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9/06/2011

Alcoolismo: Vício, Delírio e Morte



Lúcia Helena Salvetti de Cicco
Editora Chefe

Um motorista embriagado, mesmo que se sinta lúcido, terá seus reflexos psicomotores desorganizados, por isso é um suicida e um criminoso em potencial, ainda que involuntário. O modo como o álcool afeta o comportamento humano varia de indivíduo para indivíduo. Mas pode-se saber as diferentes taxas de concentração de álcool no sangue e os efeitos que ela causa.
No Brasil as leis de trânsito (resolução 476 de 1974) consideram dirigir em estado de embriaguez, quando o nível de álcool no sangue (alcoolemia) for igual ou superior a 0,8g/l ou o nível de ar exalado (no bafômetro) for 0,00038g/l.

As porcentagens de álcool encontradas nas bebidas mais comuns são:

Cerveja (baixo teor)
0,2 a 2
Cerveja (médio teor)
2 a 4,2
Cerveja (alto teor)
4,2 a 7
Vinho de mesa
10 a 13
Champanhe
10 a 13
Licores
18 a 24
Compostos
12 a 20
Uísque
36 a 42
Conhaque
36 a 42
Bagaceira
38 a 42
Brandy
32 a 40
Rum
40 a 41
Vodka
40 a 41
Gin
40 a 47
Tequila
40 a 46
Pina colada
24 a 42
Pinga
24 a 45 ou mais

Uma dose aproximadamente de 1 ml/kg de etanol absoluto (92 a 99% etanol) geralmente resulta em níveis no sangue de 100 a 120mg/dl. Uma concentração no sangue entre 120 a 300mg/dl já determina sinais e sintomas.

Veja na tabela abaixo a comparação de sintomas apresentados por bebedores esporádicos e alcoólicos crônicos de acordo com a variação das concentrações sangüíneas de etanol:

Concentração de etanol (mg/dl)
Bebedores esporádicos
Bebedores crônicos
60
Euforia
Sem efeitos observados
72
Gregário e falante
Normalmente sem efeito
100
Sem coordenação; legalmente intoxicado
Sinais mínimos
122 - 120
Descontrole episódico, comportamento liberado
Euforia agradável ou início de incoordenação
200 - 220
Perda do estado de alerta, letargia
Necessidade de esforço para manter controle emocional e motor
300 - 320
Torpor ou coma
Sonolência e letargia
Mais de 320
Alguns morrerão
Coma

* A tabela abaixo relaciona os níveis de etanol sangüíneo e sinais e sintomas de intoxicação:

Nível de etanol sangüíneo
Nível de intoxicação
20mg/dl
Leve: diminuição da inibição, leve incoordenação
100mg/dl
Leve-moderação: diminuição das reações, alteração das habilidades sensoriais, inabilitado para dirigir
120mg/dl
Intoxicação legal: alteração da personalidade, mudança de comportamento
200mg/dl
Intoxicação moderada: náusea, vômito, confusão mental, andar cambaleante
300mg/dl
Intoxicação moderada - severa: fala arrastada, diminuição sensorial, distúrbios visuais
400mg/dl
Severa: hipotermia, hipoglicemia, perda do controle muscular, perda da memória, convulsões
700mg/dl
Potencialmente letal: inconsciência, diminuição dos reflexos, falência respiratória, morte

Portanto, não há nenhuma vantagem em beber e dirigir: isso não prova a habilidade de ninguém, pode apenas comprovar a ignorância sobre os efeitos do álcool  no organismo. Como os centros cerebrais do julgamento lógico são os primeiros a serem afetados pelas bebidas, uma pessoa que bebe quase sempre pensa estar agindo mais sobriamente do que na realidade está.

A Famosa Ressaca

A palavra ressaca é usada para descrever diferentes efeitos posteriores à ingestão de bebidas alcoólicas. O mais comum deles é a dor de cabeça. A maioria das dores de cabeça de ressaca é talvez causada pelo abuso de fumo que geralmente acompanha as noitadas alegres e pelo fato de que os locais em que se bebe são freqüentemente pouco ventilados e cheios de fumaça.

O segundo componente de uma ressaca é o enjôo, o estômago embrulhado. Sua causa é a irritação do revestimento do estômago provocada pelo álcool. Esse efeito pode ser reduzido se a pessoa come durante ou antes de começar a beber. Os alimentos apenas diluem as bebidas, tornando-as menos irritantes para o estômago, como também atrasam a absorção do álcool na corrente sangüínea.

Quase sempre, uma ressaca é uma combinação de dor de cabeça, náuseas, tontura e letargia (sono profundo). A maioria desses sintomas resulta da desidratação. O corpo torna-se desidratado depois de uma bebedeira porque o álcool é diurético: estimula os rins a filtrarem a água do sangue. Assim, uma pessoa que bebe elimina mais água na urina do que a quantidade que ingere.

Se uma pessoa toma 3 litros de cerveja durante uma noite, ela urina mais de 3 litros de água. Na manhã seguinte seu corpo estará desidratado e o engrossamento do fluido sangüíneo terá ampliado a concentração de vários sais minerais.

As Conseqüências Drásticas do Alcoolismo

Os principais sintomas do alcoolismo são a deterioração psicológica e física do viciado. À medida que a deterioração psicológica avança, o indivíduo vai perdendo sua capacidade mental, torna-se descuidado e impontual e não pode concentrar-se suficientemente para terminar um trabalho que não gosta de fazer.

A deterioração física freqüentemente começa por tornar gordo e flácido o alcoólatra, mas, nos últimos estágios da doença, ele pode perder peso rapidamente, devido à subnutrição e os efeitos do álcool no fígado. Quanto mais álcool é ingerido, mais irritado se torna o revestimento do estômago e dos intestinos, as células do fígado morrem e são substituídas por um tecido fibroso (cirrose hepática), a nutrição inadequada pode afetar os músculos cardíacos e os nervos dos braços e pernas. Além disso, como sua resistência orgânica é enfraquecida pelo álcool, os alcoólatras tendem à pneumonia e à tuberculose e a qualquer outro tipo de infecção.

Talvez o mais conhecido dos sintomas do alcoolismo seja o delirium tremens - uma série de alterações agudas e subagudas que ocorrem nos alcoólatras crônicos. Começa com agitação e insônia e se desenvolve em delírio depois de um ou dois dias. Seus sinais mais terríveis são as alucinações que freqüentemente tomam a forma de animais, dos quais a vítima tenta fugir.

O único tratamento realmente efetivo para o alcoolismo é fazer com que o viciado deixe de beber. Os métodos clínicos incluem drogas que, quando ingeridas, provocam no viciado aversão ao álcool. Mas o sucesso dos tratamentos depende muito da decisão do alcoólatra em deixar o vício. Unicamente uma questão de força de vontade que médicos clínicos e psiquiatras podem ajudar.

Informações fornecidas pelo Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp

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