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7/16/2015

O Livro de Jonas para contar às crianças

Livro de Jonas


Autor

Jonas 1:1 especificamente identifica o profeta Jonas como o autor do Livro de Jonas.

Quando foi escrito

O Livro de Jonas foi provavelmente escrito entre 793 e 758 AC.



Propósito

Desobediência e revitalização são os principais temas deste livro. A experiência de Jonas no ventre da baleia lhe proporciona uma oportunidade única para buscar uma libertação ao se arrepender durante este retiro bastante diferente. Sua desobediência inicial o leva não apenas à sua revitalização pessoal, mas à dos ninivitas também. Muitos classificam a restauração que ele trouxe a Nínive como um dos maiores esforços evangelísticos de todos os tempos.

Versículos-chave

Jonas 1:3: "Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis...."


Jonas 1:17

"Deparou o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe."

Jonas 2:2

"Na minha angústia, clamei ao SENHOR, e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu me ouviste a voz."

Jonas 3:10

"Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez."

Resumo

O medo e orgulho de Jonas levam-no a fugir de Deus. Ele não quer ir a Nínive pregar o arrependimento ao povo, como Deus ordenou, porque ele sente que os ninivitas são seus inimigos e está convencido de que Deus não vai seguir adiante com sua ameaça de destruir a cidade. Ao invés, ele embarca num navio para Társis, uma cidade na direção oposta. 

Uma grande tempestade logo faz com que a tripulação lance lotes para determinar que Jonas é o problema. Eles atiram-no ao mar, e ele é engolido por um peixe grande. Em seu ventre por 3 dias e 3 noites, Jonas se arrepende do seu pecado a Deus, e o peixe o vomita em terra seca (perguntamo-nos por que levou tanto tempo para se arrepender). 

Jonas, em seguida, faz a viagem de cerca de 800 km a Nínive e lidera a cidade a um grande reavivamento. Entretanto, o profeta fica insatisfeito (na verdade, reclama), ao invés de agradecido, quando Nínive se arrepende. Jonas aprende a lição, porém, quando Deus usa um vento, uma planta e um verme para lhe ensinar que Ele é misericordioso.

Prenúncios

As palavras do próprio Jesus deixam claro que Jonas é um tipo de Cristo. Em Mateus 12:40-41, Jesus declara que Ele vai estar no túmulo a mesma quantidade de tempo que Jonas estava no ventre da baleia. Ele segue a dizer que, enquanto os ninivitas se arrependeram diante da pregação de Jonas, os fariseus e doutores da Lei que rejeitaram a Jesus estavam rejeitando Aquele que é muito maior do que Jonas. 

Assim como Jonas trouxe a verdade de Deus sobre o arrependimento e salvação para os ninivitas, assim também Jesus traz a mesma mensagem (Jonas 2:9; João 14:6) de salvação alcançada apenas através de Deus (Romanos 11:36).

Aplicação Prática

Não podemos nos esconder de Deus. O que Ele deseja realizar através de nós virá a acontecer, apesar de todas as nossas oposições e reclamações. Efésios 2:10 nos lembra que Ele tem planos para nós e vai assegurar que vamos nos conformar com esses planos. Quanto mais fácil seria se nós, ao contrário de Jonas, nos submetêssemos a Ele sem demora!

O amor de Deus se manifesta em Sua acessibilidade a todos, independentemente da nossa reputação, nacionalidade ou raça. A livre oferta do Evangelho é para todos os povos em todos os tempos. Nossa tarefa como Cristãos é ser o meio pelo qual Deus fala ao mundo dessa oferta e alegrar-nos com a salvação de outras pessoas. 

Esta é uma experiência que Deus quer que compartilhemos com Ele, e não que sejamos ciumentos ou ressentidos com os que vêm a Cristo em "conversões de última hora" ou que passam por situações diferentes das nossas.

O livro de Jonas difere dos demais profetas em razão do seu conteúdo narrativo em vez de oracular. Desta forma podemos dizer que a mensagem do profeta não é um conjunto de palavras dirigidas às nações, antes trata-se da própria experiência de Jonas. Além disso, o profeta não recebe a palavra de Deus em forma de sonho ou visão, formas típicas do recebimento oracular.

