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4/28/2014

Alcoolismo

ALCOOLISMO
Os índices são assustadores. Mais da metade das crianças entre 10 e 12 anos já experimentaram bebida alcoólica e 15% dos jovens entre 10 e 18 anos consomem álcool frequentemente (até cinco dias na semana).
As expectativas em relação aos efeitos do álcool exercem influências importantes no início e manutenção do uso de álcool e na emissão de comportamentos relacionados a este uso. Antes mesmo de o indivíduo consumir qualquer tipo de bebida alcoólica em sua vida, vão se formando crenças a respeito dos efeitos do álcool. Desenvolvem-se através de modelos parentais e do grupo de pares, experiências diretas e indiretas com bebidas alcoólicas.
A importância do estudo em relação aos efeitos do álcool entre adolescentes está no impacto das experiências deste período do desenvolvimento sobre as práticas de beber na idade adulta. A comparação de diferentes padrões de uso do álcool na adolescência demonstra que bebedores mais frequentes apresentam expectativas mais fortes e mais específicas do que bebedores menos frequentes.
Bebedores mais frequentes, em geral, relacionam-se aos seguintes aspectos: mudanças no comportamento social; aumento da agressividade; mais prazer e melhor desempenho sexual; aumento de poder; e redução de tensão. Por sua vez, bebedores menos frequentes apresentaram expectativas amplas de aumento de.
As peculiaridades de cada história de consumo de álcool trazem, paralelamente, um conjunto de expectativas de efeitos que refletem esta história. Inicialmente, as relações entre o uso do álcool e suas consequências são aprendidas vicariamente, existindo antes da experiência direta com bebidas alcoólicas. As consequências influenciam a decisão de beber. Confiança e bem-estar podem ser confirmados pela experiência com o álcool e fortalecer as expectativas previamente existentes, especificando-as.
O fato dos adolescentes beberem com suas famílias propiciou um aprendizado sobre os limites para parar de beber. Estas famílias dão pistas verbais a respeito das mudanças que observam no comportamento do adolescente que está bebendo, orientando-o para evitar a embriaguez. Beber com a família pode ser uma preferência, pois é uma forma segura de consumo.
A experiência de embriagar-se é percebida como desagradável pelos adolescentes, que temem a reação dos pais e não consideram prazerosos os efeitos como tontura e desinibição excessiva. A tontura é o limite escolhido como aquele em que se deve parar de beber.
As festas são mencionadas como ocasiões de maior consumo de álcool. Ressalve-se, contudo, que o item não é específico e nem sempre distingue o tipo de festa. Assim, estão incluídos como festas as comemorações familiares, aniversários, festividades e encontros com amigos.
Nas atividades sociais dos adolescentes, especialmente as festas com os amigos, a bebida alcoólica está presente. De forma geral, uma festa sem bebida não seria uma festa. A festa perderia a graça, as pessoas não se aproximariam e as pessoas iriam embora ou sairiam para comprar bebida. O álcool pode atuar como facilitador da aceitação pelo grupo de amigos.
Quando se trata dos rapazes, o uso de álcool aparece como uma prova de maturidade, um ritual de passagem para a idade adulta. Quando um rapaz não bebe, sua virilidade é questionada e sua maturidade também.
Para as garotas que não bebem, por sua vez, não há pressão para beber. Mesmo entre os jovens, as garotas que não bebem são vistas como virtuosas, pois cuidam de sua saúde. Já a garota que resolve beber, acaba sendo vista como liberada e de mais fácil aproximação por parte dos meninos.
Esta vinculação do álcool com a sexualidade do adolescente apareceu fortemente na relação das moças com os rapazes, que hoje podem cortejá-los, usando o álcool para se desinibir e também como uma desculpa para os comportamentos considerados socialmente inadequados.
No caso das adolescentes o uso do álcool relaciona-se à expectativa de facilitar relacionamentos sociais, especialmente com amigos. A experimentação de bebidas alcoólicas com os amigos faz com que estas adolescentes não apresentem um controle eficiente sobre a quantidade consumida e um limite frouxo em relação à embriaguez. O porre não é relatado como experiência desagradável. Ao contrário, é ao beber demais que outras expectativas, como esquecer problemas e incremento da sexualidade, validam comportamentos de desabafo dos problemas e sedução, respectivamente.
A literatura já apontou que regras explícitas sobre a bebida aconselhadas pelos pais e educadores são mais eficientes na prevenção do alcoolismo. Pais que não expressam normas reguladoras a respeito do álcool têm mais probabilidade de ter filhos que bebam do que aqueles que as expressam. A permissividade ou o interesse dos pais pelo consumo de álcool de seus filhos influenciam os hábitos alcoólicos dos adolescentes.
A aceitação do álcool como uma droga legitimamente usada por adolescentes reflete o quanto nossa sociedade é tolerante e, muitas vezes, instigadora deste uso. A consequência disto é que o uso precoce expõe o jovem aos efeitos do álcool mais rapidamente, em um momento de seu desenvolvimento em que o álcool pode facilitar o enfrentamento de novas situações.
Jovens brasileiros bebendo todas
Um levantamento feito pelo Cebrid em dez capitais brasileiras com estudantes de primeiro e segundo graus indica isso. "A pesquisa aponta um aumento no consumo pesado, ou seja, cresceu o número de entrevistados que bebem mais de vinte vezes por mês", diz o psicólogo Ricardo Tabach. "Isso é preocupante", acrescenta. Segundo a pesquisadora Ana Regina Noto, também do Cebrid, a família não ajuda muito. "Um em cada três brasileiros prova álcool pela primeira vez na própria casa, quase sempre oferecido pelos pais", informa.
Segundo ela, os refrigerantes foram praticamente abolidos nas festinhas de jovens. A cerveja rola solta e até alguns porres são tratados com a anuência e a condescendência dos pais, como se fossem algo normal. Não são. "Isso acontece porque a sociedade não considera o álcool uma droga", diz ela. Outro problema é que se costuma achar que na juventude tudo é episódico e passageiro. Quando se trata de bebida, ocorre o contrário.
Se um adulto leva de dez a quinze anos para se tornar um alcoólatra, um adolescente precisa apenas de seis meses a três anos para incorporar o vício. Além disso, o uso abusivo do álcool provoca problemas sociais. Segundo a pesquisa do Cebrid, o álcool está no sangue de sete em cada dez brasileiros mortos violentamente – de acidentes de carro a assassinatos.
