ALCOOLISMO
As
expectativas em relação aos efeitos do álcool exercem influências importantes no
início e manutenção do uso de álcool e na emissão de comportamentos relacionados
a este uso. Antes mesmo de o indivíduo consumir qualquer tipo de bebida alcoólica
em sua vida, vão se formando crenças a respeito dos efeitos do álcool. Desenvolvem-se
através de modelos parentais e do grupo de pares, experiências diretas e indiretas
com bebidas alcoólicas.
A
importância do estudo em relação aos efeitos do álcool entre adolescentes está no
impacto das experiências deste período do desenvolvimento sobre as práticas de beber
na idade adulta. A comparação de diferentes padrões de uso do álcool na adolescência
demonstra que bebedores mais frequentes apresentam expectativas mais fortes e mais
específicas do que bebedores menos frequentes.
Bebedores
mais frequentes, em geral, relacionam-se aos seguintes aspectos: mudanças no comportamento
social; aumento da agressividade; mais prazer e melhor desempenho sexual; aumento
de poder; e redução de tensão. Por sua vez, bebedores menos frequentes apresentaram
expectativas amplas de aumento de.
As
peculiaridades de cada história de consumo de álcool trazem, paralelamente, um conjunto
de expectativas de efeitos que refletem esta história. Inicialmente, as relações
entre o uso do álcool e suas consequências são aprendidas vicariamente, existindo
antes da experiência direta com bebidas alcoólicas. As consequências influenciam
a decisão de beber. Confiança e bem-estar podem ser confirmados pela experiência
com o álcool e fortalecer as expectativas previamente existentes, especificando-as.
O
fato dos adolescentes beberem com suas famílias propiciou um aprendizado sobre os
limites para parar de beber. Estas famílias dão pistas verbais a respeito das mudanças
que observam no comportamento do adolescente que está bebendo, orientando-o para
evitar a embriaguez. Beber com a família pode ser uma preferência, pois é uma forma
segura de consumo.
A
experiência de embriagar-se é percebida como desagradável pelos adolescentes, que
temem a reação dos pais e não consideram prazerosos os efeitos como tontura e desinibição
excessiva. A tontura é o limite escolhido como aquele em que se deve parar de beber.
As
festas são mencionadas como ocasiões de maior consumo de álcool. Ressalve-se, contudo,
que o item não é específico e nem sempre distingue o tipo de festa. Assim, estão
incluídos como festas as comemorações familiares, aniversários, festividades e encontros
com amigos.
Nas
atividades sociais dos adolescentes, especialmente as festas com os amigos, a bebida
alcoólica está presente. De forma geral, uma festa sem bebida não seria uma festa.
A festa perderia a graça, as pessoas não se aproximariam e as pessoas iriam embora
ou sairiam para comprar bebida. O álcool pode atuar como facilitador da aceitação
pelo grupo de amigos.
Quando
se trata dos rapazes, o uso de álcool aparece como uma prova de maturidade, um ritual
de passagem para a idade adulta. Quando um rapaz não bebe, sua virilidade é questionada
e sua maturidade também.
Para
as garotas que não bebem, por sua vez, não há pressão para beber. Mesmo entre os
jovens, as garotas que não bebem são vistas como virtuosas, pois cuidam de sua saúde.
Já a garota que resolve beber, acaba sendo vista como liberada e de mais fácil aproximação
por parte dos meninos.
Esta
vinculação do álcool com a sexualidade do adolescente apareceu fortemente na relação
das moças com os rapazes, que hoje podem cortejá-los, usando o álcool para se desinibir
e também como uma desculpa para os comportamentos considerados socialmente inadequados.
No
caso das adolescentes o uso do álcool relaciona-se à expectativa de facilitar relacionamentos
sociais, especialmente com amigos. A experimentação de bebidas alcoólicas com os
amigos faz com que estas adolescentes não apresentem um controle eficiente sobre
a quantidade consumida e um limite frouxo em relação à embriaguez. O porre não é
relatado como experiência desagradável. Ao contrário, é ao beber demais que outras
expectativas, como esquecer problemas e incremento da sexualidade, validam comportamentos
de desabafo dos problemas e sedução, respectivamente.
A
literatura já apontou que regras explícitas sobre a bebida aconselhadas pelos pais
e educadores são mais eficientes na prevenção do alcoolismo. Pais que não expressam
normas reguladoras a respeito do álcool têm mais probabilidade de ter filhos que
bebam do que aqueles que as expressam. A permissividade ou o interesse dos pais
pelo consumo de álcool de seus filhos influenciam os hábitos alcoólicos dos adolescentes.
A
aceitação do álcool como uma droga legitimamente usada por adolescentes reflete
o quanto nossa sociedade é tolerante e, muitas vezes, instigadora deste uso. A consequência
disto é que o uso precoce expõe o jovem aos efeitos do álcool mais rapidamente,
em um momento de seu desenvolvimento em que o álcool pode facilitar o enfrentamento
de novas situações.
Jovens
brasileiros bebendo todas
Um
levantamento feito pelo Cebrid em dez capitais brasileiras com estudantes de primeiro
e segundo graus indica isso. "A pesquisa aponta um aumento no consumo pesado,
ou seja, cresceu o número de entrevistados que bebem mais de vinte vezes por mês",
diz o psicólogo Ricardo Tabach. "Isso é preocupante", acrescenta. Segundo
a pesquisadora Ana Regina Noto, também do Cebrid, a família não ajuda muito. "Um
em cada três brasileiros prova álcool pela primeira vez na própria casa, quase sempre
oferecido pelos pais", informa.
Se
um adulto leva de dez a quinze anos para se tornar um alcoólatra, um adolescente
precisa apenas de seis meses a três anos para incorporar o vício. Além disso, o
uso abusivo do álcool provoca problemas sociais. Segundo a pesquisa do Cebrid, o
álcool está no sangue de sete em cada dez brasileiros mortos violentamente – de
acidentes de carro a assassinatos.
Esses
problemas são agravados pelo fato de a legislação ser pouco respeitada. Poucas coisas
são tão fáceis de comprar no Brasil quanto o álcool. Embora a venda seja proibida
para menores de 18 anos, ninguém obedece à lei. A mesma pesquisa mostra que não
chega a 1% o número de adolescentes que dizem "garçom, um chope" e não
são atendidos.
O
uso de álcool entre adolescentes é naturalmente um tema controverso no meio social
e acadêmico brasileiro. Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define como proibida
a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 de julho
de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens – seja no ambiente domiciliar,
seja em festividades, ou mesmo em ambientes públicos. A sociedade como um todo adota
atitudes paradoxais frente ao tema: por um lado condena o abuso de álcool pelos
jovens, mas é tipicamente permissiva ao estímulo do consumo por meio da propaganda.