O profeta Jonas também é mencionado em 2 Reis 14:25. Nesta época Jeroboão II reinava em Israel no século VIII a.C. Isto o coloca no momento da recuperação econômica e política do Reino do Norte. Portanto Jonas é contemporâneo de Amós e Oseias.

A atividade profética de Jonas não ficou restrita apenas a Nínive, pois, ainda de acordo com o texto de 2 Reis 14:25, ele também havia falado sobre a recuperação político-econômica de Israel; portanto, uma profecia de cunho nacionalista. 

Esta recuperação foi possível em virtude do declínio da dominação Assíria (Nínive era a capital assíria), que deu espaço para Jeroboão II repatriar os territórios que pertenceram a Israel nos tempos de Davi e Salomão. Posteriormente, no final do século VIII a.C., a Assíria retomaria seu poderio militar e levaria o Reino do Norte ao fim.

Em relação à autoria, o livro de Jonas é contestado em razão dos seguintes fatores:
  • o autor não é apontado no livro
  • a redação em terceira pessoa
O livro é também contestado em relação à sua veracidade. Os relatos do grande peixe e o crescimento acelerado da planta que abrigou Jonas levam muitos eruditos a considerá-lo uma alegoria ou parábola, isto é, os fatos históricos não existiram de fato, mas foram redigidos a fim de ensinarem uma moral. Entretanto, esta conclusão não se sustenta em virtude principalmente da citação do profeta por Jesus em Mateus 12:40-41; portanto, se a historicidade da narrativa de Jonas for lendária, a ressurreição de Jesus também o é.

Estrutura de Jonas
  • O livro de Jonas pode ser dividido literariamente da seguinte forma:
  • O chamado de Deus e a fuga de Jonas – 1:1-16
  • A graça de Deus aplicada a Jonas – 1:17 – 2:10
  • O chamado de Deus e a pregação de Jonas – 3:1-9
  • A graça de Deus aplicada à cidade de Nínive – 3:10 – 4:5
  • O direito de Deus à compaixão – 4:6-11

A história contida em Jonas está dividida em duas partes em forma de paralelos, isto é, os capítulos 1 e 2 formam paralelos com os capítulos 3 e 4, conforme abaixo;

Chamado de Deus e resposta de Jonas 
1:1-3 e 3:1-3

Pagãos cogitando a influência de Javé 
1:4-11 e 3:4-10

Jonas enfrenta Deus por causa de suas atitudes 
1:12-17 e 4:1-9

Deus mostra e aplica sua misericórdia 
2:1-9 e 4:10-12

A primeira parte da narrativa prepara o leitor para o desfecho da história na segunda parte do livro. Na primeira metade (capítulos 1 e 2) Deus demonstra sua misericórdia para com Jonas e os marinheiros. A graça de Deus revelada aos marinheiros deixa o leitor na expectativa com relação à possibilidade da graça para o povo de Nínive. A reação dos marinheiros leva o leitor a imaginar qual seria o comportamento dos ninivitas diante da graça revelada de Javé.

Jonas assume uma perspectiva negativa nessa primeira parte do livro, que leva o leitor a opor-se a ela na segunda metade. No capítulo 2, a oração de Jonas introduz conceitos importantes sobre a graça de Deus que serão demonstrados na segunda metade da narrativa. Ao contrário do senso comum, a oração de Jonas não é um lamento, mas um agradecimento por Deus tê-lo livrado da morte. 

Neste ponto Jonas demonstra sua indignidade diante da graça de Deus. Aqui temos um contraponto com a oração paralela no capítulo 4, onde Jonas reclama com Deus sobre sua misericórdia demonstrada para com os ninivitas, a mesma que havia salvado sua vida da morte.

O capítulo 3 mostra que o arrependimento de Nínive cessa a ira de Deus, tal qual a oração dos marinheiros interrompeu a tempestade que os castigava.

No capítulo 4 Jonas não aceita a misericórdia de Deus estendida aos ninivitas, pois considerava isso injusto, uma vez que eles mereciam a punição de acordo com a justiça retributiva, cosmovisão na qual Jonas se fundamentava.