Esses problemas são agravados pelo fato de a legislação ser pouco respeitada. Poucas coisas são tão fáceis de comprar no Brasil quanto o álcool. Embora a venda seja proibida para menores de 18 anos, ninguém obedece à lei. A mesma pesquisa mostra que não chega a 1% o número de adolescentes que dizem "garçom, um chope" e não são atendidos.
O uso de álcool entre adolescentes é naturalmente um tema controverso no meio social e acadêmico brasileiro. Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens – seja no ambiente domiciliar, seja em festividades, ou mesmo em ambientes públicos. A sociedade como um todo adota atitudes paradoxais frente ao tema: por um lado condena o abuso de álcool pelos jovens, mas é tipicamente permissiva ao estímulo do consumo por meio da propaganda.
Basta chegar à sexta-feira para que os bares de todo o país fiquem repletos de adolescentes que, entre um papo e outro, bebem. Incrivelmente a maior parte dos jovens não associa a cerveja ao álcool. O jovem possui uma imagem ingênua da cerveja, vendo-a como diferente das demais bebidas alcoólicas. Poucos sabem que bebida preferida contem 5% teor alcoólico e bastam seis copos para que uma pessoa apresente dificuldades de coordenação motora e reflexos.
O jovem chega a apontar aspectos positivos. Dizem que a cerveja é fraca, que ela é mais apropriada para o jovem e que no calor o que combina mesmo é a cerveja. Frente à pergunta “Você acha que a cerveja é igual às outras bebidas alcoólicas?”, 34% dos jovens disseram que não, e destes, 90% apontaram esses aspectos “positivos” para justificar a diferença.
Os amigos e a família, sempre apontados, na literatura, como as maiores influências no consumo de substâncias psicoativas em geral, são inocentados pela maioria destes adolescentes, que chamam para si a responsabilidade; ao negar a variável externa, o jovem chama para si a responsabilidade de seus atos em uma tentativa de obter o reconhecimento social da ascensão ao estatuto de adulto.
A prevenção poderia focalizar as expectativas em relação ao álcool voltadas às vivências dos adolescentes e, especialmente, questionar as expectativas positivas dos adolescentes sem enfatizar o alcoolismo, distante temporalmente. É necessário enfatizar as vantagens de não beber (ou, pelo menos, não se embriagar) e não as desvantagens de beber. A literatura aponta que a prevenção ao abuso do álcool deve iniciar preferencialmente na infância, mas concentrar-se entre os 12 e 15 anos, continuando até a idade adulta, pois até os 15 anos as expectativas positivas aumentam, estabilizando-se depois.
Ao mesmo tempo, os adultos têm um papel fundamental na formação e consolidação das expectativas. A família, que provê a experimentação, deve orientar não só o beber do jovem, mas o seu próprio beber. O pai que pede um uísque "pra relaxar", uma caipirinha para "abrir o apetite" e a mãe que bebe um licor "pra fazer a digestão", a cerveja "pra refrescar", o conhaque "pra esquentar" estão colocando funções ou indicações de uso nas bebidas.
Seguir esta regra geral formulada pelos pais não é diferente de seguir as regras do grupo de amigos: "para ter coragem", "para mostrar que é macho", "para ficar com o cara", "para chegar à menina", "para esquecer", "para aproveitar melhor a festa", etc. A criança vai observando e aprendendo a respeito destes efeitos, o adolescente testa estas expectativas. Para alguns, elas são confirmadas pelo uso do álcool e permanecem, fortalecendo-se e especificando-se mais, enquanto algumas caem em desuso. Para outros, elas permanecem sempre gerais, devido à pequena experiência com o álcool e à inadequação dos efeitos por ele provocados.
Mas a prevenção não envolve somente a intervenção na escola, o controle da propaganda ou a aplicação da lei que proíbe a venda de bebidas para menores. Estas medidas não farão diferença na opinião dos adolescentes sobre a bebida se o modelo adulto não se modificar. É necessária uma modificação das expectativas dos adultos para que eles apresentem um modelo de uso do álcool com menores riscos para o beber abusivo na adolescência.
A droga mais antiga da humanidade
O álcool não é privilégio de nenhum povo sobre a terra. Ao contrário, é considerado a única droga comum a todas as civilizações. A fabricação de vinho de uva começou provavelmente no período Nerolítico, 8500 anos antes de Cristo. Nas montanhas Zagros, no norte do Irã, uma equipe do Centro de Arqueologia Química da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, encontrou um jarro de 7000 anos com capacidade para 9 litros de vinho.
Mais tarde, houve no delta do Rio Nilo uma pujante indústria vinícola, por volta de 2700 a. C. Beber vinho era um hábito tão comum que vários faraós foram enterrados com jarros, provavelmente na crença de que poderiam continuar bebendo depois da morte.
A cerveja é um pouco mais recente. Aparece uns 1500 anos antes de Cristo. Com um microscópio eletrônico, arqueólogos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriram que os egípcios usavam malte para produzir açúcar usado na fermentação. Em outras palavras: conheciam técnicas de cervejaria.
Os egípcios obtinham seu malte a partir de cevada. Só que em vez de adicionar lúpulo, como se faz hoje, eles acrescentavam um tipo raro de trigo. Ao repetir a receita, os pesquisadores descobriram uma boa cerveja. Sem o amargo do lúpulo, a mistura ganhava um sabor doce e frutado. Era dourada, mas menos transparente que as atuais.
Vieram depois os destilados, que são mais fortes. Curiosamente, a técnica não foi desenvolvida para fazer bebidas. Proibidos de beber pelo islamismo, os árabes foram os primeiros a produzir álcool destilado para fabricar perfumes. Os europeus aprenderam com eles e no século XI já há registro de aguardente na Itália.
A droga mais perigosa
Nossa sociedade teme as drogas ilícitas. Maconha, cocaína, ópio, crack e ecstasy, são os fantasmas que assombram os pais cada vez que seus filhos vão para uma festa. Sem dúvida, são substâncias nocivas que causam dependência física ou psíquica e, embora proibidas por lei, podem ser encontradas com facilidade nas mãos dos traficantes, que estão em toda a parte.
O maior perigo, porém, não mora aí. O vilão dos vilões é o álcool e nem todo mundo percebe isso. Vendido em larga escala, disponível em todos os restaurantes, padarias, supermercados, residências, bares e casas noturnas em geral, essa droga lícita tem feito vítimas em números astronômicos.
