Memória humana
A memória humana é caracterizada pela capacidade dos
seres humanos de adquirir, conservar e evocar informações através de
dispositivos neurobiológicos e da interação social. Os principais sistemas de memória
reconhecidos pela psicologia cognitiva são a memória
sensorial, a memória de trabalho também chamada memória operacional, a memória de curta duração e a memória de longa duração.Esta última
divide-se ainda em memória
declarativa (subdividida em memória episódica e memória
semântica) e memória de procedimentos.
Memória de Trabalho e de Longo Prazo
A memória é um conjunto de procedimentos que permite manipular e
compreender o mundo, levando em conta o contexto atual e as experiências
individuais, recriando esse mundo por meio de ações da imaginação.
Existem vários tipos de memórias que se relacionam para formar
"a memória" que usamos no dia-a-dia. A memória de trabalho, por
exemplo é uma delas, a utilizamos em ocasiões rápidas como por exemplo, quando
retemos um número de telefone apenas por tempo suficiente para discarmos.Além
da sua baixa capacidade de retenção da informação - alguns segundos ou no
máximo poucos minutos - a memória de trabalho é responsável por gerir nossa
realidade. Ela também determina se a informação é útil se deve ser realmente
armazenada, e ainda verifica se existem outras informações semelhantes em
nossos arquivos de memória e, por último, se esta informação deve ser
descartada quando já existe ou não possui utilidade.
Já a memória de longo prazo tem o objetivo de formar arquivos e
consolidá-los em nossas mentes, e estas informações pode durar de minutos e
horas a meses e décadas. São exemplos desse tipo de memória as nossas
lembranças da infância ou de conhecimentos que adquirimos na escola. Os
sistemas de curto e longo prazo de memória estão ligados, transferindo
informações continuamente de um para outro. Quando necessário, o conteúdo da
memória de longo prazo é transferido para o armazenamento da memória de curto
prazo. O sistema de curto prazo ou memória de trabalho recupera as memórias,
tanto de curto quanto de longo prazo.
Memória sensorial
As memórias
sensoriais consideram-se uma espécie de armazéns de informação provenientes dos
diversos sentidos que alargam a duração do estímulo. Isto facilita o seu
processamento na Memória Operativa. Os armazéns mais estudados são os dos
sentidos da visão e da audição. O armazém icônico encarrega-se de receber a
informação visual. Considera-se um depósito de grande capacidade na qual a
informação armazenada é uma representação isomórfica da realidade de carácter
puramente físico e não categorizado (ainda que não se tenha reconhecido o objeto).
Esta estrutura é capaz de manter 9 elementos aproximadamente, por um intervalo
de tempo muito curto -sensivelmente 250 milisegundos. Os elementos que
finalmente se transferiram para a Memória Operativa serão aqueles a que o
usuário prestará atenção.
O armazém onomatopaico, por sua vez, mantém armazenados os
estímulos auditivos até que o receptor tenha recebido a informação suficiente
para a poder processar definitivamente na Memória Operativa.
Memória operativa
(ou memória de trabalho)
A Memória Operativa (também chamada de tabalho), ao contrário da
memória de curto prazo que é imediata, é uma extensão do tempo que uma memória
participa da memória de curto prazo, sendo portanto um sistema temporário de
guardar e manipular informações associadas a aprendizado, raciocínio e
compreensão, onde o usuário lida com a informação a partir da qual está interatuando
com o ambiente. Além de também ser vista como termo mais genérico para o
armazenamento da informação temporária da MCP. Apesar desta informação ser mais
duradoura que a armazenada nas memórias sensoriais, está limitada a
aproximadamente 7±2 elementos durante 20 segundos findos os quais é apagada.
Esta limitação de capacidade manifesta-se em efeitos de primazia e recência.
Quando se
apresenta uma lista de elementos a algumas pessoas (palavras, desenhos, ações...)
para que sejam memorizados, ao fim de um breve lapso de tempo recordam com
maior facilidade aqueles itens que se apresentaram ao princípio (primazia) e no
final (recência) da lista, mas não aqueles intermédios. O efeito de primazia
diminui com o aumentar da lista, mas o mesmo não se passa com a recência.
A explicação
que se dá a estes dados é que as pessoas podem repassar mentalmente os
primeiros elementos até os armazenar na memória de longo prazo, à custa de não
poder processar os elementos intermédios. Os últimos itens, por sua vez,
permanecem na Memória Operativa até finalizar a fase de aprendizagem, pelo que
estariam acessíveis na altura de recordar a lista. As funções gerais deste
sistema de memória abarcam a retenção de informação, o apoio na aprendizagem de
novo conhecimento, a compreensão do ambiente em dado momento, a formulação de
metas imediatas e a resolução de problemas. Devido às limitações de capacidade
quando uma pessoa realiza uma determinada função as demais não se poderão levar
a cabo nesse momento.
