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8/25/2014

Maconha

Muito se fala em drogas, mas como saber o que é droga? Tudo depende do objetivo que se deseja atingir e as formas de uso. Seria a maconha um mal absoluto ou poderia ser usada para fins benéficos como remédio ou como matéria prima para a indústria textil? Muito tem que se discutir sobre isso. Não podemos agir precipitadamente, mas sabemos de antemão que os efeitos da planta no organismo são avassaladores. Apresentamos aqui uma abordagem técnica da planta e uma análise social do seu uso, bem como seus efeitos no homem.
Descrição da Planta
Canabis Sativa
Nome: Maconha
Origem do Nome: Do Quimbundo MA’KAÑA, que significa erva santa
Nome Cientifico: Cannabis sativa (leia-se: kânabis sativa)
Família: Cannabaceae
Origem: Ásia Central
Formas de Uso: Pode ser usada como fumo ou por ingestão
Principio ativo: THC (Tetrahidrocanabinol)
Descrição: Planta arbustiva, possui folhas em forma serrilhada e verdes. Pode atingir até 2,50 metros de altura.
Status Legal: uso proibido, tráfico e comércio.
A maconha (palavra de origem angolana) é uma das drogas extraídas de plantas mais antigas, os registros mais remotos datam de 2723 a.C., quando foi mencionada na farmacopeia chinesa. Outras informações históricas evidenciam a existência da maconha em uma cerâmica com marcas da fibra do vegetal encontrada há mais ou menos 4.000 a.C. no norte da China central.
Difundiu-se gradualmente para a Índia, Oriente médio, chegando a Europa somente nos fins do século XVIII e início do XIX, passando pelo norte da África e atingindo as Américas. Até então, era utilizada principalmente por suas propriedades têxteis e medicinais. Os romanos valorizam a planta principalmente por causa das resistentes cordas e velas para navio produzidas com sua fibra.
Após a viagem de Vasco da Gama, navegadores portugueses introduziram na África e na Ásia o tabaco. Em troca, seus navios trouxeram escravos acostumados a fumar maconha para o Brasil. Aqui ela também foi utilizada para produção de fibras, na mesma época, nos Estados Unidos, George Washington, Thomas Jefferson e fazendeiros importavam da Europa a semente para o plantio.
As carroças dos pioneiros na conquista do oeste americano eram protegidas com lonas feitas a partir das fibras da maconha. Navios portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses dependiam tanto das velas e cordas de maconha que seus governos espalharam sementes da planta por todo o planeta.
Até o século XX a maconha era mais famosa nas Américas como fibra têxtil e como planta medicinal. De meados do século XIX até os anos 40 a maconha constava na farmacopeia oficial de vários países. Remédios à base de maconha estavam disponíveis em qualquer farmácia. No ocidente a maconha começou a ser usada como psicotrópico por escritores e artistas no século XIX, como os poetas franceses Rimbaud e Baudelaire, mas sua utilização restringia-se a pequenos círculos boêmios das grandes cidades e as colônias de imigrantes asiáticos e africanos.
Em meados do século XX os cientistas identificaram os efeitos colaterais da maconha e seu uso acabou restringido ou excluído nas farmacopeias, sendo proibido por lei em vários países. O consumo da maconha, entretanto, passou a ser disseminado no mundo nos anos 60. A difusão do Rock e de Woodstock, bem como o avanço hippie em muito colaborou para que a maconha se espalhasse pelos Estados Unidos e fosse disseminada para o mundo todo.
Seu uso era frequente entre as classes mais baixas e mais tarde foi difundido entre os jovens de todas as classes. Na década de 1960 a maconha era usada em shows de rock, juntamente com outras drogas e atingiu grande abrangência entre os jovens, sendo inclusive usada por soldados americanos na Guerra do Vietnã.
No Brasil a droga é usada pela população jovem de classe baixa, média e alta. Nos últimos anos as estatísticas mostram que a maconha está sempre entre as drogas ilícitas mais consumidas pelos jovens estudantes colegiais e universitários.
A maconha é usada como fumo, das folhas e algumas vezes de flores da planta. Também o haxixe, uma outra forma de narcótico é proveniente da maconha com a diferença de que utiliza a resina que cobre as flores e as folhas da parte superior da planta. É um extrato, e por isso o haxixe é muitas vezes mais potente que a maconha comum.
Há algum tempo surgiu uma nova variedade de maconha, chamada "skunk" ou "supermaconha". O skunk é produzido em laboratório com variedades de cânhamo cultivados no Egito, Afeganistão e Marrocos, apresentando um teor de THC ou seja tetrahidrocanabinol, o composto químico responsável princípio tóxico ativo da maconha, de até 33%. Seus efeitos são dez vezes mais potentes que os da maconha comum. No Brasil, o consumo do skunk está crescendo.
São mais de 60 substâncias que se encontram presentes na maconha, chamadas pelo nome genérico de canabinóides. O tetrahidrocanabinol é a substância preponderante e o principal princípio ativo da maconha. Sua concentração pode ser de 1% a 5% na maconha comum e de até 33% no skunk.
1-Cortéx Frontal: Controla o comportamento. A euforia tem origem aqui.
2-Núcleo Acumbens: Pode sediar o mecanismo que causa dependência.
3-Hipocampo: É o setor que guarda informações. Se atingido perde-se a memória.
4-Cerebelo: Responde às alterações da coordenação motora.
Quando um psicotrópico chega ao cérebro, estimula a liberação de uma dose extra de um neurotransmissor, provocando as sensações de prazer. À medida que o uso vai se prolongando, o organismo do usuário tenta se ajustar a esse hábito.