Basta
chegar à sexta-feira para que os bares de todo o país fiquem repletos de adolescentes
que, entre um papo e outro, bebem. Incrivelmente a maior parte dos jovens não associa
a cerveja ao álcool. O jovem possui uma imagem ingênua da cerveja, vendo-a como
diferente das demais bebidas alcoólicas. Poucos sabem que bebida preferida contem
5% teor alcoólico e bastam seis copos para que uma pessoa apresente dificuldades
de coordenação motora e reflexos.
O
jovem chega a apontar aspectos positivos. Dizem que a cerveja é fraca, que ela é
mais apropriada para o jovem e que no calor o que combina mesmo é a cerveja. Frente
à pergunta “Você acha que a cerveja é igual às outras bebidas alcoólicas?”, 34%
dos jovens disseram que não, e destes, 90% apontaram esses aspectos “positivos”
para justificar a diferença.
Os
amigos e a família, sempre apontados, na literatura, como as maiores influências
no consumo de substâncias psicoativas em geral, são inocentados pela maioria destes
adolescentes, que chamam para si a responsabilidade; ao negar a variável externa,
o jovem chama para si a responsabilidade de seus atos em uma tentativa de obter
o reconhecimento social da ascensão ao estatuto de adulto.
A
prevenção poderia focalizar as expectativas em relação ao álcool voltadas às vivências
dos adolescentes e, especialmente, questionar as expectativas positivas dos adolescentes
sem enfatizar o alcoolismo, distante temporalmente. É necessário enfatizar as vantagens
de não beber (ou, pelo menos, não se embriagar) e não as desvantagens de beber.
A literatura aponta que a prevenção ao abuso do álcool deve iniciar preferencialmente
na infância, mas concentrar-se entre os 12 e 15 anos, continuando até a idade adulta,
pois até os 15 anos as expectativas positivas aumentam, estabilizando-se depois.
Ao
mesmo tempo, os adultos têm um papel fundamental na formação e consolidação das
expectativas. A família, que provê a experimentação, deve orientar não só o beber
do jovem, mas o seu próprio beber. O pai que pede um uísque "pra relaxar",
uma caipirinha para "abrir o apetite" e a mãe que bebe um licor "pra
fazer a digestão", a cerveja "pra refrescar", o conhaque "pra
esquentar" estão colocando funções ou indicações de uso nas bebidas.
Seguir
esta regra geral formulada pelos pais não é diferente de seguir as regras do grupo
de amigos: "para ter coragem", "para mostrar que é macho", "para
ficar com o cara", "para chegar à menina", "para esquecer",
"para aproveitar melhor a festa", etc. A criança vai observando e aprendendo
a respeito destes efeitos, o adolescente testa estas expectativas. Para alguns,
elas são confirmadas pelo uso do álcool e permanecem, fortalecendo-se e especificando-se
mais, enquanto algumas caem em desuso. Para outros, elas permanecem sempre gerais,
devido à pequena experiência com o álcool e à inadequação dos efeitos por ele provocados.
Mas
a prevenção não envolve somente a intervenção na escola, o controle da propaganda
ou a aplicação da lei que proíbe a venda de bebidas para menores. Estas medidas
não farão diferença na opinião dos adolescentes sobre a bebida se o modelo adulto
não se modificar. É necessária uma modificação das expectativas dos adultos para
que eles apresentem um modelo de uso do álcool com menores riscos para o beber abusivo
na adolescência.
A
droga mais antiga da humanidade
O
álcool não é privilégio de nenhum povo sobre a terra. Ao contrário, é considerado
a única droga comum a todas as civilizações. A fabricação de vinho de uva começou
provavelmente no período Nerolítico, 8500 anos antes de Cristo. Nas montanhas Zagros,
no norte do Irã, uma equipe do Centro de Arqueologia Química da Universidade da
Pensilvânia, nos Estados Unidos, encontrou um jarro de 7000 anos com capacidade
para 9 litros de vinho.
Mais
tarde, houve no delta do Rio Nilo uma pujante indústria vinícola, por volta de 2700
a. C. Beber vinho era um hábito tão comum que vários faraós foram enterrados com
jarros, provavelmente na crença de que poderiam continuar bebendo depois da morte.
A
cerveja é um pouco mais recente. Aparece uns 1500 anos antes de Cristo. Com um microscópio
eletrônico, arqueólogos da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriram
que os egípcios usavam malte para produzir açúcar usado na fermentação. Em outras
palavras: conheciam técnicas de cervejaria.
Os
egípcios obtinham seu malte a partir de cevada. Só que em vez de adicionar lúpulo,
como se faz hoje, eles acrescentavam um tipo raro de trigo. Ao repetir a receita,
os pesquisadores descobriram uma boa cerveja. Sem o amargo do lúpulo, a mistura
ganhava um sabor doce e frutado. Era dourada, mas menos transparente que as atuais.
Vieram
depois os destilados, que são mais fortes. Curiosamente, a técnica não foi desenvolvida
para fazer bebidas. Proibidos de beber pelo islamismo, os árabes foram os primeiros
a produzir álcool destilado para fabricar perfumes. Os europeus aprenderam com eles
e no século XI já há registro de aguardente na Itália.
A
droga mais perigosa
Nossa
sociedade teme as drogas ilícitas. Maconha, cocaína, ópio, crack e ecstasy, são
os fantasmas que assombram os pais cada vez que seus filhos vão para uma festa.
Sem dúvida, são substâncias nocivas que causam dependência física ou psíquica e,
embora proibidas por lei, podem ser encontradas com facilidade nas mãos dos traficantes,
que estão em toda a parte.
O
maior perigo, porém, não mora aí. O vilão dos vilões é o álcool e nem todo mundo
percebe isso. Vendido em larga escala, disponível em todos os restaurantes, padarias,
supermercados, residências, bares e casas noturnas em geral, essa droga lícita tem
feito vítimas em números astronômicos.
Está
provado que o álcool causa dependência fortíssima. É mais fácil deixar a cocaína
do que a bebida, até porque esta última pode ser encontrada em qualquer lugar e
a qualquer momento, inclusive em casas de amigos e parentes. A força de vontade
do dependente de álcool em processo de recuperação tem de ser redobrada para se
livrar da tentação.