A Memória Operativa é formada por vários subsistemas: um sistema
supervisor (o Executivo Central), e dois armazéns secundários especializados em
informação verbal (o Laço de Articulação) e visual ou espacial (a Agenda Visoespacial).
O Executivo Central coordena os recursos do sistema e faz a sua distribuição
por diferentes armazéns chamados escravos segundo a função que se pretenda
levar a cabo. Centra-se, portanto, em tarefas ativas de controle sobre os
elementos passivos do sistema, neste caso os armazéns de informação.
O Laço Articulatório, por sua vez, encarrega-se do armazenamento
passivo e manutenção ativa de informação verbal falada. O primeiro processo faz
com que a informação se perca num breve lapso de tempo, sendo que o segundo
(repetição) permite refrescar a informação temporal. Mais ainda, é responsável
pela transformação automática da linguagem apresentada de forma visual até à
sua forma fonológica, pelo que na prática processa a totalidade da informação
verbal.
Isto
demonstra-se quando se trata de recordar uma lista de letras apresentadas de forma
visual ou auditiva: em ambos os casos uma lista de palavras de som semelhante é
mais difícil de recordar do que uma em que estas não sejam tão parecidas.
Assim, a capacidade de armazenamento do Laço Articulatório não é constante como
se acreditava (o clássico 7 ±2), antes diminui à medida que as palavras a
recordar são maiores.
Finalmente, a
Agenda Visoespacial é o armazém do sistema que trabalha com elementos de
carácter visual ou espacial. Como o anterior, a sua tarefa consiste em manter
este tipo de informação. A capacidade de armazenamento de elementos na Agenda
Visioespacial sai afetada – tal como no Laço Articulatório - pela semelhança
dos seus componentes, sempre e quando não seja possível traduzir os elementos
ao seu código verbal (p.e. porque o Laço Articulatório esteve ocupado com outra
tarefa). Assim, será mais difícil recordar um pincel, uma caneta e um lápis do
que um livro, um balão e em lápis.
Investigou-se como a limitação de recursos da Memória Operativa
afeta a execução de várias tarefas simultâneas. Nas investigações deste tipo
pede-se às pessoas que realizem uma tarefa principal (p.e. escrever um artigo)
e de outra secundaria (p.e. escutar uma canção) ao mesmo tempo. Se a tarefa
principal se realizar pior que quando se realiza sozinha, pode-se constatar que
ambas tarefas repartem recursos.
Em linhas
gerais, o rendimento em tarefas simples piora quando estas requerem a
participação de um mesmo armazém secundário (p.e. escrever um texto e estar
atento ao que se diz na canção) mas não quando os exercícios se levam a cabo de
forma separada nos dois armazéns ou subsistemas (p.e. escutar uma notícia e ver
umas imagens de televisão). Quando a complexidade das tarefas aumenta e se
requer o processamento de informação controlado pelo Executivo Central a
execução em ambas as tarefas diminui de velocidade mas não piora.
Também se demonstrou que as pessoas de mais idade mostram pior
rendimento nas tarefas que requerem o uso do componente do executivo central da
memória de trabalho. Pelo contrário, as tarefas que precisem da parte fonética
não serão tão afetadas pela variável idade. No entanto, atualmente esta questão
não é pacífica.
Memória de Longo Prazo
Este armazém
faz referência ao que geralmente se entende por memória, a estrutura na qual se
armazenam recordações, conhecimento acerca do mundo, imagens, conceitos,
estratégias de atuação, etc. É um armazém de capacidade ilimitada (ou
desconhecida) e contém informação de natureza distinta. Considera-se como a
“base de dados” na qual se insere a informação através da Memória Operativa,
para se poder posteriormente fazer uso dela.
Uma primeira distinção dentro da Memória de Longo Prazo (MLP), é
a que se estabelece entre Memória Declarativa e Procedimental. A Memória
Declarativa é aquela em que se armazena informação sobre ações, sendo que a
Memória Procedimental serve para armazenar informação baseada em procedimentos
e estratégias que permitem interatuar com o meio ambiente, mas que se posta em
marcha tem lugar de maneira inconsciente ou automática, resultando praticamente
impossível a sua verbalização.