O cérebro adapta seu próprio metabolismo para absorver os efeitos da droga. Cria-se, assim, uma tolerância ao tóxico. Desse modo, uma dose que normalmente faria um estrago enorme torna-se em pouco tempo inócua.
O usuário procura a mesma sensação das doses anteriores e não acha. Por isso, acaba aumentando a dose, para obter o mesmo efeito. A dependência vai assim se agravando continuamente. Como o psicotrópico imita a ação dos neurotransmissores, o cérebro deixa de produzi-los. A droga se integra ao funcionamento normal do órgão. E quando falta o “impostor” químico, o sistema nervoso fica abalado. É o que popularmente se conhece como a síndrome da abstinência da droga.
Os neurotransmissores são substâncias químicas capazes de transmitir um sinal elétrico de um neurônio a outro. Assemelham-se a um eletrólito de bateria, o qual permite que a corrente elétrica circule pelas placas. Depois de retransmitir o sinal elétrico o neurotransmissor normalmente é reabsorvido, para não ficar estimulando indefinidamente os outros neurônios, permitindo que eles possam reagir rapidamente a novas exigências.
As drogas que provocam euforia, como a cocaína, impedem essa reabsorção, de modo que o cérebro fica superativado. Não é difícil perceber o estrago que essa intervenção antinatural pode provocar, quando se sabe que num minuto ocorrem trilhões de trocas neuroquímicas no cérebro. Não é sem razão que muitos especialistas em drogas chamam esse estado de "prazer espúrio". Os especialistas costumam dividir as drogas em dois tipos: leves e pesadas.
Drogas leves são as que causam "dependência psíquica", que significa o desejo irrefreável de consumir a droga. Drogas pesadas são aquelas que além da dependência psíquica causam também a física, ou seja, a sua falta acarreta uma síndrome de abstinência tão violenta, com sintomas físicos tão dolorosos, que o viciado procura desesperadamente pela droga a fim de aliviar a ânsia de consumo. Por essa razão, fumo e álcool podem ser considerados como drogas pesadas, apesar de serem socialmente aceitas.
Ao chegar na corrente sanguínea, a maconha passa por todos os tecidos do organismo. As sensações experimentadas variam com o teor de Delta 9THC das preparações (que varia de acordo com a parte da planta utilizada e o modo como são preparadas), via de introdução e absorção do Delta 9THC. Os efeitos variam muito de indivíduo para indivíduo e dependem da personalidade e mesmo do grau de experiência do indivíduo no uso da droga.
A curto prazo, os efeitos comportamentais típicos são:
·         Período inicial de euforia (sensação de bem-estar e felicidade, seguido de relaxamento e sonolência);
·         Quando em grupo, ocorrem risos espontâneos;
·         Risos e gritos imoderados como reação a um estímulo verbal qualquer;
·         Perda da definição de tempo e espaço: o tempo passa mais lentamente (um minuto pode parecer uma hora ou mais), e as distâncias são calculadas muito maiores do que realmente são (um túnel de 10 metros de comprimento por exemplo pode parecer ter 50 ou 100 metros).
·         Coordenação motora diminuída: perda do equilíbrio e estabilidade postural;
·         Alteração da memória recente;
·         Falha nas funções intelectuais e cognitivas;
·         Maior fluxo de ideias;
·         Pensamento mais rápido que a capacidade de falar, dificultando a comunicação oral, a concentração, o aprendizado e o desenvolvimento intelectual;
·         Ideias confusas;
·         Aumento da frequência cardíaca (taquicardia);
·         Hiperemia das conjuntivas (olhos vermelhos);
·         Aumento do apetite (especialmente por doces) com secura na boca e garganta.
Doses mais altas de podem levar a:
·         Alucinações, ilusões e paranoias;
·         Pensamentos confusos e desorganizados;
·         Despersonalização;
·         Ansiedade e angústia que podem levar ao pânico;
·         Sensação de extremidades pesadas;
·         Medo da morte;
·         Incapacidade para o ato sexual (até impotência).
A longo prazo, a extensão dos danos, bem caracterizados, se restringem ao sistema pulmonar e cardiovascular.
·         Maior risco de desenvolver câncer de pulmão;
·         Diminuição das defesas, facilitando infecções;
·         Dor de garganta e tosse crônica;
·         Aumenta os riscos de isquemia cardíaca.
A mulher que amamenta passa as toxinas da droga para a criança através do leite materno.
O consumo da maconha começou a subir na década de 1960-70 chegou ao ápice em 1979 depois caiu, voltando a avançar em 1994. Nos EUA em 1992, 4% da população usava maconha. Avaliações feitas pela OMS, indicam que em 1997 o número de usuários de maconha era de 140 milhões de pessoas. A OMS afirma ainda que o uso da maconha tende a aumentar.
A recuperação de viciados da maconha não se difere muito da forma de recuperação de outros viciados. Acontece ainda que geralmente um viciado em maconha, que é uma droga de poder moderado, também é viciado em outras drogas como a cocaína e álcool.

A dependência é considerada como doença e cada caso é um caso único a ser tratado. As atividades de recuperação de viciados concentram-se em clinicas especializadas, onde o viciado não tem contato com a droga. Os doentes passam por uma análise histórica e depois são tratados e acompanhados por psicólogos, psiquiatras e conselheiros. Há também as clínicas localizadas no campo em forma de comunidades. 

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