Tipos
de bebida alcoólica
As
bebidas alcoólicas contêm diferentes teores de álcool. Podem distinguir-se dois
grupos, de acordo com a quantidade de álcool e o processo de fabricação. As bebidas
fermentadas são obtidas a partir da fermentação de açúcares constituintes de frutos
por ação de microrganismos chamados leveduras. Estas bebidas podem obter-se a partir
de frutos, cereais, grãos, tubérculos e cactos. As bebidas destiladas são obtidas
através da destilação, dando origem a bebidas com maior percentagem de álcool, como
por exemplo, a aguardente, uísque, gin, vodca, uísque, etc.
A
graduação
A
graduação é o volume, em percentagem de álcool puro por litro dessa bebida. Exprime-se
em graus e varia de bebida para bebida.
Mitos
e Realidades
·
O
álcool não aquece. O álcool faz
com que o sangue venha do interior do organismo à superfície da pele, dando a
sensação de calor, mas este deslocamento do sangue provoca uma perda do calor
interno, prejudicando o funcionamento de todos os órgãos.
·
O
álcool não mata a sede. A sensação
de sede significa necessidade de água. Quando se toma uma bebida alcoólica, uma
considerável quantidade de água, que faz falta ao organismo, sai pela urina,
aumentando assim a necessidade de água no organismo, logo a sede.
·
O
álcool não dá força. O álcool tem
uma ação excitante, que disfarça o cansaço do trabalho físico ou intelectual
intenso, dando a ilusão de voltarem as forças, mas, depois, o cansaço é
dobrado, porque gastou energias ao ser queimado no fígado.
·
O
álcool não ajuda a digestão e não abre o apetite. O álcool faz com que os movimentos do
estômago sejam muito mais rápidos e os alimentos passam para o intestino sem
estarem devidamente digeridos, dando a sensação de estômago vazio. O resultado
é a falta de apetite e o aparecimento de gastrites e úlceras.
·
O
álcool não é um alimento. O álcool
não é um nutriente porque produz calorias inúteis para os músculos e não serve
para o funcionamento das células, contrariamente aos verdadeiros nutrientes ele
não ajuda na edificação, construção e reconstrução do organismo. Ao contrário
dos nutrientes, o álcool não é armazenado, sendo destruído nas horas seguintes
à sua ingestão.
·
O
álcool não é um medicamento. É
exatamente o contrário de um medicamento. Provoca apenas uma excitação e uma
anestesia passageira que pode abafar durante algum tempo, dores ou sensação de
mal-estar, acabando por ter consequências ainda mais graves.
·
O
dependente de álcool não é uma pessoa fraca e irresponsável.
·
O
alcoolismo é uma doença crônica que compreende os seguintes sintomas:
desejo incontrolável de beber, perda de controle (não conseguir parar de beber
depois de ter começado), dependência física (sintomas físicos como sudorese,
tremedeira e ansiedade quando está sem álcool) e tolerância (com o tempo passa
a precisar de doses maiores de álcool). A dependência de álcool não está
associada ao caráter do indivíduo e muito dos problemas que ele apresenta são
decorrentes da própria doença.
·
Problemas
decorrentes do uso de álcool não são um claro indicador de que a pessoa
sofre de alcoolismo.
·
Apesar
do abuso de álcool não ser sinônimo de alcoolismo, ele pode trazer
inúmeros problemas para o individuo e a sociedade.
·
O
álcool não é a causa do alcoolismo.
·
Apesar
de ser dependente de álcool, não é o álcool em si que causa o
alcoolismo. Se isto fosse verdade toda pessoa que bebesse seria dependente de
álcool. O que se sabe é que o alcoolismo não pode ser explicado por um único
fator, mas pela interação de elementos genéticos, psicológicos e ambientais.
·
O
vinho não é uma bebida leve porque contém menos álcool do que outras
bebidas.
·
A
quantidade de álcool que a pessoa ingere depende da quantidade de doses
que ela toma. Um copo de vinho tinto (aproximadamente 120 ml), uma lata de
cerveja (aproximadamente 285 ml) e uma dose de bebida destilada
(aproximadamente 30 ml) contém a mesma quantidade de álcool.
·
Misturar
cerveja, vinho e destilados não leva a
embriaguez mais rapidamente do que só tomar um tipo de bebida alcoólica.
·
O
nível de álcool no sangue é que determina o nível de sobriedade ou
intoxicação alcoólica do indivíduo. Lembre-se que a quantidade de doses que a
pessoa toma é que vai determinar a quantidade de álcool em seu sangue.
·
Beber
café não ajuda a pessoa a se restabelecer
do 'porre'.
·
Apenas
o tempo pode ajudar uma pessoa a se
restabelecer do porre. O organismo humano demora em média uma hora para
processar uma dose de álcool.
·
Os
efeitos do álcool no corpo da mulher não são iguais aos efeitos do
álcool no corpo do homem.
·
De
maneira geral a ingestão da mesma quantidade de álcool afeta a mulher
mais rapidamente do que o homem (mesmo levando-se em conta as diferenças no
peso corporal). Isto ocorre porque a mulher apresenta menos água em seu corpo
do que o homem e o álcool quando misturado à água do corpo torna-se mais
concentrado na mulher.
·
Os
efeitos do álcool no corpo do idoso não são iguais aos efeitos do álcool
no corpo do jovem.
·
Os
efeitos do álcool no organismo variam com a idade. Perda de reflexos,
problemas com audição e visão e menor tolerância aos efeitos do álcool deixam
os idosos sob o risco de quedas, acidentes automobilísticos e outros tipos de
acidentes que podem resultar do uso de álcool. Com a idade, há também uma
tendência de aumento no consumo de medicamentos. A mistura desses medicamentos
com álcool pode trazer consequências danosas, inclusive fatais à saúde.
·
É
sabido que mais de 150 remédios interagem de maneira prejudicial ao
indivíduo. Ademais, o uso de álcool pode agravar condições clínicas comuns
entre os idosos, como hipertensão e úlcera. Mudanças no organismo dos idosos
fazem a ingestão de álcool provoque efeitos mais acentuados comparativamente
aos jovens de mesmo sexo e peso.
·
O
alcoolismo pode levar as pessoas a sérios problemas, e pode ser
fisiologicamente e mentalmente destrutivo. Atualmente, o uso de álcool está
envolvido na metade de todos os crimes, assassinatos, mortes acidentais e
suicídios. Há também muitos problemas de saúde associados com o uso de álcool,
como danos cerebrais, câncer, doenças cardíacas e doenças do fígado.
Alcoólatras que não param de beber reduzem sua expectativa de vida de 10 a 15
anos.
