Dr. Persio Ribeiro Gomes de Deus PSIQUIATRA - CRM 31656/SP
Em meu último artigo conversamos um pouco sobre a relação entre o uso de
drogas e a incidência de doenças psiquiátricas como a depressão, transtorno de pânico, transtorno bipolar, entre
outros.
Agora iremos abordar os sintomas produzidos pelo uso de algumas dessas
drogas e inclusive as doenças psíquicas mais comuns. Vamos iniciar pela
maconha:
- Os efeitos físicos mais comuns são
taquicardia, olhos avermelhados, boca seca, tremores de mãos, além de
prejuízo da coordenação motora e da força muscular
- Os efeitos psíquicos são variáveis e
dependem daquilo que abordamos no artigo anterior - quantidade, tempo de
uso e qualidade da droga. Pode haver a sensação de relaxamento, letargia,
prejuízo no aprendizado e na memória, diminuição da ansiedade, aumento do
apetite, euforia, alteração da percepção do tempo, cores, sons e do
espaço. Estas alterações podem provocar acidentes automobilísticos graves.
- Em doses mais altas podem ocorrer
delírios, alucinações com perda do sentido de realidade, além de
sentimentos de perseguição. É considerada, equivocadamente, uma droga
leve. Pesquisas recentes da Chemical Research in Toxicology demonstraram
que existem mais substâncias cancerígenas na maconha que no tabaco. Três
cigarros de maconha produzem o mesmo efeito cancerígeno que 20 cigarros de
tabaco! O Instituto do Câncer de São Paulo emitiu um alerta importante: o aumento
do índice de câncer de testículos em jovens usuários de maconha
- O uso da maconha pode estar associado a
quadros de depressão e de síndrome do pânico com maior frequência.
Em relação à cocaína podemos encontrar:
- Seus efeitos físicos mais frequentes
são: aumento da pressão arterial, temperatura, tremor de extremidades e
midríase (dilatação da pupila)
- Os efeitos psíquicos são variáveis, e
dependem da relação do indivíduo com a droga. Entre eles pode haver:
sensação de bem-estar, euforia, aumento da autoconfiança, hiperatividade,
desinibição, diminuição da fome e da sensação de cansaço. Com aumento do
uso e da quantidade pode haver ansiedade, irritabilidade, apreensão,
desconfiança, agressividade podendo chegar a casos graves de delírios e
alucinações e a fissura? ou necessidade compulsiva do uso da droga
- Em usuários crônicos foi descrito um
quadro de letargia, hipersonia (excesso de sono), irritabilidade, humor
depressivo e, em casos graves, a presença de quadros de psicose e além dos
casos de overdose, os suicídios são bastante comuns.
Semelhante à cocaína, temos as anfetaminas e metanfetaminas:
- As anfetaminas são também muito
utilizadas como medicamentos para emagrecimento. Em geral, elas causam
efeitos físicos e psíquicos semelhantes à cocaína. Podem frequentemente
desencadear ataques típicos de pânico
- E se tornam muito perigosos quando
associados ao álcool. O uso prolongado produz graves problemas de memória,
além de poderem causar surtos psicóticos
- O êxtase é um subtipo dos anfetamínicos
- uma metanfetamina. Seu uso se tornou frequente em festas. Exaustão e
desidratação são ocorrências comuns e a mistura com o álcool pode se
transformar numa verdadeira bomba? que causa não raro paradas cardíacas. A
psicose pode também acontecer em indivíduos predispostos ou que chegam a
doses elevadas.
Álcool: um perigo a parte!
Finalmente alguns comentários sobre o álcool: sabe-se que muitas pessoas, aliás, muitos povos, têm uma
relação saudável com o álcool, ele faz parte de hábitos alimentares e inclusive
culturais. Sabe-se também que pequenas quantidades de álcool (no caso do vinho
tinto) fazem muito bem à saúde, prevenindo a ocorrência de doenças
cardiovasculares.
No entanto, nem sempre a relação do indivíduo com o álcool é saudável, e
aí teremos uma série enorme de problemas para o organismo, para a família e
para a sociedade. O álcool é conhecido como a porta de entrada? para as outras
drogas, e não temos uma política pública adequada de prevenção ao abuso de
álcool direcionado à infância e à adolescência.
Entre os
adolescentes o álcool é a principal droga de abuso, com 1 em cada 7
adolescentes (16%) tendo episódios regulares de excesso de consumo. O padrão de
consumo dos adolescentes brasileiros é de ingerir grandes quantidades nos
finais de semana, expondo-os a uma série de riscos como: acidentes, gravidez
não planejada e também risco de consumir outras drogas ilícitas.
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