Está provado que o álcool causa dependência fortíssima. É mais fácil deixar a cocaína do que a bebida, até porque esta última pode ser encontrada em qualquer lugar e a qualquer momento, inclusive em casas de amigos e parentes. A força de vontade do dependente de álcool em processo de recuperação tem de ser redobrada para se livrar da tentação.
Tipos de bebida alcoólica
As bebidas alcoólicas contêm diferentes teores de álcool. Podem distinguir-se dois grupos, de acordo com a quantidade de álcool e o processo de fabricação. As bebidas fermentadas são obtidas a partir da fermentação de açúcares constituintes de frutos por ação de microrganismos chamados leveduras. Estas bebidas podem obter-se a partir de frutos, cereais, grãos, tubérculos e cactos. As bebidas destiladas são obtidas através da destilação, dando origem a bebidas com maior percentagem de álcool, como por exemplo, a aguardente, uísque, gin, vodca, uísque, etc.
A graduação
A graduação é o volume, em percentagem de álcool puro por litro dessa bebida. Exprime-se em graus e varia de bebida para bebida.
Mitos e Realidades
·        O álcool não aquece. O álcool faz com que o sangue venha do interior do organismo à superfície da pele, dando a sensação de calor, mas este deslocamento do sangue provoca uma perda do calor interno, prejudicando o funcionamento de todos os órgãos.
·        O álcool não mata a sede. A sensação de sede significa necessidade de água. Quando se toma uma bebida alcoólica, uma considerável quantidade de água, que faz falta ao organismo, sai pela urina, aumentando assim a necessidade de água no organismo, logo a sede.
·        O álcool não dá força. O álcool tem uma ação excitante, que disfarça o cansaço do trabalho físico ou intelectual intenso, dando a ilusão de voltarem as forças, mas, depois, o cansaço é dobrado, porque gastou energias ao ser queimado no fígado.
·        O álcool não ajuda a digestão e não abre o apetite. O álcool faz com que os movimentos do estômago sejam muito mais rápidos e os alimentos passam para o intestino sem estarem devidamente digeridos, dando a sensação de estômago vazio. O resultado é a falta de apetite e o aparecimento de gastrites e úlceras.
·        O álcool não é um alimento. O álcool não é um nutriente porque produz calorias inúteis para os músculos e não serve para o funcionamento das células, contrariamente aos verdadeiros nutrientes ele não ajuda na edificação, construção e reconstrução do organismo. Ao contrário dos nutrientes, o álcool não é armazenado, sendo destruído nas horas seguintes à sua ingestão.
·        O álcool não é um medicamento. É exatamente o contrário de um medicamento. Provoca apenas uma excitação e uma anestesia passageira que pode abafar durante algum tempo, dores ou sensação de mal-estar, acabando por ter consequências ainda mais graves.
·        O dependente de álcool não é uma pessoa fraca e irresponsável.
·        O alcoolismo é uma doença crônica que compreende os seguintes sintomas: desejo incontrolável de beber, perda de controle (não conseguir parar de beber depois de ter começado), dependência física (sintomas físicos como sudorese, tremedeira e ansiedade quando está sem álcool) e tolerância (com o tempo passa a precisar de doses maiores de álcool). A dependência de álcool não está associada ao caráter do indivíduo e muito dos problemas que ele apresenta são decorrentes da própria doença.
·        Problemas decorrentes do uso de álcool não são um claro indicador de que a pessoa sofre de alcoolismo.
·        Apesar do abuso de álcool não ser sinônimo de alcoolismo, ele pode trazer inúmeros problemas para o individuo e a sociedade.
·        O álcool não é a causa do alcoolismo.
·        Apesar de ser dependente de álcool, não é o álcool em si que causa o alcoolismo. Se isto fosse verdade toda pessoa que bebesse seria dependente de álcool. O que se sabe é que o alcoolismo não pode ser explicado por um único fator, mas pela interação de elementos genéticos, psicológicos e ambientais.
·        O vinho não é uma bebida leve porque contém menos álcool do que outras bebidas.
·        A quantidade de álcool que a pessoa ingere depende da quantidade de doses que ela toma. Um copo de vinho tinto (aproximadamente 120 ml), uma lata de cerveja (aproximadamente 285 ml) e uma dose de bebida destilada (aproximadamente 30 ml) contém a mesma quantidade de álcool.
·        Misturar cerveja, vinho e destilados não leva a embriaguez mais rapidamente do que só tomar um tipo de bebida alcoólica.
·        O nível de álcool no sangue é que determina o nível de sobriedade ou intoxicação alcoólica do indivíduo. Lembre-se que a quantidade de doses que a pessoa toma é que vai determinar a quantidade de álcool em seu sangue.
·        Beber café não ajuda a pessoa a se restabelecer do 'porre'.
·        Apenas o tempo pode ajudar uma pessoa a se restabelecer do porre. O organismo humano demora em média uma hora para processar uma dose de álcool.
·        Os efeitos do álcool no corpo da mulher não são iguais aos efeitos do álcool no corpo do homem.
·        De maneira geral a ingestão da mesma quantidade de álcool afeta a mulher mais rapidamente do que o homem (mesmo levando-se em conta as diferenças no peso corporal). Isto ocorre porque a mulher apresenta menos água em seu corpo do que o homem e o álcool quando misturado à água do corpo torna-se mais concentrado na mulher.
·        Os efeitos do álcool no corpo do idoso não são iguais aos efeitos do álcool no corpo do jovem.
·        Os efeitos do álcool no organismo variam com a idade. Perda de reflexos, problemas com audição e visão e menor tolerância aos efeitos do álcool deixam os idosos sob o risco de quedas, acidentes automobilísticos e outros tipos de acidentes que podem resultar do uso de álcool. Com a idade, há também uma tendência de aumento no consumo de medicamentos. A mistura desses medicamentos com álcool pode trazer consequências danosas, inclusive fatais à saúde.
·        É sabido que mais de 150 remédios interagem de maneira prejudicial ao indivíduo. Ademais, o uso de álcool pode agravar condições clínicas comuns entre os idosos, como hipertensão e úlcera. Mudanças no organismo dos idosos fazem a ingestão de álcool provoque efeitos mais acentuados comparativamente aos jovens de mesmo sexo e peso.
