Lúcia Helena Salvetti de Cicco
Editora Chefe 
Um motorista embriagado, mesmo que se sinta lúcido, terá seus reflexos psicomotores desorganizados, por isso é um suicida e um criminoso em potencial, ainda que involuntário. O modo como o álcool afeta o comportamento humano varia de indivíduo para indivíduo. Mas pode-se saber as diferentes taxas de concentração de álcool no sangue e os efeitos que ela causa.
No Brasil as leis de trânsito (resolução 476 de 1974) consideram dirigir em estado de embriaguez, quando o nível de álcool no sangue (alcoolemia) for igual ou superior a 0,8g/l ou o nível de ar exalado (no bafômetro) for 0,00038g/l.
As porcentagens de álcool encontradas nas bebidas mais comuns são:
|     Cerveja   (baixo teor)  |        0,2   a 2  |   
|     Cerveja   (médio teor)  |        2   a 4,2  |   
|     Cerveja   (alto teor)  |        4,2   a 7  |   
|     Vinho   de mesa  |        10   a 13  |   
|     Champanhe  |        10   a 13  |   
|     Licores  |        18   a 24  |   
|     Compostos  |        12   a 20  |   
|     Uísque  |        36   a 42  |   
|     Conhaque  |        36   a 42  |   
|     Bagaceira  |        38   a 42  |   
|     Brandy  |        32   a 40  |   
|     Rum  |        40   a 41  |   
|     Vodka  |        40   a 41  |   
|     Gin  |        40   a 47  |   
|     Tequila  |        40   a 46  |   
|     Pina   colada  |        24   a 42  |   
|     Pinga  |        24   a 45 ou mais  |   
Uma dose aproximadamente de 1 ml/kg de etanol absoluto (92 a 99% etanol) geralmente resulta em níveis no sangue de 100 a 120mg/dl. Uma concentração no sangue entre 120 a 300mg/dl já determina sinais e sintomas.
Veja na tabela abaixo a comparação de sintomas apresentados por bebedores esporádicos e alcoólicos crônicos de acordo com a variação das concentrações sangüíneas de etanol:
|     Concentração   de etanol (mg/dl)  |        Bebedores   esporádicos  |        Bebedores   crônicos  |   
|     60  |        Euforia  |        Sem   efeitos observados  |   
|     72  |        Gregário   e falante  |        Normalmente   sem efeito  |   
|     100  |        Sem   coordenação; legalmente intoxicado  |        Sinais   mínimos  |   
|     122   - 120  |        Descontrole   episódico, comportamento liberado  |        Euforia   agradável ou início de incoordenação  |   
|     200   - 220  |        Perda   do estado de alerta, letargia  |        Necessidade   de esforço para manter controle emocional e motor  |   
|     300   - 320  |        Torpor   ou coma  |        Sonolência   e letargia  |   
|     Mais   de 320  |        Alguns   morrerão  |        Coma  |   
* A tabela abaixo relaciona os níveis de etanol sangüíneo e sinais e sintomas de intoxicação:
|     Nível   de etanol sangüíneo  |        Nível   de intoxicação  |   
|     20mg/dl  |        Leve: diminuição da inibição, leve   incoordenação  |   
|     100mg/dl  |        Leve-moderação: diminuição das   reações, alteração das habilidades sensoriais, inabilitado para dirigir  |   
|     120mg/dl  |        Intoxicação legal: alteração da   personalidade, mudança de comportamento  |   
|     200mg/dl  |        Intoxicação moderada: náusea, vômito,   confusão mental, andar cambaleante  |   
|     300mg/dl  |        Intoxicação moderada - severa: fala   arrastada, diminuição sensorial, distúrbios visuais  |   
|     400mg/dl  |        Severa: hipotermia, hipoglicemia,   perda do controle muscular, perda da memória, convulsões  |   
|     700mg/dl  |        Potencialmente letal: inconsciência,   diminuição dos reflexos, falência respiratória, morte  |   
Portanto, não há nenhuma vantagem em beber e dirigir: isso não prova a habilidade de ninguém, pode apenas comprovar a ignorância sobre os efeitos do álcool  no organismo. Como os centros cerebrais do julgamento lógico são os primeiros a serem afetados pelas bebidas, uma pessoa que bebe quase sempre pensa estar agindo mais sobriamente do que na realidade está.
A Famosa Ressaca 
A palavra ressaca é usada para descrever diferentes efeitos posteriores à ingestão de bebidas alcoólicas. O mais comum deles é a dor de cabeça. A maioria das dores de cabeça de ressaca é talvez causada pelo abuso de fumo que geralmente acompanha as noitadas alegres e pelo fato de que os locais em que se bebe são freqüentemente pouco ventilados e cheios de fumaça.
O segundo componente de uma ressaca é o enjôo, o estômago embrulhado. Sua causa é a irritação do revestimento do estômago provocada pelo álcool. Esse efeito pode ser reduzido se a pessoa come durante ou antes de começar a beber. Os alimentos apenas diluem as bebidas, tornando-as menos irritantes para o estômago, como também atrasam a absorção do álcool na corrente sangüínea.
Quase sempre, uma ressaca é uma combinação de dor de cabeça, náuseas, tontura e letargia (sono profundo). A maioria desses sintomas resulta da desidratação. O corpo torna-se desidratado depois de uma bebedeira porque o álcool é diurético: estimula os rins a filtrarem a água do sangue. Assim, uma pessoa que bebe elimina mais água na urina do que a quantidade que ingere. 
Se uma pessoa toma 3 litros de cerveja durante uma noite, ela urina mais de 3 litros de água. Na manhã seguinte seu corpo estará desidratado e o engrossamento do fluido sangüíneo terá ampliado a concentração de vários sais minerais. 
As Conseqüências Drásticas do Alcoolismo 
Os principais sintomas do alcoolismo são a deterioração psicológica e física do viciado. À medida que a deterioração psicológica avança, o indivíduo vai perdendo sua capacidade mental, torna-se descuidado e impontual e não pode concentrar-se suficientemente para terminar um trabalho que não gosta de fazer.
A deterioração física freqüentemente começa por tornar gordo e flácido o alcoólatra, mas, nos últimos estágios da doença, ele pode perder peso rapidamente, devido à subnutrição e os efeitos do álcool no fígado. Quanto mais álcool é ingerido, mais irritado se torna o revestimento do estômago e dos intestinos, as células do fígado morrem e são substituídas por um tecido fibroso (cirrose hepática), a nutrição inadequada pode afetar os músculos cardíacos e os nervos dos braços e pernas. Além disso, como sua resistência orgânica é enfraquecida pelo álcool, os alcoólatras tendem à pneumonia e à tuberculose e a qualquer outro tipo de infecção.
Talvez o mais conhecido dos sintomas do alcoolismo seja o delirium tremens - uma série de alterações agudas e subagudas que ocorrem nos alcoólatras crônicos. Começa com agitação e insônia e se desenvolve em delírio depois de um ou dois dias. Seus sinais mais terríveis são as alucinações que freqüentemente tomam a forma de animais, dos quais a vítima tenta fugir.
O único tratamento realmente efetivo para o alcoolismo é fazer com que o viciado deixe de beber. Os métodos clínicos incluem drogas que, quando ingeridas, provocam no viciado aversão ao álcool. Mas o sucesso dos tratamentos depende muito da decisão do alcoólatra em deixar o vício. Unicamente uma questão de força de vontade que médicos clínicos e psiquiatras podem ajudar.
Informações fornecidas pelo Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp









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