na
ausência de disfunções psiquiátricas graves.
Alucinógeno
Uma substância que induz
alterações do senso-percepção, do pensamento e dos sentimentos parecidos aos das psicoses funcionais,
sem, no entanto, produzir as
importantes alterações da memória e da orientação características das síndromes orgânicas. O ácido lisérgico (LSD, ou
dietilamida do ácido lisérgico), a dimetiltriptamina (DMT),
a psilocibina, a mescalina, a tenanfetamina (MDA, ou 3,
4-metilenodio- xianfetamina), o êxtase
(MDMA, ou 3,4-metilenodioximetanfetamina) e a fenciclidina (PCP) são exemplos de alucinógenos.
A maioria
dos alucinógenos é ingerida; contudo, a DMT é
aspirada ou fumada. O uso característico é episódico, sendo que o uso crônico e
frequente é extremamente raro. Os efeitos manifestam-se de 20 a 30 minutos após a ingestão
e consistem em dilatação pupilar,
elevação da pressão arterial, taquicardia, tremor, hiperreflexia e a fase psicodélica (que consiste em euforia ou alterações variadas do humor, ilusões visuais e distorções perceptivas, borramento dos limites
entre o eu interior e o mundo exterior, e frequentemente
uma sensação de fusão com o cosmos).
São comuns as flutuações rápidas entre a euforia e
a disforia. Após umas 4 a 5 horas, esse quadro pode ser substituído por ideias de auto referência, sentimentos de aumento da consciência do eu interior, e uma sensação de controle mágico.
Alucinose
Um transtorno que consiste
em alucinações
persistentes ou recorrentes, em
geral visuais ou
auditivas, e que
ocorrem com clareza de
consciência, mas que o indivíduo afetado pode ou não
reconhecer como irreais.
Pode ocorrer uma elaboração delirante das alucinações,
mas
os delírios não dominam o quadro
clínico.
Amnésia
Perda ou perturbação da memória (completa
ou parcial,
permanente ou temporária),
atribuível tanto a causas orgânicas como a psicológicas. A amnésia
anterógrada é a perda da memória de duração
variável para eventos e vivências
subsequentes a um incidente
causal, após a recuperação da consciência. A amnésia
retrógada é a perda
da memória
de duração
variável para eventos e vivências que precederam um incidente causal.
Anedonia
Ausência
da capacidade de experimentar prazer, associada frequentemente com estados
esquizofrênicos e depressivos. O conceito foi introduzido por Ribot
(1839-1916).
Anfetamina
Uma classe das aminas
simpatomiméticas com poderosa
ação estimulante do sistema nervoso
central. Esta classe inclui a anfetamina,
a dexanfetamina e a metanfetamina. Outras drogas relacionadas incluem o metilfenidato,
a fenmetrazina e a anfepramona (dietilpropiona). Em linguagem de
rua, as anfetaminas são frequentemente referidas como “bolinhas”.
Os sinais e sintomas sugestivos de intoxicação por anfetaminas ou outros simpatomiméticos de ação semelhante incluem taquicardia, dilatação
pupilar, aumento
da pressão arterial, hiperreflexia, sudorese, calafrios,
anorexia, náusea ou vômito, e comportamentos
anormais, tais como agressividade, grandiosidade, hipervigilância,
agitação e perturbação do juízo crítico.
Em raros casos pode-se desenvolver um
delirium a menos de 24
horas da ingestão. O uso crônico
em geral
induz alterações da personalidade e do comportamento tais como
impulsividade, agressividade, irritabilidade, desconfiança e psicose
paranoide. A interrupção da ingestão
após uso prolongado ou intenso
pode produzir uma reação de
abstinência, com
humor deprimido, fadiga, hiperfagia, transtornos do sono e aumento dos sonhos.

Atualmente, a prescrição de anfetaminas
e de substâncias similares está limitada principalmente ao tratamento da narcolepsia
e do transtorno de hiperatividade por déficit de
atenção. Não é recomendado
o uso dessas substâncias como agentes anorexígenos no tratamento
da obesidade.
Anomia
Inexistência
de normas e valores no repertório pessoal ou na realidade sociocultural.
Ausência de lei e a discórdia numa sociedade devido a normas conflituosas. A
anomia pode precipitar transtornos psiquiátricos caracterizados particularmente
por ansiedade, isolamento e/ou desorientação pessoal e pode culminar com o
suicídio.
Anorexia
nervosa
Perda de
peso deliberada, induzida e mantida pelo paciente, com uma psicopatologia
específica na qual um receio de engordar e da flacidez do contorno corporal
persistem como uma ideia intrusiva e supervalorizada. Os pacientes impõem a si
próprios um limite baixo de peso, geralmente resultando em subnutrição de
intensidade variável, alterações secundárias endócrinas e metabólicas, e
perturbações de funções fisiológicas (p.ex., amenorreia).
Os
sintomas incluem uma dieta restritiva, exercícios excessivos, vômito induzido e
uso de laxantes, bem como uso de supressores do apetite e diuréticos. O
transtorno ocorre mais frequentemente em meninas adolescentes e mulheres
jovens, mas mulheres de mais idade, até a época da menopausa, assim como
meninos adolescentes e homens jovens também podem ser afetados.
Ansiedade
Apreensão, tensão ou inquietação que se deriva da
antecipação de perigo, cuja fonte é amplamente desconhecida ou não reconhecida;
de origem basicamente intrapsíquica, contrariamente ao medo que é a resposta
emocional a uma ameaça ou perigo conscientemente reconhecido e habitualmente
externo.
Antidepressivos
Um grupo de substâncias
psicoativas prescritas para o tratamento dos
transtornos depressivos; também são usados
em outras
condições, tais como o transtorno do pânico. Há três
classes principais: os
antidepressivos tricíclicos (quer são principalmente inibidores da recaptura de noradrenalina); os agonistas
de receptores
e bloqueadores da recaptura
da serotonina;
e os inibidores da monoaminoxidase, menos comumente prescritos.
Os antidepressivos tricíclicos têm um risco de abuso relativamente baixo, mas algumas vezes
são usados sem finalidade terapêutica por seus efeitos
psíquicos imediatos. Desenvolve-se tolerância aos seus efeitos
anticolinérgicos, mas não
está esclarecido se ocorre uma síndrome de dependência ou
uma síndrome de abstinência. Por
estas razões, o uso impróprio de antidepressivos está incluído
na categoria
F55 da CID-10, abuso
de
substâncias que não produzem dependência.
Anti-histamínicos
Um grupo de drogas
terapêuticas usadas no tratamento de transtornos alérgicos e, por vezes, devido
aos seus efeitos sedativos, para aliviar
a ansiedade e induzir o sono. Farmacologicamente, os anti-histamínicos são classificados
como bloqueadores dos receptores H1.
Estas drogas são ocasionalmente utilizadas sem finalidade terapêutica,
particularmente por adolescentes,
nos quais pode causar sedação
e desinibição. Um grau moderado de tolerância se desenvolve, mas não
uma síndrome de dependência ou
uma síndrome de abstinência.
Uma segunda classe de
anti-histamínicos, os bloqueadores
de receptores
H2, suprime a secreção ácida gástrica
e é usada no tratamento da úlcera
péptica e do refluxo esofágico; esta não tem um potencial de
dependência conhecido e o seu uso indevido é incluído na categoria F55 da CID-10, abuso
de substâncias
que não produzem dependência.
Antipsicótico
Termo
genérico aplicado de maneira ampla a diversas classes químicas de drogas
empregadas no manejo sintomático de várias condições psicóticas, especialmente
a esquizofrenia e estados de excitação. As substâncias incluem fenotiazinas,
butirofenonas e tioxantenos, assim como drogas mais recentes como
difenilbutilpiperidinas, pimozide e fluspirileno. A maioria delas pode provocar
reações adversas, das quais as síndromes extrapiramidais são as mais incômodas.
Apagão
Termo
vulgar para designar a amnésia anterógrada aguda, não associada com perda de
consciência, resultante de ingestão de álcool e de outras substâncias; um
período de perda de memória durante o qual há pouca ou nenhuma lembrança do que
passou. Quando isto ocorre no curso da ingestão contínua de álcool, é algumas
vezes chamado de “palimpsesto alcoólico”.
Arritmia
Qualquer
irregularidade do ritmo ou padrão, mais comumente usado em referência a
anormalidades do batimento cardíaco. O eletrocardiograma é usado para detectar
anormalidades na propagação do impulso elétrico através do tecido cardíaco.
Arritmias cardíacas podem ser causadas por vários fatores, incluindo
desequilíbrio eletrolítico, agentes psicofarmacológicos e outras drogas, doença
cardíaca e ansiedade.
Assimilação
Um
processo psicossocial no qual um grupo étnico ou cultural dominante absorve outro
grupo étnico ou cultural não dominante, tornando-se, em decorrência, um só
grupo étnico ou cultural. A identidade étnica original é perdida em favor da
identidade do grupo assimilador.
B
Barbitúricos
Um grupo de depressores
do sistema
nervoso central quimicamente
derivado do ácido barbitúrico, por exemplo, o amobarbital, o pentobarbital e o secobarbital.
São empregados como antiepilépticos, anestésicos, sedativos,
hipnóticos e – menos comumente
– como ansiolíticos. O uso agudo e crônico
induz efeitos similares
aos do álcool.
Os barbitúricos têm uma
pequena margem de segurança entre as dosagens terapêutica
e tóxica e com frequência são letais
em superdose.
Devido à sua
maior margem de
segurança, os benzodiazepínicos têm substituído amplamente os barbitúricos como sedativos/
hipnóticos ou ansiolíticos. A tolerância aos barbitúricos se desenvolve
rapidamente e o risco de uso prejudicial ou de dependência é alto. Os
pacientes que usam estas drogas
por períodos prolongados podem tornar-se
dependentes, mesmo quando a dose prescrita
não é ultrapassada.
Os barbitúricos estão associados
com a totalidade dos transtornos mentais
e comportamentais decorrentes do uso de substâncias da categoria F13 da CID-10. A sintomatologia específica inclui o seguinte:
intoxicação por barbitúricos, síndrome de
abstinência e demência (também
denominada transtorno psicótico
residual induzido
por barbitúricos).
Bebida alcoólica

O Xerez,
o vinho do Porto e outros vinhos
fortificados são vinhos aos
quais se adicionam certos destilados,
habitualmente para obter-se
um conteúdo de etanol de cerca de 20%%.
Outros produtos de fermentação tradicionais são o hidromel (a
partir de mel), cidra (de maçã ou outras frutas),
saquê (de arroz), pulque (do cacto
agave) e chicha
(de milho).
Os destilados variam quanto à matéria prima (cereal ou fruta) da
qual são derivados: por exemplo, a vodca é feita a partir de cereais
ou de batatas;
o uísque, de centeio
ou milho; o rum, de cana de açúcar;
e o conhaque, de uvas ou outras
frutas.
O álcool
também pode ser sintetizado quimicamente (do petróleo,
por
exemplo), mas raramente tem-se usado isso para produzir bebidas
alcoólicas.
Inúmeros congêneres – constituintes das bebidas alcoólicas que
não o etanol e a água – já estão
identificados, mas o etanol é o principal ingrediente psicoativo em todas as bebidas alcoólicas comuns.
As bebidas alcoólicas têm sido usadas desde
a pré-história na maioria das sociedades tradicionais, exceto na Australásia, na América
do
Norte (logo ao norte da atual fronteira entre os EUA e o México)
e na Oceania.
Muitas bebidas fermentadas tradicionais tinham um
conteúdo de álcool relativamente baixo e só podiam ser armazenadas por poucos
dias.
A maioria dos governos
procura criar alvarás ou impostos especiais
ou mesmo
controlar completamente a produção
e a venda de álcool, embora possa permitir a produção
caseira de diversos tipos de
bebidas alcoólicas. Em vários países,
certas bebidas alcoólicas (principalmente destiladas) são produzidas ilicitamente, e podem se contaminar com substâncias tóxicas (chumbo, por exemplo) no processo de
produção.
Benzodiazepínicos
Um grupo de
drogas estruturalmente relacionadas,
usadas primordialmente como sedativos/hipnóticos, relaxantes musculares e antiepilépticos, e outrora denominados de “tranquilizantes
menores”. Acredita-se que estes agentes produzam
efeitos terapêuticos ao potencializar a ação do ácido gama-aminobutírico (GABA), um
importante neurotransmissor inibidor.
Os benzodiazepínicos foram introduzidos
para substituir os barbitúricos, como uma alternativa mais segura.
Eles não suprimem
o sono REM na mesma medida
que os barbitúricos, mas tem
um potencial significativo
para induzir dependência e uso indevido.
Os benzodiazepínicos de ação
curta incluem o halazepam e
o triazolam, ambos com início de
ação rápida; o alprazolam,
o flunitrazepam, o nitrazepam, o lorazepam e o temazepam
com início intermediário; e o oxazepam com início lento.
Têm-se relatado amnésia
anterógrada profunda (apagamento)
e reações paranoides com o uso de
triazolam, bem como insônia de
rebote e ansiedade. Muitos clínicos têm
encontrado problemas particularmente
difíceis na interrupção do tratamento com o alprazolam.
Os benzodiazepínicos de ação
longa incluem o diazepam (com o
mais rápido início de ação), o clorazepato (também de início rápido),
o clordiazepóxido (início intermediário), o flurazepam
(início lento) e o prazepam
(início mais lento). Os benzodiazepínicos
de ação
longa podem produzir
um efeito incapacitante cumulativo e tem maior probabilidade de
causar sedação diurna e perturbações motoras que os agentes de ação curta.
Mesmo em doses terapêuticas, a
interrupção abrupta dos benzodiazepínicos induz uma síndrome de abstinência em
até 50% das pessoas tratadas
por seis meses ou mais.
Os sintomas
são mais intensos com as
preparações de ação curta; com
os benzodiazepínicos
de ação
longa os sintomas de abstinência
aparecem uma ou duas semanas
depois da interrupção e duram mais,
mas são menos intensas.
Como com outros sedativos, é necessário um programa
de desintoxicação lenta para evitar
complicações graves como as convulsões da abstinência.
Alguns benzodiazepínicos têm sido usados em combinação com outras substâncias
psicoativas para acentuar a euforia, por
exemplo, ex., 40-80 mg de
diazepam tomados logo antes ou
imediatamente após uma dose de manutenção diária de metadona. Os benzodiazepínicos são, com
frequência, usados indevidamente em combinação
com o álcool ou na dependência
de opioides.
A superdose fatal é rara com qualquer
benzodiazepínico, a menos
que ele seja ingerido concomitantemente
ao álcool
ou outro
depressor do sistema nervoso central.
Borderline
Patologicamente podemos dizer que a pessoa
portadora de Personalidade Borderline, embora seja bem menos perturbada que os
psicóticos, são muito mais complexas que os neuróticos, embora não apresentem
deformações de caráter típicas das personalidades sociopáticas. Na realidade, o
Borderline tem séria limitação para usufruir as disponibilidades de opção
emocional diante dos estímulos do cotidiano e, por causa disso, pequenos
estressores são capazes de enfurecê-lo.
São indivíduos sujeitos a acessos de ira e
verdadeiros ataques de fúria ou de mau gênio, em completa inadequação ao
estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de forma
inesperada, intempestivamente e, habitualmente, têm por alvo pessoas do
convívio mais íntimo, como os pais, irmãos, familiares, amigos, namoradas,
cônjuges, etc.
Embora o Borderline mantenha condutas até
bastante adequadas em grande número de situações, ele tropeça escandalosamente
em certas situações triviais e simples. O limiar de tolerância às frustrações é
extremamente susceptível nessas pessoas.
Bruxismo
Consiste num ranger de dentes ou numa
contração dos músculos mandibulares associados, quase sempre, à fase 2 do sono.
Pode ser acompanhado de alterações neurovegetativas e, em alguns indivíduos, é
possível evocá-lo por estímulos auditivos.
Bulimia nervosa
Ataques repetidos de hiperfagia e preocupação
excessiva com o controle do peso corporal, que levam a um padrão de hiperfagia
seguida de vômitos ou do uso de laxantes. Os vômitos repetidos causam
frequentemente transtorno eletrolítico e complicações físicas. A bulimia
nervosa às vezes é precedida, de poucos meses a vários anos, por um episódio de
anorexia nervosa. Sinonímia: Hiperorexia Nervosa.
Burnout
Termo que designa uma síndrome caracterizada
por exaustão física e emocional, despersonalização, percepção (real ou
imaginária) de diminuição da capacidade laboral, sensação de fracasso pessoal e
insônia. Pode-se encontrar ainda depressão, suscetibilidade aumentada para
doenças físicas, uso de álcool ou outras drogas para obter alívio e, em alguns
casos, suicídio.
Esta síndrome, originalmente descrita nos
Estados Unidos, é geralmente considerada como uma reação de estresse frente a
inexoráveis exigências emocionais, ou por dedicação excessiva ao trabalho e uma
negligência em relação à família e ao lazer. Parece ser uma síndrome
relacionada à cultura, com maior prevalência em sociedades urbanas
industrializadas, onde predomina o status conquistado.
C
Cannabis (maconha)
Cannabis é um termo genérico usado para referir os vários
preparados do cânhamo (Cannabis sativa). Isso inclui a folha de maconha ou
diamba (com variada sinonímia de gíria), o cânhamo-da-índia ou haxixe (derivado
da resina dos extremos floridos da planta) e o óleo de haxixe.
Na Convenção Única de Narcóticos e Drogas de 1961, a
cannabis foi definida como "as extremidades floridas ou frutificadas da
planta de cannabis (excluindo as sementes e as folhas sem aquelas extremidades)
das quais a resina não foi extraída", enquanto que a resina da cannabis é
"a resina bruta ou purificada, extraída da planta da cannabis".
As definições são baseadas na terminologia tradicional
indiana como ganja (=cannabis) e charas (=resina). Um terceiro termo indiano, o
bhang se refere às folhas. O óleo de cannabis (óleo de haxixe, cannabis líquida
ou haxixe líquido) é um concentrado de cannabis obtido pela extração geralmente
através de um óleo vegetal (José Manoel Bertolote - Glossário de Termos de
Psiquiatria, 1997 - Artes Médicas).
O termo marijuana é de origem mexicana. Originalmente um
termo usado para o tabaco barato, ocasionalmente misturado com cannabis.
Tornou-se um termo genérico para as folhas de cannabis ou a cannabis, em geral,
em muitos países. O haxixe, inicialmente um termo utilizado para a cannabis nas
áreas do Mediterrâneo oriental, é hoje utilizada para a resina da cannabis.
A cannabis contém pelo menos 60 canabinoides, muitos dos
quais biologicamente ativos. O componente mais ativo é o
delta-tetrahidrocanabinol (THC), o qual, bem como seus metabólitos, pode ser
detectado na urina várias semanas após seu uso (geralmente após ter sido
fumado).
A intoxicação pela cannabis produz sensação de euforia,
leveza dos membros e geralmente retração social. Prejudica a capacidade de
dirigir veículos, bem como de outras atividades complexas que requerem
habilidade; prejudica a memória imediata, a capacidade de concentração, os
reflexos, a capacidade de aprendizado, a coordenação motora, a percepção de
profundidade, a visão periférica, a percepção do tempo (a pessoa geralmente tem
a sensação de lentificação do tempo) e a detecção de sinais.
Outros sinais de intoxicação podem incluir ansiedade
excessiva, desconfiança ou ideias paranoides em alguns e euforia ou apatia em
outros, juízo crítico prejudicado, irritação conjuntival, aumento de apetite,
boca seca e taquicardia. A cannabis às vezes é consumida com álcool, o que
aumenta os efeitos psicomotores.
Há registros de que o uso da cannabis pode precipitar
recaídas em casos de esquizofrenia. Estados de ansiedade e pânico agudos, e
estados delirantes foram também relatados na intoxicação por cannabis; estes
geralmente regridem em alguns dias. Os canabinoides são às vezes usados
terapeuticamente para glaucoma e para as náuseas em tratamentos quimioterápicos
do câncer.
Os transtornos por uso de canabinoides estão incluídos nos transtornos
por uso de substância psicoativa na CID-10 (classificados em F12). São
sinônimos: Maconha, Marijuana e Marijuana.
Caráter
De acordo com Reich, o Caráter é composto das atitudes
habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias
situações. Inclui atitudes e valores conscientes, estilo de comportamento
(timidez, agressividade e assim por diante) e atitudes físicas (postura,
hábitos de manutenção e movimentação do corpo).
Na psiquiatria clássica o Caráter é o atributo funcional da
Personalidade responsável pela volição (vontade) e pelos conceitos éticos e
morais. Assim sendo, o sociopata ou a pessoa que se conduz emancipada dos
conceitos morais e éticos, bem como aquela que não consegue dominar sua vontade
seria portadora de um transtorno de Caráter.
As neuroses (algumas) também podem ser entendidas como
alterações do Caráter. A chamada Personalidade Neurótica ou, conforme termo de
Henri Ey, do Caráter Neurótico, implica nas Disposições Pessoais, no arranjo
peculiar dos Traços no interior do eu, da modelagem afetiva no desenvolvimento
da Personalidade, da história biológica e existencial do indivíduo e das
exigências adaptativas que a vida solicita.
Patologicamente podemos dizer, também, que a pessoa
portadora da Personalidade Borderline, embora seja bem menos perturbada que os
psicóticos, são muito mais complexas que os neuróticos, embora possam ter
deformações de caráter tanto quanto nas personalidades sociopáticas.
Estas personalidades sociopáticas ou psicopáticas, devido aos
defeitos de caráter, costumam fazer com que a pessoa demonstre uma absoluta
falta de sentimentos diante de estímulos importantes.
Ao estudarmos as perturbações mentais, em muitos casos vamos
ver que se tratam de reações cuja natureza não é só determinada pela situação
vivencial psico traumática, mas também pelas predisposições da personalidade. A
maioria das reações psíquicas mórbidas desenvolve-se em função de uma
perturbação de Caráter que predispõe a elas.
Cardiopatia alcoólica
Transtorno difuso do músculo do coração, observado em
indivíduos com uma história de consumo arriscado de álcool, geralmente de no
mínimo 10 anos de duração. Os pacientes caracteristicamente apresentam
insuficiência biventricular do coração; os sintomas mais comuns incluem:
diminuição do fôlego durante esforço e deitado (dispneia noturna), palpitações,
edema de tornozelos e distensão abdominal (devido à ascite).
É comum o transtorno do ritmo cardíaco; a fibrilação
auricular é a mais frequente arritmia. A cardiopatia alcoólica deve ser
diferenciada do beribéri cardíaco e de uma forma da “cardiomiopatia dos
bebedores de cerveja”, causada pelo envenenamento por cobalto. Sinonímia:
Doença Alcoólica do Músculo Cardíaco.
Cenestesia & Cinestesia
Cenestesia é a consciência (senso-percepção) que temos do
próprio corpo, é a representação consciente do próprio corpo, de sua posição,
de seu movimento, de sua postura em relação ao mundo à sua volta e em relação
aos suas diversas partes e segmentos.
Quando existe uma percepção falseada dos órgãos internos ou
do esquema corporal falamos em Alucinações Cenestésicas. Nestes casos os
pacientes sentem como se tivessem seu fígado revirado, esvaziado seu pulmão,
seus intestinos arrancados, o cérebro apodrecido, o coração rasgado, e assim
por diante.
Cinestesia já diz respeito a senso-percepção dos movimentos
corporais e em relação ao ambiente à sua volta. As Alucinações Cenestésicas
devem ser diferenciadas das Alucinações Cinestésicas, que não dizem respeito à
sensação tátil, mas sim aos movimentos (cine=movimento). Nas cinestesias os
pacientes percebem as paredes movendo-se ou eles próprios movendo-se no espaço.
Ciclotimia
Instabilidade persistente do humor, envolvendo períodos
numerosos de depressão e hipomania, sendo que nenhum destes é suficientemente
grave ou prolongado para justificar um diagnóstico de transtorno afetivo
bipolar ou transtorno depressivo recorrente. Originalmente, o termo foi
introduzido por Kahibaum (1828-1899) para designar as formas mais leves de
psicose maníaco-depressiva; subsequentemente o conceito foi também aplicado
para transtornos de personalidade caracterizados por anomalias afetivas.
Cirrose alcoólica
Grave forma de hepatopatia alcoólica caracterizada por
necrose e deformação permanente da arquitetura do fígado devido à formação de
tecido fibroso e nódulos regenerativos. Esta é uma definição estritamente
histológica, porém o diagnóstico com frequência é clínico.
A cirrose alcoólica acontece principalmente na faixa etária
de 40 a 60 anos, depois de no mínimo 10 anos de uso arriscado de álcool. Os
indivíduos apresentam sintomas e sinais de descompensação hepática, tais como
ascite, edema de tornozelos, icterícia, hematomas, hemorragia gastrintestinal
procedentes de varizes esofágicas e confusão ou estupor devido à encefalopatia
hepática.
Por ocasião do diagnóstico, cerca de 30% dos pacientes estão
“compensados” e relatam queixas inespecíficas, tais como dor abdominal,
perturbações intestinais, perda de peso e de massa muscular e fraqueza. O
câncer de fígado é uma complicação tardia da cirrose em aproximadamente 15% dos
casos.
A cirrose alcoólica é algumas vezes designada de “cirrose
portal” ou "cirrose de Laennec", embora nenhum destes termos implique
necessariamente uma causa alcoólica. Em países não tropicais nos quais o
consumo de álcool é substancial, o uso do álcool é a principal causa da
cirrose. Devido à deficiência de registros de consumo de álcool, a soma global
de mortalidade por cirrose — mais que “cirrose com menção de alcoolismo” — é
frequentemente usada como indicador de problemas ligados ao álcool.
Ciúme alcoólico
Tipo de transtorno psicótico crônico provocado pelo álcool,
caracterizado por delírios de que o parceiro conjugal ou sexual é infiel. O
delírio é caracteristicamente acompanhado de uma procura intensa da evidência
da infidelidade e acusações diretas que podem levar a discussões violentas.
Inicialmente foi visto como uma entidade diagnóstica específica, mas agora esta
consideração é controvertida. Sinonímia: Paranoia Amorosa; Paranoia Conjugal.