·
Quanto
mais cedo uma pessoa começa a beber, maior é a
possibilidade de se tornar dependente. O alcoolismo é definido como uma necessidade
compulsiva de consumir álcool. Se instala quando uma pessoa deseja o álcool e
não pode limitar ou conter a quantidade ingerida. Se alguém sente os sintomas
de abstinência, tais como: náusea, suor, tremedeiras, ou ansiedade, quando o
consumo do álcool diminui, ou se existe a necessidade de beber maiores
quantidades de álcool para sentir o mesmo efeito, essa pessoa provavelmente já
é um alcoólatra.
·
A
primeira sensação que o álcool provoca é de segurança. O usuário se
sente desinibido e solta suas emoções. Depois vêm os efeitos depressores como
falta de coordenação motora e sonolência, entre outras. O uso contínuo provoca
nos jovens, mudanças do comportamento com fundo psicológico, ou seja, eles
passam a depender do álcool para criar coragem e vencer inibições. Na idade
adulta, o dependente pode desenvolver sérios problemas emocionais, psíquicos e
físicos.
·
Alguns
podem pensar que é só uma questão de ter a vontade de parar de beber,
mas o alcoolismo é mais complicado do que isso. O desejo de um alcoólatra pelo
álcool é tão grande que ultrapassa sua capacidade de parar de beber. A maioria
dos alcoólatras precisa de assistência para isso e o apoio da família e dos
amigos.
·
Uma
grande quantidade de álcool pode destruir células cerebrais,
possivelmente levando a danos cerebrais.
·
O
álcool perturba fortemente a estrutura e função do sistema nervoso central,
dificultando a capacidade de obter, consolidar e processar informação.
·
O
consumo moderado de álcool pode afetar as capacidades cognitivas,
enquanto que grandes quantidades interferem com o fornecimento de oxigênio ao
cérebro, causando um apagão quando totalmente embriagado.
·
O
alcoolismo pode também inflamar a boca, esôfago e estômago, e pode
causar câncer nessas áreas, especialmente nas pessoas que também fumam.
·
Beber
pode produzir batimentos cardíacos irregulares, e os que abusam correm
maior risco de alta pressão arterial, ataques e outros danos cardíacos.
·
O
álcool também pode prejudicar a visão, danificar a função sexual,
diminuir a circulação, ser o motivo de desnutrição e de retenção de água.
·
Também
pode causar doenças pancreáticas e cutâneas, assim como enfraquecer os
ossos e músculos, e diminuir a imunidade.
As
quatro fases do alcoolismo
O
Alcoolismo é uma doença caracterizada por quatro fases:
PRIMEIRA
FASE:
·
Fase social, sem dependência física,
apenas dependência emocional.
·
Inicia-se
na primeira vez que se bebe (lembrando-se que dois fatores são fundamentais:
Predisposição Orgânica e fatores sociais que reforçam o uso, do contrário a
doença não se desenvolve).
·
O
primeiro sintoma é a dependência emocional.
·
O
desenvolvimento emocional para e a pessoa torna-se pouco tolerante.
·
Como
geralmente isso acontece na infância ou na adolescência, a mudança emocional
geralmente não é percebida, pois se confunde com má criação, infantilidade ou
temperamento forte.
·
A
partir daí, a doença desenvolve-se mais ou menos devagar, dependendo da
predisposição orgânica.
·
Bebe-se
pouco e socialmente, não há perdas em virtude do uso. Não há problemas físicos.
SEGUNDA
FASE:
·
Fase
social, sem dependência física, apenas dependência emocional.
·
O
organismo modifica-se: tem-se a tolerância aumentada (bebe-se mais que na
primeira fase). Não há problemas físicos.
·
Nesta
fase o usuário pensa que pode minimizar o uso do álcool;
·
Admite
saber seu limite de consumo e de que pode parar quando quiser;
·
Pensa
que o vício não o atingirá e coloca os prejuízos num futuro muito distante;
·
Justifica
os momentos de excesso, como consequência de problemas que os outros vêm
causando-lhes. Ex: Brigas com a família, com o (a) namorado (a).
TERCEIRA
FASE:
·
Fase
problemática, com dependência física e emocional.
·
Bebe-se
muito (altíssima tolerância).
·
O
beber torna-se um problema.
·
Muitos
problemas emocionais, ressacas constantes, problemas em decorrência da bebida,
problemas familiares, problemas de relacionamento.
·
A
síndrome de abstinência tem início de 6 a 8 horas após a última dose;
·
Causa
também a impotência sexual;
·
Começam
as "PARADAS ESTRATÉGICAS";
·
Pode
haver internações;
·
Há
boas expectativas de recuperação física;
·
Há
muitas perdas; Perda de controle; compulsão ou intenso desejo de beber;
·
Não
controla o consumo, ou seja, não sabe quando tem que parar;
·
O
organismo causa tolerância (aumento das doses para obter efeitos antes
produzidos por doses menores);
·
Demora
mais para recuperar-se dos efeitos da bebida;
·
Abandono
progressivo do trabalho, com faltas frequentes;
·
Dificuldade
de relacionamento social e familiar.
QUARTA
FASE:
·
Fase
problemática, com dependência física e emocional;
·
Bebe-se
muito pouco, menos que na primeira fase;
·
Inicia-se
a atrofia do cérebro;
·
O
alcoólatra pode ter delírios, não tem interesse pela sua vida e nem por
atividades de lazer;
·
Nervosismo;
apatia; insônia; causa tremores generalizados por períodos excessivamente
longos, com problemas físicos e emocionais extremos.
