Os dados mais amplos devem-se às
investigações do CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas), da Escola Paulista de Medicina. A partir dos levantamentos bianuais
em escolas de 10 capitais, é possível extrapolar sobre o consumo de drogas na
população em geral. Entre todas as substâncias, é o consumo de álcool o que
mais se destaca.
Estima-se que o alcoolismo (uso
crônico) atinja 3 a 10% da população, sendo que 84% apresentam um uso
ocasional.
Quanto ao tabaco, a estimativa é de que
50% dos homens e 33% das mulheres fumam. Em um cotejo internacional, esta
proporção deve ser considerada elevada
Conhecendo
as Drogas Mais Comuns
Substâncias psicoativas são
introduzidas no organismo de várias maneiras. Podem ser inaladas ou aspiradas,
comidas ou bebidas, fumadas, injetadas.
Fumar certos produtos, como o crack, ou
injetá-los (pico) tem efeitos quase imediatos, pois a corrente sanguínea os
leva direto ao cérebro.
Observa-se três tipos principais de
efeitos:
1) O usuário fica mais relaxado e
calmo, até sentir-se sonolento ou mole. Temos aí o efeito depressor, pois tais
substâncias diminuem, retardam ou reduzem ("deprimem") o
funcionamento mental. Neste estado, a pessoa é chamada de sedada, grogue,
dopada ou chapada.
2) O usuário fica alerta, atento, às
vezes agitado. Sente-se animado, bem disposto e capaz de quase tudo. Eis o
efeito estimulante: o produto estimula ou acelera o funcionamento mental. Em
tal estado, a pessoa "fica ligada" ou é "ligadão".
3) O usuário passa a perceber as coisas
deformadas, coloridas, bizzarras. Pensamentos, percepções, recordações ficam
como imagens de sonhos, esquisitos e sem nexo. Eis o efeito perturbador no
Sistema Nervoso Central (SNC), distorcendo seu funcionamento. Sob tais efeitos,
a pessoa está "viajando" ou é "doidão".
Temos assim três classes distintas de
drogas: depressoras, estimulantes e perturbadoras.
Todas elas alteram o funcionamento do
sistema nervoso central e do cérebro, retardando, acelerando ou desgovernando.
Desta forma, dificultam a coordenação motora, mental e emocional: a pessoa fica
"drogada", "intoxicada" ou "inebriada" em um grau
que depende da substância usada (quantidade e qualidade), da pessoa e do
contexto.
Conceitos
básicos
Estimuladoras:
Anfetaminas, cocaína, cafeína, nicotina
e anorexígenos.
Perturbadoras:
Maconha, ácido lisérgico. (LSD),
ayahuasca, cogumelo e datura.
Esta classificação é simples e prática,
e substitui as mais antigas, mais complicadas. Algumas das substâncias citadas
têm também uma utilidade medicinal; porém, havendo abuso (ou uso indevido),
podem provocar dependências. Apresenta-se, em seguida, as três categorias com
as características e efeitos de cada droga.
O abuso de álcool, como se sabe, cria problemas e sofrimentos, com
um altíssimo custo social. O uso crônico leva a uma degradação física e moral,
provocando, na falta do produto, uma síndrome de abstinência violenta. Ele pode
levar à morte (por coma alcoólico ou por complicações orgânicas, como a
cirrose). Instiga com frequência a violência e acidentes, bem como absenteísmo
no trabalho.
Os tranquilizantes (calmantes, ansiolíticos, sedativos)
são hoje muito usados, no mundo inteiro. A base da substância ativa é o
diazepam (por isso, são chamados de benzodiazepínicos). Quando usados sem
justificativa médica, procura-se uma "anestesia das emoções". O abuso
destes medicamentos, mais comum no sexo feminino, provoca fortes dependências.
Os opiáceos ilegais,
como ópio e heroína, objeto do narcotráfico oriundo da Ásia, são poucos
presentes no Brasil. A morfina, potente analgésico mas criando dependências em
doenças terminais.
Os opiáceos mais
consumidos, no Brasil, não são ópio ou heroína, mas os remédio
à bases de codeína, seja sob forma de xaropes contra tosse, seja como
analgésicos. O abuso, além de dependência e síndrome de abstinência, pode
provocar parada respiratória.
Os inalantes ou solventes representam hoje, na juventude
brasileira a "droga de iniciação" (como antigamente a maconha), em
particular o "cheirinho de loló". Eles têm a fama de produzir efeitos
mirabolantes ("barato"), mas podem provocar danos graves.