Cocaína
Alcaloide obtido das folhas de coca (Erythroxylon coca) ou
derivado sinteticamente da ecgonina ou de seus derivados. O hidrocloreto de
cocaína era comumente usado como anestésico local em odontologia, oftalmologia
e cirurgias de ouvido, nariz e garganta, dada à sua forte ação vasoconstritora,
auxiliar na redução das hemorragias locais.
A cocaína é um poderoso estimulante do sistema nervoso
central, usado não medicamentosamente para produzir euforia ou “ligação”; o uso
constante produz dependência. A cocaína ou "coca" é geralmente
vendida como cristais brancos e translúcidos, ou em pó ("farinha" ou
"pó"), frequentemente adulterada com açúcares ou anestésicos locais.
O pó é aspirado (“cheirado” ou “cafungado”) e produz efeitos entre 1-3 minutos
que duram em torno de 30 minutos.
A cocaína pode ser ingerida oralmente, geralmente com
álcool; os usuários de opioides e cocaína combinados geralmente os injetam por
via intravenosa. Freebase (elementos alcalinos) são utilizados para aumentar a
potência da cocaína pela extração do alcaloide puro através da inalação dos
vapores em cigarros ou cachimbo de água (narguilé). Uma solução aquosa de sal
de cocaína é misturada com um álcali (como bicarbonato de sódio) e o extrato é obtido
através de um solvente orgânico como o éter ou hexano.
O procedimento é perigoso, uma vez que a mistura é explosiva
e altamente inflamável. Um procedimento mais simplificado que evita o uso de
solventes orgânicos consiste em aquecer o sal de cocaína com bicarbonato de
sódio; isto produz o crack. O crack é uma cocaína alcaloidal (básica), um
composto amorfo que pode conter cristais de cloreto de sódio. E um composto de
coloração bege.
Crack refere-se ao som de estalido provocado quando o
composto é aquecido. Um efeito intenso ocorre de 4-6 segundos após a inalação
do crack. Um sentimento de exaltação e de desaparecimento de ansiedade é
experimentado, juntamente com um exagerado sentimento de confiança e
autoestima. Há também uma perturbação do juízo crítico e o usuário tende a
cometer atos irresponsáveis, ilegais ou perigosos, sem atentar para as
consequências.
A fala é acelerada e pode tornar-se desconexa e incoerente.
Os efeitos agradáveis terminam em torno de 5-7 minutos, depois disso o humor
rapidamente muda para depressão e o consumidor é compelido a repetir o processo
de forma a recuperar a euforia do ápice. A superdose parece ser mais frequente
com o crack que com outras formas de cocaína.
A interrupção do uso contínuo de cocaína é geralmente seguida
por uma crise que pode ser vista como síndrome de abstinência, na qual a
exaltação dá lugar à apreensão, depressão profunda, sonolência e inércia.
Reações tóxicas agudas podem ocorrer tanto no consumidor de
cocaína principiante quanto no inveterado. Essas reações incluem delirium
semelhante ao pânico, hiperpirexia, hipertensão (algumas vezes com hemorragia
subdural ou subaracnoide), arritmias cardíacas, infarto do miocárdio, colapso
cardiovascular, convulsões, estado de mal epiléptico e morte.
Outras sequelas neuropsiquiátricas incluem uma síndrome
psicótica com delírios paranoides, alucinações visuais e auditivas e ideias de autorreferência. "Luzes na neve" (snow lights) é o termo usado para descrever alucinações ou ilusões que lembram o brilho do sol nos cristais de
neve.
Efeitos teratogênicos foram descritos, incluindo
anormalidades do trato urinário e deformidade dos membros. Os transtornos por
uso de cocaína estão entre os transtornos por uso de substâncias psicoativas
incluídas na CID-10 (classificadas em F14).
Codependente
Parente, amigo próximo ou colega de uma pessoa alcoolista ou
dependente de droga cujas reações são definidas por este termo como tendendo a
perpetuar a dependência daquela pessoa e daí retardar o processo de
recuperação. No início dos anos 1970, os termos "coalcoolista" e
"coalcoolismo" passaram a ser usados entre os que se tratavam de
alcoolismo nos EUA, para caracterizar parentes próximos de alcoolistas
(inicialmente a esposa em particular).
Com a mudança na terminologia de alcoolismo para dependência
de álcool, "codependente direto" e "codependência" passaram
a ser usados também para se referir aos parentes dos dependentes de outras
drogas. O uso do termo implica uma necessidade de tratamento ou ajuda e há quem
proponha classificar a codependência como um transtorno psiquiátrico. O termo é
também usado atualmente no sentido figurado para se referir à comunidade ou
sociedade que age como um facilitador da dependência de álcool ou droga.
Cognição
Termo geral que abrange a aquisição de conhecimentos por
meio de qualquer um dos vários processos mentais, como conceitualização,
percepção, julgamento ou imaginação. O domínio cognitivo é tradicionalmente
contrastado com o domínio conativo (relativo à volição ou à psicomotricidade) e
com o domínio das emoções.
Cognição delirante
Sob a designação de Cognição Delirante incluem-se certas
convicções intuitivas que surgem inesperadamente, sobretudo no início de surtos
psicóticos agudos, vivências que, não raro, se mantêm, arraigadas e firmes,
durante largo tempo. O característico dessas vivências é que, em contraste com
as anteriores, elas dispensam por completo de conexões significativas com
quaisquer dados perceptivos ou representativos concretos, ocorrendo a guisa de
intuições puras atuais.
É o que pode se evidenciar no seguinte relato do tipo:
"Súbito, eu me dei conta de que a situação significava qualquer coisa
de mau, mas eu não sabia o que".
O mesmo se verifica, neste outro exemplo, em que a paciente
se revela repentinamente tomada da tranquila convicção de sua alta linhagem:
"sabia que era filha do Presidente da República", certeza que
se instala sob a forma de uma evidência interna imediata, isto é, que não lhe
vem de qualquer interpretação, suposição ou reflexão crítica ou lógica,
referente a acontecimentos vividos.
Caracteriza-se igualmente como Cognição Delirante, por
exemplo, a vivência experimentada por um paciente que, acometido de súbita
alteração, sai para a rua, dizendo: "Eu sou o filho da estrela d'Alva".
Algumas vezes, contudo, essas cognições aparecem em estreita consonância com a
temática delirante, ligando-se então, incidentalmente, a acontecimentos
implicados no delírio.
Esse tipo de Cognição Delirante ligada à temática do próprio
delírio se observa, por exemplo, em pacientes obcecados com a Bíblia. Jaspers
cita o caso de certa jovem que, ao ler o episódio da Ressurreição de Lázaro,
sente-se, de repente, ela própria, encarnada na pessoa de Maria. Daí em diante
assume o delírio onde sua irmã é Marta, Lázaro é um primo seu e passa a viver,
com grande intensidade, o acontecimento narrado na Bíblia.
Cognitivo, desenvolvimento
Começando na infância, a aquisição de inteligência,
pensamento consciente e habilidades para a solução de problemas. Uma sequência
ordenada no aumento do conhecimento, derivada da atividade sensório-motora,
demonstrada empiricamente por Piaget.
Coma
O estado de coma é a alteração do estado de consciência.
Traduz uma lesão que provocou o desligamento das funções cerebrais superiores
que são responsáveis pela manutenção do estado de consciência. A graduação do
estado de coma vai de um estado mais superficial quando pode ocorrer movimentos
espontâneos como a abertura dos olhos, até estado mais profundo quando não há
possibilidade de ocorrer uma respiração espontânea nem condições de se manter a
pressão arterial em níveis normais.
Representa sempre grave insulto ao cérebro ocorrendo nas
hemorragias cerebrais extensas, tumores cerebrais, nos traumatismos cranianos
graves e nos distúrbios metabólicos severos. O diabetes descontrolado pode
evoluir para o estado de coma. Há sempre necessidade de cuidados intensivos.
Comorbidade
Coexistência simultânea de mais de um diagnóstico, que é uma
imposição do processo diagnosticador analítico-descritivo. É usado com
frequência para se referir à coexistência dos diagnósticos de síndrome de
dependência (geralmente de álcool) e de outro transtorno mental.
Compensação
Mecanismo mental, operando inconscientemente, pelo qual o
indivíduo tenta compensar por deficiências reais ou imaginárias; o processo
consciente pelo qual o indivíduo luta para compensar defeitos reais ou imaginados
em áreas tais como psique, desempenho, habilidades ou atributos psicológicos -
os dois tipos frequentemente fundem-se.
Compulsão
Ato ou comportamento repetitivo e estereotipado (p.ex.,
lavar as mãos, verificar se as janelas ou o gás estão fechados, se as luzes
estão apagadas, rezar) que uma pessoa se sente insistentemente obrigada a
realizar, apesar da consciência da inutilidade do ato ou de sua
indesejabilidade. A compulsão é o equivalente motor e comportamental da
obsessão.
Quando aplicado ao uso de substâncias psicoativas, o termo
refere-se a uma necessidade poderosa de consumir a substância (ou substâncias)
em questão, atribuída mais a sentimentos internos do que a influências
externas.
O usuário da substância pode identificar a necessidade como
prejudicial ao seu bem-estar e pode ter uma intenção consciente de refrear-se.
Esses sentimentos são menos característicos da dependência do álcool e de droga
do que do transtorno obsessivo-compulsivo.
Comunidade terapêutica
Um ambiente estruturado no qual indivíduos com transtornos
por uso de substância psicoativa vivem para alcançar a reabilitação. Tais
comunidades são geralmente especificamente designadas para pessoas dependentes
de drogas; elas operam sob normas estritas, são dirigidas principalmente por
pessoas que se recuperaram de uma dependência, e são geralmente isoladas
geograficamente.
As comunidades terapêuticas são caracterizadas por uma
combinação de "teste de realidade" (através da confrontação do
problema relacionado ao uso de droga do indivíduo) e apoio para a recuperação
dos funcionários e colegas. Elas têm geralmente uma linha muito similar à dos
grupos de ajuda mútua tais como Narcóticos Anônimos.
Concretismo
Trata-se de uma modalidade especial de alteração da forma
do pensamento, que consiste na incapacidade do indivíduo para fazer a
distinção entre o simbólico e o concreto. Seria quase o oposto do derreísmo. Em
muitas pessoas, esta manifestação não representa nada de anormal, sendo mais um
resultado de incultura ou dificuldade intelectual, em outras pessoas, porém,
essa dificuldade de abstrair-se do concreto adquire um caráter nitidamente
patológico.
A capacidade de abstração é fundamental ao ser humano e
serve, entre outras utilidades, para avaliar os vários aspectos de uma situação,
arguir e reagir diante de estímulos que não aparecem intrínseca e concretamente
definidos. Pessoas incultas revelam sempre dificuldades na compreensão do
simbólico e o ato de captar, rápida e intuitivamente, os vários aspectos de uma
situação simbólica requer um bom nível intelectual e cultural.
Nas atividades cotidianas não há exigência de nenhuma
atitude abstrata, visto tratar-se da execução de atos eminentemente
pragmáticos, aprendidos ou até condicionados.
O pensamento concreto sempre se refere ao sensível e se opõe
à abstração, tal como o pensamento chamado de primitivo. Falta ao pensamento
primitivo e concreto a independência de abstrair-se, estando sempre escravizado
ao fenômeno material e o objeto do pensar é sempre o objeto da percepção. Portanto,
o conceito de concreto exprime sempre um objeto particular determinado e
sensorialmente percebido. O que esse tipo de pensamento consegue produzir está
sempre vinculado à analogia.
Confinamento
Processo legal de admissão de uma pessoa mentalmente enferma
a um programa de tratamento. A definição legal e o procedimento, nos Estados
Unidos, variam de estado para estado, embora isso normalmente exija um processo
judicial.
Conflito
Luta mental que surge da operação simultânea de impulsos,
pulsões e demandas internas ou externas (ambientais) opostos; chamado de
intrapsíquico, quando o conflito é entre as forças internas da personalidade;
extra psíquico, quando é entre o eu e o ambiente.
Confusão mental
Estado de turvação de consciência associado à doença cerebral
orgânica aguda ou crônica. Clinicamente é caracterizada por desorientação,
lentificação de processos cerebrais com escassa associações de ideias, apatia,
perda da iniciativa, fadiga e atenção empobrecida.
Em estados confusionais leves, respostas e comportamentos
racionais podem estar presentes ao exame, mas graus mais graves do transtorno
não permitem ao indivíduo manter contato com o meio. O termo é também empregado
de forma imprecisa para descrever pensamentos desordenados nas psicoses
funcionais; este último uso não é recomendado. Sinonímia: Estado Confusional.
Congêneres
A rigor, este termo aplica-se aos álcoois (que não o
etanol), aldeídos e ésteres que são encontrados nas bebidas alcoólicas e
contribuem para o gosto e aroma especiais dessas bebidas. Entretanto,
“congêneres” é também usado, informalmente, para referir-se a qualquer
constituinte de uma bebida alcoólica que conceda aroma, paladar, cor e outras
características, tais como "corpo" para tal bebida. Os taninos e os
corantes estão entre os compostos assim denominados.
Consciência
Parte moralmente autocrítica dos padrões próprios do
comportamento, desempenho e julgamento de valores. Habitualmente equacionada
com o superego.
Consumo compulsivo periódico de bebida
Padrão de beber intensivamente que ocorre por um período
prolongado, propositadamente. Em estudos populacionais, o período usualmente é
definido como beber mais que um dia de cada vez. Sinonímia: Ataque de
Bebedeira.
Convenções internacionais sobre drogas
Tratados internacionais relacionados ao controle da produção
e distribuição de drogas psicoativas. Tratados iniciais (General Brusseis Act,
1889-90, e a Convenção de St. Germain-en-Laye, de 1912) controlavam, na era
colonial, o tráfico de bebidas destiladas na África.
O primeiro tratado relacionado com as substâncias
controladas atualmente foi a Convenção de Haia, de 1912; suas determinações e
sucessivos acordos foram consolidados na Convenção Única de Drogas Narcóticas
(1961, emendada por um Protocolo de 1972). A essa foi adicionada a Convenção de
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, e a Convenção contra o Tráfico Ilícito de
Drogas Narcóticas e Substâncias Psicotrópicas, de 1988.
Convulsão relacionada a álcool ou
drogas
Evento do tipo convulsivo que ocorre durante a abstinência
ou a intoxicação por álcool ou outras drogas. É caracterizada por perda de
consciência e rigidez muscular (acompanhada por parada respiratória
temporária), seguida por movimentos despropositados dos membros e tronco.
O termo é também usado algumas vezes para incluir convulsões
resultantes de danos cerebrais induzidos pelo álcool ou drogas. As convulsões
devido à epilepsia idiopática ou a danos cerebrais estruturais consequentes a
trauma ou infecções em indivíduos com uso de substâncias psicoativas são excluídas
desta definição. Sinonímia: Ataques Relacionados ao Álcool ou Drogas.
Craving
Necessidade imperiosa de uma substância psicoativa ou de
seus efeitos intoxicantes. Craving é um termo popular usado para o mecanismo
que se supõe estar na base do controle prejudicado: alguns acreditam que esse
desejo aumente, pelo menos parcialmente, como resultado de associações
condicionadas que evocam respostas de abstinência condicionada. O craving pode
também ser induzido pela evocação de algum estado psicológico semelhante à
síndrome de abstinência do álcool ou drogas.
D
Dano cerebral relacionado com o uso de
álcool
Termo genérico que engloba a deterioração da memória e das
funções mentais superiores relacionadas com o lobo frontal e o sistema límbico.
Assim, compreende tanto a síndrome amnésica induzida pelo álcool (F10.6) como a
síndrome do lobo frontal (incluído em F10.7). No entanto, o termo é com
frequência usado quando somente um destes transtornos está presente.
A perda de memória na síndrome amnésica afeta
caracteristicamente a memória recente. O dano do lobo frontal manifesta-se por
deficiências relativas ao pensamento abstrato, a conceitos e ao planejamento e
processamento de informação complexa.
Outras funções cognitivas estão relativamente bem
conservadas e a consciência não está perturbada. Deve-se distinguir entre dano
cerebral relacionado com o álcool e demência alcoólica. Nesta última situação,
há um maior dano global das funções cognitivas e, geralmente, a presença de
evidência de outras etiologias, tais como repetidos traumatismos cranianos.
Defeito
Deterioração irreversível de qualquer função psicológica
particular (p.ex., defeito cognitivo) do desenvolvimento geral das capacidades
mentais, ou dos padrões característicos do pensamento, afeto e comportamento
que constituem a personalidade do indivíduo. Um defeito em qualquer uma destas
áreas pode ser inato ou adquirido.
Um estado característico de defeito da personalidade,
incluindo em suas manifestações desde perda do vigor emocional e intelectual,
leves excentricidades comportamentais até autismo e embotamento afetivo, foi
descrito por Kraepelin (1856-1926) e Eugen Bleuler (1857-1939) como sendo uma
característica da evolução da doença esquizofrênica, em contraste com a psicose
maníaco-depressiva.
Deficiência de niacina
Níveis inadequados de ácido nicotínico (ou niacina) produzem
o quadro clínico da pelagra, caracterizado por uma dermatite simétrica nas
partes do corpo expostas ao sol, sintomas gastrintestinais (náuseas, vômitos,
distensão abdominal, diarreia) e encefalopatia.
Esta última pode simular qualquer tipo de transtorno mental,
mas a depressão é provavelmente a manifestação psiquiátrica mais comum.
Desorientação alucinações e delirium também podem surgir e alguns pacientes
podem evoluir para a demência. A pelagra é endêmica nas classes menos
favorecidas nos países onde a dieta é inadequada e onde o milho não processado
é a dieta principal. Em outros países, ela aparece principalmente entre os
alcoolistas.
Deficiência de vitamina B12
Carência de vitamina B12, geralmente uma deficiência
nutricional secundária à absorção insuficiente de vitamina pelo íleo, em
indivíduos com doenças gastrintestinais crônicas. Uma consequência frequente é
a degeneração subaguda da medula, do nervo óptico, da substância branca
cerebral e dos nervos periféricos.
O envolvimento da medula se manifesta como uma doença
sistemática, caracterizada por parestesias progressivas simétricas dos pés ou
mãos (dormência, formigamento, queimação, etc.) seguida de falta de firmeza ao
andar e, finalmente, espasticidade, ataxia e paraplegia. Os sintomas
psicológicos incluem apatia, irritabilidade, desconfiança e, com a progressão,
confusão e demência.
Deficiência mental
Condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da
mente, caracterizado particularmente pela redução das capacidades que
contribuem para o nível global da inteligência, i.e., habilidades cognitivas,
linguísticas, motoras e sociais manifestada durante o período de
desenvolvimento. A deficiência pode ocorrer com ou sem qualquer outra condição
física ou mental. Os graus de deficiência são convencionalmente estimados por:
·
Testes
padronizados de inteligência cujo resultado (Quociente Intelectual ou QI) médio
é 100 com desvio padrão de 15 pontos.
·
Escalas
de medida de adaptação social num dado meio. Nenhuma destas medidas pode dar
mais que uma indicação aproximada do grau de deficiência mental. O
funcionamento intelectual e a adaptação social podem mudar no decorrer do tempo
e podem melhorar em função da maturação e da resposta à reabilitação e ao
treinamento. Sinonímia: Subnormalidade Mental; Oligofrenia.
a) Leve (F70). Suscetível de
experimentar certa dificuldade na escola; muitos adultos serão capazes de
trabalhar, ter e manter boas relações sociais e contribuir para a sociedade.
Alguns aspectos da aprendizagem podem ser mais lentos e podem, requerer treino
mais sistemático. O intervalo aproximado do QI é de 50-69 (adultos com idade mental
de 9 a 12 anos).
b) Moderada (F71). Marcado
atraso de desenvolvimento na infância, mas muitos aprendem a desenvolver certo
grau de independência em cuidar de si e adquirir uma adequada escolaridade e
capacidade de comunicação. Quando adultos, necessitarão, em grau variado, de
ajuda para viver e trabalhar na comunidade. O intervalo aproximado de QI é de
35-49 (adultos com idade mental de 6 a 9 anos).
c) Grave (F72). Pode
responder a programas adequados de reabilitação, apesar das limitações físicas
e orgânicas, mas o indivíduo provavelmente permanecerá dependente e com
necessidade de ajuda permanente. O intervalo aproximado de QI é de 20-34
(adultos com idade mental de 3 a 6 anos).
d) Profunda (F73). Limitação
grave da capacidade de cuidar de si próprio, de continência, comunicação e
mobilidade, mas o indivíduo pode ser capaz de ter alguma resposta a programas
de reabilitação. O QI situa abaixo de 20 (adultos com idade mental de 3 anos,
no máximo).
Deficiência
Falta ou redução. No contexto psiquiátrico (Ing.:
impairment), é qualquer perda ou anormalidade de uma estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica. Ver Desvantagem; Incapacidade.
Degeneração
Alteração patológica em um tecido ou organismo, que consiste
em uma descontinuidade de sua estrutura original. Na psiquiatria do século XIX,
o termo foi associado à desacreditada teoria de Morel (1809-1873), que
postulava a transmissão de características hereditárias adversas de geração em
geração.
Delírio
Convicção ou juízo falso, incorrigível, fora dos padrões da
realidade e incompatível com as crenças sociais da cultura e do meio do
indivíduo. Os delírios primários são essencialmente incompreensíveis em termos
de história de vida e de personalidade do indivíduo; os delírios secundários
são psicologicamente compreensíveis e estão associados a outras perturbações
mentais, como, p.ex., transtorno afetivo ou de desconfiança.
Uma distinção foi feita por Birnbaum em 1908 e Jaspers em
1913 entre delírio propriamente dito e ideias delirantes; estas últimas são
meramente um juízo equivocado mantido com excessiva tenacidade. Em avaliações
psiquiátricas, uma crença cultural pode ser confundida com um delírio se o clínico
não souber que esta crença particular é uma crença prescrita culturalmente e
“normal”, independentemente de sua validez empírica. O brusco questionamento
das crenças culturais sem a sua adequada substituição por outros conceitos ou
crenças pode resultar em anomia ou crise de identidade.
Delírio de grandeza
Crença mórbida na própria importância, grandiosidade ou
superioridade (como, p.ex., no delírio de missão messiânica), frequentemente
acompanhada por outras ideias delirantes. Pode ser sintoma de paranoia,
esquizofrenia (com frequência, mas não invariavelmente do tipo paranoide),
mania e síndromes orgânicas cerebrais, particularmente paralisia geral.
Delírio de influência
Convicção delirante que algo de si está sendo substituído ou
está sendo submetido à influência e controle de alguma força estranha. As
descrições originais deste fenômeno delirante o associavam a pseudoalucinações
(Kandisnki, 1849-1889) e a alterações da consciência (Clérambault, 1872-1934).
Delírio de perseguição
Crença patológica de vitimização de um ou mais indivíduos ou
grupos. Ocorre nos transtornos paranoides, mais comumente na esquizofrenia, mas
também em alguns estados orgânicos ou depressivos. Certos transtornos da
personalidade aumentam a predisposição para tais delírios.
Delírio humor-congruentes
A distinção fundamental entre Ideias Delirantes (que é o
Delírio) e Ideias Deliroides, é que nas Ideias Deliroides a imagem do mundo
exterior é falsificada de acordo com as demandas afetivas e instintivas
fragilizadas. O sistema deliroide constrói a realidade da qual a pessoa
necessita emocionalmente, portanto, é uma construção da realidade secundária
às exigências emocionais e não, como no Delírio, uma ocorrência primária.
O raciocínio que caracteriza a ideia deliroide é bastante similar
àquele que todos nós utilizamos, embora de grau muito diferente (patológico).
Seria uma fantasia ou devaneio patologicamente mais sólido que aqueles aos
quais todos nós estamos sujeitos nos momentos de angústia. Na penúria nos
imaginamos ganhando na loteria, o deliroide tem certeza de que ganhou...
Por isso a ideia deliroide é compreensível para as pessoas
normais na maioria das vezes. Nossas crenças tendem a ser subjetivamente
coloridas e, sem dúvida, todos recorremos a certas ficções por insegurança. O
emprego da Racionalização e da Projeção com propósitos defensivos, por exemplo,
têm o mesmo objetivo psicológico da utilização patológica desses Mecanismos de
Defesa como acontece nas Ideias Deliroides.
As Ideias Deliroides, notadamente aquelas organizadas e
sistematizadas, constituem tentativas de manipular os problemas e as tensões da
vida através de fantasias elaboradas para fornecer aquilo que a vida real nega,
entretanto, devido ao seu aspecto mórbido, tais fantasias não são construídas
numa estrutura compatível com uma adaptação social normal.
Verificamos, com frequência, que o conteúdo das Ideias
Deliroides revela aspectos significativos dos problemas pessoais do paciente.
As fontes desses problemas podem ser frequentemente encontradas em inclinações
e impulsos contrariados, esperanças frustradas, sentimentos de inferioridade,
inadequações biológicas, qualidades rejeitadas, desejos importunantes,
sentimentos de culpa e outras situações que exigem uma defesa contra a
angústia.
Uma profunda necessidade de consolo pode ser satisfeita por
ideias auto elogiosas, portanto, uma falsa Ideia Deliroide de grandeza, por
exemplo, pode refletir uma defesa contra sentimentos de inferioridade.
Na Depressão Grave
com Sintomas Psicóticos, como sabemos e bem atestou Kurt Schneider,
embora a tristeza vital seja considerada primária, no sentido de ser também
incompreensível e psicologicamente irredutível, dela deriva e se vincula toda a
gama de Ideias Deliroides depressivas.
Essas Ideias Deliroides são pseudo-delírios ou Delírios Secundários, como os denomina
Jaspers, por tomá-los psicologicamente compreensíveis e dentro do quadro
clínico geral em que se formam. Atualmente fala-se também em Delírio Humor-Congruentes.
Delírio polimórfico
Quadro composto por delírios (p.ex., ideias delirantes,
juízos delirantes) com numerosos conteúdos inconsistentes e contraditórios.
Caracteriza-se pela inconstância dos temas e mudança de forma em breves
unidades de tempo; é um fenômeno que se contrapõe ao delírio sistematizado.
