Cola de sapateiro é uma mistura de solventes
orgânicos, entre eles o tolueno (ou o xileno), originalmente produzida para ser usada como adesivo para
couros
e borrachas,
mas indevidamente utilizada como droga psicoativa.
Mecanismo de ação e efeitos
Os solventes
que entram na composição da cola de sapateiro são lipossolúveis,
isto é, dissolvem-se em gorduras. Uma vez inalados por via oral ou respiratória, atravessam
a membrana hemato-encefálica e atingem rapidamente o cérebro,
provocando alterações do estado de consciência
que vão desde leves tonturas até fortes depressões do sistema nervoso central. Sendo altamente solúveis,
são armazenadas no tecido adiposo e no tecido cerebral.
A ação do tolueno sobre o sistema
nervoso provoca um sentimento de gratificação e entorpecimento, associado a vertigem
e tontura, que começa em poucos minutos e pode durar até quase uma hora. Muitos
usuários descrevem como sintomas a ocorrência de ilusões, sonolência, perda ou redução
de inibições, sensação de estar flutuando e eventualmente amnésia.
Reação do organismo
O metabolismo
hepático
transforma o tolueno em ácido benzoico,
eliminando-o pelos pulmões, ou mais lentamente pela urina, na forma de ácido hipúrico.
Como o organismo reage rapidamente,
gerando tolerância à dose administrada, torna-se necessário um aumento da dose para
obter o mesmo efeito na próxima vez, formando-se o ciclo da dependência.
Pesquisas recentes com tomografias
cerebrais mostraram que o tolueno absorvido pelo organismo dirige-se às mesmas regiões
do cérebro e age de maneira muito semelhante à da cocaína.
Situação legal
No Brasil, em junho de 2006, a
Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a venda de cola de sapateiro
para menores de 18 anos.
Desde 2003, tramita na Câmara Federal
um projeto de lei
visando substituir gradualmente o uso da cola de sapateiro por adesivos à base de
água. Mas a indústria calçadista brasileira argumenta que
ainda não há tecnologia para isso, e que a substituição prematura do adesivo tradicional
provocará aumento de custos, devolução de calçados defeituosos e queda nas exportações.
Quais os efeitos da inalação
da cola de sapateiro
A cola de sapateiro, um produto de baixo preço e comercializado
com facilidade, contém solvente, uma substância altamente volátil e que, por isso,
pode ser facilmente inalada, isto é, introduzida no organismo através da aspiração
pelo nariz ou pela boca.
Ela pode ser consumida involuntariamente (por trabalhadores
da indústria ou de oficinas, por exemplo), ou de forma voluntária por pessoas que
desejam sentir os seus efeitos, como estudantes ou crianças de rua que a inalam,
geralmente, para diminuir a sensação de dor, de frio e de fome.
A cola de sapateiro está classificada entre as drogas "depressoras
do sistema nervoso central" e os seus efeitos, como os dos demais inalantes
podem ser divididos em quatro fases:
1ª fase: Excitação, que é a desejada, na qual a pessoa fica mais
eufórica, ocorrendo também tonturas, perturbações auditivas e visuais, náuseas,
espirros, tosse, salivação e rubor nas faces.
2ª fase: Depressão inicial do cérebro - sistema nervoso central (SNC),
que deixa a pessoa confusa, desorientada, com a voz pastosa, a visão embaçada e
com perda de autocontrole, dor de cabeça e palidez.
3ª fase: Aprofundamento da depressão do cérebro (SNC), com redução
acentuada do estado de alerta, incoordenação ocular e motora, fala engrolada, reflexos
deprimidos, podendo haver alucinações.
4ª fase: Depressão profunda do SNC (sistema nervoso central), que pode
levar à inconsciência, queda de pressão, sonhos estranhos, convulsões e, em certos
casos, ao coma e à morte.
A inalação frequente de cola de sapateiro pode levar à dependência,
sendo bastante evidentes os seus componentes psíquicos, como o desejo de usar e
a perda de outros interesses. O uso crônico desta substância pode causar problemas
irreversíveis no cérebro, apatia, dificuldade de concentração e déficit de memória,
além de lesões na medula óssea, fígado, rins e nervos periféricos.








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