Entre meninos e meninas de rua, é bem
conhecido o uso de cola de sapateiro e esmalte, funcionando como uma espécie de
"tapa-fome" ajudando-os a aguentar ou esquecer a miséria e a
violência das suas condições de vida.
A cafeína é amplamente consumida, sendo que o
café representa a bebida nacional por excelência. Dosagens excessivas, no
entanto, podem causar danos.
A nicotina,
aspirada pelo fumo do tabaco,causa inúmeros malefícios cardiovasculares e
respiratórios. Seu consumo é hoje cada vez mais questionado, mas continua
protegido pelo Estado.
A cocaína e subprodutos, como o crack, são
extraídos da coca, planta nativa dos Andes. Objeto do narcotráfico oriundo os
países andinos, ela é a "droga da moda", muito usada na classe média
e alta ou em certos círculos profissionais. O uso intenso cria forte
dependência psíquica; usada injetada ("pico") pode transmitir
infecções graves, como a hepatite ou o vírus da AIDS.
O Crack,
pedras cristalizadas a partir da pasta de cocaína, é fumado em cachimbos. Seu
efeito é devastador, provocando forte decadência física e alta mortalidade.
Embora proibidas, as anfetaminas são
medicamentos ainda muito consumidos, em particular para ficar acordado
(estudantes, caminhoneiros). Substâncias anfetamínicas são contidas nos
moderadores de apetite (anorexígenos); além de emagrecimento criam dependência.
Todo abuso de substâncias estimulantes
pode provocar insônia, nervosismo, irritabilidade, instabilidade emocional e ideias
de perseguição (paranoia), chegando a formações delirantes.
Os produtos "psicodélicos"
foram popularizados na década de 60, com o movimento hippie.
"Viagens" que propiciam não são nada inocentes, pois podem provocar sequelas
prolongadas.
O LSD é o produto de origem sintética mais
conhecido. Ele pode provocar alucinações e confusão mental de demora remissão;
"viagens ruins" podem levar ao suicídio.
A maconha é uma das substâncias mais antigas.
Ela favorece a introspecção e o desligamento do mundo. Uso intensivo e
prolongado provoca a chamada "síndrome amotivacioinal", prejudicando
o engajamento ativo. Outros alucinógenos vegetais, de origem sobretudo
indígena, são hoje usados conforme modismos. Um exemplo é a ayahuasca, usada
nas seitas Santo Daime e União do Vegetal.
Todos eles "fazem viajar",
com riscos imprevisíveis (como acidentes) pois a intensidade de tal viagem, a
sua duração e a volta ao ponto de partida são muito variáveis.
Encerramos aqui a descrição sumária das
drogas mais comuns no Brasil. De posse dessas informações, você lidará mais
facilmente com os problemas de drogas com as quais pode se defrontar, seja na
sua família, no seu meio social ou seu ambiente de trabalho.
Mas por que os intoxicantes são tão
procurados? Quais as razões que levam as pessoas a utilizá-los?
A nosso ver podem ser enquadradas em
quatro grupos básicos:
1. Para reduzir sentimentos
desagradáveis de angústia e depressão. Estes sentimentos seriam:
Gerais, decorrentes da própria condição
humana. A angústia do ser humano diante da vida foi muito bem descrita pelos
filósofos da corrente existencialista. Para eles o ser humano, sem saber por
que e para que, é jogado no mundo hostil ou indiferente.
Durante sua vida o ser humano é
permanentemente ameaçado pelo aniquilamento, confrontado com o absurdo, tendo
apenas uma certeza em relação ao seu futuro - a sua inevitável morte, que
ocorrerá em data e condições desconhecidas. De acordo com os conceitos
existencialistas poderíamos, pois, definir a vida como uma aventura trágica,
absurda e ilógica, que sempre termina em morte.
Considerando a situação existencial do
homem alguns autores afirmam que não é de se estranhar que ele se angustie e
sim que ele se angustie tão pouco.
Específicas, próprias de cada indivíduo
- originadas por experiências traumáticas ou condições patológicas.
Constituiriam exemplos o uso de drogas por veteranos de guerras ou por pessoas
com fobia social ou depressão.
2. Para exaltar sensações corporais e
provocar gratificações sensoriais de natureza estética e, especialmente,
eróticas. Dizem os usuários de drogas que a música soa melhor, as cores são
mais brilhantes e o orgasmo se torna mais intenso, durante o uso de sua droga
preferida.