·        O alcoolismo pode levar as pessoas a sérios problemas, e pode ser fisiologicamente e mentalmente destrutivo. Atualmente, o uso de álcool está envolvido na metade de todos os crimes, assassinatos, mortes acidentais e suicídios. Há também muitos problemas de saúde associados com o uso de álcool, como danos cerebrais, câncer, doenças cardíacas e doenças do fígado. Alcoólatras que não param de beber reduzem sua expectativa de vida de 10 a 15 anos.
·        Quanto mais cedo uma pessoa começa a beber, maior é a possibilidade de se tornar dependente. O alcoolismo é definido como uma necessidade compulsiva de consumir álcool. Se instala quando uma pessoa deseja o álcool e não pode limitar ou conter a quantidade ingerida. Se alguém sente os sintomas de abstinência, tais como: náusea, suor, tremedeiras, ou ansiedade, quando o consumo do álcool diminui, ou se existe a necessidade de beber maiores quantidades de álcool para sentir o mesmo efeito, essa pessoa provavelmente já é um alcoólatra.
·        A primeira sensação que o álcool provoca é de segurança. O usuário se sente desinibido e solta suas emoções. Depois vêm os efeitos depressores como falta de coordenação motora e sonolência, entre outras. O uso contínuo provoca nos jovens, mudanças do comportamento com fundo psicológico, ou seja, eles passam a depender do álcool para criar coragem e vencer inibições. Na idade adulta, o dependente pode desenvolver sérios problemas emocionais, psíquicos e físicos.
·        Alguns podem pensar que é só uma questão de ter a vontade de parar de beber, mas o alcoolismo é mais complicado do que isso. O desejo de um alcoólatra pelo álcool é tão grande que ultrapassa sua capacidade de parar de beber. A maioria dos alcoólatras precisa de assistência para isso e o apoio da família e dos amigos.
·        Uma grande quantidade de álcool pode destruir células cerebrais, possivelmente levando a danos cerebrais.
·        O álcool perturba fortemente a estrutura e função do sistema nervoso central, dificultando a capacidade de obter, consolidar e processar informação.
·        O consumo moderado de álcool pode afetar as capacidades cognitivas, enquanto que grandes quantidades interferem com o fornecimento de oxigênio ao cérebro, causando um apagão quando totalmente embriagado.
·        O alcoolismo pode também inflamar a boca, esôfago e estômago, e pode causar câncer nessas áreas, especialmente nas pessoas que também fumam.
·        Beber pode produzir batimentos cardíacos irregulares, e os que abusam correm maior risco de alta pressão arterial, ataques e outros danos cardíacos.
·        O álcool também pode prejudicar a visão, danificar a função sexual, diminuir a circulação, ser o motivo de desnutrição e de retenção de água.
·        Também pode causar doenças pancreáticas e cutâneas, assim como enfraquecer os ossos e músculos, e diminuir a imunidade.
As quatro fases do alcoolismo
O Alcoolismo é uma doença caracterizada por quatro fases:
PRIMEIRA FASE:
·        Fase social, sem dependência física, apenas dependência emocional.
·        Inicia-se na primeira vez que se bebe (lembrando-se que dois fatores são fundamentais: Predisposição Orgânica e fatores sociais que reforçam o uso, do contrário a doença não se desenvolve).
·        O primeiro sintoma é a dependência emocional.
·        O desenvolvimento emocional para e a pessoa torna-se pouco tolerante.
·        Como geralmente isso acontece na infância ou na adolescência, a mudança emocional geralmente não é percebida, pois se confunde com má criação, infantilidade ou temperamento forte.
·        A partir daí, a doença desenvolve-se mais ou menos devagar, dependendo da predisposição orgânica.
·        Bebe-se pouco e socialmente, não há perdas em virtude do uso. Não há problemas físicos.
SEGUNDA FASE:
·        Fase social, sem dependência física, apenas dependência emocional.
·        O organismo modifica-se: tem-se a tolerância aumentada (bebe-se mais que na primeira fase). Não há problemas físicos.
·        Nesta fase o usuário pensa que pode minimizar o uso do álcool;
·        Admite saber seu limite de consumo e de que pode parar quando quiser;
·        Pensa que o vício não o atingirá e coloca os prejuízos num futuro muito distante;
·        Justifica os momentos de excesso, como consequência de problemas que os outros vêm causando-lhes. Ex: Brigas com a família, com o (a) namorado (a).
TERCEIRA FASE:
·        Fase problemática, com dependência física e emocional.
·        Bebe-se muito (altíssima tolerância).
·        O beber torna-se um problema.
·        Muitos problemas emocionais, ressacas constantes, problemas em decorrência da bebida, problemas familiares, problemas de relacionamento.
·        A síndrome de abstinência tem início de 6 a 8 horas após a última dose;
·        Causa também a impotência sexual;
·        Começam as "PARADAS ESTRATÉGICAS";
·        Pode haver internações;
·        Há boas expectativas de recuperação física;
·        Há muitas perdas; Perda de controle; compulsão ou intenso desejo de beber;
·        Não controla o consumo, ou seja, não sabe quando tem que parar;
·        O organismo causa tolerância (aumento das doses para obter efeitos antes produzidos por doses menores);
·        Demora mais para recuperar-se dos efeitos da bebida;
·        Abandono progressivo do trabalho, com faltas frequentes;
·        Dificuldade de relacionamento social e familiar.
QUARTA FASE:
·        Fase problemática, com dependência física e emocional;
·        Bebe-se muito pouco, menos que na primeira fase;
·        Inicia-se a atrofia do cérebro;
·        O alcoólatra pode ter delírios, não tem interesse pela sua vida e nem por atividades de lazer;
·        Nervosismo; apatia; insônia; causa tremores generalizados por períodos excessivamente longos, com problemas físicos e emocionais extremos.