Delírio sensitivo de auto referência
(Al.: Sensitiver Beziehungswahn) - Forma específica de
psicose paranoide não esquizofrênica com ideias mórbidas de auto referência
surgindo da base de uma estrutura de personalidade introvertida sensitiva, com
uma capacidade pobre de desenvolver a liberação de afeto e tensão.
A psicose normalmente se segue a uma experiência
significante envolvendo humilhação e amor-próprio ferido. A personalidade é
caracteristicamente bem preservada e o prognóstico, favorável. O conceito foi
introduzido por Kretschmer (1888-1964).
Delirium associado ao VIH
O delirium pode estar
sobreposto a déficits cognitivos da demência associada ao VIH e pode agravar o
seu curso. O delirium pode também ocorrer na altura da seroconversão em
associação com meningite asséptica.
Mais frequentemente, o delirium em doentes com AIDS/SIDA
pode estar relacionado com hipóxia (p.ex., pneumonia por Pneumocystis carinii),
meningite por criptococos, infecções sistemáticas (p.ex., bacteremia por estafilococos),
lesões expansivas cerebrais (p.ex., linfoma do SNC ou abscesso cerebral devido
à toxoplasmose), alterações metabólicas (alterações do equilíbrio hidreletrolítico e acidobásico) e uso de drogas psicotrópicas (especialmente
antidepressivos tricíclicos, cuja ação anticolinérgica parece ser mais
pronunciada nestes doentes).
Delirium tremens
Síndrome de abstinência com delirium; um estado psicótico
agudo que ocorre durante a fase de abstinência em indivíduos dependentes de
álcool e caracterizado por confusão, desorientação, ideação paranoide,
delírios, ilusões, alucinações (tipicamente visuais ou táteis, menos comumente
auditivas, olfatórias ou vestibulares), inquietação, distração, tremores
(algumas vezes grosseiros), sudorese, taquicardia e hipertensão.
É usualmente precedida por sinais de síndrome de abstinência
simples. O início do delirium tremens ocorre usualmente 48 horas ou mais após a
retirada ou a redução do consumo de álcool, mas pode apresentar-se até 1 semana
após este período. Deve ser distinguido da alucinose alcoólica, que nem sempre
é um fenômeno da abstinência. A condição é conhecida coloquialmente como
"DT".
Delirium
Síndrome orgânica cerebral aguda, de etiologia inespecífica,
caracterizada por perturbações da consciência, atenção, percepção, orientação,
pensamento, memória, comportamento psicomotor, emoções e ciclo sono-vigília. O
estado de delirium é transitório e de intensidade flutuante. A duração é
variável, de poucas horas a poucas semanas e a gravidade varia de leve até
muito grave.
A maior parte dos casos remite dentro de 4 semanas ou menos;
contudo, não são incomuns casos de delirium que duram mais do que 6 meses. A
síndrome de abstinência induzida pela retirada do álcool com delirium é
conhecida como delirium tremens. Sinonímia: Estado Confusional Orgânico Agudo.
Ver Síndrome de Abstinência; Síndrome de Abstinência com Delirium.
Demência alcoólica
Termo de significado variável, que comumente designa um
transtorno crônico ou progressivo resultante de um beber arriscado, caracterizado
pelo comprometimento das múltiplas funções corticais superiores, que incluem
memória, raciocínio, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de
aprendizagem, linguagem e julgamento.
A consciência é preservada. As perturbações cognitivas são
comumente acompanhadas de deterioração do controle emocional, do comportamento
social ou da motivação. A existência da demência alcoólica como uma síndrome
específica é posta em dúvida por alguns que atribuem a demência a outras
causas.
Demência
Síndrome, geralmente crônica e progressiva, devido a uma
patologia encefálica na qual se verificam diversas deficiências das funções
corticais superiores, que incluem memória, pensamento, orientação, compreensão,
cálculo, capacidade de aprender, linguagem e julgamento; a consciência não é
afetada; as deficiências cognitivas são acompanhadas (e ocasionalmente
precedidas) por deterioração do controle emocional, da conduta social ou da
motivação.
Dependência cruzada
Termo farmacológico usado para denotar a capacidade de uma substância
(ou classe de substâncias) de suprimir as manifestações da síndrome de
abstinência de outra substância ou classe e assim manter o estado de
dependência física. Note que dependência é normalmente usado num sentido
psicofarmacológico mais estrito, associado à supressão dos sintomas da síndrome
de abstinência.
Uma consequência do fenômeno da dependência cruzada é que a
dependência a uma substância é mais provavelmente desenvolvida se o indivíduo
já está dependente de uma substância relacionada. Por exemplo, a dependência de
um benzodiazepínico desenvolve-se mais rapidamente em indivíduos já dependentes
de outra droga deste tipo ou de outras substâncias com efeitos sedativos, tais
como álcool e barbitúricos.
Dependência
Como um termo geral, o estado de necessidade ou dependência
de alguma coisa ou alguém para apoio, funcionamento ou sobrevivência.
Quando aplicado ao álcool e outras drogas, o termo implica a
necessidade de repetidas doses da droga para sentir-se bem ou para evitar
sensações ruins. No DSM-IIIR, a dependência é definida como um grupo de
sintomas cognitivos, comportamentais e psicológicos que indicam que uma pessoa
tem o controle do uso da substância psicoativa prejudicado e continua esse uso
a despeito de consequências adversas.
É aproximadamente equivalente à síndrome de dependência da
CID-10. No contexto da CID-10, o termo dependência refere-se geralmente a
qualquer dos elementos da síndrome. O termo é frequentemente usado como
equivalente de alcoolismo.
Em 1964, uma Comissão de Peritos da OMS introduziu
"dependência" em substituição a adicção e habituação. O termo pode
geralmente ser usado com referência a todas as drogas psicoativas (p.ex.,
dependência de drogas, dependência química, dependência do uso de substância),
ou referindo-se especificamente a uma droga em particular ou a uma classe de
drogas (p.ex, dependência de álcool, dependência de opioide). Embora a CID-10
descreva dependência em termos de classes de drogas, há diferenças entre os
sintomas característicos de diferentes drogas.
De forma não qualificada, dependência refere-se a ambos os
elementos físicos e psicológicos. Dependência psicológica ou psíquica refere-se
à experiência de controle prejudicado sobre o beber ou o uso da droga (Ver craving,
compulsão), enquanto dependência fisiológica ou física refere-se à tolerância e
sintomas de abstinência. Em discussões de orientação biológica, dependência é
frequentemente usada para referir-se somente à dependência física.
Dependência (ou dependência física) é também usado no contexto
psicofarmacológico num sentido limitado, referindo-se somente ao
desenvolvimento de sintomas de abstinência que seguem uma parada do uso de
droga. Neste sentido restrito, dependência cruzada é vista como complementar à
tolerância cruzada, com ambas as definições referindo-se somente à
sintomatologia física (neuroadaptação).
Depressão
Em linguagem leiga, um estado de acabrunhamento, desânimo ou
tristeza que pode indicar má saúde. Em um contexto médico, o termo se refere a
um estado mental dominado por uma diminuição do humor e frequentemente
acompanhado por um conjunto de sintomas variados, particularmente ansiedade,
agitação, sentimentos de desvalia, ideias suicidas, hipobulia, lentificação
psicomotora e vários sintomas somáticos, disfunções fisiológicas (p.ex.,
insônia) e queixas diversas.
Como síndrome, a depressão é um elemento importante em
várias categorias de doenças. O termo é amplamente utilizado — por vezes, de
modo impreciso — para designar um transtorno, uma síndrome ou um estado de
doença. Ver Melancolia.
Depressor
Qualquer agente que suprime, inibe ou diminui alguns
aspectos da atividade do SNC. As principais classes de depressores do SNC são
os sedativos/hipnóticos, opioides e neurolépticos. Álcool, barbitúricos,
anestésicos, benzodiazepinas, opiáceos e seus análogos sintéticos são exemplos
de drogas depressoras. Os anticonvulsivantes são incluídos algumas vezes no
grupo dos depressores, por causa de suas ações inibitórias da atividade
neuronal anormal.
Os transtornos relacionados ao uso de depressores são
classificadas na CID-10 como transtornos por uso de substâncias psicoativas,
nas categorias F10 (para álcool), F11 (para opioides) e F13 (para sedativos ou
hipnóticos).
Descarrilamento
("afrouxamento de associações"). Um
padrão de discurso no qual as ideias da pessoa mudam de um assunto para outro
sem qualquer relação ou apenas obliquamente relacionado. Ao mover-se de uma
frase ou oração para outra, a pessoa muda de assunto, idiossincraticamente, de
um quadro de referência para outro, podendo dizer coisas em justaposição, sem
que tenham um relacionamento significativo.
Esta
perturbação ocorre entre as frases, em contraste com a incoerência na qual a
perturbação se dá dentro das frases. Uma mudança ocasional de assunto sem aviso
ou conexão obvia não constitui um descarrilamento.
Descriminalização
Anulação de leis ou regulamentações que definem como
criminoso um comportamento, produto ou condição. O termo é usado tanto em
conexão com drogas ilícitas como com delitos de embriaguez em via pública (Ver
embriagado). Algumas vezes é também aplicado à redução na gravidade de um crime
ou de penalidades criminais, como quando a posse de cannabis é reduzida de
crime que leva à prisão para infração que pode ser penalizada com uma
advertência ou multa.
Assim, a descriminalização é frequentemente distinguida da
legalização, o que envolve a completa anulação de qualquer definição de um
crime, frequentemente acompanhado com um esforço governamental para controlar
ou influenciar o mercado do comportamento ou produto afetado.
Desenvolvimento psicossocial
Interação progressiva entre uma pessoa e seu ambiente
através de estágios que começam na infância, como inicialmente descritos por
Erikson. Tarefas do desenvolvimento específicas, envolvendo as relações sociais
e o papel da realidade social, são enfrentadas por uma pessoa em uma
determinada fase de seu desenvolvimento. As principias tarefas acompanham os
estágios do desenvolvimento psicossexual; as posteriores estendem-se
através da idade adulta.
Desinibição
Estado de liberação das funções inibitórias em geral
exercidas pelo córtex cerebral. A desinibição pode resultar tanto de lesões
orgânicas cerebrais como da administração de uma droga psicoativa.
A crença de que uma droga psicoativa, especialmente o
álcool, induz farmacologicamente o comportamento desinibido, é encontrada desde
o século XIX na formulação fisiológica do desligamento das inibições
localizadas “nos centros superiores da mente”.
Quase qualquer adjetivo, desde “maligno” a “expressivo”,
pode ser usado para descrever o comportamento atribuído ao efeito
desinibitório. A expressão “teoria da desinibição" é usada para distinguir
esta crença de uma perspectiva mais recente que afirma que os efeitos
farmacológicos são fortemente mediados por expectativas culturais, pessoais e
pelo contexto.
Desinibição é também usado por neurofisiologistas e
neurofarmacologistas para referir-se à retirada de uma influência inibitória em
um neurônio ou circuito neuronal em contraste com a estimulação direta do
neurônio ou circuito neuronal. Por exemplo, as drogas opioides deprimem a
atividade de neurônios dopaminérgicos que normalmente exercem um efeito
inibitório na secreção de prolactina pelas células da hipófise. Assim, os opioides
“desinibem” a secreção de prolactina e indiretamente causam uma elevação do
nível de prolactina no plasma.
Desintoxicação
Processo pelo qual um indivíduo é afastado dos efeitos de
uma substância psicoativa. Como um procedimento clínico, o processo de privação
ocorre de maneira segura e efetiva, de modo que os sintomas da abstinência são
minimizados. O local no qual esse processo se dá é denominado de unidade ou
centro de desintoxicação.
No início de desintoxicação, em geral o indivíduo está
clinicamente intoxicado ou já em abstinência. A desintoxicação pode ou não
envolver o uso de medicamentos. Quando usada, a medicação dada é usualmente uma
droga que apresenta tolerância cruzada e dependência cruzada com a(s)
substância(s) usada(s) pelo paciente. A dose é calculada para aliviar a
síndrome de abstinência sem induzir intoxicação e é gradualmente diminuída à
medida que o paciente se recupera.
A desintoxicação como um procedimento clínico implica que o
indivíduo seja supervisionado até recuperar-se completamente da intoxicação ou
da síndrome de abstinência física. O termo “auto desintoxicação” é usado
algumas vezes para denotar a recuperação não assistida de um episódio de
intoxicação ou sintomas da abstinência.
Desorientação
Obscurecimento das esferas temporal, topográfica ou pessoal
da consciência, associado a várias formas de síndromes cerebrais orgânicas ou,
menos comumente, com síndromes dissociativas. Em avaliações interculturais, o
clínico deve estar sensível às diferenças culturais relativas a calendários,
diferenças geográficas na identificação de estações do ano, do acesso a meios
de mensuração de unidades do tempo ligadas à cultura (p.ex., relógios) e vários
meios de orientação espacial (p.ex., indicar andares de um edifício, conhecimento
dos nomes de distritos locais).
Despersonalização
Estado de perturbação da consciência no qual a pessoa
percebe a si mesma como irreal, distante ou artificial; tais alterações da
consciência de si mesmo aparecem sem alteração sensorial e com integridade da
capacidade de expressão emocional. Entre uma grande variedade de fenômenos de
sofrimento subjetivo, muitos deles difíceis de serem verbalizados, os mais
relevantes se referem à experiência de transformação corporal, auto avaliação
compulsiva, ausência de resposta afetiva (apatia), perturbação da orientação
temporal e da percepção do fluir do tempo, alienação da consciência de
identidade (orientação auto psíquica) ou automatização.
O paciente pode sentir-se distanciado de suas experiências,
como se visse a si mesmo de longe ou como se tivesse morrido. A consciência do
caráter patológico destas experiências costuma estar conservada. A
despersonalização pode ocorrer como manifestação isolada, mesmo em pessoas
sadias submetidas a fadiga ou sobrecarga emocional, ou pode compor quadros
clínicos mais complexos de ruminação e outros estados de ansiedade obsessiva,
depressão, esquizofrenia, certos transtornos da personalidade e alterações
funcionais cerebrais. Sua patogenia é desconhecida. Ver Síndrome De Despersonalização/Desrealização.
Desrealização
Experiência subjetiva de alienação semelhante à
despersonalização, mas que envolve o mundo externo ao invés das experiências
próprias do indivíduo e sua personalidade. O ambiente pode parecer descolorido,
sem vida e parecer artificial ou num estágio no qual as pessoas estão agindo em
papéis errados.
Desvantagem
Obstáculos, consequentes a deficiências ou incapacidades,
que limitam ou impedem a um indivíduo o desempenho de papéis ou atividades
normalmente esperados por seu grupo social, de acordo com sua idade, sexo e
outros fatores sociais e culturais.
Representa uma discordância entre o desempenho ou status de
um indivíduo e as expectativas do próprio indivíduo ou do grupo social a que
ele pertence. Resulta das barreiras físicas ou de qualquer outra natureza,
erigidas pelo grupo social em relação a um indivíduo (ou grupo de indivíduos)
em função de sua identidade particular como portador de um dado transtorno.
Desvio
Em geral, forma de comportamento que se afasta
significativamente daquilo que é considerado como normal em uma dada cultura. O
termo pode ser neutro, designando baixa frequência estatística, ou pode
traduzir um significado sociológico, p.ex., quebra de regras, conduta
estigmatizada ou censurada ou adoção de papéis marginais na sociedade.
Deterioração esquizofrênica
Redução da capacidade cognitiva adaptativa, da resposta
volitiva e afetiva, da motivação e das habilidades sociais, que ocorrem em uma
parte das doenças esquizofrênicas, após o início da doença, por períodos
variáveis. Este processo normalmente resulta em um defeito ou em um estado
terminal, mas nem sempre é irreversível.
Determinismo cultural
A visão de que o desenvolvimento, a psicologia e o
comportamento humano são determinados pela cultura, com pouca ou nenhuma
contribuição de fatores biológicos e psicológicos. É um conceito que se opõe,
por um lado, ao determinismo biológico (ou seja, a biologia determina tudo), e,
por outro lado, ao determinismo psicológico (ou seja, a psicologia determina
tudo).
Dipsomania
Forma de uso excessivo de álcool caracterizada por uso
episódico, porém descontrolado.
Discriminação
1. Ato de distinguir
precisamente e identificar um objeto ou conceito através do reconhecimento de
diferenças entre dois objetos ou conceitos. Assim, discriminação auditiva é a
habilidade de diferenciar entre sons da fala, entre fala com significado e
sílabas sem sentido ou barulho, entre vozes diferentes, etc. Da mesma forma,
discriminação visual é a habilidade de diferenciar entre as letras de uma
palavra escrita e rabiscos, entre números diferentes, entre cores, etc.
2. Identificação, na
maioria das vezes de forma negativa ou pejorativa, de um indivíduo como
pertencente a um grupo ou minoria social.
Disforia
Humor desagradável. Ansiedade. Angústia.
Dislexia
Incapacidade ou dificuldade para a leitura, incluindo
cegueira para as palavras e uma tendência para inverter letras e palavras na
leitura e na escrita.
Dissociação
Alteração temporária da consciência não devido à doença
mental orgânica; suas manifestações clínicas podem incluir conversão, fuga, desorientação,
amnésia, pseudoconvulsões. Certas síndromes vinculadas à cultura, tais como
personalidade múltipla, síndrome de Ganser e síndromes de possessão
frequentemente apresentam esta condição considerada como não-psicótica.
Dissonia
Transtornos primários do sono ou vigília, caracterizados por insônia ou
hipersonia como sintoma principal. As dissonias são transtornos na quantidade,
qualidade ou tempo de sono.
Distorção
Alteração de fatos, percepções, ideias ou impulsos de forma
que eles não correspondem às interpretações ou percepções comumente aceitas. A
distorção pode ser consciente ou inconsciente, ou pode ser uma combinação de
ambas. De acordo com a teoria psicanalítica, a neurose de transferência é um
tipo particular de distorção inconsciente que se desenvolve no contexto da
relação psicoterapêutica. Geralmente a distorção não implica nem um erro
interpretativo psicótico nem uma percepção delirante.
Distorções de linguagem
Alterações de palavras, frases ou construções gramaticais.
Exemplos destas distorções ocorrem em pacientes afásicos ou em crianças com
transtornos de desenvolvimento da leitura ou da fala. Estas distorções podem
tornar difícil ou às vezes impossível o entendimento do que a pessoa tenta
dizer. Em avaliações clínicas com auxílio de intérpretes, estes podem não
reconhecer o valor clínico deste quadro e podem tentar “normalizar” as
expressões do paciente, mascarando a patologia expressa no discurso do
paciente.
Distribuição lognormal
Refere-se à teoria, proposta por Sully Ledermann, nos anos
1950, que o consumo de álcool está distribuído entre os bebedores de uma
população de acordo com uma curva lognormal que varia, de uma população a
outra, segundo um único parâmetro, pelo que uma grande proporção do consumo de
álcool se deve a uma pequena proporção de bebedores.
Se bem que a formulação específica de Ledermann esteja hoje
desacreditada, se aceita, em geral, que, nas sociedades onde se obtém álcool
livremente no mercado, os bebedores estão distribuídos ao longo de um espectro
de níveis de consumo de álcool, numa curva unimodal desviada para a esquerda
(referida como a distribuição unimodal do consumo, a qual também caracteriza o
consumo de muitos outros bens).
A ênfase na distribuição do consumo na população tornou-se
associada a uma atenção renovada para com medidas do controle do álcool que
reduzem os níveis dos problemas ligados ao álcool; por isso, esta perspectiva
orientada para a saúde pública é, às vezes, designada como teoria da
distribuição do consumo.
Doença
alcoólica
A
convicção de que o alcoolismo é uma condição de causa biológica primária e com
história natural previsível configura-a de acordo com as definições aceitas de
uma doença. A perspectiva leiga dos Alcoólicos Anônimos (1939) — de que o
alcoolismo, caracterizado pela perda de controle do indivíduo sobre o beber e
assim sobre sua vida, era uma “doença” — foi introduzida na literatura
acadêmica nos anos 1950 na forma de conceito de doença do alcoolismo.
O
conceito tinha suas raízes nas concepções médica e leiga do século XIX de
embriaguez como uma doença. Em 1977, um grupo de investigadores da OMS,
reagindo ao amplo e diversificado uso do termo alcoolismo, propôs substituí-lo
na nosologia psiquiátrica por síndrome de dependência do álcool. Por analogia
com dependência de drogas, a dependência de álcool tem encontrado aceitação
geral nas atuais nosologias.
Doença
dos nervos
Mal
vago, encontrado em grupos latino-americanos. Os sintomas mais comuns variam de
instabilidade emocional e ansiedade ao abuso de álcool, dores de cabeça e
síndrome paranoide. Julga-se que os efeitos patológicos do estresse no sistema
nervoso contribua para a existência de uma série de alterações comportamentais,
emocionais ou mentais.
Pode
ocorrer em associação com vários transtornos psiquiátricos, tais como
transtorno de ajustamento, transtorno do humor, transtorno de ansiedade,
transtorno dissociativo, transtorno por uso de substâncias. É descrita como um
transtorno crônico ou como uma vulnerabilidade crônica devido a defeitos
constitucionais. Nervos é um estado semelhante à doença dos nervos, encontrado
em indivíduos que falam diferentes dialetos do inglês. Nevra é um estado
semelhante à doença dos nervos, encontrado em pessoas de origem grega.
Doping
Definido
pelo Comitê Olímpico Internacional e pela Federação Internacional de Atletas
Amadores como o uso ou distribuição de substâncias que podem melhorar
artificialmente as condições físicas e mentais do atleta e, portanto, seu
desempenho atlético.
As
substâncias que têm sido usadas com este fim são inúmeras e incluem vários
esteroides, estimulantes, beta bloqueadores, anti-histamínicos e opioides.
Testes de rastreamento oficiais para detecção de doping têm sido feitos nos
Jogos Olímpicos desde 1968 e são atualmente uma prática habitual em vários
esportes profissionais e amadores em muitos países.
No
final do século XIX, um exemplo de doping era a ministração de substâncias
psicoativas a cavalos de corrida, para alterar seu desempenho e “dopado” passou
a ser usado para descrever uma pessoa cujos sentidos estivessem aparentemente
embotados, como sob efeito de drogas. Na gíria, o termo “dopado” tem sido
utilizado para se referir a qualquer substância
Dosagem
de drogas
Análise
de fluidos corporais (sangue, urina ou saliva), cabelos ou outros tecidos para
verificar a presença de uma ou mais substâncias psicoativas.
Os
testes são usados para monitorizar a abstinência de substâncias psicoativas em
participantes de programas de reabilitação de drogas, para monitorizar o uso
furtivo de drogas por pacientes em terapia de manutenção e em empregos
condicionados à abstinência destas substâncias.
Dose
padrão
Volume
de bebida alcoólica (p.ex., um copo de vinho, uma lata de cerveja, ou um
coquetel que contém destilados) que contém aproximadamente as mesmas
quantidades (em gramas) de etanol, independente do tipo de bebida. O termo é
geralmente utilizado para educar usuários de álcool sobre efeitos similares
associados com o consumo de diferentes bebidas alcoólicas, servidas em copos ou
em recipiente de tamanho-padrão (p.ex., os efeitos de um copo de cerveja são
equivalentes aos de uma taça de vinho).
No
Reino Unido, é empregado o termo “unidade” (aproximadamente 8-9 g de etanol);
na literatura norte-americana, “uma dose” contém cerca de 12g de etanol. Em
outros países, as quantidades de álcool escolhidas para se aproximarem de uma
dose padrão podem ser maiores ou menores, dependendo dos costumes locais e do
acondicionamento da bebida.
Droga
sensibilizadora ao álcool
Um
agente terapêutico prescrito para ajudar na manutenção da abstinência do álcool
por meio da produção de efeitos colaterais desagradáveis, se o álcool for
ingerido. Os compostos comumente em uso inibem a aldeidodesidrogenase, a enzima
que catalisa a oxidação do acetaldeído. A consequente acumulação do acetaldeído
causa a síndrome de rubor facial, náusea e vômito, palpitações e tontura.
Exemplos de drogas sensibilizadoras incluem o dissulfiram (Antabuse) e a
carbamida de cálcio.
Droga
Termo
de uso variado. Em geral, refere-se a qualquer substância com o potencial de
prevenir ou curar doenças ou aumentar o bem-estar físico ou mental. Em
farmacologia, refere-se a qualquer agente químico que altera os processos
bioquímicos e fisiológicos de tecidos ou organismos.
Portanto,
droga é uma substância que é, ou pode ser, listada numa farmacopeia. Na
linguagem comum, o termo se refere especificamente a drogas psicoativas e em
geral ainda mais especificamente às drogas ilícitas, as quais têm um uso não
médico além de qualquer uso médico.
As
classificações profissionais (p.ex., “álcool e outras drogas”) frequentemente
procuram fazer com que a cafeína, o tabaco, o álcool e outras substâncias de
uso habitual não médico sejam também enquadradas como drogas, na medida em que
elas são consumidas, pelo menos em parte, por seus efeitos psicoativos.
Duplo
diagnóstico
Um
termo genérico que se refere à comorbidade ou à concomitância no mesmo
indivíduo de um transtorno por uso de substâncias psicoativas e outro
transtorno psiquiátrico. Tais indivíduos são algumas vezes conhecidos como
doentes mentais que abusam de substâncias químicas.
Menos
comumente o termo se refere à ocorrência simultânea de dois transtornos
psiquiátricos, não envolvendo o uso de substâncias psicoativas. O termo também
tem sido aplicado à concomitância de dois transtornos por uso de substâncias
(Ver Uso de Múltiplas Drogas).
O
uso deste termo não traz implicações sobre a natureza da associação entre as
duas condições ou de qualquer relação etiológica entre elas. Sinonímia:
comorbidade.
E
Ebriedade
Estado de
estar intoxicado por substância psicoativa. O termo usualmente implica um
padrão habitual de embriaguez, mas já foi usado onde alcoolismo ou dependência
de álcool seriam usados agora, implicando uma condição de doença. Junto com
"ébrio" (uma pessoa apresentando ebriedade), "ebriedade"
foi terminologia padrão, no final do século 19, para intoxicação habitual e
permaneceu em uso até os anos 40.