Efeitos
Efeitos
Orgânicos
·
A
esofagite e a gastrite alcoólica podem ser intensas;
·
Queimação
na porção alta do abdômen e no peito ocorrem e se acentuam com a alimentação;
·
As
úlceras do estômago e do duodeno também tem uma incidência maior;
·
O
doente alcoólico sofre a ação direta do álcool nas mucosas do aparelho
digestivo;
·
É
mais propenso ao câncer da boca, da língua, da garganta, do esôfago, estômago,
pâncreas e dos intestinos;
·
O
álcool é absorvido no estômago e age em diversos órgãos levando às disfunções
progressivas e graves;
·
Ele
afeta o cérebro levando a um quadro demencial precoce, confusão mental extrema,
delírios e alucinações aterradoras;
·
O
coração fica dilatado, perdendo a sua função de bomba e pode provocar severas
arritmias cardíacas, inchaço dos pés e intensa falta de ar;
·
O
comprometimento do pâncreas leva à uma disfunção do órgão que pode ocasionar o
diabetes e pode levar a uma insuficiência na produção das enzimas digestivas,
ocasionando uma má absorção intestinal, com 20 a 30 episódios diários de
diarreias;
·
A
pancreatite crônica, que leva a uma destruição deste órgão vital;
·
A
dor abdominal é intensa e ocorrem náuseas e vômitos frequentes;
·
O
fígado afetado pelo álcool vai tendo o seu tecido normal substituído,
inicialmente por gordura e posteriormente por fibrose e vai perdendo a sua
função normal gerando a insuficiência hepática;
·
A
doença hepática é irremediavelmente progressiva;
·
Os
olhos ficam amarelos, é a icterícia, que é o prenúncio de uma fase de muito
sofrimento para o doente e aos seus familiares;
·
Ocorre
confusão mental, agitação intensa;
·
O
coma hepático precede a morte;
·
O
acometimento do fígado, com a cirrose evoluindo rapidamente, leva a uma
dificuldade na passagem do sangue através das veias porta e cava;
·
O
mesmo ficando represado leva ao acúmulo de líquidos na barriga (ascite), ao
aumento do baço (esplenomegalia), aparecimento de veias dilatadas no abdômen e
ao aumento do fígado e do coração;
·
Aumento
das mamas, pés inchados, lesões hemorrágicas na pele, perda de pelos e atrofia
testicular;
·
As
varizes do esôfago ocorrem devido ao aumento da pressão venosa pela dificuldade
de passagem do sangue pelas veias hepáticas;
·
Quando
ocorre a ruptura destas varizes, os doentes podem sangrar até a morte através
de vômitos contendo sangue vivo e de fezes com melena (sangue digerido);
Observando
a porcentagem de álcool nas bebidas compare o nível de etanol no sangue
relacionando-o aos sintomas de intoxicação que o mesmo provoca no organismo.
Blackout Alcóolico
Algo
semelhante à síndrome amnésica pode ser observado em casos de blackout alcóolico,
no qual a pessoa manifesta amnésia sem perda da consciência. O indivíduo intoxicado
pode manter uma conversação ou executar outros atos normalmente, mas, após ficar
sóbrio, não terá memória do episódio. Blackouts são observados em dependentes crônicos,
embora possam ocorrer em não dependentes que tenham se intoxicado intensamente.
De qualquer modo, essa situação tem maior probabilidade de ocorrer quando a pessoa
ingere grandes quantidades de álcool rapidamente, especialmente se estiver muito
cansada ou com fome.
Embora
exista a ideia de que a memória retorna quando a pessoa para de beber, pesquisas
de laboratório indicam claramente que as lembranças perdidas em um episódio de blackout
são irrecuperáveis e que, portanto, a amnésia representa um déficit em codificação.
Síndrome
de Korsakoff
A
síndrome de Korsakoff - encefalopatia induzida por álcool - é um estado grave
de amnésia, onde podem aparecer confabulação e incapacidade de registrar novos traços
de memória, levando o paciente a uma situação paradoxal, em que ele pode executar
atos complexos aprendidos antes da doença, mas não consegue aprender outros mais
simples e novas habilidades.
Quando
a amnésia é causada por alcoolismo, torna-se uma doença progressiva e haverá problemas
neurológicos, tais como movimentos descoordenados e perda de sensação nos dedos
das mãos e dos pés. Quando esses problemas ocorrem, em geral, é muito tarde para
começar a parar de beber.
Tratamento
Os
objetivos do tratamento da síndrome de abstinência do álcool são:
·
O
alívio dos sintomas existentes;
·
A
prevenção do agravamento do quadro com convulsões e delirium;
·
A
possibilidade de que o tratamento adequado da SAA possa prevenir a ocorrência
de síndromes de abstinência mais graves no futuro.
·
A
vinculação e o engajamento do paciente no tratamento da dependência
propriamente dita;
Planejamento
geral do tratamento
Serão
considerados três níveis de atendimento, com complexidade crescente:
·
Tratamento
ambulatorial;
·
Internação
domiciliar;
·
Internação
hospitalar.
O
tratamento pode ser dividido em:
·
Não
farmacológico;
·
Farmacológico.
Esse último pode ser subdividido em:
·
Tratamento
farmacológico clínico (como a reposição de vitaminas);
·
Psiquiátrico
(uso de substâncias psicoativas).
Dentre
as medidas do tratamento não farmacológico, destacamos o monitoramento frequente
do paciente; tentativas de propiciar um ambiente tranquilo, não estimulante, com
luminosidade reduzida; fornecimento de orientação (com relação a tempo, local, pessoal
e procedimentos); limitação de contatos pessoais; atenção à nutrição e à reposição
de fluidos; e manutenção dos cuidados e encorajamento positivo.
Embora
haja consenso sobre a necessidade da reposição de vitaminas (sobretudo a tiamina)
durante o tratamento da SAA, ainda existe controvérsia a respeito de doses preconizadas
e mesmo quais as vitaminas a serem repostas.
Dentre
os psicofármacos utilizados, os benzodiazepínicos são a medicação de primeira escolha
para o controle dos sintomas da SAA. De modo geral, os compostos de ação longa são
preferíveis. Esquemas de administração são planejados de acordo com a intensidade
dos sintomas, pois permitem uma utilização de doses menores de medicação, quando
comparados aos esquemas posológicos fixos. Ou seja, deve-se buscar a dose adequada
para a intensidade de sintomas de cada paciente.
Tratamento
ambulatorial
Ao
receber o paciente, a atitude do profissional de saúde deve ser acolhedora, empática
e sem preconceitos. O tratamento da SAA (quadro agudo) é um momento privilegiado
para motivar o paciente para o tratamento da dependência (quadro crônico). Deve-se
esclarecer a família e, sempre que possível, o próprio paciente sobre os sintomas
apresentados, sobre os procedimentos a serem adotados e sobre as possíveis evoluções
do quadro.
Deve
ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado a níveis mais intensivos
de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos de evolução desfavorável
do quadro.
Abordagem
não farmacológica
·
Orientação
da família e do paciente quanto à natureza do problema, tratamento e possível
evolução do quadro;
·
Propiciar
ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
·
A
dieta é livre, com atenção especial à hidratação;
·
As
consultas devem ser marcadas o mais brevemente possível para reavaliação.
Abordagem
farmacológica
·
Reposição
vitamínica;
·
Ansiolíticos
e Antidepressivos.
Ocorrendo
falha (recaída ou evolução desfavorável) dessas abordagens, a indicação de ambulatório
deve ser revista, com encaminhamento para modalidades de tratamento mais intensivas
e estruturadas.
Internação
domiciliar
O
paciente deve permanecer restrito em sua moradia, com a assistência dos familiares.
Idealmente, o paciente deverá receber visitas frequentes de profissionais de saúde
da equipe de tratamento. Deve ser propiciado ao paciente e à família o acesso facilitado
a níveis mais intensivos de cuidados (serviço de emergência, internação) em casos
de evolução desfavorável do quadro.