Efeitos
Efeitos Orgânicos
·        A esofagite e a gastrite alcoólica podem ser intensas;
·        Queimação na porção alta do abdômen e no peito ocorrem e se acentuam com a alimentação;
·        As úlceras do estômago e do duodeno também tem uma incidência maior;
·        O doente alcoólico sofre a ação direta do álcool nas mucosas do aparelho digestivo;
·        É mais propenso ao câncer da boca, da língua, da garganta, do esôfago, estômago, pâncreas e dos intestinos;
·        O álcool é absorvido no estômago e age em diversos órgãos levando às disfunções progressivas e graves;
·        Ele afeta o cérebro levando a um quadro demencial precoce, confusão mental extrema, delírios e alucinações aterradoras;
·        O coração fica dilatado, perdendo a sua função de bomba e pode provocar severas arritmias cardíacas, inchaço dos pés e intensa falta de ar;
·        O comprometimento do pâncreas leva à uma disfunção do órgão que pode ocasionar o diabetes e pode levar a uma insuficiência na produção das enzimas digestivas, ocasionando uma má absorção intestinal, com 20 a 30 episódios diários de diarreias;
·        A pancreatite crônica, que leva a uma destruição deste órgão vital;
·        A dor abdominal é intensa e ocorrem náuseas e vômitos frequentes;
·        O fígado afetado pelo álcool vai tendo o seu tecido normal substituído, inicialmente por gordura e posteriormente por fibrose e vai perdendo a sua função normal gerando a insuficiência hepática;
·        A doença hepática é irremediavelmente progressiva;
·        Os olhos ficam amarelos, é a icterícia, que é o prenúncio de uma fase de muito sofrimento para o doente e aos seus familiares;
·        Ocorre confusão mental, agitação intensa;
·        O coma hepático precede a morte;
·        O acometimento do fígado, com a cirrose evoluindo rapidamente, leva a uma dificuldade na passagem do sangue através das veias porta e cava;
·        O mesmo ficando represado leva ao acúmulo de líquidos na barriga (ascite), ao aumento do baço (esplenomegalia), aparecimento de veias dilatadas no abdômen e ao aumento do fígado e do coração;
·        Aumento das mamas, pés inchados, lesões hemorrágicas na pele, perda de pelos e atrofia testicular;
·        As varizes do esôfago ocorrem devido ao aumento da pressão venosa pela dificuldade de passagem do sangue pelas veias hepáticas;
·        Quando ocorre a ruptura destas varizes, os doentes podem sangrar até a morte através de vômitos contendo sangue vivo e de fezes com melena (sangue digerido);
Observando a porcentagem de álcool nas bebidas compare o nível de etanol no sangue relacionando-o aos sintomas de intoxicação que o mesmo provoca no organismo.

Blackout Alcóolico
Algo semelhante à síndrome amnésica pode ser observado em casos de blackout alcóolico, no qual a pessoa manifesta amnésia sem perda da consciência. O indivíduo intoxicado pode manter uma conversação ou executar outros atos normalmente, mas, após ficar sóbrio, não terá memória do episódio. Blackouts são observados em dependentes crônicos, embora possam ocorrer em não dependentes que tenham se intoxicado intensamente. De qualquer modo, essa situação tem maior probabilidade de ocorrer quando a pessoa ingere grandes quantidades de álcool rapidamente, especialmente se estiver muito cansada ou com fome.
Embora exista a ideia de que a memória retorna quando a pessoa para de beber, pesquisas de laboratório indicam claramente que as lembranças perdidas em um episódio de blackout são irrecuperáveis e que, portanto, a amnésia representa um déficit em codificação.
Síndrome de Korsakoff
A síndrome de Korsakoff - encefalopatia induzida por álcool - é um estado grave de amnésia, onde podem aparecer confabulação e incapacidade de registrar novos traços de memória, levando o paciente a uma situação paradoxal, em que ele pode executar atos complexos aprendidos antes da doença, mas não consegue aprender outros mais simples e novas habilidades.
Quando a amnésia é causada por alcoolismo, torna-se uma doença progressiva e haverá problemas neurológicos, tais como movimentos descoordenados e perda de sensação nos dedos das mãos e dos pés. Quando esses problemas ocorrem, em geral, é muito tarde para começar a parar de beber.
Tratamento
Os objetivos do tratamento da síndrome de abstinência do álcool são:
·        O alívio dos sintomas existentes;
·        A prevenção do agravamento do quadro com convulsões e delirium;
·        A possibilidade de que o tratamento adequado da SAA possa prevenir a ocorrência de síndromes de abstinência mais graves no futuro.
·        A vinculação e o engajamento do paciente no tratamento da dependência propriamente dita;
Planejamento geral do tratamento
Serão considerados três níveis de atendimento, com complexidade crescente:
·        Tratamento ambulatorial;
·        Internação domiciliar;
·        Internação hospitalar.
O tratamento pode ser dividido em:
·        Não farmacológico;
·        Farmacológico.
Esse último pode ser subdividido em:
·        Tratamento farmacológico clínico (como a reposição de vitaminas);
·        Psiquiátrico (uso de substâncias psicoativas).
Dentre as medidas do tratamento não farmacológico, destacamos o monitoramento frequente do paciente; tentativas de propiciar um ambiente tranquilo, não estimulante, com luminosidade reduzida; fornecimento de orientação (com relação a tempo, local, pessoal e procedimentos); limitação de contatos pessoais; atenção à nutrição e à reposição de fluidos; e manutenção dos cuidados e encorajamento positivo.
Embora haja consenso sobre a necessidade da reposição de vitaminas (sobretudo a tiamina) durante o tratamento da SAA, ainda existe controvérsia a respeito de doses preconizadas e mesmo quais as vitaminas a serem repostas.
Dentre os psicofármacos utilizados, os benzodiazepínicos são a medicação de primeira escolha para o controle dos sintomas da SAA. De modo geral, os compostos de ação longa são preferíveis. Esquemas de administração são planejados de acordo com a intensidade dos sintomas, pois permitem uma utilização de doses menores de medicação, quando comparados aos esquemas posológicos fixos. Ou seja, deve-se buscar a dose adequada para a intensidade de sintomas de cada paciente.
Tratamento ambulatorial
Ao receber o paciente, a atitude do profissional de saúde deve ser acolhedora, empática e sem preconceitos. O tratamento da SAA (quadro agudo) é um momento privilegiado para motivar o paciente para o tratamento da dependência (quadro crônico). Deve-se esclarecer a família e, sempre que possível, o próprio paciente sobre os sintomas apresentados, sobre os procedimentos a serem adotados e sobre as possíveis evoluções do quadro.
Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável do quadro.
Abordagem não farmacológica
·        Orientação da família e do paciente quanto à natureza do problema, tratamento e possível evolução do quadro;
·        Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
·        A dieta é livre, com atenção especial à hidratação;
·        As consultas devem ser marcadas o mais brevemente possível para reavaliação.
Abordagem farmacológica
·        Reposição vitamínica;
·        Ansiolíticos e Antidepressivos.
Ocorrendo falha (recaída ou evolução desfavorável) dessas abordagens, a indicação de ambulatório deve ser revista, com encaminhamento para modalidades de tratamento mais intensivas e estruturadas.