O
conceito permanece corrente no contexto legal, como nos termos “ébrio crônico“
ou “ébrio público", equivalente ao transgressor (crônico) por embriaguez,
uma pessoa (recorrentemente) sentenciada do crime de estar embriagada em
lugares públicos.
Ego
Na
teoria psicanalítica, uma das três principais divisões no modelo do aparato
psíquico. O ego representa a soma de certos mecanismos mentais, tais
como percepção e memória, e mecanismos de defesa específicos. Serve para mediar
entre as demandas das pulsões instintivas (o id), das proibições
parentais e sociais internalizadas (o superego) e da realidade.
Os
acordos feitos entre essas forças pelo ego tendem a resolver o conflito
intrapsíquico e servir a uma função adaptativa e executiva. O uso psiquiátrico
do termo não deve ser confundido com o uso comum que tem a conotação de
amor-próprio ou egoísmo.
Elação
Afeto consistindo de sentimentos de euforia, triunfo,
intensa satisfação consigo mesmo, otimismo; um humor instável, mas excitado, é
característico da mania.
Embriaguez patológica
Síndrome caracterizada por excitação extrema, comportamento
agressivo e violento e, frequentemente, ideias de perseguição, após consumo de
quantidade relativamente pequena de álcool. Dura várias horas e termina com o
doente adormecendo.
Normalmente há amnésia completa do episódio. Descrita em
indivíduos com uma tolerância anormalmente baixa ao álcool, este diagnóstico é
usado principalmente no contexto forense, porém vários autores contestam sua
existência.
Embriaguez
Estado de intoxicação com comprometimento da consciência e
do controle da conduta.
Encefalopatia de Wernicke
Síndrome neurológica aguda (descrita como poliencefalite
hemorrágica superior, em 1881), que representa risco de vida. É caracterizada
por confusão, apatia, embotamento, delirium oniroide, paralisia dos músculos
palpebrais e oculomotores (devido a lesões nos núcleos dos nervos cranianos III
e VI), nistagmo e alterações do equilíbrio (devido a lesões no núcleo
vestibular) e ataxia (devido a lesões no córtex cerebelar).
A causa mais comum nos países industrializados é a
deficiência de tiamina associada com alcoolismo. Se não tratado imediatamente
com terapia de reposição de tiamina, o paciente provavelmente evoluirá para
psicose de Korsakov (também conhecida como psicose ou síndrome de
Wernicke-Korsakov e como transtorno amnésico alcoólico) caracterizado por
amnésia anterógrada grave, amnésia retrógrada e algumas vezes confabulação.
Esta condição pode ser fatal, se não for adequadamente
tratada. Ver síndrome amnésica induzida por álcool ou drogas; deficiência de
tiamina.
Encefalopatia
Termo impreciso que se refere a qualquer doença do cérebro
e, em particular, a toda doença cerebral crônica degenerativa. Alguns autores
usam o termo em um sentido mais restrito para designar doença cerebral crônica
com mudanças patológicas irreversíveis; outros o usam para descrever um
delirium. Outros ainda usam-no para sinais precoces de disfunção do tecido
cerebral que são muito sutis para confirmar um diagnóstico definitivo.
Encefalopatia alcoólica indica que o dano ao tecido cerebral é causado por uso
de álcool ou associado ao mesmo. Ver Encefalopatia de Wernicke; síndrome
cerebral alcoólica.
Envenenamento por álcool ou droga
Estado de grande perturbação do comportamento, das funções
vitais e do nível de consciência, que se segue à administração de uma dosagem
excessiva (deliberada ou acidental) de uma substância psicoativa. No campo da
toxicologia, o termo envenenamento é utilizado de forma mais ampla para denotar
um estado resultante da administração de quantidades excessivas de qualquer
agente farmacológico, psicoativo ou não.
Enxaqueca
Ataque recorrente e paroxístico de dores de cabeça variáveis
em intensidade, frequência e duração. Os ataques são comumente unilaterais e
geralmente acompanhados de anorexia, náusea e vômito. Em alguns casos, são
precedidos por, ou associados com, transtornos neurológicos especialmente do
campo da visão. Em certos casos, a enxaqueca pode apresentar-se com sintomas
psiquiátricos. O estado é atribuído a transtornos vasomotores da circulação
cerebral.
Episódio
Forma de manifestação de uma patologia aguda que se inicia
subitamente e dura pouco tempo (segundos, minutos, horas ou, no máximo, poucos
dias). Em geral, há uma rápida recuperação, mas pode, em muitos casos,
apresentar tendência a se repetir, geralmente da mesma maneira, com os mesmos
sintomas que surgem na mesma sequência. Das formas de evolução episódica das
doenças mentais, fala-se de fase, quando se trata de depressão, de surto,
diante de casos de esquizofrenia, e, finalmente de crise, com referência à
epilepsia ou a rupturas de um estado de equilíbrio (como em crises vitais).
Esquizofrenia
Transtorno caracterizado, em geral, por distorções
fundamentais e características do pensamento e da percepção e por afeto
inadequado ou embotado. A consciência clara e a capacidade intelectual estão
usualmente mantidas, embora certos déficits cognitivos possam surgir no curso
do tempo. A perturbação envolve as funções mais básicas que dão à pessoa normal
um senso de individualidade, unicidade e de direção de si mesmo.
Os mais íntimos pensamentos, sentimentos e atos são
frequentemente sentidos como conhecidos ou partilhados por outros e podem
desenvolver-se delírios explicativos, a ponto de o indivíduo atingido crer que
forças naturais ou sobrenaturais trabalham de forma a influenciar seus
pensamentos e ações, de modo frequentemente bizarro. Embora nenhum sintoma
estritamente patognomônico possa ser identificado, os fenômenos
psicopatológicos mais importantes incluem eco do pensamento, inserção ou roubo
do pensamento, difusão do pensamento, percepção delirante e delírio de
controle, influência ou passividade, vozes alucinatórias comentando ou discutindo
com o paciente na terceira pessoa, alterações do curso do pensamento, catatonia
ou sintomas negativos.
O curso da esquizofrenia pode ser contínuo ou episódico com
déficit progressivo ou estável seguindo os episódios, ou consistindo de um ou
mais episódios com remissão completa.
Esteroide
Substância do grupo de hormônios naturais ou sintéticos que
são lipídios complexos baseados na molécula de colesterol que afetam o
crescimento, processos químicos do organismo e funções fisiológicas sexuais,
entre outras. Compreende os hormônios corticais, testiculares e ovarianos e
seus derivados.
No contexto do uso de drogas e problemas relacionados, os
esteroides anabolizantes são os que causam maior preocupação. Estes compostos
são relacionados aos hormônios sexuais masculinos; eles aumentam a massa
muscular e, nas mulheres, causam masculinização.
Os esteroides anabolizantes são utilizados inadequadamente
por atletas com o objetivo de aumentar a força e o desempenho. O uso indevido
de esteroides corticais é raro.
Estimulante
Agente que aumenta a atividade funcional de um organismo ou
de qualquer parte de um organismo. Os estimulantes podem ser categorizados pelo
sistema somático, pela função ou pelo agente em questão. Os estimulantes do
sistema nervoso central incluem os analépticos (p.ex., estricnina, picrotoxina)
e as aminas simpaticomiméticas (p.ex., anfetamina, cocaína).
Com referência ao sistema nervoso central, qualquer agente
que ative, potencie ou aumente a atividade neural; também chamado de psico estimulante. Compreende as anfetaminas, a cocaína, a cafeína e outras
xantinas, a nicotina, e os supressores do apetite sintéticos, tais como a
fenmetrazina e o metilfenidato. Outras drogas têm ações estimulantes que,
embora não sejam seus efeitos primários, podem manifestar-se em altas doses ou
após o uso crônico; estes incluem os antidepressivos, os anticolinérgicos, e
certos opioides.
Os estimulantes podem induzir sintomas sugestivos de
intoxicação, incluindo taquicardia, dilatação pupilar, aumento da pressão
sanguínea, hiperreflexia, sudorese, calafrios, náusea e vômitos, e comportamento anormal tal como agressão, grandiosidade, hipervigilância,
agitação e alteração do juízo crítico.
O uso crônico geralmente induz alterações de personalidade e
comportamento, tais como impulsividade, agressividade, irritabilidade e
desconfiança. Pode ocorrer uma psicose alucinatória completa. A interrupção da
ingestão após períodos de consumo prolongado ou elevado pode produzir uma
síndrome de abstinência, com humor depressivo, fadiga, alterações de sono e
aumento de sonhos.
Na CID-10, os transtornos mentais e de comportamento
decorrentes do uso de estimulantes são subdivididos em (i) devido ao uso de
cocaína (F14) e (ii) devido ao uso de outros estimulantes, inclusive a cafeína
(F15). Proeminente entre eles estão a psicose anfetamínica e a psicose por
cocaína. Ver transtorno psicótico induzido por álcool ou droga.
Estresse
No uso atual, este termo é empregado de modo variável para
descrever diversos tipos de estímulos aversivos de intensidade excessiva, ou as
respostas subjetivas, comportamentais e fisiológicas aos mesmos; ou o contexto
que medeia o encontro entre o indivíduo e os estímulos estressantes; ou todos
os acima mencionados considerados como sistema. O termo, obviamente, é por
demais abrangente e deve ser empregado com parcimônia.
Euforia
Sentimento exagerado de bem-estar físico e emocional,
geralmente de origem psicológica.
Exaltação
Estado afetivo de alegria, o qual, quando intensificado e
sem conexão com as circunstâncias, é um sintoma dominante da mania e da
hipomania.
Excitação
Um conceito psicofisiológico incorporando um estado de
alerta de grau variável, associado à estimulação e à ativação de impulsos
corticosseptais da formação reticular. A excitação tem sido relacionada com
teorias de personalidade, bases biológicas dos impulsos, resposta a drogas e
transtornos mentais.
F
Fabulação
Transtorno de memória que ocorre sem alteração de
consciência, caracterizado por falsos relatos de eventos passados ou
experiências pessoais. As memórias falseadas são usualmente esquecidas e
precisam ser evocadas; menos comumente, elas são espontâneas e sustentadas e,
ocasionalmente, tendem à grandiosidade. A tabulação usualmente ocorre em
síndromes amnésicas orgânicas (p.ex., Síndrome de Korsakov). A tabulação pode
também ser induzida ou influenciada iatrogenicamente. Ela não deve ser
confundida com as alucinações de memória que ocorrem na esquizofrenia, nem com
a pseudologia fantástica (síndrome de Delbruck).
Facilitador
Pessoa ou grupo social cujas ações ou políticas facilitam,
intencionalmente ou não, o contínuo uso indevido de álcool ou de outra substância
psicoativa.
Fenciclidina
Substância psicoativa com efeitos depressores, estimulantes, analgésicos
e alucinógenos sobre o sistema nervoso central. Foi introduzida na clínica como
anestésico dissociativo, mas seu uso foi abandonado devido à frequente ocorrência
de uma síndrome aguda manifestada por desorientação, agitação e delirium.
Parece ser útil no tratamento de acidentes vasculares cerebrais.
A PCP é relativamente barata e fácil de sintetizar, sendo utilizada como
droga ilícita desde os anos 1970. Substâncias relacionadas que produzem efeitos
semelhantes compreendem o dexoxadrol e a quetamina.
O uso ilícito da PCP se faz por via oral, endovenosa ou por aspiração,
mas geralmente é fumada. Os efeitos começam em 5 minutos e têm seu pico em 30
minutos. Primeiro, o usuário sente euforia, calor corporal, formigamento,
sensação de flutuação e o sentimento de um sereno isolamento.
Podem aparecer alucinações visuais e auditivas, assim como alterações da
imagem corporal, percepções distorcidas do tempo e do espaço, delírios e
desorganização do pensamento. Alguns sintomas neurológicos e psicológicos
acessórios estão relacionados com a dose e incluem hipertensão, nistagmo,
ataxia, disartria, esgares, sudorese intensa, hiperreflexia, diminuição da
resposta à dor, rigidez muscular, hiperpirexia, hiperacusia e convulsões.
Os efeitos geralmente duram de 4 a 6 horas, embora alguns sintomas
residuais possam levar vários dias para desaparecerem. Durante o período
imediato de recuperação pode haver comportamento autodestrutivo ou violento.
Foram observados delirium, transtorno delirante e transtorno de humor causados
pelo uso de PCP.
Como no caso dos alucinógenos, não se sabe se tais transtornos são
efeitos específicos da droga ou manifestação de uma vulnerabilidade preexistente.
Na CID-10, os transtornos relacionados à PCP estão classificados junto com os
dos alucinógenos (F16).
Fetichismo
Transtorno da preferência sexual consistindo na dependência
de alguns objetos inanimados como um estímulo para excitação e satisfação
sexuais. Muitos fetiches são uma parte do corpo (p.ex., uma mecha de cabelos,
os pés, extensões do corpo humano) ou artigos de vestuário e calçados.
Outros exemplos comuns são caracterizados por alguma textura
em particular, tais como borracha, plástico ou couro. Os objetos-fetiche variam
em sua importância de indivíduo a indivíduo. Em alguns casos, eles servem
simplesmente para intensificar a excitação sexual alcançada por meios comuns
(p.ex., ter parceiro usando uma determinada peça de roupa).
Há diferenças culturais consideráveis quanto a este
conceito, na medida em que o apego erótico a um objeto em particular pode ser
inteiramente aceitável em uma sociedade, mas ser moderada ou gravemente
desviante em outra sociedade. A valorização erótica de uma parte do corpo ou de
um objeto pode mudar no decorrer do tempo (p.ex., o fetichismo por mulheres com
pés pequenos na sociedade chinesa do século passado, ou por mulheres de cintura
fina na sociedade europeia ou da América do Norte do século passado, ou por
mulheres de seios volumosos e por homens musculosos na sociedade
norte-americana contemporânea).
Fígado gorduroso alcoólico
Acumulação de gordura no fígado consequente à ingestão de
níveis arriscados de álcool com o consequente aumento das células do fígado e
algumas vezes hepatomegalia, função anormal do fígado, dor abdominal
inespecífica, anorexia e — menos comumente — icterícia. O diagnóstico
definitivo somente pode ser feito pelo exame histológico do fígado.
O fígado gorduroso pode desenvolver-se após uns poucos dias
de beber e esta situação não deve ser considerada como indicativa de uma
dependência de álcool. A abstinência resulta em regressão das anormalidades
histológicas. O termo preferido para esta situação é “fígado gorduroso induzido
pelo álcool”, embora não seja de uso generalizado.
Filho de alcoolista
Pessoa com pelo menos um dos pais que seja ou tenha sido um
alcoolista. As discussões iniciais sobre os efeitos dos pais alcoolistas sobre
os seus filhos focalizavam crianças e adolescentes.
Nos anos 1980, ser um filho adulto de alcoolista (FAA ou
FADA) passou a ser uma identificação associada a um movimento de grupo de ajuda
mutua, operando seja sob os auspícios de Al-Anon seja em grupos separados e em
programas de tratamento, a maioria deles organizados segundo os princípios do
grupo dos doze passos. Uma crescente literatura popular caracteriza o FDA como
um coalcoolista ou codependente, e apresenta uma lista abrangente de
características debilitantes do FDA na vida adulta. Há agora uma tendência a se
generalizar o modelo para "filhos adultos de famílias disfuncionais".
Fobia social
Medo de expor-se a outras pessoas, levando à evitação de
situações sociais. Fobias sociais mais difusas são usualmente associadas com
pouco amor-próprio e medo de críticas. Elas podem apresentar-se como queixas de
enrubescimento, tremor nas mãos, náusea ou urgência miccional quando o
indivíduo se convence de que uma dessas manifestações secundárias da ansiedade
é o problema primário. Os sintomas podem progredir para transtorno de pânico.
Fobia
Medo irracional e persistente de um objeto, atividade ou situação
específicos (o estímulo fóbico), ocasionando um intenso desejo de evitá-los.
Isto frequentemente leva o indivíduo a se esquivar do estímulo fóbico ou a
enfrentá-lo com temor. A
Fobia é um medo específico intenso o qual, na maioria das vezes, é projetado
para o exterior através de manifestações próprias do organismo.
Essas manifestações normalmente tocam ao sistema
neurovegetativo, tais como: vertigens, pânico, palpitações, distúrbios
gastrintestinais, sudorese e perda da consciência por lipotimia. As
manifestações autossômicas externadas pela fobia têm lugar sempre que o
paciente se depara com o objeto (ou situação) fóbico.
O pensamento fóbico é tão automático quanto o obsessivo e o
paciente tem plena consciência do absurdo de seus temores ou, ao menos,
sabem-no como completamente infundados na intensidade que se manifestam.
Resistem os temores, a qualquer argumentação sensata e lógica. Aliás, o medo só
será fóbico quando considerado injustificável pelo próprio paciente e,
concomitantemente, for capaz de produzir reações adversas comandadas pelo
sistema nervoso autônomo.
Folha de coca
As folhas do arbusto da coca (Erythroxylon coca),
tradicionalmente mascadas nas culturas andinas com uma pequena porção de cinzas
alcalinas, são utilizadas como estimulante e supressor do apetite e também para
aumentar a resistência nas grandes altitudes. A cocaína é extraída das folhas
de coca.
Formação reativa
Formação Reativa é um dos Mecanismos de Defesa descritos por
Freud. Esse Mecanismos de Defesa substitui
comportamentos e sentimentos que são diametralmente opostos ao desejo real.
Trata-se de uma inversão clara e, em geral, inconsciente do verdadeiro desejo.
Como outros mecanismos de defesa, as formações
reativas são desenvolvidas, em primeiro lugar, na infância. As crianças, assim
como incontáveis adultos, tornam-se conscientes da excitação sexual que não
pode ser satisfeita, evocam consequentemente forças psíquicas opostas a fim de
suprimirem efetivamente este desprazer.
Para essa supressão elas costumam construir
barreiras mentais contrárias ao verdadeiro sentimento sexual, como por exemplo,
a repugnância, a vergonha e a moralidade. Não só a ideia original é reprimida,
mas qualquer vergonha ou auto reprovação que poderiam surgir ao admitir tais
pensamentos em si próprios também são excluídas da consciência.
Infelizmente, os efeitos colaterais da Formação
Reativa podem prejudicar os relacionamentos sociais. As principais
características reveladoras de Formação Reativa são seu excesso, sua rigidez e
sua extravagância. O impulso, sendo negado, tem que ser cada vez mais ocultado.
Através da Formação Reativa, alguns pais são
incapazes de admitir certo ressentimento em relação aos filhos, acabam
interferindo exageradamente em suas vidas, sob o pretexto de estarem
preocupados com seu bem-estar e segurança. Nesses casos a superproteção é, na
verdade, uma forma de punição.
O esposo pleno de raiva contra sua esposa pode
manifestar sua Formação Reativa tratando-a com formalidade exagerada: "não
é querida..." A Formação Reativa oculta partes da personalidade e
restringe a capacidade de uma pessoa responder a eventos e, dessa forma, a
personalidade pode tornar-se relativamente inflexível.
Formula de Jellinek
Um método de avaliar o número de alcoolistas numa população,
proposto originalmente por E. M. Jellinek, por volta de 1940, e integralmente
publicado em 1951. Na versão final, a fórmula era A = (PD/K)R, na qual A é o
número de alcoolistas; D é o número de mortes devido à cirrose notificadas num
determinado ano; supõem-se que P, K, e R são constantes, refletindo
respectivamente a proporção de mortes por cirrose devido a alcoolismo, à
percentagem de alcoolistas com complicações e que morrem de cirrose num
determinado ano e à relação entre a totalidade de alcoolistas e os alcoolistas
com complicações. Tanto a suposição que P, K e R são constantes, bem como a
própria base conceituai da fórmula foram objeto de críticas cada vez mais
severas, e o próprio Jellinek recomendou, por volta de 1959, o seu abandono.
Não obstante, a fórmula, por falta de alternativas, continuou a ser muito
utilizada até os anos 1970.
Fuga dissociativa
Estado de amnésia dissociativa acompanhado de deslocamento
geográfico intencional que excede os trajetos cotidianos. Apesar da amnésia
simultânea à fuga, pode o indivíduo, durante esta, ostentar comportamento que,
para observadores independentes, aparente completa normalidade. Sua incidência
parece diferir de uma cultura para outra, bem como ao longo do tempo na mesma
cultura. Ver dissociação.
G
Ganho secundário
Ganho
externo derivado de qualquer doença, tal como atenção e atendimento pessoal,
vantagens financeiras, benefícios por incapacitação e dispensa de
responsabilidades desagradáveis.
Ganho
secundário
Na
teoria psicanalítica, ganho secundário ou epinósico assinala as vantagens
práticas que podem ser alcançadas usando-se um sintoma para manipular e/ou
influenciar outras pessoas. Deve ser diferenciado do ganho primário (ou
paranósico), que consiste na diminuição de ansiedade e conflitos resultantes da
formação de um sintoma. A determinação do ganho secundário pode ser
influenciada pela sociedade (pensões ou pagamentos recebidos pela presença
persistente dos sinais ou sintomas) ou cultura (desenvolvimento de uma condição
clínica sob circunstância de extremo estresse cultural ou expectativas).
Gastrite
alcoólica
Inflamação
do revestimento da mucosa do estômago causada pelo álcool. Isto acontece
caracteristicamente após uma alcoolização abusiva (ver beber excessivo) e está
caracterizada por erosões, eventualmente hemorrágicas, da mucosa. Os sintomas
incluem dor na parte superior do abdômen. A gastrite alcoólica é comumente
acompanhada por esofagite. Na maioria dos casos, esta situação é autolimitada e
desaparece com a abstinência.
Grandiosidade
Uma avaliação enfatuada do próprio valor, poder, conhecimento,
importância ou identidade. Quando extrema, a grandiosidade pode apresentar
proporções delirantes.
Grupo de autoajuda
Termo que se refere a dois tipos de grupos terapêuticos, mas é
mais comumente usado para o que é mais propriamente chamado de grupo de ajuda
mútua, que exprime mais rigorosamente a ênfase na ajuda e apoios mútuos. Também
se refere a grupos que ensinam técnicas de autocontrole cognitivas,
comportamentais e outras.
Grupo dos 12 passos
Grupo de ajuda mútua organizado ao redor do programa de 12 passos
dos Alcoólicos Anônimos (AA) ou uma adaptação próxima deste programa. O
programa AA de 12 passos implica admitir a própria incapacidade da pessoa de
controlar o próprio beber e a própria vida devido ao beber, entregando a vida a
uma "força maior", fazendo um inventário moral e reparações dos erros
do passado e oferecendo ajuda para outros alcoolistas.
O alcoolista em recuperação "no programa" nunca mais
deve beber, embora este objetivo seja cumprido a cada dia. O AA é organizado
nos termos de "doze tradições", que incluem anonimato, posicionamento
apolítico e uma estrutura organizacional não hierárquica. Outros grupos de 12
passos variam quanto à sua adesão às 12 tradições. Existem agora centenas de
organizações de grupos de 12 passos, cada uma focalizada em um de vários
problemas comportamentais, de personalidade e de relacionamento.
Outros grupos operantes na área de drogas incluem os Cocainômanos
Anônimos, Drogados Anônimos, Narcóticos Anônimos, Fumadores Anônimos e
Dependentes de Comprimidos Anônimos. Para familiares de alcoólicos ou de
dependentes de outras substâncias existem grupos como Al-Anon, Alateen e Codependentes
Anônimos. Instituições de tratamento com uma forte ênfase no modelo AA são
geralmente denominadas de "programas de 12 passos".
Grupo primário de apoio - Pessoas com as quais um indivíduo
tem uma relação face a face forte e persistente, e que formam o núcleo ou o
centro de seu ambiente interpessoal.
Grupos de ajuda mútua
Grupo no qual os participantes — portadores de problemas ou
transtornos específicos — se ajudam uns aos outros; têm grande importância na
manutenção da remissão da dependência ou de problemas ligados ao álcool ou
outras drogas ou de outros efeitos de outras dependências, sem terapia ou
orientação profissional.
Grupos importantes no campo do álcool e outras drogas incluem os
alcoólicos anônimos, narcóticos anônimos e Al-Anon (para membros das famílias
de alcoolistas) os quais seguem 12 passos baseados numa abordagem espiritual
não confessional. Os grupos de ajuda mútua no campo do álcool datam dos
Washingtonianos de 1840 e incluem grupos europeus, tais como Blue Cross, Gold
Cross, grupos Hudolin e Links.
A abordagem de alguns desses grupos possibilita uma orientação
profissional ou semiprofissional. Alguns lares de recuperação ou centros de
dia/noite no campo do álcool e as comunidades terapêuticas para os dependentes
de outras drogas devem ser encarados como grupos residenciais de ajuda mútua.
H
Hepatite alcoólica
Transtorno do fígado caracterizado por necrose das células
do fígado (hepatócitos) e sua inflamação, devido ao consumo crônico de álcool
de forma nociva. É um bem documentado precursor da cirrose alcoólica,
especialmente em casos nos quais ingestão de álcool permanece elevada.
Embora, estritamente falando, o diagnóstico seja
histológico, com frequência é realizado com base em evidências clínicas e
bioquímicas, mesmo que a confirmação pela biopsia não seja possível. Em termos
clínicos, o diagnóstico é sugerido pela presença de icterícia (a qual pode ser
intensa), discreta hepatomegalia e, algumas vezes, ascite e hemorragia.
Hipomania
Transtorno caracterizado por uma elevação leve, porém
persistente, do humor, aumento da vitalidade e da atividade e, habitualmente,
uma notável sensação de bem-estar e de eficiência física e mental. Aumento da
sociabilidade, loquacidade, familiaridade exagerada, aumento do vigor sexual e
diminuição da necessidade de sono estão frequentemente presentes, mas não a
ponto de perturbarem gravemente o desempenho ocupacional ou resultarem em
rejeição social. Os transtornos do humor e do comportamento não se fazem acompanhar
nem por delírios nem por alucinações.