Com relação ao seu propósito e conteúdo, o livro de Jonas aborda os seguintes temas:
  • Deus tem a prerrogativa de realizar atos de bondade e misericórdia
  • A longanimidade de Deus oferece uma nova chance
  • Os pequenos acertos do homem produz o prazer de Deus

O livro de Jonas trata sobre o relacionamento de Javé com a humanidade, e não somente com o povo hebreu. Jonas evoca sobre si a antipatia do leitor por alguns motivos:

seus objetivos são opostos aos de Deus, era um profeta nacionalista e previu a recuperação político-econômica de um dos piores reis de Israel, Jeroboão II. Ele teve um posicionamento contrário a Amós, que apenas criticou seu governo.

Fala com muita raiva dos pagãos

O livro de Jonas procura mostrar que a situação do profeta era idêntica a dos moradores de Nínive, isto é, carentes da misericórdia de Deus. Esta distinção é importante para que não confundamos a mensagem do livro comparando Jonas com Israel.

O livro compara a situação de Jonas com Nínive ao empregar o mesmo termo nos versículos 3:10 e 4:6. No primeiro, o termo hebraico râ`âh é traduzido na NVI como “destruiu” e no segundo é traduzido como “calor”. Tanto Jonas como Nínive receberam a misericórdia divina ao livrá-los do mal (râ`âh) que sofriam; Jonas o calor e Nínive a destruição iminente.

Contudo, em dado momento, a situação de Jonas não encontra mais paralelo com Nínive quando Deus soberanamente destrói a planta que trazia alívio para Jonas ao permitir que um verme devorasse a planta. Aqui Deus trata Jonas da mesma maneira que ele queria que os ninivitas fossem tratados, e remove sua graça de Jonas.

Portanto a narrativa tem o objetivo de demonstrar que Deus tem o direito de ter compaixão de quem ele quiser. Embora o senso comum aponte a evangelização como ponto principal no livro de Jonas, o exame cuidadoso do livro não apoia esta ideia, pois Jonas não apresentou um convite de conversão à fé monoteísta em Javé, mas sim um oráculo de juízo.

A crença que os ninivitas apresentaram no verso 3:5 é com relação à realidade do juízo, isto é, eles acreditaram na mensagem que Jonas levou acerca da destruição da cidade. Assim, o ponto focal da narrativa não é a reação dos ninivitas, pois eles estavam acostumados a praticar rituais para apaziguar a ira dos deuses. Além disso, esse arrependimento de Nínive não deve ter sido profundo ou duradouro, pois ainda no final do século VIII eles foram o instrumento de Javé para castigar Israel. A essência do livro está em demonstrar que Jonas, Israel e Nínive eram alvos da misericórdia divina.

Esses acontecimentos narrados em Jonas aconteceram pouco tempo antes da profecia clássica se tornar o padrão profético na Palestina, e guardam muitas semelhanças com textos dos profetas posteriores. O núcleo da mensagem dos profetas clássicos era a ira de Deus para com seu povo e o castigo seria a destruição e o exílio iminentes, ou seja, Israel recebe o mesmo tratamento que Nínive. Assim como Deus agira com Nínive, retardando o justo juízo, ele agiu com Israel a cada passo que davam na direção certa conforme visto em 2 Reis 22, no reinado de Josias.

Compaixão

Como demonstrado a compaixão de Deus é o foco principal do livro. Mesmo a menção de Jonas no livro de Reis foi uma antecipação a este tema quando Javé demonstra sua misericórdia imerecida ao permitir que um rei tão mal quanto Jeroboão II prosperasse.

Ira

O juízo para Nínive era decorrente da ira Deus, mesmo que Jonas tenha dito que ele era muito paciente (4:2). De acordo com Jonas Deus não parecia irado suficiente com os ninivitas que mereciam sua ira. A ira é equilibrada pela compaixão fundamentada na soberania divina.

Teodicéia

Teodiceia é a tentativa de justificar os atos de Deus, e é um assunto bastante abordado na Teologia do Antigo Testamento. Entretanto, o caminho mais comum da teodiceia é com relação ao sofrimento do justo, mas em Jonas este sentido se inverte. Na visão de Jonas os ninivitas mereciam o juízo, que não foi aplicado na ocasião, demonstrando o direito de Deus em irar-se tardiamente. 

Porém, sua justiça não é anulada em virtude da aplicação contínua da misericórdia, sendo este um tema explorado pela teologia do Novo Testamento (cf. Romanos 3:25), pois Deus não está condicionado a ofertar misericórdia indefinidamente; e no final Deus executará seu justo juízo (Jr. 13:14; Ez. 7:1-9).

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