Internação domiciliar
O paciente deve permanecer restrito em sua moradia, com a assistência dos familiares. Idealmente, o paciente deverá receber visitas frequentes de profissionais de saúde da equipe de tratamento. Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável do quadro.
Abordagem não farmacológica
·        A orientação da família deve ter ênfase especial em questões relacionadas à orientação têmporo-espacial e pessoal, níveis de consciência, tremores e sudorese;
·        Propiciar ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
·        A dieta é leve, desde que tolerada, com atenção especial à hidratação;
·        Visitas devem ser restritas, assim como a circulação do paciente.
Abordagem farmacológica
·        Reposição vitamínica;
·        Ansiolíticos e Antidepressivos.
Tratamento hospitalar
Essa modalidade é aconselhada para os casos mais graves, que requerem cuidados mais intensivos. Deve ser dada atenção especial à hidratação e correção de distúrbios metabólicos (eletrólitos, glicemia, reposição vitamínica). Em alguns casos, a internação parcial (hospital dia ou noite) pode ser indicada, e, nesses casos, a orientação familiar sobre a necessidade de comparecimento diário deve ser reforçada e a retaguarda para emergências deve ser bem esclarecida.
Abordagem não farmacológica
·        Monitoramento do paciente deve ser frequente, com aplicação da escala Clinical Institute Withdrawal Assessment for Alcohol, Revised – CIWA-Ar que orienta a avaliação do paciente em relação à gravidade da SAA e a necessidade de administração de medicamentos.
·        A locomoção do paciente deve se restrita;
·        As visitas devem ser limitadas, pois o ambiente de tratamento deve ser calmo, com relativo isolamento, de modo a ser propiciada uma redução nos estímulos audiovisuais;
·        A dieta deve ser leve;
·        Pacientes com confusão mental devem permanecer em jejum, pois existe o risco de aspiração e complicações respiratórias. Nesses casos, deve ser utilizada a hidratação.
Contenção física
Os pacientes agitados que ameaçam violência devem ser contidos, se não forem suscetíveis à intervenção verbal. A contenção deve ser feita por pessoas treinadas, preferivelmente com quatro ou cinco pessoas. É muito importante explicar ao paciente o motivo da contenção.
Abordagem farmacológica
·        Reposição vitamínica;
·        Ansiolíticos e Antidepressivos.
Manejo das complicações
Convulsões
A maioria das crises é do tipo tônico-clônica generalizada. As crises convulsivas correspondem a uma manifestação relativamente precoce da SAA, mais de 90% ocorrem até 48 horas após a interrupção do uso de álcool (pico entre 13 e 24 horas) e estão associadas com a evolução para formas graves de abstinência. Cerca de 1/3 dos pacientes que apresentam crises evoluem para delirium tremens, se não forem tratados. Em 40% dos casos, as crises ocorrem isoladamente. Nos pacientes que apresentam mais de uma crise, elas ocorrem geralmente em número limitado.
Delirium Tremens
Forma grave de abstinência, geralmente iniciando-se entre 1 a 4 dias após a interrupção do uso de álcool, com duração de até três ou quatro dias. É caracterizado por rebaixamento do nível de consciência, com desorientação, alterações sensoperceptivas, tremores e sintomas autonômicos (taquicardia, elevação da pressão arterial e da temperatura corporal).
Alucinose alcoólica: quadro alucinatório predominantemente auditivo, com sons do tipo cliques, rugidos, barulho de sinos, cânticos e vozes. As alucinações podem ser também de natureza visual e tátil. Os pacientes podem apresentar medo, ansiedade e agitação em decorrência dessas experiências. Uma característica peculiar desse tipo de fenômeno é que ocorre na ausência de rebaixamento do nível de consciência e evolui sem alterações autonômicas óbvias.
Tipos de Interações
Álcool e outras drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC)
São depressores do SNC: barbitúricos, sedativos não barbitúricos, benzodiazepínicos e opioides narcóticos. O álcool, quando combinado a outras drogas depressoras pode levar a um aumento da sedação por uma adição do efeito da droga. Outros efeitos podem incluir a depressão de funções respiratórias ou cardíacas que podem resultar em perda da consciência e morte.
Interação de álcool com
Benzodiazepínicos
O álcool aumenta a taxa de absorção dos medicamentos benzodiazepínicos o que pode levar a um aumento do efeito depressor que este tipo de medicamento tem sobre o cérebro. Os efeitos mais importantes desta iteração são: sedação, diminuição dos reflexos, descoordenação, e prejuízo da memória. Os riscos desta associação são os relacionados às tarefas que envolvem coordenação de motora e concentração como dirigir um veículo ou operar uma máquina.
Analgésicos
Analgésicos como paracetamol e aspirina são utilizados para o alívio de dores moderadas, se utilizados juntamente ao álcool podem levar a um prejuízo da mucosa gástrica e aumentar o tempo de sangramento. Os analgésicos também podem conter codeína e anti-histamínicos que ao interagir com o álcool levam à sonolência. Quando o álcool é combinado a opiáceos como morfina, heroína, codeína ou metadona pode haver um aumento da função depressora do SNC destas drogas. Aproximadamente um quarto das mortes de indivíduos que fazem uso de opiáceos se dá em decorrência da interação com o álcool. O álcool quando ingerido juntamente à aspirina pode levar a um prolongamento do tempo de sangramento e irritação da mucosa gástrica.
Barbitúricos
Quando o álcool é ingerido juntamente a barbitúricos pode ocorrer uma intensa depressão do SNC, com prejuízo de coordenação e da psicomotricidade. O risco de overdose é muito alto, esta combinação pode levar a uma redução no nível de consciência e parada respiratória.
Outras drogas depressoras
A Maconha não é necessariamente um agente depressor do SNC, pois também possui características alucinógenas, no entanto, quando usado em combinação com o álcool pode prejudicar as funções motoras e intelectuais do indivíduo. Pouco se sabe a respeito da interação do álcool com substâncias voláteis, porém um efeito aditivo é provável.
Álcool e drogas estimulantes
Drogas estimulantes como anfetamina e cocaína, quando usadas juntamente ao álcool fazem com que o indivíduo necessite de doses muito maiores de álcool para que este se sinta intoxicado. Algumas pessoas acreditam que o uso do álcool juntamente à cocaína ajuda minimizar os efeitos desagradáveis desta o que é um erro enorme.