Histeria
Síndrome conhecida desde os tempos da Grécia clássica,
quando se acreditava que a causa estava relacionada com o útero (Gr. hystera),
já que ocorria quase exclusivamente em mulheres, àquela época. Guarda,
historicamente, certa relação com o transtorno dissociativo (conversão) da
CID-10. A prevalência dessa condição pode diferir muito de uma cultura para
outra, bem como na mesma cultura ao longo do tempo. Atualmente, tanto homens
como mulheres manifestam esta condição.
Histriônico
Relativo à mímica, expressão e discurso exagerados
normalmente associados à teatralidade. Quando aplicado à personalidade, o termo
denota agregação de traços pré-mórbidos, que incluem comportamento teatral,
desejo de impressionar, ganho de simpatia ou de ser o centro das atenções,
superficialidade emotiva e intensos períodos de sonhar acordado. Ver transtorno
histriônico da personalidade.
Humor
Uma emoção abrangente e constante que matiza a percepção do mundo.
Exemplos comuns de humor incluem depressão, euforia, raiva e ansiedade. Em
contraste com o afeto, que se refere a alterações mais flutuantes no
"clima" emocional, o humor refere-se a um "clima" emocional
mais abrangente e constante. Tipos de humor incluem:
·
Disfórico - Humor desagradável,
como tristeza, ansiedade ou irritabilidade.
·
Elevado- Sensação exagerada de bem-estar,
euforia ou excitação. Uma pessoa com humor elevado pode descrever uma sensação
de "euforia", "êxtase", de "estar nas nuvens" ou
"no topo do mundo".
·
Eutímico- Humor na faixa "normal", que
Implica a ausência de humor deprimido ou elevado.
·
Expansivo- Falta de restrições na expressão dos
próprios sentimentos, frequentemente com supervalorização da própria
importância.
·
Irritável- Facilmente aborrecido e levado à
raiva.
I
Id
Termo psicanalítico que designa a fonte de energia psíquica,
em sua forma mais primitiva, apresentando-se sob a forma dos instintos ou
pulsões, que são essencialmente de natureza biológica. O ID seria o instinto ou
pulsão de vida, ligado à sobrevivência do sujeito e da espécie (libido ou
desejo). É no ID que se concentram nossos sentimentos, desejos e experiências
reprimidas e recalcadas. As ideias e os afetos contidos no ID não têm limite,
são amorais e simbólicos.
Ideação
paranoide
Ideação
de proporção menor que delirante, envolvendo suspeitas ou a crença de que o
indivíduo está sendo assediado, perseguido ou injustamente tratado.
Ideia
obsessiva (obsessão)
A
intromissão indesejável de um pensamento no campo da consciência de maneira
insistente e repetitiva, reconhecido pelo indivíduo como um fenômeno incômodo e
absurdo, é denominada de Pensamento Obsessivo. Portanto, para que seja Obsessão
é necessário o aspecto involuntário das ideias, bem como, o reconhecimento de
sua conotação ilógica pelo próprio paciente, ou seja, ele deve ter crítica
sobre o aspecto irreal e absurdo desta ideia indesejável.
As
Obsessões estão tão enraizadas na consciência que não podem ser removidas
simplesmente por um aconselhamento razoável, nem por livre decisão do paciente.
Elas parecem ter existência emancipada da vontade e, por não comprometerem o
juízo crítico, os pacientes têm a exata noção do absurdo de seu conteúdo
mental. Em maior ou menor grau, as Ideias Obsessivas ocorrem em todas as pessoas,
notadamente quando crianças.
As
ideias obsessivas podem aparecer, por exemplo, como uma musiquinha conhecida
que "não sai da cabeça", ou a ideia de que pode haver um bicho
debaixo da cama, ou que o gás pode estar aberto apesar da lógica sugerir estar
fechado. Em crianças aparecem como certo impedimento em pisar nos riscos da
calçada, uma obrigatoriedade em contar as árvores da rua ou os carros que
passam, etc. Estas ideias obrigatórias, quando exageradas e promovedoras de
significativa ansiedade ou sofrimento, constituem quadro patológico.
A
temática das Ideias Obsessivas pode ser extremamente variável, entretanto, em
grande número de vezes diz respeito à higiene, contaminação, transmissão de
doenças, bactérias, vírus, organização ou coisas assim. É muito frequente
também a existência de Ideias Obsessivas sobre um eventual impulso suicida,
como por exemplo saltar da janela de edifícios, ou em ser acometido subitamente
por impulsos de agressão e ferir pessoas, principalmente os filhos. Neste
último caso a obsessão está justamente em acreditar que, diante de um mal estar
súbito, a pessoa venha a perder o controle e executar, impulsivamente, aquilo
que sugere tais ideias.
Identidade
Sentimento que uma pessoa tem de pertencer a um ou mais
grupos. A identidade étnica consiste de atitudes, crenças, rituais,
comportamentos, linguagem (ou dialetos), costumes, normas, aceitação social,
habilidades sociais e valores adquiridos da própria família ou comunidade, do
nascimento até ao final da adolescência. É uma importante fonte de amor
próprio, status e prestígio para o indivíduo.
Pode estar sobre determinada (p.ex., chauvinismo nacional,
racismo) em algumas condições psicopatológicas, nas quais a identidade
individual, familiar ou nacional é fraca ou negativa. Problemas de identidade
referem-se ao baixo nível de amor próprio e de autoconfiança e a confusão em
relação à própria identidade.
Tais problemas, frequentemente associados a alterações do
humor ou de ansiedade, podem ocorrer em indivíduos obrigados a se afiliar a
culturas antagônicas ou mesmo conflituosas, como p.ex., filhos de migrantes,
crianças adotadas por pais de etnia diferente da sua e crianças nascidas de
casamentos interétnicos.
Ilusões
Segundo Bleuler, as ilusões são percepções reais
falsificadas e estudadas sob o título engano dos sentidos. Trata-se, na
realidade, da interpretação distorcida de um objeto real, uma falsificação da
percepção de um objeto que, de fato, existe. É uma percepção enganosa de um
objeto real.
Nesta caricatura do processo de percepção nossos sentidos
são simplesmente enganados por alguma variável circunstancial (iluminação,
distância, efeitos ópticos, etc.) ou deixam-se superar por alguma emoção. É o
caso, por exemplo, de um ruído qualquer, parecer-nos passos misteriosos, das
manchas num papel serem percebidas como símbolos religiosos, de um barulho
indefinido soar-nos como alguém nos chamando e assim por diante. Sem dúvida,
tais acontecimentos estão impregnados pelo medo, pela necessidade religiosa,
pela saudade ou por qualquer outro tipo de emoção.
Por si só a ilusão não constitui um estado mórbido, mas pode
denotar um estado emocional mais ou menos intenso; desde pequenas oscilações do
normal até situações patológicas. Os enganos da ilusão podem afetar os cincos
sentidos.
Imagem corpórea
A imagem corpórea é a imagem que elaboramos mentalmente de
nosso corpo. A imagem corpórea é, durante o período evolutivo adolescência, um
dos dados referenciais para a compreensão dos problemas do adolescente, vez que
seu corpo assume novo significado. Todas as características do ajustamento
pessoal e social são influenciadas, dentre outros aspectos, pela configuração e
pelo funcionamento do corpo, seja pela impressão que causa aos outros, seja
pelo modo que o corpo é percebido pelo adolescente.
O modo como um garoto ou garota avalia seu corpo reflete os
valores de quem os educa. Os meninos e meninas aceitos por suas famílias,
habitualmente não subestimam nem superestimam seus corpos. Mas, quando as
crianças e os adolescentes sentem que seus corpos não satisfazem as
expectativas de quem os rodeia (por exemplo: ser muito baixinho ou alto demais,
ter seios pequenos, deficiências físicas, etc.), frequentemente chegam a se
auto menosprezarem. Ao contrário, famílias que imprimem alto valor ao corpo, à
musculatura, à beleza física, normalmente, geram adolescentes intolerantes com
qualquer desvio na configuração corpórea própria e dos outros.
Impulsividade
Diz-se impulsividade da pessoa incapaz de controlar seus
impulsos, tendendo a agir desarrazoadamente por insuficiência das funções de
controle dos impulsos. No DSM.IV e no CID.10 é classificado como transtorno.
Impulsos patológicos
Os Impulsos Patológicos são ações isoladas, súbitas,
involuntárias e, normalmente, desprovidas de finalidade objetiva. São ações
psicomotoras automáticas ou semiautomáticas, de natureza explosiva, instantânea
e fulminante, caracterizadas sobretudo, pela subtaneidade e incontrolabilidade
com que se desencadeiam e se processam. Todo impulso é fundamentalmente
psicomotor e suas motivações psicológicas nem sempre são evidenciadas
conscientemente ou pressentidas.
Algumas vezes, os atos impulsivos representam verdadeiras
explosões emocionais, acompanhadas de acessos de riso ou de lágrimas. Outras
vezes, porém, os atos impulsivos se caracterizam pela impetuosidade, rapidez e
falta de consideração para com o próprio indivíduo ou para com os demais. Tendo
em vista a automaticidade dos atos impulsivos, o que se observa neles é a perda
do controle voluntário das ações.
Incapacidade de abster-se
Uma forma de controle prejudicado do uso de uma substância
psicoativa, de tal forma que há uma incapacidade ou falta de desejo de refrear
o seu uso. Segundo a formulação de Jellinek, em 1960, esta é uma das duas
formas de perda de controle, sendo a outra a incapacidade de parar uma vez
iniciado o uso.
Incapacidade relacionada com álcool ou droga
Qualquer problema, doença ou outra consequência de uso
nocivo, intoxicação aguda ou dependência que inibe a capacidade individual de
agir normalmente no contexto de atividades sociais ou econômicas. Exemplos
incluem o declínio do funcionamento social ou da atividade física que acompanha
a cirrose alcoólica, infecção pelo VIH relacionada à droga ou lesão traumática
relacionada ao álcool.
Incoerência (do pensamento)
A Incoerência é uma alteração do curso do pensamento onde há
uma grande desorganização na estrutura sintática com períodos em branco e
frases soltas no meio da exposição de uma ideia. Frequentemente a Incoerência
está associada a transtornos que comprometem o estado da consciência.
É como se faltasse ao paciente condições homeostáticas para
a organização das ideias e para sua capacidade de comunicação verbal. O Estado
Crepuscular é um bom exemplo de Distúrbio da Consciência, onde a capacidade de
organização do pensamento encontra-se seriamente comprometido. Também na
Turvação da Consciência pode haver Incoerência.
O pensamento incoerente é confuso, contraditório e ilógico.
Enquanto na Fuga de Ideias percebemos a passagem repentina de uma ideia para
outra, na Incoerência o que interrompe o curso do pensamento são fragmentos
soltos de ideias aleatórias; como se o pensamento estivesse pulverizado.
Inconsciente
Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte da
mente, incluindo tudo do que estamos cientes num dado momento. O interesse de
Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e
exploradas, que ele denominava Pré-Consciente
e Inconsciente.
A premissa inicial de Freud era de que há conexões entre
todos os eventos mentais e quando um pensamento ou sentimento parece não estar
relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estariam
no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a
aparente descontinuidade está resolvida. "Denominamos um processo psíquico
inconsciente, cuja existência somos obrigados a supor - devido a um motivo tal
que inferimos a partir de seus efeitos - mas do qual nada sabemos".
No inconsciente
estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também
material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material
não é esquecido nem perdido mas, não obstante, não é permitido ser lembrado. O
pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente.
O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo
uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando
liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua força
emocional. "Aprendemos pela experiência que os processos mentais
inconscientes são em si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro lugar
que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, e que
a ideia de tempo não lhes pode ser aplicada."
Incontinência emocional
A Incontinência Emocional é uma forma de alteração da
afetividade que se manifesta pela facilidade com que se produzem as reações
afetivas, acompanhadas de certo grau de incapacidade para inibi-las. Diz
Bleuler que a maioria dos pacientes com incontinência emocional domina-se pior
que os demais. Tem de ceder diante dos acontecimentos mais insignificantes,
tanto no que se refere a sua expressão como à ação que deles se deriva. Bleuler
cita o exemplo de um paciente que não podia jogar cartas porque denunciava seu
jogo com a fisionomia.
A Incontinência Emocional é um dos sintomas frequentes nas
perturbações psíquicas provocadas por lesões orgânicas do cérebro,
manifestando-se também em várias psicoses e neuroses. Na arteriosclerose
cerebral a Incontinência Emocional constitui um dos sintomas mais
característicos.
Nesses casos, os próprios pacientes se queixam de extrema
facilidade para emocionar-se, com tendência ao choro fácil, o que não ocorria
antes de adoecer. Segundo Nágera, a Instabilidade Afetiva nem sempre se
apresenta junto com a Incontinência Emocional, pois existem pessoas que não
podem conter as emoções, embora revelem tenacidade afetiva.
Índice da massa corporal de Quetelet
Peso dividido pela altura elevada ao quadrado multiplicado
por 100; um índice antropométrico proposto em 1835 e ainda amplamente usado
para quantificar a relação entre peso e altura na avaliação diagnóstica de
transtornos alimentares.
Individuação
Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo. Na
medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima,
última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si
mesmo. Pode-se traduzir Individuação como tornar-se si mesmo, ou realização do
si mesmo.
Individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade
e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o
desenvolvimento do eixo Ego-Self, além da integração de várias partes da
psique: Ego, Persona, Sombra, Anima ou Animus e outros Arquétipos
inconscientes. Quando se tornam individuados, esses Arquétipos expressam-se de
maneiras mais sutis e complexas.
Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através
do auto conhecimento, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal
que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, sai emergindo uma consciência
livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do Eu, aberta para a livre
participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos.
Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta
de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve
ser compensado ou corrigido por contra tendências inconscientes; tornar-se-á
uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa
comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo.
Inibidor da recaptação de serotonina
Droga que inibe a recaptação neuronal de serotonina e,
consequentemente, prolonga a sua ação. Embora primariamente indicados no
tratamento de transtornos depressivos, há relatos que drogas desta classe são
capazes de reduzir o consumo de álcool. Certos antidepressivos inibem tanto a
recaptação da serotonina como da noradrenalina (ou norepinefrina).
Instintos básicos
Num primeiro momento Freud descreveu duas forças instintivas
opostas, a sexual (erótica ou fisicamente gratificante) e a agressiva ou
destrutiva. Suas últimas descrições, mais globais, encararam essas forças ou
como mantenedoras da vida ou como incitadoras da morte. Essas formulações
supõem dois conflitos instintivos básicos, biológicos, contínuos e
não-resolvidos. Tal antagonismo básico não costuma ser visível ou consciente, e
a maioria de nossos pensamentos e ações é evocada por estas ambas as forças
instintivas em combinação.
Freud impressionou-se com a diversidade e complexidade do
comportamento que emerge da fusão das pulsões básicas. Por exemplo, ele
escreve: "Os instintos sexuais fazem-se notar por sua plasticidade, sua
capacidade de alterar suas finalidades, sua capacidade de se substituírem,
permitindo uma satisfação instintiva ser substituída por outra, e por sua
possibilidade de se submeterem a adiamentos..." Os instintos seriam então,
canais através dos quais a energia pudesse fluir.
Interpretação
Em linguística, este termo significa a tradução de
significados com conotação emocional ou denotação factual de um idioma para
outro, de tal forma que sentimentos e avaliações não perdem seu significado
original. Em geral, o termo se aplica mais à tradução de diálogos vivos do que
de textos. Este significado linguístico da interpretação é diferente do
significado do mesmo termo em psicoterapia. Neste caso, o termo refere-se à
explicação de uma hipótese psicodinâmica que o terapeuta comunica ao paciente e
que pode explicar a origem de um comportamento, .pensamento ou emoção do paciente.
Intervenção breve
Estratégia de tratamento na qual se oferece uma terapia
estruturada de curta duração (normalmente 5-30 minutos) com o objetivo de
auxiliar um indivíduo a parar ou reduzir o uso de substâncias psicoativas ou
(menos comumente) a lidar com outras questões de vida. É particularmente
adaptada para clínicos gerais e outros profissionais da área de saúde.
Até hoje a intervenção breve — algumas vezes conhecida como
intervenção mínima — tem sido aplicada principalmente para se parar de fumar e
como terapia do uso prejudicial do álcool. A base lógica para a intervenção
breve é que, mesmo se o percentual dos indivíduos que alteram o uso de
substâncias após uma única intervenção é pequeno, o impacto causado na saúde
pública pelo grande número de profissionais da área a proporcionarem tais
intervenções sistematicamente é considerável.
A intervenção breve está geralmente associada a testes
sistemáticos para identificar o uso de substâncias perigosas ou prejudiciais,
principalmente álcool e tabaco. Ver intervenção precoce.
Intervenção precoce
Estratégia terapêutica que combina a detecção precoce do uso
de substâncias perigosas ou prejudiciais e o tratamento dos envolvidos. O
tratamento é oferecido antes que o paciente se apresente por vontade própria e,
em muitos casos, antes que ele esteja consciente que o uso dessas substâncias
possa causar problemas. É particularmente dirigida a indivíduos que não
desenvolveram dependência física ou grandes complicações psicossociais.
A intervenção precoce é, portanto, um tratamento proativo,
que é iniciado mais pelo pessoal da área de saúde do que pelo próprio paciente.
O primeiro estágio consiste de um procedimento sistemático de detecção precoce.
Há vários enfoques: um inquérito de rotina sobre a história clínica do uso de
álcool, tabaco e outras drogas e o uso de testes de triagem, p.ex., em locais
de cuidados primários de saúde.
Posteriormente outras perguntas são feitas para confirmar o
diagnóstico. O segundo componente é breve e ocorre no contexto de cuidados
primários de saúde (durando em média de 5 a 30 min.). O tratamento pode ser
mais prolongado em outros contextos. Ver intervenção breve.
Intoxicação
Situação que segue a administração de uma substância
psicoativa e que tem como consequência perturbações do nível da vigília, da
cognição, da percepção, do juízo, do afeto, do comportamento ou de outras
funções e reações psicofisiológicas. As perturbações estão relacionadas com a
substância através dos seus efeitos farmacológicos agudos e das reações aprendidas
e desaparecem completamente com o tempo, exceto quando tenham surgido lesões
teciduais ou outras complicações.
O termo é mais frequentemente utilizado em relação ao uso de
álcool e refere-se a um padrão regular ou recorrente de beber até a intoxicação.
Em certos lugares, este padrão já foi (ou ainda é) encarado como uma ofensa
criminal, independentemente das circunstâncias individuais da intoxicação.
A intoxicação alcoólica aguda manifesta-se por sinais, tais
como rubor facial, voz pastosa, marcha vacilante, euforia, hiperatividade,
volubilidade, conduta desordeira, reações lentas, diminuição da crítica e
incoordenação motora, insensibilidade ou estupor.
A intoxicação aguda depende muito do tipo e da dose da droga
e é influenciada pelo nível individual de tolerância e outros fatores. Muitas
vezes uma droga é consumida exatamente para se conseguir um grau desejado de
intoxicação. A expressão comportamental de um determinado grau de intoxicação é
fortemente influenciada pelas expectativas culturais e pessoais acerca dos
efeitos da droga.
Intoxicação aguda é o termo da CID-10 para intoxicação de
significado clínico (F1x.0). As complicações dependem da substância e do método
de administração e podem incluir traumatismo, aspiração do vômito, confusão
mental, coma e convulsões.
Irritabilidade
Estado indevido de reação exagerada que envolve
aborrecimento, impaciência ou ira. Pode manifestar-se em estados de fadiga ou
dor crônica, ou ser um traço clínico de anomalias temperamentais associados à
idade avançada, trauma cerebral, estados epilépticos e transtornos
maníaco-depressivos.
J
Janela
terapêutica
Faixa
de níveis sanguíneos associada com a resposta clínica a certas drogas.
Juízo
O
raciocínio humano é uma cadeia infinita de representações, conceitos e juízos,
sendo a fonte inicial de todo esse processo a experiência sensorial. Nosso
conhecimento se dá através das representações senso perceptivas do mundo e delas,
elaboramos nossos conceitos, vistos anteriormente. O pensamento lógico consiste
em selecionar e orientar esses conceitos, tendo como objetivo alcançar uma
integração significativa, que possibilite uma atitude racional ante as
necessidades do momento.
Chama-se
Juízo o processo que conduz ao
estabelecimento dessas relações significativas entre conceitos e, julgar é,
nesse caso, estabelecer uma relação entre conceitos. A função que relaciona os
juízos, uns com os outros, recebe a denominação de raciocínio. Em seu sentido
lógico, o raciocínio não é nem verdadeiro nem falso, ele será sim, correto ou
incorreto. Portanto, o raciocínio para ser correto deve ser lógico e, em
Psicologia, o termo raciocínio tem o mesmo sentido de pensamento.
O
Juízo e a Lógica, são duas operações
intelectuais exercidas pelo pensamento reflexivo ou lógico. Porém, não
obstante, nossos juízos estão sempre impregnados pela afetividade e pela
vontade, de tal forma que todo julgamento é predominantemente subjetivo.
Conforme Nobre de Melo, pode-se dizer que um juízo crítico, por mais fundamentado que possa ser, revela, às
vezes, muito mais a natureza da pessoa que julga do que a qualidade da coisa
julgada. Desta forma a própria razão, objeto do raciocínio lógico, também deve
passar pela individualidade afetiva e, portanto, terá sempre uma racionalidade
relativa por excelência.
Há
situações onde ocorre uma predominância dos afetos sobre a reflexão consciente,
com subsequente alteração do juízo da
realidade e com repercussões secundárias no comportamento social do
indivíduo. As Ideias Supervalorizadas são conhecidas também como Ideias
Prevalentes ou Ideias Superestimadas. É quando o pensamento se centraliza
obsessivamente num tópico especialmente definido e carregado de uma enorme
carga afetiva.
Jaspers define o Delírio
com sendo um juízo patologicamente
falseado da realidade. Fala-se em Percepção Delirante quando o paciente atribui, a uma percepção
normal da realidade, um significado anormal sem que, para isso, existam motivos
compreensíveis. Não existe, neste caso, uma verdadeira alteração da percepção,
mas é a interpretação dessa percepção que sofre um juízo crítico distorcido,
patológico e com uma significação muito especial.
K
Kava
Bebida
preparada a partir das raízes do arbusto Piper methysticum, muito usada, tanto
ritualmente como socialmente, no Pacífico Sul. O princípio ativo é a cavaína, a
qual produz ligeira euforia e sedação se a kava for consumida de forma
habitual. A utilização intensa pode conduzir a dependência e problemas médicos.
Khat
Folhas e
botões de flor de uma planta da África Oriental, Catha edulis, que são mascados
ou bebidos após fermentação. O khat, também usado no Mediterrâneo Oriental e no
Norte de África, é um estimulante com efeitos semelhantes aos da anfetamina. A
utilização intensa pode conduzir à dependência e a problemas físicos e mentais
semelhantes aos produzidos por outros estimulantes.
L
Libido
Na teoria
psicanalítica, uma forma de energia sexual com que são investidos os processos,
impulsos e representações mentais dos objetos.
M
Mania
Transtorno no qual o humor está exaltado, em discordância
com as circunstâncias em que o indivíduo se encontra e que pode variar desde
uma jovialidade despreocupada até uma excitação quase incontrolável. A exaltação
é acompanhada de aumento da energia que resulta em hiperatividade, verborreia e
diminuição das necessidades do sono.
A atenção não pode ser mantida e, às vezes, há uma marcada
intratabilidade. O amor próprio está às vezes exaltado com ideias de
grandiosidade e autoconfiança exagerada. A perda da inibição social normal pode
resultar em comportamento imprudente, rude ou inadequado às circunstâncias ou
deslocado.
Em casos graves, a fuga de ideias e verborreia podem levar a
que o indivíduo se torne incompreensível; a excitação pode dar lugar a agressão
ou violência, negligência com o comer e o beber (que pode levar a uma situação
perigosa como desidratação) e com a higiene pessoal.
Adicionalmente a este estado clínico de mania sem sintomas
psicóticos, pode haver delírios (geralmente de grandeza) ou alucinações
(geralmente vozes que falam diretamente com o indivíduo). O conteúdo destes
sintomas psicóticos pode ser congruente com o estado do humor (p.ex.,
consistente com a exaltação) ou incongruente com o estado de humor (p.ex.,
neutro ou em contraste com a exaltação de humor).
Má-viagem
No jargão de usuários de drogas, um efeito adverso do uso de
drogas que consiste em alucinose com ansiedade ou depressão marcante, ideias de
referência, ideias delirantes, medo de enlouquecer, julgamento comprometido e
alterações senso perceptivas, tais como despersonalização, desrealização,
alucinações e cinestesias. O episódio usualmente dura menos de 2 horas.
Os sintomas físicos podem incluir sudorese, palpitações,
náuseas e parestesias. Embora reações adversas deste tipo estejam usualmente
associadas ao uso de alucinógenos, elas também podem ser causadas pelo uso de
anfetaminas e outros estimulantes psicomotores, anticolinérgicos,
anti-histamínicos e sedativo-hipnóticos. Sinonímia: bode (Bras.).
Mecanismo de defesa
Processo psicológico automático que protege o indivíduo da ansiedade e
da consciência de estressores ou perigos internos ou externos. Os mecanismos de
defesa intermedeiam a reação do indivíduo a conflitos emocionais e a estressores
externos. Alguns mecanismos de defesa (por ex., projeção, cisão e atuação) são
quase que invariavelmente mal adaptativos. Outros, tais como a supressão e a
negação, podem ser mal adaptativos ou adaptativos, dependendo de sua gravidade,
inflexibilidade e contexto no qual ocorrem.
Megalomania
Durante os Episódios de Mania do Transtorno Afetivo Bipolar,
dependendo de sua gravidade, pode ocorrer um delírio de grandeza do tipo
Delírio Humor Congruente, ou seja, um delírio cuja temática é consoante à Mania
(humor francamente expandido e eufórico). Esse Delírio Humor Congruente é um
delírio de grandeza, de superioridade, de poder sobre-humano, etc., é também
conhecido por Megalomania (Mégalo = grande).
Melancolia
Termo originário da tradição hipocrática (séc. IV A.C.)
usado até ao fim do séc. XIX para indicar a síndrome depressiva em geral.