Abordagem
não farmacológica
·
A
orientação da família deve ter ênfase especial em questões relacionadas à
orientação têmporo-espacial e pessoal, níveis de consciência, tremores e
sudorese;
·
Propiciar
ambiente calmo, confortável e com pouca estimulação audiovisual;
·
A
dieta é leve, desde que tolerada, com atenção especial à hidratação;
·
Visitas
devem ser restritas, assim como a circulação do paciente.
Abordagem
farmacológica
·
Reposição
vitamínica;
·
Ansiolíticos
e Antidepressivos.
Tratamento
hospitalar
Essa
modalidade é aconselhada para os casos mais graves, que requerem cuidados mais intensivos.
Deve ser dada atenção especial à hidratação e correção de distúrbios metabólicos
(eletrólitos, glicemia, reposição vitamínica). Em alguns casos, a internação parcial
(hospital dia ou noite) pode ser indicada, e, nesses casos, a orientação familiar
sobre a necessidade de comparecimento diário deve ser reforçada e a retaguarda para
emergências deve ser bem esclarecida.
Abordagem
não farmacológica
·
Monitoramento
do paciente deve ser frequente, com aplicação da escala Clinical Institute
Withdrawal Assessment for Alcohol, Revised – CIWA-Ar que orienta a avaliação do
paciente em relação à gravidade da SAA e a necessidade de administração de
medicamentos.
·
A
locomoção do paciente deve se restrita;
·
As
visitas devem ser limitadas, pois o ambiente de tratamento deve ser calmo, com
relativo isolamento, de modo a ser propiciada uma redução nos estímulos
audiovisuais;
·
A
dieta deve ser leve;
·
Pacientes
com confusão mental devem permanecer em jejum, pois existe o risco de aspiração
e complicações respiratórias. Nesses casos, deve ser utilizada a hidratação.
Contenção
física
Os
pacientes agitados que ameaçam violência devem ser contidos, se não forem suscetíveis
à intervenção verbal. A contenção deve ser feita por pessoas treinadas, preferivelmente
com quatro ou cinco pessoas. É muito importante explicar ao paciente o motivo da
contenção.
Abordagem
farmacológica
·
Reposição
vitamínica;
·
Ansiolíticos
e Antidepressivos.
Manejo
das complicações
Convulsões
A
maioria das crises é do tipo tônico-clônica generalizada. As crises convulsivas
correspondem a uma manifestação relativamente precoce da SAA, mais de 90% ocorrem
até 48 horas após a interrupção do uso de álcool (pico entre 13 e 24 horas) e estão
associadas com a evolução para formas graves de abstinência. Cerca de 1/3 dos pacientes
que apresentam crises evoluem para delirium tremens, se não forem tratados.
Em 40% dos casos, as crises ocorrem isoladamente. Nos pacientes que apresentam mais
de uma crise, elas ocorrem geralmente em número limitado.
Delirium
Tremens
Forma
grave de abstinência, geralmente iniciando-se entre 1 a 4 dias após a interrupção
do uso de álcool, com duração de até três ou quatro dias. É caracterizado por rebaixamento
do nível de consciência, com desorientação, alterações sensoperceptivas, tremores
e sintomas autonômicos (taquicardia, elevação da pressão arterial e da temperatura
corporal).
Alucinose
alcoólica: quadro alucinatório predominantemente
auditivo, com sons do tipo cliques, rugidos, barulho de sinos, cânticos e vozes.
As alucinações podem ser também de natureza visual e tátil. Os pacientes podem apresentar
medo, ansiedade e agitação em decorrência dessas experiências. Uma característica
peculiar desse tipo de fenômeno é que ocorre na ausência de rebaixamento do nível
de consciência e evolui sem alterações autonômicas óbvias.
Tipos
de Interações
Álcool
e outras drogas depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC)
São
depressores do SNC: barbitúricos, sedativos não barbitúricos, benzodiazepínicos
e opioides narcóticos. O álcool, quando combinado a outras drogas depressoras pode
levar a um aumento da sedação por uma adição do efeito da droga. Outros efeitos
podem incluir a depressão de funções respiratórias ou cardíacas que podem resultar
em perda da consciência e morte.
Interação
de álcool com
Benzodiazepínicos
O
álcool aumenta a taxa de absorção dos medicamentos benzodiazepínicos o que pode
levar a um aumento do efeito depressor que este tipo de medicamento tem sobre o
cérebro. Os efeitos mais importantes desta iteração são: sedação, diminuição dos
reflexos, descoordenação, e prejuízo da memória. Os riscos desta associação são
os relacionados às tarefas que envolvem coordenação de motora e concentração como
dirigir um veículo ou operar uma máquina.
Analgésicos
Analgésicos
como paracetamol e aspirina são utilizados para o alívio de dores moderadas, se
utilizados juntamente ao álcool podem levar a um prejuízo da mucosa gástrica e aumentar
o tempo de sangramento. Os analgésicos também podem conter codeína e anti-histamínicos
que ao interagir com o álcool levam à sonolência. Quando o álcool é combinado a
opiáceos como morfina, heroína, codeína ou metadona pode haver um aumento da função
depressora do SNC destas drogas. Aproximadamente um quarto das mortes de indivíduos
que fazem uso de opiáceos se dá em decorrência da interação com o álcool. O álcool
quando ingerido juntamente à aspirina pode levar a um prolongamento do tempo de
sangramento e irritação da mucosa gástrica.
Barbitúricos
Quando
o álcool é ingerido juntamente a barbitúricos pode ocorrer uma intensa depressão
do SNC, com prejuízo de coordenação e da psicomotricidade. O risco de overdose é
muito alto, esta combinação pode levar a uma redução no nível de consciência e parada
respiratória.
Outras
drogas depressoras
A
Maconha não é necessariamente um agente depressor do SNC, pois também possui características
alucinógenas, no entanto, quando usado em combinação com o álcool pode prejudicar
as funções motoras e intelectuais do indivíduo. Pouco se sabe a respeito da interação
do álcool com substâncias voláteis, porém um efeito aditivo é provável.
Álcool
e drogas estimulantes
Drogas
estimulantes como anfetamina e cocaína, quando usadas juntamente ao álcool fazem
com que o indivíduo necessite de doses muito maiores de álcool para que este se
sinta intoxicado. Algumas pessoas acreditam que o uso do álcool juntamente à cocaína
ajuda minimizar os efeitos desagradáveis desta o que é um erro enorme.
Álcool
e drogas alucinógenas
Há
poucas informações sobre a interação de alucinógenos com álcool. Porém, sabe-se
que a mistura do álcool com alucinógenos é imprevisível e os efeitos de ambas as
drogas pode ser intensificado.