Álcool e drogas alucinógenas
Há poucas informações sobre a interação de alucinógenos com álcool. Porém, sabe-se que a mistura do álcool com alucinógenos é imprevisível e os efeitos de ambas as drogas pode ser intensificado.
Álcool e medicamentos controlados
Há alguns antibióticos que reagem com o álcool. O uso combinado pode levar a cefaléia e náuseas. O Álcool também pode diminuir a eficácia de antibióticos e drogas antivirais. A interação de álcool e anti-histamínicos parece prejudicar o desempenho psicomotor. Algumas drogas anti-inflamatórias quando combinadas ao álcool podem levar a um aumento significativo do tempo de sangramento.
Alcoolismo feminino
Porque as mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool?
As mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool. Vários estudos tem mostrado esta predominância, porém sem determinar a causa exata. Sabe-se que as mulheres têm níveis menores de uma enzima conhecida como desidrogenase lática. Esta enzima é responsável pela "digestão" do álcool diminuindo a quantidade de álcool que chega a corrente sanguínea. Por isso, a maioria das mulheres sente mais os efeitos do álcool mesmo quando com menor quantidade ingerida, se comparada com um homem. A enzima desidrogenase láctica (LDH) está presente em muitos tecidos, especialmente no coração, fígado, rins, músculos do esqueleto, células do cérebro e dos pulmões.
Alcoolismo e câncer
Smith-Warner et al. (1998), analisando seis estudos de corte conduzidos em quatro países distintos, investigaram a associação entre o risco do câncer de mama do tipo invasivo e o consumo de álcool. Mais de 300 mil mulheres avaliadas por até 11 anos foram incluídas no estudo, com cerca de 4.300 diagnosticadas de câncer mamário. A quantidade, bem como o tipo de bebida alcoólica consumida pela grande maioria das pacientes, não interferiu no aumento do risco relativo para câncer de mama. Entre aquelas que bebiam em maior quantidade e frequência, entretanto, o aumento do consumo esteve linearmente relacionado com o aumento do risco para câncer, assim como a redução do consumo alcoólico interferiu positivamente na diminuição do mesmo risco. Mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. Esse risco aumenta 9% para cada 10 gramas de álcool (cerca de um drinque) diárias.
Alcoolismo e osteoporose
Outro aspecto importante do consumo crônico de álcool pelas mulheres é a sua relação com a osteoporose. Considera-se que a osteoporose resulta do desequilíbrio de um complexo sistema, mantido por vários fatores nutricionais, hormonais e metabólicos. As dependentes de álcool apresentam frequentemente hipocalcemia, hipomagnesemia e hipoparatireodismo, acarretando disfunções que levam à osteoporose. O efeito inibidor da remodelação óssea do álcool é fenômeno bem conhecido em ambos os sexos. Mulheres com menos de sessenta anos que tomam de dois a seis drinques por dia têm risco maior de fratura de colo de fêmur e de antebraço.
Doenças Cardiovasculares
A análise dos dados de dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no “Nurses’ Health Study” revelou que tomar dois ou três drinques diários aumenta o risco de surgir hipertensão arterial em 40% e a probabilidade de acontecer derrame cerebral hemorrágico. Nas mulheres que bebem mais do que três drinques por dia o risco de hipertensão arterial duplica. Mulheres que abusam de álcool desenvolvem também miocardiopatias mesmo usando doses mais baixas do que os homens.
Distúrbios Psiquiátricos
Todos eles são mais prevalentes em mulheres que abusam de álcool do que em homens que o fazem e do que em mulheres abstêmias. A única patologia mais frequente no alcoolismo masculino é a personalidade antissocial. A prevalência de depressão em mulheres que abusam de álcool é de 30% a 40%. Estudos demonstram que a maior parte dessas mulheres bebe como forma de se livrar dos sintomas associados a quadros de depressão primária. Anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das que abusam de álcool. Mulheres que abusam de álcool tentam o suicídio quatro vezes mais frequentemente do que as abstêmias.
Consequências Psicossociais
Problemas familiares são mais comuns entre mulheres que abusam de álcool (entre os homens são os problemas legais e aqueles relacionados com o trabalho). O alcoolismo torna as mulheres mais sujeitas a agressões físicas. Mulheres que consomem quantidades exageradas de álcool geralmente vivem com parceiros que também abusam da bebida.
Consequências para o feto
A ingestão de álcool durante a gravidez pode provocar distúrbios fetais que vão, do retardo de desenvolvimento, à chamada síndrome alcoólica fetal, caracterizada por anormalidades físicas comportamentais e cognitivas. Consumo de álcool durante a gravidez é considerado a principal causa evitável dessas anormalidades na infância.
Filhos de alcoólatras podem apresentar perturbações do seu comportamento, tais como hiperatividade, dificuldades de linguagem e de aprendizagem, descoordenação de movimentos, desenvolvimento emocional retardado e atraso mental. Os sintomas da SAF tanto podem ser leves como extremamente sérios. Variam desde a falta de capacidade de concentração, o que se torna evidente na idade escolar, às dramáticas malformações e anomalias acima mencionadas.
À medida que as crianças crescem, a maior parte das anomalias externas desaparece. Contudo, as deficiências mentais subsistem na maioria dos casos. Estudos cobrindo o período do nascimento à adolescência e levados a cabo em crianças que sofrem do SAF provam os fatos expostos. Dez anos mais tarde, dois terços das crianças estavam atrasados ou eram deficientes mentais. Mais de 80% não conseguiram completar a escolaridade.
As doze doenças mais comuns causadas pelo álcool
Anemia
A bebida pesada pode fazer com que as células vermelhas que transportam oxigênio apresentem um número anormalmente baixo. Esta condição, conhecida como anemia, pode provocar uma série de sintomas, inclusive a fadiga, respiração ofegante, e frivolidade.
Câncer
Beber de forma habitual aumenta o risco do câncer. Os cientistas acreditam que o aumento do risco vem quando o corpo converte o álcool em acetaldeído, um carcinógeno potente. Os tipos de câncer relacionados ao consumo de álcool incluem a boca, faringe (garganta), esôfago, fígado, pulmão, e região colorrectal. O risco de câncer aumenta ainda mais quando associado ao vicio de fumar.
Doença cardiovascular
A bebida pesada faz com que as plaquetas se agrupem formando coágulos de sangue, que podem levar a um ataque de coração. Em um estudo importante publicado em 2005, os pesquisadores de Harvard descobriram que a bebida dobrou o risco da morte entre aqueles que inicialmente sobreviveram a um ataque de coração.