Enquanto Kraepelin e outros restringiram o seu uso à depressão na idade
avançada, Freud redefiniu-o como um correspondente mórbido da tristeza normal.
Perante um declínio geral no seu uso, o DSM-III retomou o termo dando-lhe ainda
outro significado, segundo o qual a qualidade do humor deprimido (diferente da
do luto normal) é a característica proeminente. Em face desta falta de precisão
e às conotações contraditórias, não se recomenda continuar a usar este termo.
Memória
Uma maneira importante pela qual a percepção se torna
consciente é através da Atenção que, em essência, é a focalização consciente e
específica sobre alguns aspectos ou algumas partes da realidade. Assim sendo,
nossa consciência pode, voluntariamente ou espontaneamente, privilegiar um
determinado conteúdo e determinar a inibição de outros conteúdos vividos.
Portanto, reconhece-se a Atenção como um fenômeno de tensão, de esforço, de
concentração, de interesse e de focalização da consciência.
A Atenção pode ser entendida como uma atitude psicológica
através da qual concentramos a nossa atividade psíquica sobre um estímulo
específico, seja este estímulo uma sensação, uma percepção, representação,
afeto ou desejo, a fim de elaborar os conceitos e o raciocínio. Portanto, de
modo geral a Atenção parece criar a própria consciência.
A Memória, no sentido estrito, pode ser entendida como a
soma de todas as lembranças existentes na consciência, bem como as aptidões que
determinam a extensão e a precisão dessas lembranças. De modo geral a Memória
necessita de duas funções neuropsíquicas fundamentais; a capacidade de fixação,
que é a função responsável pelo acréscimo de novas impressões à consciência e
graças à qual é possível adquirir novo material mnemônico, e a capacidade de
evocação, ou reprodução, pela qual os traços mnêmicos são revividos e colocados
à disposição livremente da consciência.
Mescalina
Substância alucinógena que se encontra no cacto peyote, no
sudoeste dos Estados Unidos da América e no norte do México. Ver alucinógeno;
planta alucinógena.
Metadona
Droga opiácea sintética usada na terapia de manutenção dos
dependentes de opioides. Tem uma longa semivida e pode ser administrada
oralmente uma vez ao dia, sob vigilância. Ver opioide; terapia de manutenção.
Miopatia
relacionada com álcool ou drogas
Alterações
dos músculos esqueléticos relacionada com o consumo de álcool ou outras drogas.
A perturbação pode ser aguda (caso em que é denominada rabdomiólise aguda) com
necrose extensa dos músculos, que ficam moles e inchados e pode complicar-se
com mioglobinúria e insuficiência renal. A forma crônica apresenta-se com
fraqueza insidiosa e deterioração dos músculos proximais.
Moral
É
difícil definir moralidade sem englobar a questão do bem-estar. Pois, nenhum
conjunto de regras morais promete a infelicidade. Os seres humanos têm a
perspectiva do bem estar. A moralidade implica, portanto, no próprio bem-estar,
levando em conta o bem-estar dos outros.
A
construção do pensamento moral e sua legitimação é um processo complexo para o
ser humano, que começa nas primeiras inter-relações da infância e são modelados
e reavaliados a todo instante pelo próprio sujeito.
Tanto
a construção quanto a legitimação do pensamento moral abrangem,
necessariamente, a afetividade, a interação social e a capacidade cognitiva da
pessoa. A moralidade ser humano não é predeterminada nem definida. Como
qualquer percepção humana do outro e de si mesmo, a moralidade é dinâmica,
temporalizada e especializada.
As
regras morais se relacionam com as leis sociais também via economia. Na nossa
sociedade, dependemos frequentemente de pessoas que não conhecemos. Portanto,
somos obrigados a nos relacionar bem com os desconhecidos. Se isto é
necessário, o critério de honestidade, por exemplo, se torna extremamente
importante. Quando o conceito moral de honestidade é declinante, a sociedade se
torna violenta, sem escrúpulos para lesar o outro.
Motivação
inconsciente
Qualquer
força intrínseca da qual o indivíduo não está totalmente consciente, que serve
para iniciar, manter ou dirigir o comportamento em direção a um objetivo.
Muitas teorias psicológicas pressupõem a presença de uma porção inconsciente na
estrutura mental que contém memórias, desejos, impulsos, etc., que não estão
dentro do campo imediato da consciência e que apesar disso tem um efeito
importante no comportamento.
N
Naloxona
Bloqueador dos receptores de opioides que antagoniza os
efeitos das drogas opioides. Anula os sintomas da intoxicação opiácea e é
prescrita no tratamento da superdose (overdose) causada por este grupo de
drogas.
Narcologia
Tanto o estudo dos fenômenos relacionados com as substâncias
psicoativas como a especialidade médica que se ocupa destes problemas.
Narcótico
Agente químico que induz estupor, coma ou insensibilidade à
dor. O termo refere-se, em geral, a opiáceos ou opioides chamados analgésicos
narcóticos. Na linguagem comum ou na terminologia legal é muitas vezes usado
com pouco rigor para significar drogas ilegais independentemente de sua
farmacologia.
P.ex., a legislação para o controle dos narcóticos no
Canadá, Estados Unidos e alguns outros países inclui cocaína e maconha além dos
opioides (Ver convenções internacionais sobre drogas). Devido a estes vários
significados, é preferível usar termos de conteúdo mais específico (p.ex., opioide).
Negação
Recusa em admitir ou ser capaz de conhecer uma verdade
aparente. Em alguns casos de alterações cerebrais, pode existir anosognosia,
caracterizada pela falta de consciência dos sintomas e incapacitação. Na teoria
psicanalítica, a negação exterioriza um mecanismo psicológico de defesa pelo
qual se nega uma dolorosa experiência ou um aspecto do self.
Neuroléptico
Classe de drogas utilizadas no tratamento de psicoses agudas
e crônicas. Também são conhecidas como tranquilizantes maiores e
antipsicóticos. Os neurolépticos englobam as fenotiazinas (p.ex.,
clorpromazina, tioridazina, flufenazina) e as butirofenonas (p.ex., haloperidol).
Os neurolépticos têm baixo potencial de abuso (Ver abuso de substâncias que não
produzem dependência).
Neuropatia periférica
Transtorno e alteração funcional dos nervos periféricos.
Pode manifestar-se através de entorpecimento de extremidades, parestesia
(sensação de alfinetadas e agulhadas), fraqueza dos membros ou emaciação dos
músculos e perda de reflexos dos tendões profundos. A neuropatia periférica
pode ser acompanhada de perturbações do sistema nervoso autonômico, com
consequente hipotensão postural. A má nutrição, principalmente a deficiência de
vitamina B decorrente do uso arriscado de álcool, é uma causa comum de neuropatia
periférica. Outras drogas, como os opioides, podem, se bem que raramente,
causar esta síndrome. Sinonímia: polineuropatia.
Neurose
É um quadro psiquiátrico onde a pessoa geralmente tem
dificuldades de adaptação, apesar de ser possível trabalhar, estudar, ter vida
amorosa, estar bem entrosada com a realidade (ao contrário da psicose). A
pessoa neurótica vive permanentemente em conflitos psíquicos, não conseguindo,
desta forma, aproveitar prazerosamente a existência. Geralmente inicia-se na
infância e acompanha o indivíduo por toda a vida. Grande indicação da
psicoterapia para o seu tratamento.
Neurose de caráter
Conceito psicanalítico que descreve traços de caráter ora
como derivações de fases do desenvolvimento ora como análogos de sistemas
particulares. Aquelas poderiam incluir o caráter oral ou anal; estes poderiam
incluir o caráter histérico ou obsessivo. As manifestações da neurose de
caráter são consideradas como intermediárias entre traços normais de caráter e
sintomas neuróticos. O termo é inconveniente, já que pode incluir qualquer
transtorno da personalidade e do comportamento.
Neurose de compensação
Sintomas psiquiátricos induzidos, exacerbados ou prolongados
como resultado de políticas sociais ou socioculturais. Deve ser diferenciado de
"compensação" enquanto processo psicológico. Esta condição pode
ocorrer entre vítimas de acidente em litígio por compensação legal, veteranos
de guerra que solicitam pensões ligadas ao serviço, e pacientes psiquiátricos
que buscam benefícios por incapacidade junto ao seguro social. É especialmente
frequente em sociedades que têm seguros por acidentes e/ou por incapacidade e
invalidez, pensões especiais para veteranos e indenizações para trabalhadores.
Pode acompanhar quase todos os transtornos psiquiátricos.
Neurose depressiva
Termo impreciso originado da teoria psicanalítica (depressão
caracterológica), mas que subsequentemente adquiriu vários significados, muitos
dos quais contraditórios ou não relacionados a considerações psicodinâmicas. A
neurose depressiva tem sido definida pela ausência de sintomas ou sinais de
depressão endógena, por sua relação causal com uma situação ou evento
estressante e por sua ligação a um padrão de personalidade mal adaptativo. Não
há evidências que alguma entidade clínica homogênea preencha todos esses
critérios. Ver depressão endógena.
Nicotina
A
principal substância psicoativa do tabaco (Nicotiana tabacum); um alcaloide que
tem efeitos tanto estimulantes quanto relaxante. Produz efeito de alerta no
eletroencefalograma e, em alguns indivíduos, um aumento na capacidade de
focalização da atenção; em outros, reduz a ansiedade e a irritabilidade.
A
nicotina é utilizada sob forma de inalação da fumaça do tabaco ou como
"tabaco sem fumaça" (tabaco de mascar, rapé ou goma de mascar com nicotina).
Cada tragada de fumaça de tabaco inalada contém nicotina que é rapidamente
absorvida através dos pulmões e chega ao cérebro em segundos.
A
nicotina provoca tolerância e dependência consideráveis. Devido a um rápido
metabolismo, seus níveis cerebrais caem rapidamente e o fumante sente desejo
intenso (craving) de mais um cigarro em 30-45 minutos depois de fumar o último.
No
usuário de nicotina que se tornou fisicamente dependente, desenvolve-se uma
síndrome de abstinência depois de algumas horas da última dose: desejo intenso
(craving) de fumar, irritabilidade, ansiedade, raiva, dificuldade de
concentração, aumento do apetite, diminuição do ritmo cardíaco e, às vezes, dor
de cabeça e perturbações do sono. O desejo intenso tem seu pico em 24 horas e declina
ao longo de várias semanas, apesar de poder ser evocado por estímulos
associados a hábitos anteriores de fumar.
O
tabaco contém várias outras substâncias além da nicotina. O uso prolongado do
tabaco pode resultar em câncer do pulmão, cabeça ou pescoço, doenças cardíacas,
bronquite crônica, enfisema e outros transtornos físicos.
A
dependência de nicotina (F17.2) está classificada na CID-10 como um transtorno
por uso do tabaco no transtorno por uso de substância psicoativa. Ver
transtornos por uso de tabaco.
Noz de Betel
A noz de Betel, uma grande semente de uma palmeira asiática (Areca
catechu), é embrulhada na folha da pimenteira de Betel (Betel Peper), às quais
é adicionada uma pitada de um álcali e aromatizantes. Em contato com a saliva,
a mistura libera arecolina, um anticolinérgico estimulante do SNC, algo similar
à nicotina. Mascar Betel é muito comum em algumas partes da Ásia e das ilhas do
Pacífico.
Esta prática pode produzir dependência e seu uso habitual frequentemente
resulta em problemas de saúde, particularmente doenças da boca, incluindo o
câncer. Tem havido pouco esforço oficial para controlar seu uso.
Noz de cola
Noz de uma árvore africana da família Sterculiaceae, contendo cafeína e
comida socialmente na África ocidental. Um extrato que contém cafeína é
amplamente usado em bebidas de cola gaseificadas de largo consumo, algumas das
quais também contém extrato de folhas de coca das quais foi removida a cocaína.
O
Obnubilação
A Obnubilação da
Consciência é uma alteração da consciência e se caracteriza pela
diminuição da sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração das
impressões sensoriais. Há ainda lentificação no ritmo e alteração no curso do
pensamento, prejuízo da fixação e da evocação da memória, algum grau de
desorientação e sonolência mais ou menos acentuada.
Devido ao prejuízo na fixação da memória, possivelmente
devido também à alteração da atenção, a qual, embora possa ser despertada por
estímulos sensoriais não representa um ponto inicial de alguma progressão
psíquica, o paciente obnubilado não se lembra de quase nada do que se passa ou
se passou consigo. Na consciência obnubilada nada de novo pode ser acrescentado.
Na Obnubilação da Consciência há também deterioração do
pensamento conceptual, que se torna incoerente e fragmentário. Com frequência
surgem formas alucinatórias, pseudo-alucinatórias ou delirantes. Embora o
paciente não tenha condições de apresentar qualquer queixa somática, é possível
verificar, pela expressão fisionômica, algum sentimento de sofrimento,
inquietação, ansiedade, depressão, habilidade emocional ou irritabilidade.
A Obnubilação da Consciência pode se apresentar em graus
variados, desde leve torpor até à vizinhança do coma. Em muitos casos, a obnubilação
da consciência pode representar o primeiro grau da confusão mental ou pode
constituir a fase inicial da instalação do coma.
Obsessão
Ideia, emoção ou impulso indesejado que se intromete, de
forma repetitiva e insistente, na consciência, a despeito de esforços em
contrário, por parte da pessoa que os vivência. Ver compulsão; pensamentos
obsessivos; transtorno obsessivo- compulsivo.
Opiáceo
Um dos grupos de alcaloides derivados da papoula (Papaver
somniferum) que produz analgesia, euforia e, em doses mais altas, estupor, coma
e depressão respiratória. O termo opiáceo não abrange os opioides sintéticos.
Opioide
Termo genérico aplicado a alcaloides da papoula (Papaver
somniferum), seus análogos sintéticos e compostos sintetizados pelo organismo
que interagem com os mesmos receptores específicos no cérebro. Tem a capacidade
de aliviar a dor e de produzir uma sensação de bem-estar (euforia). Em altas
doses, os alcaloides do ópio e seus análogos sintéticos também causam estupor,
coma e depressão respiratória.
Os alcaloides do ópio e seus derivados semissintéticos
incluem a morfina, a diacetilmorfina (diamorfina, heroína), a hidromorfina, a
codeína e a oxicodona. Os opioides sintéticos incluem o levorfanol, o
propoxifeno, o fentanil, a metadona, a petidina (meperidina) e o
agonista-antagonista pentazocina. Os compostos endógenos com ações opioides
abrangem as endorfinas e as encefalinas (ver opioides endógenos).
Os opioides utilizados mais comumente (como morfina,
heroína, hidromorfina, metadona e petidina) ligam-se preferencialmente aos
receptores u; eles produzem analgesia, alterações de humor (como euforia, que
pode evoluir para apatia ou disforia), depressão respiratória, entorpecimento,
lentificação psicomotora, fala arrastada, perturbações da concentração ou da
memória, bem como do juízo crítico.
Com a persistência do uso, a morfina e seus análogos induzem
tolerância e alterações neuroadaptativas responsáveis pela hiperexcitabilidade
de rebote quando a droga é retirada. A síndrome de abstinência caracteriza-se
por uma necessidade imperiosa (craving), ansiedade, disforia, bocejos,
sudorese, piloereção (ondas de arrepio), lacrimejamento, rinorreia, insônia,
náuseas ou vômitos, diarreia, cãibras, dores musculares e febre.
Com drogas de ação curta como a morfina e a heroína, os
sintomas de abstinência aparecem dentro de 8-12 horas após a última dose,
atingem o pico em 48-72 horas e desaparecem depois de 7-10 dias. Com drogas de
ação mais prolongada como a metadona, o início dos sintomas de abstinência pode
ocorrer apenas após 1-3 dias da última dose e o pico se dá entre o terceiro e o
oitavo dia. Os sintomas podem persistir por várias semanas, mas geralmente são
mais leves do que os que acompanham a abstinência de morfina ou heroína em
doses equivalentes.
Há várias sequelas físicas decorrentes do uso de opioides,
principalmente como resultado do método de administração usual, o endovenoso.
Estas incluem: hepatite B, hepatite C, infecção pelo HIV, septicemia,
endocardite, abscessos pulmonares e pneumonia, tromboflebite e rabdomiólise.
São comuns também perturbações psicológicas e sociais, frequentemente
resultantes da natureza ilícita da utilização não médica destas drogas.
Orientação
Orientação é um estado psíquico funcional em virtude do qual
temos consciência plena, em cada momento de nossa vida, da situação real em que
nos encontramos. É indubitável que a orientação depende, antes de tudo, da
integridade psíquica e do estado de consciência e, uma vez perturbada esta
consciência, altera-se concomitantemente a orientação.
A orientação mobiliza, em sua execução, fatores que muito
cooperam em sua eficácia funcional e que envolvem o exercício de certas
operações mentais, bem mais complexas do que se conhece.
De regra, verifica-se a orientação auto psíquica e a
orientação alopsíquica, através da entrevista com o paciente. Pode-se dizer que
o paciente está bem orientado quanto à noção do eu, quando fornece ele próprio
dados de sua identificação pessoal, revelando saber quem é, como se chama, que
idade tem, qual sua nacionalidade, profissão, estado civil, etc. Este atributo
da consciência lúcida chama-se Orientação Auto psíquica.
Chama-se de Orientação Alopsíquica a orientação da pessoa em
relação ao tempo e ao espaço. A orientação no tempo e no espaço depende
estritamente da percepção, da memória e da contínuo processamento psíquico dos
acontecimentos.
Overdose
Uso de qualquer droga em quantidade suficiente para provocar
agudamente efeitos físicos e mentais indesejáveis. A superdose deliberada é um
meio comum de suicídio ou de tentativa de suicídio. Em números absolutos, as
superdoses de drogas lícitas são geralmente mais comuns do que as de drogas
ilícitas.
A superdose pode provocar efeitos transitórios, duradouros
ou morte; entretanto, a dose letal de uma droga em particular varia com o
indivíduo e com as circunstâncias do uso. Ver Intoxicação; Envenenamento por
Álcool ou Droga.
P
Pancreatite
alcoólica
Transtorno
caracterizado por inflamação e necrose do pâncreas, frequentemente acompanhado
de fibrose e disfunção, relacionada com o consumo de níveis arriscados de
álcool. A pancreatite alcoólica pode ser crônica ou aguda. A aguda apresenta-se
com dor abdominal alta, anorexia e vômito e pode ser complicada com hipotensão,
falência renal, doença pulmonar e psicose.
A crônica
geralmente apresenta-se com dor abdominal periódica ou contínua, anorexia e
perda de peso; pode haver sinais de deficiência pancreática envolvendo as
funções exócrinas do pâncreas (p.ex., má absorção, deficiência nutricional) ou
as endócrinas (diabetes mellitus).
Paranoia
Psicose
crônica rara na qual gradualmente se desenvolvem delírios sistematizados,
elaborados logicamente e sem a presença concomitante de alucinações e da
desorganização do pensamento típica da esquizofrenia. Os delírios são
geralmente de grandeza (p.ex., o profeta ou o inventor paranoico), de
perseguição ou de anormalidade somática.
Paranoide
Um
termo descritivo que designa ideias dominantes mórbidas ou delírios de auto
referência relativas a um ou mais temas — mais comumente: perseguição, amor,
ódio, inveja, honra, litígio, grandeza ou sobrenatural. Estas ideias ou
delírios podem ser associados a uma psicose orgânica, uma reação tóxica, um
transtorno esquizofrênico, uma síndrome independente, uma reação a estresse
emocional ou um transtorno de personalidade.
Pasta de
coca
O produto
do primeiro passo de processo de extração da cocaína das folhas de coca. Ela
contém 50-90% de sulfato de cocaína e impurezas tóxicas como querosene e ácido
sulfúrico. É fumada na América do Sul com cannabis, com tabaco ou sozinha. A
pasta de coca misturada com cannabis e/ou tabaco é conhecida como pitillo na
Bolívia ou bazuco na Colômbia.
Peiote
Botões
alucinógenos de vários tipos de cactos (Lophophora Williamsii, Anhalonium
lewinii). O agente psicoativo do peiote é a mescalina. Ver Alucinógeno.
Pelagra
Síndrome
de deficiência nutricional causada por falta de niacina (vitamina B., ácido
nicotínico) ou do aminoácido essencial triptofano (que pode ser convertido em
niacina). Caracteriza-se por confusão, depressão, dermatite simétrica que afeia
as partes do corpo expostas à luz e sintomas gastrintestinais, especialmente
diarreia.
A
pelagra é endêmica entre as populações pobres de países onde a base da dieta é
milho não processado. Em outros países, aparece principalmente em alcoolistas
avançados (pelagra alcoólica). Os sintomas gastrintestinais podem incluir
náuseas, vômitos e distensão abdominal.
Os
sintomas mentais são variáveis e podem simular qualquer tipo de transtorno
mental, mas a depressão é provavelmente a apresentação psiquiátrica mais comum.
Pode haver desorientação, alucinações e delirium. Alguns pacientes podem
evoluir para demência. A terapêutica de reposição com niacina é eficaz na
reversão da maioria dos sintomas; entretanto, alterações mentais graves de
longa duração podem responder de forma incompleta a esta abordagem.
Pensamentos
obsessivos
Ideias
intrusivas, imagens mentais ou impulsos que se impõem a um indivíduo e que
quase sempre são sugestões muito angustiantes para o mesmo. Algumas vezes as
ideias tomam a forma de indecisão, com considerações infindáveis de
alternativas, associadas a uma incapacidade para tomar decisões triviais, mas
indispensáveis na vida diária. Há uma estreita relação entre pensamentos
obsessivos e depressão.
Pentazocina
Opioide
sintético que pode induzir a uma psicose aguda caracterizada por pesadelos,
despersonalização e alucinações visuais. Por ter características tanto
agonistas quanto antagonistas, a pentazocina pode precipitar uma síndrome de
abstinência de narcóticos.
Percepção
delirante
Atribuição
de um significado anormal a uma percepção normal (geralmente, trata-se de uma
experiência delirante de conteúdo místico, revelatório ou ameaçador).
Perda
do autocontrole
Incapacidade
de modular os afetos, as emoções, os impulsos ou o comportamento. No domínio
particular do uso de substâncias psicoativas, refere-se à incapacidade de
modular a quantidade e frequência do uso de uma dessas substâncias; a
incapacidade de suspender a ingestão de substâncias, tais como o álcool e a
cocaína, uma vez que seus efeitos iniciais tenham sido experimentados. Em
recentes discussões sobre a síndrome de dependência, o termo "perda do
autocontrole" foi substituído por controle prejudicado. Ver Incapacidade
de Abster-Se.
Personalidade
antissocial
Transtorno
de personalidade marcado por uma história de comportamento antissocial crônico
no qual os direitos dos outros são violados, persistindo na vida adulta a
partir de um padrão de comportamento antissocial que começou no adolescência,
bem como de um fracasso para manter um bom desempenho profissional por vários
anos. Mentiras, furtos, lutas e ausências injustificadas são sinais precoces
típicos.
Personalidade
Padrões
arraigados de pensamento, sentimento e comportamento que caracterizam o estilo
de vida e o modo de adaptação únicos de um indivíduo, que resultam de fatores
constitucionais, do desenvolvimento e da experiência social.
Planta alucinógena
Uma ampla variedade de plantas que contêm alucinógenos que é
usada tradicionalmente por povos indígenas com diversas variedades: euforia,
sociabilidade, alívio de tensão, como medicamento ou para induzir visões (Ver
mescalina; peiote).
Algumas plantas (Lophophora williamsii, Tricherocerus
pachamoi, Banisteriosis caapi e outras) são usadas, especialmente por índios
das Américas Central e do Sul, dentro de um contexto ritual para produzir
alucinações. Tem sido relatado que tais plantas estão tornando-se moda entre
experimentadores urbanizados e educados, que podem misturar uma ou outra delas
com álcool, cocaína, cannabis ou outra substância psicoativa e podem ter
reações adversas.
Política sobre drogas
1. No contexto de drogas
psicoativas, o conjunto de políticas destinadas a combater o fornecimento e/ou
a demanda de drogas ilícitas, local ou nacionalmente, incluindo: educação,
tratamento, controle e outros programas e políticas. Neste contexto,
"políticas sobre drogas" não inclui política farmacêutica (exceto
quando há uso não médico), política sobre o tabaco ou política sobre o álcool.
2. No contexto do
Programa de Ação de Medicamentos Essenciais da OMS, "política nacional
sobre as drogas”, refere-se a uma política farmacêutica nacional que diz
respeito à propaganda, disponibilidade e uso terapêutico de medicamentos. A OMS
recomenda que todo país tenha uma política deste tipo, formulada no contexto de
um plano de saúde nacional. A Lista de Medicamentos Essenciais da OMS é um
esforço para auxiliar os países em desenvolvimento a desenvolverem uma política
farmacêutica que leve em consideração as necessidades de saúde e não as
pressões comerciais para a alocação dos escassos recursos para produtos
farmacêuticos.
Política sobre o álcool
A soma de medidas destinadas a controlar o fornecimento ou
afetar a procura de bebidas alcoólicas numa população (geralmente nacional), incluindo
educação e programas de tratamento, controle do álcool, estratégias de redução
de danos, etc. O termo originou-se nos países escandinavos, denotando a
necessidade de uma coordenação de esforços governamentais de saúde pública e/ou
a partir de uma perspectiva de ordem pública, e desde os anos 1960 tem-se
difundido amplamente.
Potencial de dependência
Propensão de uma substância a gerar um estado de
dependência, como consequência de seus efeitos fisiológicos ou psicológicos. O
potencial de dependência é determinado pelas propriedades farmacológicas
intrínsecas da substância que podem ser avaliados em animais e em seres humanos
através de procedimentos laboratoriais. Ver risco de abuso.
Prevenção da recaída
Conjunto de procedimentos terapêuticos empregados para
ajudar indivíduos com problemas relacionados ao álcool ou outra droga a
evitarem ou enfrentarem uma recaída ou deslize. Os procedimentos podem ser
usados em combinação com outros tratamentos e abordagens terapêuticas, desde
que baseados na moderação e abstinência. Através desta técnica, é possível
ensinar-se ao paciente estratégias de enfrentamento para evitar situações
consideradas perigosas precipitantes de recaída e, através de repetição mental
e outras técnicas, a minimizar o uso da substância, uma vez que um deslize
tenha ocorrido.