Álcool
e medicamentos controlados
Há
alguns antibióticos que reagem com o álcool. O uso combinado pode levar a cefaléia
e náuseas. O Álcool também pode diminuir a eficácia de antibióticos e drogas antivirais.
A interação de álcool e anti-histamínicos parece prejudicar o desempenho psicomotor.
Algumas drogas anti-inflamatórias quando combinadas ao álcool podem levar a um aumento
significativo do tempo de sangramento.
Alcoolismo
feminino
Porque
as mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool?
As
mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool. Vários estudos tem mostrado esta
predominância, porém sem determinar a causa exata. Sabe-se que as mulheres têm níveis
menores de uma enzima conhecida como desidrogenase lática. Esta enzima é responsável
pela "digestão" do álcool diminuindo a quantidade de álcool que chega
a corrente sanguínea. Por isso, a maioria das mulheres sente mais os efeitos do
álcool mesmo quando com menor quantidade ingerida, se comparada com um homem. A
enzima desidrogenase láctica (LDH) está presente em muitos tecidos, especialmente
no coração, fígado, rins, músculos do esqueleto, células do cérebro e dos pulmões.
Smith-Warner
et al. (1998), analisando seis estudos de corte conduzidos em quatro países distintos,
investigaram a associação entre o risco do câncer de mama do tipo invasivo e o consumo
de álcool. Mais de 300 mil mulheres avaliadas por até 11 anos foram incluídas no
estudo, com cerca de 4.300 diagnosticadas de câncer mamário. A quantidade, bem como
o tipo de bebida alcoólica consumida pela grande maioria das pacientes, não interferiu
no aumento do risco relativo para câncer de mama. Entre aquelas que bebiam em maior
quantidade e frequência, entretanto, o aumento do consumo esteve linearmente relacionado
com o aumento do risco para câncer, assim como a redução do consumo alcoólico interferiu
positivamente na diminuição do mesmo risco. Mulheres habituadas a ingerir de 2,5
a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de
mama. Esse risco aumenta 9% para cada 10 gramas de álcool (cerca de um drinque)
diárias.
Alcoolismo
e osteoporose
Outro
aspecto importante do consumo crônico de álcool pelas mulheres é a sua relação com
a osteoporose. Considera-se que a osteoporose resulta do desequilíbrio de um complexo
sistema, mantido por vários fatores nutricionais, hormonais e metabólicos. As
dependentes de álcool apresentam frequentemente hipocalcemia, hipomagnesemia e hipoparatireodismo,
acarretando disfunções que levam à osteoporose. O efeito inibidor da remodelação
óssea do álcool é fenômeno bem conhecido em ambos os sexos. Mulheres com menos de
sessenta anos que tomam de dois a seis drinques por dia têm risco maior de fratura
de colo de fêmur e de antebraço.
Doenças
Cardiovasculares
A
análise dos dados de dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no “Nurses’ Health
Study” revelou que tomar dois ou três drinques diários aumenta o risco de surgir
hipertensão arterial em 40% e a probabilidade de acontecer derrame cerebral hemorrágico.
Nas mulheres que bebem mais do que três drinques por dia o risco de hipertensão
arterial duplica. Mulheres que abusam de álcool desenvolvem também miocardiopatias
mesmo usando doses mais baixas do que os homens.
Distúrbios
Psiquiátricos
Todos
eles são mais prevalentes em mulheres que abusam de álcool do que em homens que
o fazem e do que em mulheres abstêmias. A única patologia mais frequente no alcoolismo
masculino é a personalidade antissocial. A prevalência de depressão em mulheres
que abusam de álcool é de 30% a 40%. Estudos demonstram que a maior parte dessas
mulheres bebe como forma de se livrar dos sintomas associados a quadros de depressão
primária. Anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das que abusam de álcool.
Mulheres que abusam de álcool tentam o suicídio quatro vezes mais frequentemente
do que as abstêmias.
Consequências
Psicossociais
Problemas
familiares são mais comuns entre mulheres que abusam de álcool (entre os homens
são os problemas legais e aqueles relacionados com o trabalho). O alcoolismo torna
as mulheres mais sujeitas a agressões físicas. Mulheres que consomem quantidades
exageradas de álcool geralmente vivem com parceiros que também abusam da bebida.
Consequências
para o feto
A
ingestão de álcool durante a gravidez pode provocar distúrbios fetais que vão, do
retardo de desenvolvimento, à chamada síndrome alcoólica fetal, caracterizada por
anormalidades físicas comportamentais e cognitivas. Consumo de álcool durante a
gravidez é considerado a principal causa evitável dessas anormalidades na infância.
Filhos
de alcoólatras podem apresentar perturbações do seu comportamento, tais como hiperatividade,
dificuldades de linguagem e de aprendizagem, descoordenação de movimentos, desenvolvimento
emocional retardado e atraso mental. Os sintomas da SAF tanto podem ser leves como
extremamente sérios. Variam desde a falta de capacidade de concentração, o que se
torna evidente na idade escolar, às dramáticas malformações e anomalias acima mencionadas.
À
medida que as crianças crescem, a maior parte das anomalias externas desaparece.
Contudo, as deficiências mentais subsistem na maioria dos casos. Estudos cobrindo
o período do nascimento à adolescência e levados a cabo em crianças que sofrem do
SAF provam os fatos expostos. Dez anos mais tarde, dois terços das crianças estavam
atrasados ou eram deficientes mentais. Mais de 80% não conseguiram completar a escolaridade.
As
doze doenças mais comuns causadas pelo álcool
Anemia
A
bebida pesada pode fazer com que as células vermelhas que transportam oxigênio apresentem
um número anormalmente baixo. Esta condição, conhecida como anemia, pode provocar
uma série de sintomas, inclusive a fadiga, respiração ofegante, e frivolidade.
Câncer
Beber
de forma habitual aumenta o risco do câncer. Os cientistas acreditam que o aumento
do risco vem quando o corpo converte o álcool em acetaldeído, um carcinógeno potente.
Os tipos de câncer relacionados ao consumo de álcool incluem a boca, faringe (garganta),
esôfago, fígado, pulmão, e região colorrectal. O risco de câncer aumenta ainda mais
quando associado ao vicio de fumar.
Doença
cardiovascular
A
bebida pesada faz com que as plaquetas se agrupem formando coágulos de sangue, que
podem levar a um ataque de coração. Em um estudo importante publicado em 2005, os
pesquisadores de Harvard descobriram que a bebida dobrou o risco da morte entre
aqueles que inicialmente sobreviveram a um ataque de coração.
