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6/26/2015

Álcool, maconha, cocaína, entre outras, agem de formas distintas no nosso corpo e mente


Dr. Persio Ribeiro Gomes de Deus PSIQUIATRA - CRM 31656/SP

Em meu último artigo conversamos um pouco sobre a relação entre o uso de drogas e a incidência de doenças psiquiátricas como a depressão, transtorno de pânico, transtorno bipolar, entre outros. 
Agora iremos abordar os sintomas produzidos pelo uso de algumas dessas drogas e inclusive as doenças psíquicas mais comuns. Vamos iniciar pela maconha: 
  • Os efeitos físicos mais comuns são taquicardia, olhos avermelhados, boca seca, tremores de mãos, além de prejuízo da coordenação motora e da força muscular
  • Os efeitos psíquicos são variáveis e dependem daquilo que abordamos no artigo anterior - quantidade, tempo de uso e qualidade da droga. Pode haver a sensação de relaxamento, letargia, prejuízo no aprendizado e na memória, diminuição da ansiedade, aumento do apetite, euforia, alteração da percepção do tempo, cores, sons e do espaço. Estas alterações podem provocar acidentes automobilísticos graves.
  • Em doses mais altas podem ocorrer delírios, alucinações com perda do sentido de realidade, além de sentimentos de perseguição. É considerada, equivocadamente, uma droga leve. Pesquisas recentes da Chemical Research in Toxicology demonstraram que existem mais substâncias cancerígenas na maconha que no tabaco. Três cigarros de maconha produzem o mesmo efeito cancerígeno que 20 cigarros de tabaco! O Instituto do Câncer de São Paulo emitiu um alerta importante: o aumento do índice de câncer de testículos em jovens usuários de maconha
  • O uso da maconha pode estar associado a quadros de depressão e de síndrome do pânico com maior frequência.
Em relação à cocaína podemos encontrar: 
  • Seus efeitos físicos mais frequentes são: aumento da pressão arterial, temperatura, tremor de extremidades e midríase (dilatação da pupila)
  • Os efeitos psíquicos são variáveis, e dependem da relação do indivíduo com a droga. Entre eles pode haver: sensação de bem-estar, euforia, aumento da autoconfiança, hiperatividade, desinibição, diminuição da fome e da sensação de cansaço. Com aumento do uso e da quantidade pode haver ansiedade, irritabilidade, apreensão, desconfiança, agressividade podendo chegar a casos graves de delírios e alucinações e a fissura? ou necessidade compulsiva do uso da droga
  • Em usuários crônicos foi descrito um quadro de letargia, hipersonia (excesso de sono), irritabilidade, humor depressivo e, em casos graves, a presença de quadros de psicose e além dos casos de overdose, os suicídios são bastante comuns.
Semelhante à cocaína, temos as anfetaminas e metanfetaminas: 
  • As anfetaminas são também muito utilizadas como medicamentos para emagrecimento. Em geral, elas causam efeitos físicos e psíquicos semelhantes à cocaína. Podem frequentemente desencadear ataques típicos de pânico
  • E se tornam muito perigosos quando associados ao álcool. O uso prolongado produz graves problemas de memória, além de poderem causar surtos psicóticos
  • O êxtase é um subtipo dos anfetamínicos - uma metanfetamina. Seu uso se tornou frequente em festas. Exaustão e desidratação são ocorrências comuns e a mistura com o álcool pode se transformar numa verdadeira bomba? que causa não raro paradas cardíacas. A psicose pode também acontecer em indivíduos predispostos ou que chegam a doses elevadas.
Álcool: um perigo a parte!
Finalmente alguns comentários sobre o álcool: sabe-se que muitas pessoas, aliás, muitos povos, têm uma relação saudável com o álcool, ele faz parte de hábitos alimentares e inclusive culturais. Sabe-se também que pequenas quantidades de álcool (no caso do vinho tinto) fazem muito bem à saúde, prevenindo a ocorrência de doenças cardiovasculares. 
No entanto, nem sempre a relação do indivíduo com o álcool é saudável, e aí teremos uma série enorme de problemas para o organismo, para a família e para a sociedade. O álcool é conhecido como a porta de entrada? para as outras drogas, e não temos uma política pública adequada de prevenção ao abuso de álcool direcionado à infância e à adolescência. 
Entre os adolescentes o álcool é a principal droga de abuso, com 1 em cada 7 adolescentes (16%) tendo episódios regulares de excesso de consumo. O padrão de consumo dos adolescentes brasileiros é de ingerir grandes quantidades nos finais de semana, expondo-os a uma série de riscos como: acidentes, gravidez não planejada e também risco de consumir outras drogas ilícitas. 


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