Problemas relacionados com drogas
Qualquer dos múltiplos efeitos adversos do uso de drogas,
particularmente do uso de drogas ilícitas. "Relacionado" não implica
necessariamente causalidade. O termo foi cunhado por analogia com problemas
relacionados com o álcool, mas é menos usado, uma vez que o uso de drogas em
si, mais do que suas consequências, tende a ser considerado como o problema e
pode ser usado para se referir a problemas tanto individuais quanto sociais.
No controle de drogas em nível internacional, os problemas
relacionados com as drogas são levados em conta para o estabelecimento de um
determinado nível de controle para certas substâncias através de uma avaliação
da OMS do seu potencial de dependência e do seu risco de abuso. "Problema
com drogas" é uma expressão semelhante, mas pode ser confundida com
"o problema das drogas", que considera as drogas ilícitas como uma
questão política.
Problemas relacionados com o álcool
Qualquer um dos concomitantes adversos de beber álcool. É
importante destacar que "relacionado" não implica necessariamente
"ser causado por". O uso do termo pode referir-se tanto ao bebedor
individual como à sociedade e foi adotado por uma Comissão de Peritos da OMS,
em 1979. Um relatório da OMS, de 1974, havia usado incapacidade relacionada com
o álcool como uma expressão equivalente em nível individual.
"Problema com o álcool" é uma expressão
frequentemente usada com um sentido equivalente diferente de "o problema
do álcool", uma velha formulação do movimento de temperança para o álcool
como uma questão política, e da frase "ele tem um problema de
álcool", o que implica que o padrão de beber de uma pessoa é em si mesmo
um problema. Ver abuso (de droga, álcool, substância química ou psicoativa);
uso nocivo; uso indevido de álcool ou droga.
Programa alternativo
Programa de tratamento ou reeducação para indivíduos encaminhados pela
justiça (alternativa criminal) depois de terem sido acusados de dirigir sob o
efeito de álcool (alternativa de crime de dirigir alcoolizado) ou sob efeito de
outras drogas, de venda ou uso de drogas (alternativa da droga), ou de crime em
geral não relacionado a drogas ou álcool.
No uso estritamente legal deste termo, os indivíduos são encaminhados
para programas alternativos em vez de serem processados; o caso fica pendente
do resultado positivo do programa alternativo a ser cumprido
"Alternativo" é também usado mais amplamente para qualquer tipo de
encaminhamento da justiça em qualquer estágio do julgamento, sentença ou
condição de provação ou até mesmo como sentença condicional de liberdade.
Programa de assistência ao empregado
Programa inserido no emprego que permite o tratamento de problemas
relacionados com o álcool ou de problemas relacionados com drogas ou outros
transtornos mentais detectados através do desempenho no trabalho ou nos testes
para a detecção de drogas. O termo substitui "programa industrial para o
alcoolismo" (programa ocupacional para o alcoolismo) dos anos 1970 e se
ampliou num enfoque mais geral do "empregado em dificuldade".
Normalmente, este programa se apresenta como uma alternativa para a
demissão ou outras sanções, particularmente em casos de primeira infração. O
termo teve origem nos EUA, mas atualmente é amplamente usado.
Projeção
Mecanismo de defesa mental pelo qual aquilo que é
emocionalmente inaceitável no self é inconscientemente rejeitado e atribuído
(projetado) sobre os outros.
Pseudo-síndrome de Cushing induzida por
álcool
Transtorno endocrinológico induzido pelo álcool, no qual há
produção excessiva de corticosteroides pelas glândulas suprarrenais.
Manifesta-se pela face inchada e avermelhada (semelhante à da síndrome de
Cushing), obesidade e hipertensão. Distingue-se da verdadeira síndrome de
Cushing pela supressão mais imediata dos níveis de cortisol através da
administração de dexametasona e pela resolução das anormalidades bioquímicas
após a cessação do uso do álcool.
Psicodinâmica
Conhecimento sistematizado e teoria do comportamento humano
e sua motivação cujo estudo depende amplamente da importância funcional da
emoção; a psicodinâmica reconhece o papel da motivação inconsciente sobre o comportamento
humano.
É uma ciência vaticinadora, baseada na presunção de que a
configuração total da pessoa e as reações prováveis em qualquer determinado
momento são o produto de interações passada entre seus dotes genéticos
específicos e o ambiente no qual viveu desde a concepção.
Psicogênese
O conceito de psicogênese ou de causa psicológica foi
formalmente introduzido na psiquiatria por Sommer em 1894 para designar estados
histéricos que eram provocados ou influenciados por ideias. Desde então esta
noção tem sido tão ampliada e usada de forma tão inadequada que se tornou
irremediavelmente imprecisa.
Psicose
Transtorno mental maior de origem orgânica ou emocional na
qual a capacidade para pensar, responder emocionalmente, recordar, comunicar,
interpretar a realidade e comportar-se apropriadamente está suficientemente
prejudicada, a ponto de interferir amplamente na capacidade para atender às
demandas comuns da vida.
Psicose anfetamínica
Transtorno caracterizado por delírios paranoides
frequentemente acompanhados por alucinações auditivas ou táteis, hiperatividade
e labilidade do humor, que se desenvolve durante ou logo após o uso repetido de
doses moderadas ou altas de anfetaminas. Tipicamente, o comportamento do
indivíduo é hostil e irracional, podendo resultar em violência imotivada. Na
maioria dos casos, não há obnubilação da consciência, mas um delirium agudo é
ocasionalmente observado depois da ingestão de doses muito altas. Este
transtorno é incluído na categoria F1x.5, transtorno psicótico decorrente do
uso de álcool ou droga, da CID-10.
Psicose de Korsakov
Síndrome caracterizada pela redução predominante e
permanente da memória incluindo a perda de memória recente, percepção do tempo
desordenada e confabulação que se manifesta em indivíduos dependentes do álcool
como sequela de uma psicose alcoólica aguda (especialmente delirium tremes) ou,
em casos mais raros, durante a manifestação da síndrome de dependência do
álcool. É normalmente acompanhada por neurite periférica e poderá estar
associada à encefalopatia de Wernicke. Foi descrita em 1889 por Korsakov.
Sinonímia: síndrome amnésica causada por álcool; psicose (síndrome) de Wernicke-Korsakov.
Psicose tóxica
Psicose resultando do efeito tóxico de produtos químicos e
drogas, incluindo aquelas produzidas no organismo.
Psicoterapia de grupo
Tipo de psicoterapia que visa reforçar as defesas do cliente
e ajudar a suprimir o material psicológico perturbador. A psicoterapia de apoio
usa medidas tais como inspiração, confortos, sugestões, persuasão,
aconselhamento e reeducação. Evita investigar os conflitos emocionais do
cliente em profundidade. Nenhuma
das quais conquistou aceitação universal.
A definição mais restrita de psicótico diz respeito a delírios ou
alucinações proeminentes, com as alucinações ocorrendo na ausência de insight
para sua natureza patológica. Uma definição ligeiramente menos restrita também
incluiria alucinações proeminentes que o indivíduo percebe como sendo
experiências alucinatórias.
Ainda mais ampla é a definição que inclui outros sintomas positivos da
Esquizofrenia (isto é, discurso desorganizado, comportamento amplamente
desorganizado ou catatônico). À diferença dessas definições baseadas em
sintomas, a definições usada no DSM-II e na CID-9 provavelmente era demasiado
inclusiva e focalizada no prejuízo funcional de modo que um transtorno mental
era chamado de psicótico se resultasse em "prejuízo que interfere
amplamente na capacidade de atender as exigências habituais da vida".
Assim, o termo foi definido conceitualmente como uma perda dos limites
do ego ou um amplo prejuízo no teste de realidade. Os diferentes transtornos no
DSM-IV salientam diferentes aspectos das várias definições de psicótico, com
base em seus aspectos característicos.
Psicoterapia
Qualquer forma de tratamento para a doença mental,
disfunções comportamentais e outros problemas que se presume serem de natureza emocional
na qual uma pessoa treinada deliberadamente estabelece um relacionamento
profissional com um cliente, a fim de remover ou retardar os sintomas
existentes, de atenuar ou reverter padrões perturbados de comportamento e de
promover o desenvolvimento e cresci mento positivo da personalidade.
Psicotrópico
No seu sentido mais geral, é um termo com o mesmo significado de
"psicoativos", ou seja, que afeta processos mentais. Em termos
estritos, droga psicotrópica é qualquer agente químico com ação primária ou
mais significativa no Sistema Nervoso Central. Alguns autores aplicam o termo a
drogas de uso primário no tratamento de transtornos mentais, como sedativos
ansiolíticos, antidepressivos, agentes antimaníacos e neurolépticos.
Outros usam o termo para se referir a substâncias com alto risco de
abuso, devido a seus efeitos no humor, na consciência ou em ambos, como
estimulantes, alucinógenos, opioides, sedativos/hipnóticos (inclusive o
álcool), etc. No contexto do controle internacional de drogas,
"substâncias psicotrópicas" refere-se a substâncias controladas pela
Convenção de Substâncias Psicotrópicas de 1971 (Ver convenções internacionais
sobre drogas).
Psilocibina
Um dos alucinógenos naturais encontrado em mais de 75
espécies de cogumelos dos gêneros Psilocybe, Paneoeolus e Conocybe, que crescem
em várias regiões do mundo. A psilocibina é o principal alucinógeno encontrado
nos cogumelos, mas a psilocina também está presente em pequenas quantidades. No
entanto, após sua ingestão, a psilocibina é convertida em psilocina pela enzima
fosfatase alcalina; a psilocina é aproximadamente 1,4 vezes mais potente que a
psilocibina. Ver alucinógenos.
S
Sedativo
Qualquer
substância que diminua a atividade de um órgão ou função; mais especificamente,
a classe de substâncias farmacológicas que moderam a excitação e induzem um
estado de calma pela sua ação depressora sobre o sistema nervoso central. Em
altas dosagens pode induzir sono e anestesia geral.
Sedativo/hipnótico
Qualquer
depressor do sistema nervoso central com a capacidade de aliviar a ansiedade e
induzir tranquilidade e sono. Várias dessas drogas também induzem amnésia e
relaxamento muscular e/ou têm propriedades anticonvulsivantes. Os principais
sedativo-hipnóticos incluem os benzodiazepínicos e os barbitúricos.
Também
estão incluídos o álcool, a buspirona, o hidrato de cloral, o acetilcarbromal,
a glutetimida, a metiprilona, o etclorvinol, o etinamato, o meprobamato e a
metaqualona. Algumas autoridades usam o termo sedativo/hipnótico apenas para
uma subclasse dessas drogas usada para acalmar pessoas com ansiedade aguda ou
para induzir o sono; neste sentido, distinguem-nas dos tranquilizantes
(menores) usados para o tratamento da ansiedade crônica.
Os
barbitúricos têm uma estreita margem de segurança entre doses terapêuticas e
doses tóxicas e são letais em doses excessivas. O risco de abuso é alto; a
dependência física, incluindo a tolerância, desenvolve-se rapidamente. O
hidrato de cloral, o acetilcarbromal, a glutetimida, a metiprilona, o
etclorvinol, e o etinamato também possuem alto risco de dependência física e
abuso, além de serem altamente letais em doses excessivas. Devido a estes
riscos, nenhum sedativo/hipnótico deveria ser usado de forma crônica para o tratamento
da insônia.
Todos
os sedativos/hipnóticos podem prejudicar a concentração, a memória e a
coordenação; outros efeitos frequentes são ressaca, fala ininteligível, falta
de coordenação, marcha instável, sonolência, boca seca, diminuição da motilidade
gastrintestinal, labilidade de humor. Uma reação paradoxal de excitação ou
raiva pode ocorrer, ocasionalmente.
O
tempo que antecede o início do sono é reduzido, mas há supressão de sono REM. A
supressão da droga pode produzir um rebote de sono REM e deterioração dos
padrões de sono. Em consequência, pacientes tratados por um longo período podem
tornar-se dependentes psicológicos e físicos da droga, mesmo que nunca tenham
excedido a dose prescrita.
As
reações de abstinência podem ser graves e ocorrer após umas poucas semanas de
uso moderado de um sedativo/hipnótico ou de uma droga ansiolítica. Os sintomas
de abstinência incluem ansiedade, irritabilidade, insônia (frequentemente com
pesadelos), náusea ou vômito, taquicardia, sudorese, hipotensão ortostática,
alucinações, cãibras musculares, tremores e mioclonias, hiper-reflexia e
convulsões generalizadas que podem evoluir para um estado de mal epiléptico
fatal.
Sensação
Em
seu significado preciso, a sensação é um fenômeno psíquico elementar que
resulta da ação de estímulos externos sobre os nossos órgãos dos sentidos.
Entre o estado psicológico atual e o estímulo exterior há um fator causal e
determinante ao qual designamos sensação, portanto, deve haver uma concordância
entre as sensações e os estímulos que as produzem. As sensações podem ser
classificadas em três grupos principais: externas, internas e especiais.
As
Sensações Externas são aquelas que refletem as propriedades e aspectos de tudo,
humanamente perceptível, que se encontra no mundo exterior. Para tal nos
valemos dos órgãos dos sentidos; sensações visuais, auditivas, gustativas,
olfativas e táteis. A resposta específica (sensação) de cada órgão dos sentidos
aos estímulos que agem sobre eles é consequência da adaptação desse órgão a
esse tipo determinado de estímulo.
As
Sensações Internas refletem os movimentos de partes isoladas do nosso corpo e o
estado dos órgãos internos. Ao conjunto dessas sensações se denomina
sensibilidade geral. Discretos receptores sensitivos captam estímulos
proprioceptivos, que indicam a posição do corpo e de suas partes, enquanto
outros, que recebem estímulos denominados sinestésicos, são responsáveis pela
monitorização dos movimentos, auxiliando-nos a realizar outras atividades
cinéticas, segura e coordenadamente.
Os
receptores dessas sensações se acham localizados nos músculos, nos tendões e na
superfície dos diferentes órgãos internos. Portanto, esse grupo engloba três
tipos de sensações: motoras, de equilíbrio e orgânicas.
A
Sensação Especial se manifesta sob a forma de sensibilidade para a fome, sede,
fadiga, de mal-estar ou bem-estar. Essas sensações internas vagas e
indiferenciadas que nos dão a sensibilidade de bem-estar, mal-estar, etc., têm
o nome de cinestesia. No processo do conhecimento e do autoconhecimento objetivo
as sensações ocupam o primeiro grau.
São
as sensações que nos relacionam com nosso próprio organismo, com o mundo
exterior e com as coisas que nos rodeiam. O conhecimento do mundo exterior
resulta das sensações dele captadas e quanto mais desenvolvidos forem os órgãos
dos sentidos e o sistema nervoso do animal, mais delicadas e mais variadas
serão as suas sensações.
Serotonina
A Serotonina é uma substância chamada de neurotransmissor,
existe naturalmente em nosso cérebro e, como tal, serve para conduzir a
transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra.
Atualmente a Serotonina está intimamente relacionada aos
transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos
chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa
substância (tornam ela mais disponível) no espaço entre um neurônio e outro.
Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o
estado afetivo das pessoas, basta lembrar-se dos efeitos da cocaína, por
exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de
produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional
através de uma alteração química. Outros produtos químicos, ou a falta deles,
também podem proporcionar alterações emocionais.
Pensando nisso, em meados desse século a medicina começou a
suspeitar ser muito provável a existência de substâncias químicas atuando no
metabolismo cerebral capazes de proporcionar o estado depressivo. Isso
resultou, nos conhecimentos atuais dos neurotransmissores e neuroreceptores,
muitíssimo relacionados à atividade cerebral.
Alguns desses neurotransmissores, notadamente a serotonina,
noradrenalina e dopamina, estão muito associados ao estado afetivo das pessoas.
Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o deprimido não é apenas
uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem tristes ficam. É mais acertado
acreditar nos deprimidos como pessoas que apresenta um transtorno da
afetividade, concomitante ou proporcionado por uma alteração nos neurotransmissores
e neuroreceptores.
Síndrome amnésica induzida por álcool ou droga
Perturbação crônica e proeminente da memória recente e remota, associada
ao uso de álcool ou droga. A recordação imediata está usualmente preservada e a
memória remota está menos perturbada do que a memória recente. Perturbações da
noção de tempo e do ordenamento de eventos estão evidentes, assim como
perturbações de habilidade de aprendizagem de material novo.
A confabulação pode ser marcante, mas não está invariavelmente presente.
Outras funções cognitivas estão relativamente bem preservadas e as alterações
amnésicas estão fora de proporção com as outras perturbações. Ainda que a
CID-10 use o termo “induzida”, outros fatores podem estar envolvidos na
etiologia desta síndrome.
A psicose (ou síndrome) de Korsakov induzida pelo álcool é um exemplo de
síndrome amnésica e está frequentemente associada à encefalopatia de Wernicke.
Esta combinação é frequentemente referida como síndrome de Wernicke-Korsakov.
Síndrome cerebral alcoólica
Termo genérico para uma variedade de transtornos devido ao efeito do
álcool sobre o cérebro — intoxicação aguda, intoxicação patológica, síndrome de
abstinência, delirium tremens, alucinoses, síndrome amnésica, demência,
transtorno psicótico. Deve-se dar preferência a termos mais específicos.
Síndrome de abstinência
Conjunto de sintomas de configuração e gravidade variáveis que ocorrem
após a cessação ou redução do uso de uma substância psicoativa que vinha sendo
usada repetidamente e geralmente após um longo período e/ou em altas doses. O
início e o curso são limitados no tempo e são relacionados com o tipo de
substância e com a dose que vinha sendo usada imediatamente antes da
interrupção ou da redução do uso. A síndrome pode ser acompanhada por sinais de
alterações fisiológicas.
A síndrome de abstinência é um dos indicadores da síndrome de
dependência. Também é uma característica que define o significado mais estrito
do termo dependência. Tipicamente, as características da síndrome são opostas
às da intoxicação aguda.
A síndrome de abstinência do álcool é caracterizada por tremores,
sudorese, ansiedade, agitação, depressão, náusea e mal-estar. Ela ocorre entre
6-48 horas após a cessação do consumo de álcool e, quando não complicada,
termina após 2-5 dias. Ela pode ser complicada por convulsões tipo grande mal e
pode progredir para delirium (conhecido como deliriam tremens).
As síndromes de abstinência de sedativos têm várias características
comuns com a abstinência do álcool, mas podem também incluir dores musculares e
espasmos, distorções perceptivas e distorções da imagem corporal.
A abstinência de opioides é acompanhada de rinorréia (secreção nasal),
lacrimejamento (excesso de formação de lágrimas), dores musculares, calafrios,
arrepios e, após 24-48 horas, cãibras abdominais e musculares. O comportamento
de busca da droga é proeminente e continua após a diminuição dos sintomas
físicos.
A abstinência de estimulantes (crash) não é tão bem definida quanto às
síndromes de abstinência às substâncias depressoras do sistema nervoso central;
a depressão é proeminente e é acompanhada por mal-estar, inércia e
instabilidade. Ver Transtorno por Abuso de Substância Psicoativa.
Síndrome de dependência
Grupo de fenômenos comportamentais, cognitivos, e fisiológicos que podem
desenvolver-se após uso repetido de uma substância. Esses fenômenos incluem
tipicamente um forte desejo de ingerir a droga, controle prejudicado sobre o
seu uso, uso persistente a despeito das consequências danosas, prioridade ao
uso da droga sobre outras atividades e obrigações, aumento da tolerância e
reação física de privação quando o uso da droga é interrompido.
Na CID-10, o diagnóstico da síndrome de dependência é feito se três ou
mais dos seis critérios especificados ocorrerem no prazo de um ano. A síndrome
de dependência pode referir-se a uma substância específica (p.ex., tabaco,
álcool ou diazepam), a uma classe de substâncias (p.ex., opioides), ou a um
espectro mais amplo de substâncias farmacologicamente diferentes. Ver
Alcoolismo; Dependência; Transtornos por uso de Substância Psicoativa.
Síndrome de Münchausen
A característica essencial da Síndrome de Münchausen
(Transtorno Factício) é a produção intencional de sinais ou sintomas somáticos
ou psicológicos. A produção intencional pode incluir a fabricação de queixas
subjetivas (por ex., queixas de dor abdominal aguda na ausência de qualquer dor
desta espécie), condições auto infligidas (por ex., produção de abscessos por
injeção subcutânea de saliva), exagero ou exacerbação de condições médicas gerais
preexistentes (por ex., simulação de uma convulsão de grande mal por um
indivíduo com história prévia de transtorno convulsivo) ou qualquer combinação
ou variação destes elementos.
A motivação para o comportamento consiste em assumir o papel
de doente e, pior ainda, de doente misterioso e desafio à medicina. Os
indivíduos com Transtorno Factício em geral apresentam sua história de forma
dramática quando questionados em maiores detalhes, podem envolver-se em
mentiras patológicas, de um modo intrigante para o ouvinte, acerca de qualquer
aspecto de sua história ou sintomas. Eles frequentemente possuem um extenso
conhecimento da terminologia médica e das rotinas hospitalares.
Os indivíduos com este transtorno podem submeter-se com
avidez a múltiplos procedimentos e operações invasivas. Quando confrontados com
evidências de que seus sintomas são factícios, os indivíduos com este
transtorno geralmente negam as alegações ou abandonam rapidamente o hospital,
contrariando disposições médicas. Frequentemente, eles são admitidos, logo
depois, em outro hospital.
Síndrome do lobo frontal
As lesões no lobo frontal podem proporcionar uma alteração
significativa dos modos de comportamento que eram habituais ao sujeito antes do
advento da doença; as perturbações concernem em particular à expressão das
emoções, das necessidades e dos impulsos. O quadro clínico pode, além disto,
comportar uma alteração das funções cognitivas, do pensamento e da sexualidade.
Nas classificações internacionais (CID.10 e DSM.IV) essa síndrome está
relacionada ao chamado Transtorno Orgânico da Personalidade.
Síndrome fetal
alcoólica
Padrão de
retardo do crescimento e do desenvolvimento, tanto mental como físico, com
defeitos de crânio, face, membros e cardiovasculares, encontrados em alguns
filhos de mães cujo consumo de álcool durante a gravidez é elevado. As anormalidades
mais comuns são: deficiência de crescimento pré e pós-natal, microcefalia,
atraso no desenvolvimento ou deficiência mental, fendas palpebrais pequenas,
nariz curto e arrebitado com a ponte nasal afundada e um lábio superior fino,
pregas palmares anormais e malformações cardíacas (especialmente septais).
Muitas outras anomalias mais sutis também têm sido atribuídas aos efeitos do
álcool no feto (efeitos alcoólicos fetais, EAF), mas há controvérsias quanto ao
nível de consumo materno que produz tais efeitos.
Síndrome
volitiva
Constelação
de características tidas como associadas ao uso de substâncias psicoativas, que
inclui apatia, perda de afetividade, capacidade diminuída para encarregar-se de
planos complexos ou de longa duração, baixa tolerância à frustração,
concentração prejudicada e dificuldade em seguir rotinas.
A
existência desta condição é controversa. Ela tem sido relatada principalmente
em conexão com o uso de cannabis e pode simplesmente refletir intoxicação
crônica por esta droga. Os sintomas também podem refletir a personalidade,
atitudes ou estágio de desenvolvimento do usuário. Na literatura de língua
inglesa, esta síndrome é conhecida como motivacional.
Síndrome
Um agrupamento de sinais e sintomas com base em sua frequente
coocorrência, que pode sugerir uma patogênese básica, curso, padrão familial ou
tratamento comuns.
Sistema neurovegetativo
Existe, no organismo, um Sistema Nervoso Autônomo (SNA),
responsável pelo gerenciamento de todas nossas vísceras, órgãos e glândulas.
Esse SNA se equilibra em dois subsistemas: o Simpático e o Parassimpático.
Enquanto o Sistema Simpático, do SNA, acelera tudo, faz subir a pressão, faz
aumentar o batimento cardíaco, etc., o Sistema Parassimpático faz exatamente o
contrário. Isso para haver um equilíbrio.
Num susto, por exemplo, primeiro funciona o Simpático e em
seguida é equilibrado pelo Parassimpático. No Estado de Desequilíbrio
Neurovegetativo haveria uma ruptura desse equilíbrio, normalmente devido ao
estresse ou ansiedade muito intensa e duradoura. Passa, então a prevalecer ou
os sintomas produzidos pelo Simpático ou do Parassimpático.
Socialização
Processo
do desenvolvimento de qualidades e de aquisição de aptidões sociais requeridas
para o funcionamento efetivo numa cultura particular, que começa no início da
infância. Ainda que alguém possa aculturar-se durante a idade adulta em uma
cultura estrangeira, a socialização numa cultura estrangeira nesta idade é
extremamente difícil, se não impossível.
Speedball
Combinação de um estimulante e um opioide, p.ex., cocaína e
heroína, anfetamina e heroína.
Subconsciente
O Subconsciente
deve ser estudado juntamente com o estudo da Atenção. Subconsciente é diferente do inconsciente. O aspecto para o qual
se dirige a Atenção é chamado de alvo (ou foco), por isso e apropriadamente,
podemos fazer uma analogia didática do focalizar da consciência com um alvo de
tiro. O elemento que, em dado momento, constitui o objeto de nossa Atenção,
ocupa sempre o ponto central do campo da consciência. O centro desse alvo
perceptual corresponde ao grau máximo de consciência e é denominado foco da
Atenção.
Tudo o que é focalizado (no foco) pela consciência é
percebido com Atenção mas, em seu redor, porém, existem outros objetos ou
fenômenos psíquicos, os quais, sem ter abandonado o campo da consciência,
deixam de ser objeto de Atenção. Os círculos concêntricos mais próximos
exprimem, esquematicamente, a área Subconsciente
e o círculo mais afastado o inconsciente.
O elemento que, em dado momento, constitui o objeto de nossa
Atenção, ocupa sempre o ponto central do campo da consciência, portanto, nossa
capacidade para concentrar a atividade da consciência em uma só coisa acaba,
forçosamente, excluindo total ou parcialmente as demais. Entre as partes deste
conjunto composto pela consciência, subconsciente e inconsciente não é
possível estabelecer limites de nítidos.