A bebida pesada também pode causar cardiomiopatias, uma condição potencialmente mortal na qual o músculo de coração se enfraquece e consequentemente falha, bem como anormalidades de ritmo de coração como fibrilação atrial e ventricular. A fibrilação atrial na qual as câmaras superiores do coração tenham contrações caóticas perdendo o ritmo cardíaco e podendo causar coágulos que podem provocar um infarto. A fibrilação ventricular ocorre da mesma maneira nos ventrículos. Causa a perda rápida da consciência e, a ausência de tratamento imediato, morte súbita.
Cirrose
O álcool é muito tóxico para as células de fígado, e muitos bebedores pesados desenvolvem a cirrose, uma condição às-vezes-letal na qual o fígado está tão lesionado que não é mais capaz de funcionar. Por alguma razão pouco conhecida as mulheres parecem ser mais vulneráveis ao álcool no aparecimento da cirrose. Uma grande porção do álcool ingerido é processada pelo fígado. É importante notar que o fígado tem uma taxa fixa de como digerir o álcool, então se o fígado for forçado demais, doenças e disfunções podem resultar, fazendo com que o fígado seja o principal local de dano do álcool. Dano hepático pode ocorrer em três fases:
A primeira fase é a dilatação do fígado, na qual as células são perfuradas pelo tecido adiposo anormal. A segunda etapa é a hepatite alcoólica, na qual as células hepáticas incham, inflamam e eventualmente morrem. O terceiro estágio é a cirrose, na qual tecidos de cicatriz fibrosos são formados, atrapalhando o fluxo do sangue através do fígado.
Demência
À medida que as pessoas envelhecem, os seus cérebros “encolhem” em média 1.9 % por década. Isto é considerado normal. Mas a bebida pesada apressa-se o encolhimento de certas regiões-chave no cérebro, resultando em perda de memória e outros sintomas de demência.
A bebida pesada também pode levar a déficits sutis, mas potencialmente debilitadores da capacidade de planejar, julgar, resolver problemas, e executar outros aspectos das funções executivas, que são as capacidades de mais alta ordem que permitem que nós maximizemos a nossa função como seres humanos. Além da demência 'não específica' que se origina da atrofia cerebral, a bebida pesada pode causar deficiências nutritivas tão severas que provocam outras formas da demência.
Depressão
Sabe-se de muito tempo que a bebida pesada muitas vezes anda de mãos dadas com a depressão, mas muito se debate sobre qual vem primeiro - a bebida ou a depressão. Uma teoria diz que pessoas deprimidas buscam o álcool numa tentativa de se ‘automedicar' para aliviar a dor emocional. Outro grande estudo da Nova Zelândia mostra o caminho inverso. Beber demais leva à depressão.
Convulsões
A bebida pesada pode causar a epilepsia e provocar convulsões além de interferir de forma grave com as medicações para tratar essas doenças.
Gota
Uma condição dolorosa, a gota é causada pela formação de cristais de ácido úrico nas juntas. Embora alguns casos sejam basicamente hereditários, o álcool e outros fatores dietéticos parecem desempenhar um papel importante no seu surgimento. O álcool com certeza agrava casos já instalados de gota.
Pressão Alta
O álcool pode interromper o sistema nervoso simpático, que, entre outras coisas, controla a contração e a dilatação dos vasos sanguíneos em resposta a stress, temperatura, esforço, etc. A bebida pesada pode causar pressão alta. Com o tempo e o uso contínuo de álcool essa doença fica crônica e leva a muitos outros problemas de saúde, inclusive doença dos rins e do coração.
Doença contagiosa
A bebida pesada suprime o sistema imune, abrindo a porta para que se instalem infecções, inclusive tuberculose, pneumonia, AIDS, e outras doenças sexualmente transmitidas (inclusive algumas que causam infertilidade). Pessoas alcoolizadas se expõem com maior frequência ao sexo de risco aumentando em pelo menos três vezes a possibilidade de contrair uma doença sexualmente transmitida.
Neuropatia
A bebida pesada pode causar uma forma do dano de nervo conhecido como neuropatia alcoólica, que pode produzir pontadas ou alfinetadas dolorosas que se sentem pelo corpo, torpor nas extremidades, bem como fraqueza muscular, incontinência, constipação, disfunção erétil, e outros problemas. A neuropatia alcoólica pode surgir porque o álcool é muito tóxico para as células nervosas ou devido a deficiências nutritivas atribuíveis à bebida pesada.
Pancreatite
Além de causar irritação de estômago (gastrite), a bebida pode inflamar o pâncreas. Pancreatite crônica, causando dor abdominal severa e diarreia persistente - e 'não é curável. Alguns casos de pancreatite crônica são provocados por cálculos biliares, mas em mais de 60% dos casos, devido ao consumo de álcool.
Orientação familiar
Educação em saúde é fundamental para assegurar não só o entendimento do cliente, como também de sua família, sobre os problemas relacionados ao uso crônico de álcool. Assim como é imprescindível a orientação do paciente sobre o seu problema, a família, parte integrante dessa disfunção, precisa ser informada e encaminhada para um tratamento mais intensivo, se necessário. Em qualquer dos níveis de comprometimento que o indivíduo apresente, é essencial trabalhar os conceitos de síndrome de dependência e abstinência alcoólica, com objetivo claro de desenvolver, nesse sistema familiar, a análise crítica sobre seu papel nesse transtorno, como também promover sua mudança de pensamento e comportamento. Trabalhar a autoestima e a importância da desintoxicação, assim como a prevenção da recaída, são estratégias a serem adotadas nessa fase inicial do tratamento, não só com o paciente, como também com seu sistema familiar e social.
Como falar sobre álcool com os filhos?
Reconhecendo que os pais exercem grande influência sobre o consumo precoce dos filhos, foram desenvolvidas algumas dicas para conversar sobre o assunto em casa. A idade ideal para começar a falar sobre os efeitos do álcool é a partir dos nove anos de idade.
·        Dê o exemplo: Se você bebe, não cometa exageros. Não se gabe por beber, nem menospreze aqueles que não bebem. Não dirija embriagado, nem seja tolerante com quem o faz. Se você não bebe, converse sobre o álcool e explique o que motivou sua opção.

·        Seja realista: Apresente fatos concretos. Como os jovens se consideram indestrutíveis, os efeitos imediatos da bebida são os principais argumentos. Ensine que o álcool atrapalha o desenvolvimento físico e que as crianças ficam.