A
bebida pesada também pode causar cardiomiopatias, uma condição potencialmente mortal
na qual o músculo de coração se enfraquece e consequentemente falha, bem como anormalidades
de ritmo de coração como fibrilação atrial e ventricular. A fibrilação atrial na
qual as câmaras superiores do coração tenham contrações caóticas perdendo o ritmo
cardíaco e podendo causar coágulos que podem provocar um infarto. A fibrilação ventricular
ocorre da mesma maneira nos ventrículos. Causa a perda rápida da consciência e,
a ausência de tratamento imediato, morte súbita.
Cirrose
O
álcool é muito tóxico para as células de fígado, e muitos bebedores pesados desenvolvem
a cirrose, uma condição às-vezes-letal na qual o fígado está tão lesionado que não
é mais capaz de funcionar. Por alguma razão pouco conhecida as mulheres parecem
ser mais vulneráveis ao álcool no aparecimento da cirrose. Uma grande porção do
álcool ingerido é processada pelo fígado. É importante notar que o fígado tem uma
taxa fixa de como digerir o álcool, então se o fígado for forçado demais, doenças
e disfunções podem resultar, fazendo com que o fígado seja o principal local de
dano do álcool. Dano hepático pode ocorrer em três fases:
A
primeira fase é a dilatação do fígado, na qual as células são perfuradas pelo tecido
adiposo anormal. A segunda etapa é a hepatite alcoólica, na qual as células hepáticas
incham, inflamam e eventualmente morrem. O terceiro estágio é a cirrose, na qual
tecidos de cicatriz fibrosos são formados, atrapalhando o fluxo do sangue através
do fígado.
Demência
À
medida que as pessoas envelhecem, os seus cérebros “encolhem” em média 1.9 % por
década. Isto é considerado normal. Mas a bebida pesada apressa-se o encolhimento
de certas regiões-chave no cérebro, resultando em perda de memória e outros sintomas
de demência.
A
bebida pesada também pode levar a déficits sutis, mas potencialmente debilitadores
da capacidade de planejar, julgar, resolver problemas, e executar outros aspectos
das funções executivas, que são as capacidades de mais alta ordem que permitem que
nós maximizemos a nossa função como seres humanos. Além da demência 'não específica'
que se origina da atrofia cerebral, a bebida pesada pode causar deficiências nutritivas
tão severas que provocam outras formas da demência.
Depressão
Sabe-se
de muito tempo que a bebida pesada muitas vezes anda de mãos dadas com a depressão,
mas muito se debate sobre qual vem primeiro - a bebida ou a depressão. Uma teoria
diz que pessoas deprimidas buscam o álcool numa tentativa de se ‘automedicar' para
aliviar a dor emocional. Outro grande estudo da Nova Zelândia mostra o caminho inverso.
Beber demais leva à depressão.
Convulsões
A
bebida pesada pode causar a epilepsia e provocar convulsões além de interferir de
forma grave com as medicações para tratar essas doenças.
Gota
Uma
condição dolorosa, a gota é causada pela formação de cristais de ácido úrico nas
juntas. Embora alguns casos sejam basicamente hereditários, o álcool e outros fatores
dietéticos parecem desempenhar um papel importante no seu surgimento. O álcool com
certeza agrava casos já instalados de gota.
Pressão
Alta
O
álcool pode interromper o sistema nervoso simpático, que, entre outras coisas, controla
a contração e a dilatação dos vasos sanguíneos em resposta a stress, temperatura,
esforço, etc. A bebida pesada pode causar pressão alta. Com o tempo e o uso contínuo
de álcool essa doença fica crônica e leva a muitos outros problemas de saúde, inclusive
doença dos rins e do coração.
Doença
contagiosa
A
bebida pesada suprime o sistema imune, abrindo a porta para que se instalem infecções,
inclusive tuberculose, pneumonia, AIDS, e outras doenças sexualmente transmitidas
(inclusive algumas que causam infertilidade). Pessoas alcoolizadas se expõem com
maior frequência ao sexo de risco aumentando em pelo menos três vezes a possibilidade
de contrair uma doença sexualmente transmitida.
Neuropatia
A
bebida pesada pode causar uma forma do dano de nervo conhecido como neuropatia alcoólica,
que pode produzir pontadas ou alfinetadas dolorosas que se sentem pelo corpo, torpor
nas extremidades, bem como fraqueza muscular, incontinência, constipação, disfunção
erétil, e outros problemas. A neuropatia alcoólica pode surgir porque o álcool é
muito tóxico para as células nervosas ou devido a deficiências nutritivas atribuíveis
à bebida pesada.
Pancreatite
Além
de causar irritação de estômago (gastrite), a bebida pode inflamar o pâncreas. Pancreatite
crônica, causando dor abdominal severa e diarreia persistente - e 'não é curável.
Alguns casos de pancreatite crônica são provocados por cálculos biliares, mas em
mais de 60% dos casos, devido ao consumo de álcool.
Orientação
familiar
Educação
em saúde é fundamental para assegurar não só o entendimento do cliente, como também
de sua família, sobre os problemas relacionados ao uso crônico de álcool. Assim
como é imprescindível a orientação do paciente sobre o seu problema, a família,
parte integrante dessa disfunção, precisa ser informada e encaminhada para um tratamento
mais intensivo, se necessário. Em qualquer dos níveis de comprometimento que o indivíduo
apresente, é essencial trabalhar os conceitos de síndrome de dependência e abstinência
alcoólica, com objetivo claro de desenvolver, nesse sistema familiar, a análise
crítica sobre seu papel nesse transtorno, como também promover sua mudança de pensamento
e comportamento. Trabalhar a autoestima e a importância da desintoxicação, assim
como a prevenção da recaída, são estratégias a serem adotadas nessa fase inicial
do tratamento, não só com o paciente, como também com seu sistema familiar e social.
Como
falar sobre álcool com os filhos?
Reconhecendo
que os pais exercem grande influência sobre o consumo precoce dos filhos, foram
desenvolvidas algumas dicas para conversar sobre o assunto em casa. A idade ideal
para começar a falar sobre os efeitos do álcool é a partir dos nove anos de idade.
·
Dê
o exemplo: Se você bebe, não cometa exageros. Não se gabe por beber, nem menospreze
aqueles que não bebem. Não dirija embriagado, nem seja tolerante com quem o faz.
Se você não bebe, converse sobre o álcool e explique o que motivou sua opção.
·
Seja
realista: Apresente fatos concretos. Como os jovens se consideram indestrutíveis,
os efeitos imediatos da bebida são os principais argumentos. Ensine que o álcool
atrapalha o desenvolvimento físico e que as crianças ficam.