Substância psicoativa
Substância que quando ingerida afeta os processos mentais,
p.ex., cognição ou humor. Este termo e seu equivalente, droga psicoativa, são
os termos mais descritivos e neutros para toda a classe de substâncias, lícitas
e ilícitas que interessam à política sobre drogas. “Psicoativa” não implica
necessariamente produção de dependência, e, no linguajar comum, é
frequentemente omitido como em “uso de drogas” ou “abuso de substâncias”.
Nas décadas de 1960 e 1970, houve, em muitos países europeus
e de língua inglesa, um amplo debate político-cultural sobre se termos
descritivos gerais eram positivos ou negativos em relação às experiências de
alterações mentais obtidas com a LSD e drogas similares. Os termos
“psicomimético" e “alucinógeno” (que se tornou o nome aceito para esta
classe de drogas) tinham uma conotação desfavorável, enquanto
"psicodélico" e “psicolítico" transmitiam uma conotação mais
favorável.
"Psicodélico", em particular, era também usado com
o mesmo amplo alcance de "psicoativo". (O periódico Journal of
psychedelic drugs acabou substituindo psychedelic de seu título para
psychoactive em 1981.) Ver Psicotrópico.
Substâncias controladas
Substâncias psicoativas e seus precursores cuja distribuição
é proibida por lei ou limitada aos canais médicos e farmacêuticos. As
substâncias que estão sujeitas a esse controle diferem de país para país.
O termo é frequentemente usado para se referir às drogas
psicoativas e seus precursores incluídos nas convenções internacionais sobre
drogas (a convenção Única de Drogas Narcóticas de 1961, emendada pelo Protocolo
de 1972; a Convenção de Substâncias Psicotrópicas de 1971; a Convenção Contra o
Tráfico Ilícito de Drogas Narcóticas e Substâncias Psicotrópicas de 1988).
Tanto internacional como nacionalmente (como no Ato de 1970 sobre Substâncias
Controladas, dos EUA), as drogas controladas são normalmente classificadas de
acordo com uma relação hierárquica que reflete os diferentes graus de restrição
ou disponibilidade.
Substâncias voláteis
Substâncias que se vaporizam a temperatura ambiente. As
substâncias voláteis inaladas pelos seus efeitos psicoativos (também chamadas
inalantes) incluem os solventes orgânicos presentes em muitos produtos
domésticos e industriais (tais como colas, aerossóis, tintas, solventes industriais,
lacas, gasolina e fluidos de limpeza) e os nitritos alifáticos, tais como o
nitrito de amila .
Algumas substâncias são diretamente tóxicas para o fígado,
rins ou coração, e algumas produzem neuropatia periférica ou degeneração
cerebral progressiva. Os usuários mais frequentes destas substâncias são
adolescentes jovens e crianças de rua.
O usuário tipicamente molha um pano com o inalante e coloca
sobre a boca e nariz, ou coloca o inalante num saco de papel ou plástico que é
então posto sobre a face (induzindo anoxia além da intoxicação). Os sinais de
intoxicação incluem beligerância, agressividade, letargia, alteração
psicomotora, euforia, alteração de juízo crítico, tonturas, nistagmo, visão
embaciada ou diplopia, fala pastosa, tremores, marcha instável, hiper-reflexia,
fraqueza muscular e estupor ou coma.
Suicídio
O termo suicídio define um comportamento ou ato que
visa à antecipação da própria morte. Essencialmente ele resulta de um processo
em que a dor psicológica intensa consequência de acontecimentos que tornam a
vida dolorosa e/ou insuportável, em que deixam de existir quaisquer soluções
que permitam escapar a um processo de introspecção, que deixa como única
solução, a morte do próprio individuo.
Este processo desenvolve-se regra geral, gradualmente num
sentido negativo provocando um estado dicotômico em que passam a existir apenas
duas soluções possíveis para um problema ou situação (tudo ou nada; viver ou
morrer). Refira-se que uma das palavras mais relevante e perigosa em
suicidologia é a palavra “apenas”, que denuncia exatamente o estado de
constrição da mente evidenciando o estreitamento do focos de atenção.
Concorrem para este comportamento fatores psicológicos
diversos de entre os quais se destacam a depressão, abuso de drogas ou álcool, doenças
do foro psiquiátrico tais como esquizofrenia, depressão bipolar, distúrbio de
stress pós-traumático, distúrbio de personalidade borderline entre outros
fatores.
Superego
Sistema de forças restritivas e inibidoras dos impulsos
básicos tais como: sexo, agressividade, fome etc. Ele é construído junto com as
experiências de socialização da criança. Pois ela, ao exprimir instintos
básicos, o sujeito corre o risco de se opor aos valores de sua comunidade. À
medida que estes valores sociais são apresentados à criança, através de um
sistema de reforçamento básico de recompensas e punições para as suas ações,
ela constrói a ideia do que é ou não permitido.
Fortalecendo-se com o tempo, o superego, devidamente
estabelecido, torna-se uma "consciência moral" e o controle
automático e inconsciente dos impulsos do ID. O termo "superego" é
psicanalítico. Na teoria freudiana, a parte da mente que conscientemente
identifica-se com pessoas importantes e estimuladas do início da vida,
particularmente com os pais; os desejos supostos ou reais dessas pessoas
significativas são assumidos como parte dos próprios critérios pessoais para
ajudar a formar a "consciência".
Supressor do apetite
Agente utilizado no tratamento da obesidade para reduzir a
fome e diminuir a ingestão de alimentos. A maioria destas drogas é constituída
por aminas simpaticomiméticas, cuja eficácia é limitada pela insônia associada,
pelo fenômeno da dependência e por outros efeitos adversos. As anfetaminas já
estiveram anteriormente em amplo uso médico por seus efeitos supressores do
apetite. Sinonímia: anorexígenos. Ver Transtorno por uso de Substância
Psicoativa.
T
Temperança
Moderação e comedimento, a virtude do
controle das paixões e dos impulsos pecaminosos (p.ex., a gula, a luxúria). Nos
países de língua inglesa, este conceito tem vários usos em relação ao álcool e
outras drogas; originalmente significava um compromisso com a moderação nos
hábitos pessoais de beber (p.ex., abster-se de beber bebidas destiladas), mas
após 1840 passou a significar um compromisso pessoal com a abstinência total.
Após 1850, passou a significar um compromisso
com o controle de álcool local, nacional ou global, geralmente com o objetivo
de uma eventual proibição da venda de bebidas alcoólicas (daí o termo
proibicionista). Em consonância com preocupações mais amplas de algumas
sociedades da temperança, tais como a União das Mulheres Cristãs para a
Temperança, a temperança algumas vezes se refere também a comportamentos
variados, que incluem a abstinência do tabaco e do uso de outras drogas.
Os termos “nova temperança” ou
“neo-temperança” têm sido utilizados desde a década de 1980 para caracterizar
indivíduos e grupos comprometidos com um maior controle do álcool ou uma
política sobre o álcool mais coerente, ou com uma mudança da reação pública
refletida em vários países com o declínio do consumo de álcool.
“Neo-proibicionismo” é um termo utilizado mais pejorativamente para as mesmas
referências.
Teor alcoólico no
sangue
Concentração de álcool (etanol) presente no
sangue. É geralmente expresso como massa por unidade de volume, mas diferentes
países podem expressá-lo diferentemente ou usar diferentes unidades; p.ex.,
miligramas por 100 mililitros (mg /100 ml ou, incorretamente, mg por cento),
miligramas por litro (mg/l), gramas por 100 mililitros (g/100 ml), gramas por
cento, e milimoles por litro.
Uma concentração de 8 partes por mil é
expressa em terminologia legal nos EUA como 0.08%, na Escandinávia como 0.8
promille, e no Canadá e outros países como 80mg/100ml. Também existem
diferenças entre países quanto ao limite para se dirigir (Ver Dirigir
Alcoolizado), com a maioria variando entre 50-100mg/100ml.
O TAS é frequentemente extrapolado a partir
da respiração, da urina e de outros fluidos biológicos nos quais a concentração
do álcool guarda uma relação conhecida com a do sangue. O cálculo de Widmark é
uma técnica para se estimar o TAS num dado momento após ingestão de álcool pela
extrapolação dos TAS em momentos conhecidos, assumindo-se uma taxa fixa de
eliminação do álcool (cinética de ordem zero).
Em algumas jurisdições é considerado como uma
suposição dúbia e não são aceitas estimativas de TAS em pontos anteriores no
tempo. Sinonímia: alcoolemia; nível alcoólico sanguíneo.
Terapia aversiva
Tratamento que suprime um comportamento
indesejável associando-o a uma experiência dolorosa ou desagradável. Este termo
se refere a quaisquer das diversas formas de tratamento da dependência do
álcool ou de outras drogas, direcionadas a estabelecer uma aversão condicionada
à visão, cheiro, tato ou pensamento da substância indesejada.
Geralmente o estímulo é uma droga nauseante,
tal como a emetina ou a apomorfina, administrada logo antes de uma bebida
alcoólica, de forma que ocorra vômito imediato, sendo, ao mesmo tempo, evitada
a absorção do álcool ou outra substância.
Outro estímulo envolve um choque elétrico
dado em associação com uma bebida alcoólica ou com a sugestão visual de bebidas
(garrafas, propagandas), administração de uma droga que causa breve paralisia
da respiração ou sugestão verbal com ou sem hipnose. Uma técnica relacionada é
a sensibilização dissimulada, na qual o procedimento de aversão é todo
realizado na imaginação.
Terapia de manutenção
Tratamento da dependência de droga através da
prescrição de uma droga de substituição para a qual exista dependência cruzada
e tolerância cruzada. O termo, por vezes, refere-se a uma forma menos perigosa
de uso da mesma droga usada no tratamento.
Os objetivos da terapia de manutenção são
eliminar ou reduzir:
(i)
o
consumo de uma substância específica, especialmente se for ilegal, ou reduzir o
dano de um determinado método de administração,
(ii)
os
perigos concomitantes para a saúde (p.ex., da partilha de agulhas) e
(iii)
as
consequências sociais. A terapia de manutenção é muitas vezes acompanhada por
tratamentos psicológicos e outros.
Exemplos de terapia de manutenção são a
utilização de metadona para o tratamento da dependência de heroína e de goma
com nicotina para substituir o fumar tabaco. A terapia de manutenção pode durar
desde várias semanas até 20 anos ou mais. É por vezes diferenciada da terapia
de diminuição gradual (Ver desintoxicação).
Terapia familiar
Tratamento de mais de um membro de uma
família simultaneamente na mesma sessão.
Terapia ocupacional
Método de tratamento de problemas físicos ou
psicológicos, baseado numa ocupação proposital e com o objetivo de restaurar a
motivação, confiança e habilidades específicas. A diferença entre terapia
ocupacional e laborterapia (ou terapia industrial) fundamenta-se principalmente
na grande ênfase dada às preferências individuais, à auto-expressão e às
atividades de lazer.
Teste de realidade
A atividade cognitiva de distinguir uma
fantasia interna da realidade do mundo externo; a habilidade do indivíduo para
discernir com precisão seu meio físico, social e cultural. Este conceito diz
respeito não apenas à orientação em relação à pessoa, ao espaço e ao tempo do
indivíduo, mas também à orientação quanto a status, normas, valores,
relacionamentos e comportamento no domínio sociocultural.
Os médicos que atendem pacientes pertencentes
a grupos socioculturais diversos do seu devem avaliar a habilidade do paciente
para testar a realidade a partir das perspectivas dos pacientes, não das suas.
Isto pode requerer um “assessor cultural” ou, pelo menos, algum conhecimento
por parte do médico sobre a realidade sociocultural do paciente.
Teste de Rorschach
Teste psicológico desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann
Rorschach (1884-1922) que busca revelar traços da
personalidade e conflitos emocionais conscientes e inconscientes, através da
obtenção das associações que a pessoa faz para um conjunto padronizado de
manchas de tinta.
Teste de triagem
Instrumento ou procedimento de avaliação,
tanto biológico como psicológico, cujo objetivo principal é descobrir, numa
dada população, o maior número possível de indivíduos que tenham atualmente um
transtorno ou condição, ou que estejam arriscados a desenvolvê-lo em algum
momento no futuro.
Os testes de triagem não são diagnósticos no
sentido estrito da palavra, embora um resultado positivo seja tipicamente
seguido por um ou mais testes definitivos para confirmar ou rejeitar o
diagnóstico sugerido pelo teste de triagem.
Um teste com alta sensibilidade é capaz de
identificar a maioria dos casos que efetivamente apresentam a condição em
consideração. P.ex., sensibilidade de 90% significa que o teste irá identificar
como positivas 90 de cada 100 pessoas com a condição e deixará de identificar
os outros 10 (chamados de "falso-negativos").
A especificidade, por sua vez, refere-se à
capacidade de um teste para excluir os casos falsos; ou seja, quanto maior a
especificidade, menor a probabilidade que o teste dê resultados positivos para
indivíduos que não têm de fato a doença em questão ("falso-positivos").
O termo “instrumento de triagem” é também de
uso comum, referindo-se tipicamente a um questionário ou a uma breve entrevista
estruturada. Há, atualmente, uma infinidade de tais instrumentos, alguns gerais
p.ex., o Questionário de Auto Relato (SRQ) e o Questionário de Saúde Geral
(GHQ) e outros para transtornos específicos p.ex., depressão, alcoolismo. Ver
Marcador Biológico; Teste Diagnóstico.
Teste diagnostico
Procedimento ou instrumento usado junto com a
observação de padrões comportamentais, história e exame clínico para ajudar a
estabelecer a presença, natureza ou fonte de (ou vulnerabilidade) a um
transtorno ou para medir uma característica específica de um indivíduo ou
grupo.
Os espécimes testados variam de acordo com a
natureza da investigação: urina (p.ex., para detectar a presença de drogas),
sangue (p.ex., para medir o teor de alcoolemia), sêmen (p.ex., para medir a
motilidade de espermatozoides), fezes (p.ex., para detectar a presença de
parasitas), líquido amniótico (p.ex., para detectar um transtorno fetal
hereditário), tecidos (p.ex., para a presença e atividade de células
neoplásicas), etc.
Os métodos de teste também variam e incluem
exames bioquímicos, imunológicos, neurofisiológicos e histológicos. Técnicas
diagnósticas por imagem incluem Raios X (RX), tomografia computadorizada (CAT
Scan), tomografia por emissão de pósitrons (PET Scan) e imagem por ressonância
magnética (MRI).
As investigações psicológicas podem envolver
testes de inteligência, de personalidade e projetivos (tais como o teste das
manchas de Rorschach) e baterias de testes neuropsicológicos para determinar o
tipo, localização e grau de qualquer disfunção cerebral e suas expressões
comportamentais. Ver Marcador Biológico, Teste De Triagem.
Testes projetivos
Testes psicológicos diagnósticos nos quais o material de
teste d desestruturado, de modo que qualquer resposta refletirá urna projeção
de algum aspecto da personalidade e psicopatologia subjacente do indivíduo.
Tipologia de Jellinek
A classificação do alcoolismo feita em 1960
por Emíl Jellinek em seu livro The disease concept of alcoholism O conceito de
alcoolismo como doença postulava a existência dos seguintes tipos:
·
alcoolismo alfa — caracterizado por dependência psicológica,
sem desenvolvimento de dependência fisiológica; também chamado beber
problemático, beber como fuga.
·
alcoolismo beta — caracterizado por complicações físicas,
envolvendo um ou mais sistemas orgânicos, com enfraquecimento geral da saúde e
tempo de vida reduzido.
·
alcoolismo gama — caracterizado por aumento da tolerância,
perda de controle e síndrome de abstinência após interrupção do consumo de
álcool; também chamado alcoolismo "Anglo-Saxão".
·
alcoolismo delta — caracterizado por aumento de tolerância,
sintomas de abstinência e incapacidade de abster-se, mas nunca perda do
autocontrole sobre a quantidade consumida (Ver alcoolização).
·
alcoolismo épsilon — beber paroxística ou
periodicamente, beber compulsivo; às vezes referido como dipsomania.
Tolerância cruzada
Desenvolvimento de tolerância para uma
substância, como resultado da ingestão aguda ou crônica de outra substância à
qual o indivíduo não tenha sido exposto previamente. As duas substâncias
geralmente, mas nem sempre, têm efeitos farmacológicos similares. A tolerância
cruzada é evidenciada quando a dose de uma nova substância não produz o efeito
esperado. Ver Dependência Cruzada; Desintoxicação.
Tolerância
Diminuição de resposta a uma dose de
determinada substância que ocorre com o uso continuado da mesma. No consumidor
frequente ou de grandes quantidades de bebidas alcoólicas (ou de outras
drogas), p.ex., são necessárias doses mais elevadas de álcool para alcançar os
efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas. Tanto fatores
psicológicos como psicossociais podem contribuir para o desenvolvimento da
tolerância, que pode ser física, comportamental ou psicológica.
Com referência aos fatores fisiológicos,
podem desenvolver-se tanto a tolerância metabólica como a funcional.
Aumentando-se a taxa de metabolismo da substância, o organismo pode ser capaz
de eliminar a substância mais rapidamente. A tolerância funcional é definida
pela diminuição da sensibilidade do sistema nervoso central para a substância.
A tolerância comportamental é uma mudança no
efeito da droga como resultado de aprendizado ou de alterações ambientais.
Tolerância aguda é uma acomodação rápida, temporária, ao efeito de uma
substância após uma única dose. Tolerância reversa, também conhecida como
sensibilização, refere-se a uma condição na qual a resposta a uma substância
aumenta com o uso repetido. A tolerância é um dos critérios para a síndrome de
dependência. Ver Síndrome de Dependência; Transtorno por uso de opioides.
Toxicomania, Adicção
ou Drogadicção
Desajuste psiquiátrico causado por drogas,
geralmente as ilícitas (maconha, cocaína, LSD, heroína), que leva a prejuízos
ao indivíduo e à sociedade. É um problema de saúde pública .O toxicômano
geralmente tem um desejo incontrolável de obter a droga e tentará obtê-la sob
qualquer modo, até criminalmente. O toxicômano também tem a tendência de
aumentar as doses do tóxico para obter os mesmos efeitos, em virtude do
fenômeno da tolerância. A retirada das drogas geralmente causa sintomas de
abstinência, fazendo o toxicômano sofrer horrivelmente. Geralmente são
indivíduos problemáticos, os quais buscam nos tóxicos a fuga dos seus
problemas. Incide mais nos jovens e menos na vida adulta.
Tranquilizante
Agente calmante; termo geral para várias
classes de drogas empregadas no manejo sintomático de várias doenças mentais,
usadas para aliviar a ansiedade (tranquilizantes menores) ou para fazer
diminuir sintomas psicóticos (tranquilizantes maiores). O termo pode ser
utilizado para diferenciar estas drogas dos sedativo-hipnóticos: os
tranquilizantes tem um efeito depressor e calmante sobre os processos
psicomotores sem interferirem na consciência e no pensamento, a não ser em
altas doses.
Transtorno Bipolar (PMD)
Transtorno Bipolar é um transtorno
caracterizado por dois ou mais episódios de alteração do humor onde o nível de
atividade do sujeito está profundamente perturbado, sendo que este distúrbio
consiste em algumas ocasiões de uma elevação patológica do humor e aumento da
energia e da atividade (hipomania ou mania) e em outras, de um rebaixamento
patológico do humor e de redução da energia e da atividade (depressão).
Pacientes que sofrem somente de episódios repetidos de hipomania ou mania são
classificados como bipolares. Esse transtorno chamava-se Psicose Maníaco-Depressiva
até antes de editar-se o CID.10.
O DSM.IV já classifica o Transtorno Afetivo
Bipolar em dois tipos: Bipolar I e Bipolar II. A característica essencial do
Transtorno Bipolar I é um curso clínico caracterizado pela ocorrência de um ou
mais Episódios Maníacos ou Episódios Mistos. Com frequência, mas não
obrigatoriamente, os indivíduos também tiveram um ou mais Episódios Depressivos
Maiores. A característica essencial do Transtorno Bipolar II é um curso clínico
marcado pela ocorrência de um ou mais Episódios Depressivos Maiores,
acompanhados por pelo menos um Episódio Hipomaníaco. Os Episódios Hipomaníacos
não devem ser confundidos com os vários dias de eutimia que podem seguir-se à
remissão de um Episódio Depressivo Maior.
Transtornos da personalidade
Padrões profundamente enraizados, inflexíveis e
disfuncionais de relacionar-se, perceber e pensar, graves o suficiente para
causar ou prejuízo no desempenho pessoal ou angústia. Os transtornos de
personalidade são geralmente identificáveis na adolescência ou antes, continuam
até a idade adulta e tornam-se menos óbvios no meia-idade ou velhice.
Transtornos fóbicos
A diferença entre a Fobia sintoma e o Transtorno Fóbico,
deve ser considerada como a diferença que se faz entre o sintoma e a doença. A
Fobia, como sintoma faz parte da alteração do pensamento, aparece como um medo
imotivado e patológico, ilógico e especificamente orientado para um determinado
objeto ou situação.
Normalmente é acompanhada de intensa ansiedade e outros
sintomas autossômicos. O Transtorno Fóbico-Ansioso se caracteriza, exatamente,
pela prevalência da Fobia sintoma entre os demais sintomas de ansiedade, ou
seja, um medo anormal, desproporcional e persistente diante de um objeto ou
situação específica. Dentro dos quadros fóbico-ansiosos destacam-se três tipos:
(i)
Agorafobia;
(ii)
Fobia
Social e;
(iii)
Fobia
Específica.
A FOBIA ESPECÍFICA (anteriormente Fobia Simples) tem como
característica essencial o medo acentuado e persistente de objetos ou situações
claramente discerníveis e circunscritos. A exposição ao estímulo fóbico
provoca, quase invariavelmente, imediata resposta de ansiedade com muitos
sintomas físicos. A FOBIA SOCIAL também é um quadro fóbico-ansioso.
U
Uso
arriscado
Um padrão
de uso de substância psicoativa que aumenta o risco de consequências
prejudiciais para o usuário. Alguns limitariam as consequências à saúde física
e mental (como em uso nocivo); outros também incluiriam consequências sociais.
Ao contrário do uso nocivo, o uso arriscado refere-se a padrões de uso
significativos para a saúde pública, apesar da ausência de qualquer transtorno
atual no usuário. O termo é usado atualmente pela OMS, mas não é um termo
diagnóstico na CID-10.
Uso de
múltiplas drogas
O consumo
por um indivíduo de mais do que uma droga ou tipo de droga, muitas vezes ao
mesmo tempo ou sequencialmente e normalmente com a intenção de intensificar,
potencializar ou neutralizar os efeitos de outra droga.
O termo é
também utilizado, menos rigorosamente, para incluir o consumo independente de
duas ou mais drogas pela mesma pessoa; tem uma conotação de utilização ilícita,
embora o álcool, a nicotina e a cafeína sejam as substâncias mais
frequentemente utilizadas em combinação com outras nas sociedades
industrializadas.
O
transtorno por uso de múltiplas drogas (F19) é um dos “transtornos mentais e de
comportamento por uso de substância psicoativa” da CID-10, diagnosticado
unicamente quando se sabe que há envolvimento de duas ou mais substâncias e é
impossível avaliar qual delas contribui mais para o transtorno.
Também se
utiliza esta categoria quando a identidade exata de algumas ou mesmo de todas
as substâncias que estão a ser usadas é incerta ou desconhecida, já que muitos
consumidores de múltiplas drogas não sabem muitas vezes o que estão a consumir.
O termo
“politoxicomania”, de origem francesa, exprime um significado semelhante ao de
uso de múltiplas drogas, exceto que pressupõe a dependência a uma ou mais das
drogas consumidas. Sinonímia: uso (abuso) de polidrogas. Ver transtorno por uso
de substância psicoativa.
Uso
indevido de álcool ou droga
Utilização
de uma substância com propósito incompatível com as normas legais ou médicas,
como acontece com o uso não médico de medicamentos que requerem receita. Há
quem prefira esta designação a abuso, por não envolver juízo de valor. Ver uso
arriscado.
Uso
nocivo
Padrão de
consumo de qualquer substância psicoativa que produz dano para a saúde. O
prejuízo pode ser físico (p.ex., hepatite secundária ao uso de drogas
injetadas) ou mental (p.ex., episódios depressivos secundários à ingestão
abundante de álcool). Comumente, mas não invariavelmente, o uso nocivo tem
consequências sociais adversas; no entanto, consequências sociais, por si
mesmas, não são suficientes para justificar o diagnóstico de uso nocivo.
O termo
foi introduzido no CID-10 e suplantou "uso não dependente" como termo
diagnóstico. O equivalente mais aproximado em outros sistemas diagnósticos
(p.ex., DMS-III-R) é abuso de substância psicoativa, que usualmente inclui
consequências sociais. Sinonímia: abuso de substância psicoativa. Ver
transtorno por uso de substância psicoativa; uso arriscado.
V
Violência Doméstica
A Violência Doméstica
é um problema que atinge milhares de crianças, adolescentes e mulheres. É um
problema que não costuma obedecer algum nível sociocultural específico, como se
pode pensar. Sua importância é relevante sob dois aspectos; primeiro, devido ao
sofrimento indescritível que imputa às suas vítimas, muitas vezes silenciosas,
em segundo, porque, comprovadamente, a violência doméstica, incluindo aí a
Negligência Precoce e o Abuso Sexual, podem impedir um bom desenvolvimento
físico e mental da vítima. Nos dias de hoje parece haver um consenso quanto
adotar-se a nomenclatura de "Maus Tratos". Os Maus-Tratos constituem
quatro categorias formais de Violência Doméstica, sendo elas:
Abusos Físicos
Abusos Sexuais
Abusos Psicológicos
Negligências
Z
Zoopsia
Uma
forma de alucinação em que o doente vê animais (p.ex., insetos, cobras,
cachorros). Acompanha usualmente psicoses associadas a condições orgânicas
agudas, tais como delirium tremens, mas pode ocorrer como parte de um
transe religioso ou de uma visão. Ver experiências sobrenaturais.
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