Classificação por
tipo de informação
Memoria procedimental
Pode-se considerar como um sistema de execução, implicado na
aprendizagem de tipos distintos de habilidades que não estão representadas como
informação explícita sobre o mundo. Pelo contrário, estas ativam-se de modo
automático, como uma sequência de pautas de atuação, perante os pedidos de uma
tarefa. Consistem numa série de reportórios motores (datilografar, utilizar o mouse...)
ou estratégias cognitivas (programar numa linguagem conhecida por parte do
usuário, efetuar um cálculo) que levamos a cabo de modo inconsciente.
A aprendizagem destas habilidades acontece de modo gradual, principalmente
através da execução da retro alimentação que se obtenha desta; de fato, também
podem influir as instruções (sistema declarativo) ou por imitação. O grau de
desenvolvimento destas habilidades depende da quantidade de tempo empregue na
sua prática, bem como do tipo de treino que se leve a cabo.
Como prevê a
lei da prática, nos primeiros ensaios a velocidade de execução sofre um rápido
incremento exponencial que vai diminuindo de ritmo conforme aumenta o número de
ensaios de prática. A aprendizagem de uma habilidade implica que esta se
realize otimamente sem demandar demasiados recursos de atenção que podem estar
em uso com outra tarefa ao mesmo tempo. A dita habilidade levar-se-à a cabo de
maneira automática.
A unidade que organiza a informação armazenada na Memória
Procedimental é a regra de produção que se estabelece em termos de condição-ação,
sendo a condição uma estimulação externa ou uma representação desta na memória
operativa; e a ação considera-se uma modificação da informação na memória
operativa ou no ambiente. As características desta memória são importantes
chegada a hora de desenvolver uma série de regras que ao aplicarem-se permitam
obter uma boa execução de uma tarefa.
Memoria declarativa
A memória declarativa contém informação que se refere ao
conhecimento sobre o mundo e experiências vividas por cada pessoa (memoria
episódica), bem como informação referida ao conhecimento geral, melhor referido
a conceitos extrapolados de situações vividas (memoria semântica). Ter em conta
estas duas subdivisões da Memória Declarativa é importante para entender de que
modo a informação está representada e é recuperada de uma forma distinta.
A distinção de Memoria Semântica da conta de um armazém de
conhecimentos acerca dos significados das palavras e as relações entre estes
significados, ao constituir uma espécie de dicionário mental, mostra que a
Memória Episódica representa eventos ou sucessos que refletem detalhes da
situação vivida e não somente o significado.
A organização dos conteúdos na Memória Episódica está sujeita a
parâmetros espaço-temporais, ou seja, os eventos que se recordam representam os
momentos e lugares em que se apresentaram. De fato, a informação representada
na Memória Semântica segue uma pauta conceptual, de maneira a que as relações
entre os conceitos se organizem em função do seu significado.
Outra característica que diferencia ambos tipos de representação
refere-se a que os eventos armazenados na Memória Episódica são aqueles que
foram explicitamente codificados, sendo que a Memória Semântica possui uma
capacidade inferencial e é capaz de manejar e gerar nova informação que nunca
se havia apreendido explicitamente, mas que se havia implícita nos seus
conteúdos (entender o significado de uma nova frase ou de um novo conceito).
Memória e os hemisférios
HE
·
Memória
factual, ou semântica (quatro operações aritméticas; lembranças informativas: qual
é a capital de França...).
HD
Memória autobiográfica ou episódica (associada aos sentimentos;
as últimas férias, uma festa boa...).
·
Aprendizagem
·
Atenção
·
Codificação
·
Armazenamento
·
Recuperação
Várias estruturas cerebrais estão envolvidas
·
Sistema
Límbico (Retenção, consolidação: emoções):
·
Hipocampo
(informações novas);
·
Amígdala:
percepção do perigo e resposta ao combate e fuga (medo preservação);
·
Cerebelo:
Respostas esqueléticas;
·
Córtex:
Períodos prolongados, principalmente lobo frontal, (memória de trabalho).
Lesão córtex
- Incapacidade de
evocar memória antiga (retrógrada);
Sistema límbico
- Aprendizagem e
memória
Podem se confundir do seguinte modo: quando chega uma informação
conhecida, ele gera uma lembrança, que nada mais é do que uma memória;
Quando chega ao SNC uma informação nova, ela nada evoca,
e sim produz uma mudança – isso é o aprendizado do ponto de vista neurobiológico.
Aprender é um processo de plasticidade cerebral ou neuroplasticidade.
·
Memória, amnésia;
·
Dificuldade/Incapacidade de reconhecer rostos familiares
– prosopagnosia;
·
Problema em encontrar palavras;
·
Dificuldade
do equilíbrio;

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