3. Para aumentar rendimentos
psicofísicos, reduzindo sensações corporais desagradáveis, como dor, insônia,
cansaço ou superando necessidades fisiológicas como o sono e a fome. Durante o
império Inca a folha de coca era mascada por mensageiros e carregadores para
aumentar sua resistência e velocidade.
É frequente o uso de anfetaminas por
choferes de caminhão que desejam encurtar a duração de suas viagem.
Um exemplo curioso foi o caso de um
psicopata, visto por um de nós, internado por intoxicação anfetamínica.
Empregado de um traficante de drogas, este rapaz passara a usar os
anfetamínicos para permanecer mais tempo acordado e poder vender mais drogas, ganhando
assim o reconhecimento de seu chefe.
Dores crônicas e insônia persistente
constituem causas bem reconhecidas de abuso de analgésicos e hipnóticos
diversos.
4. Como meio de transcender as
limitações do corpo e o jugo da espaço-temporalidade, unindo-se à realidade por
trás de todos os fenômenos ou, mais limitadamente, a alguma entidade espiritual
qualquer, capaz de conferir-lhe, pelo menos temporariamente, poderes especiais.
São bem conhecidos os relatos de uso de cactos e fungos por diversas
nações indígenas, em ocasiões especiais, como uma forma de unir-se a seus
deuses ou antepassados. Também documentados estão o uso de drogas pelos shamans
durante suas atividades curativas e a ingestão de álcool por médiuns possuídos
por entidades espirituais nos rituais de cultos afroamericanos. Comumente
nestes casos o uso das drogas faz-se somente em situações bem definidas,
culturalmente aceitas e reconhecidas, não comprometendo o desempenho social das
pessoas. Por outro lado, muitos usuários de drogas, como por exemplo alguns
hippies dos anos 60, procuraram em drogas diversas (principalmente
alucinógenos) um substituto para experiências religiosas.
Quais as drogas mais consumidas?
As
pesquisas brasileiras mostram que as drogas legais, como o álcool e o tabaco,
são as mais consumidas. Um levantamento realizado em 107 cidades brasileiras,
em 2001, pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) e pelo Centro Brasileiro de informações sobre Drogas
Psicotrópicas (CEBRID) avaliou o uso na vida e dependência de álcool e drogas
em 47.045.907 habitantes.
O uso
de álcool na vida ficou em primeiro lugar e foi encontrado em 68,7% da
população, dos quais 11,2 % são dependentes desta substância. Este uso é
bastante difundido na nossa sociedade e incentivado pelos meios de comunicação
e até pelas famílias, como um hábito social aceito e que faz parte das festas e
comemorações. O álcool é, entretanto, a droga que maiores danos traz à
sociedade, tanto pelo fato de cerca de 10% da população mundial ser dependente
dele, como pelo número de acidentes e de violência ocasionados em decorrência
de seus efeitos.
O
tabaco aparece como a segunda droga mais consumida. O uso na vida desta
substância foi encontrado em 41,1% pela população brasileira, sendo que 9% já é
dependente desta substância. Seu uso inicial também é precoce. A pesquisa
revela que cerca de 15,7% adolescentes entre 12 e 17 anos já experimentou
cigarro, ao menos uma vez, e que 2,2% já são dependentes da mesma.
A
droga que aparece em terceiro lugar entre as mais consumidas pela população
pesquisada é a maconha cujo uso, pelo menos uma vez na vida, foi relatado por
6,9% pessoas o que corresponde a mais de três milhões de pessoas nas cidades em
que foi feita a pesquisa.
A
pesquisa revelou também dados significativos quanto ao uso indevido, sem
receita e acompanhamento médico, de medicamentos para dormir, calmantes e
xaropes: 3,3% da população brasileira já usou benzodiazepínicos e 2,0% xaropes.
Por
outro lado, a dependência destes medicamentos ocupa o terceiro lugar com 1,1%
da população.
Os
solventes (ou inalantes), que incluem substâncias ilegais, como o lança-perfume
e algumas outras substâncias vendidas para outras finalidades, como esmalte,
cola de sapateiro, fluidos, tintas, etc, ocupam o quarto lugar para o uso na
vida. Esta classe de substância foi utilizada por 5,8% dos brasileiros pelo
menos uma vez na vida. A pesquisa revelou que 2,3% da população já fez uso de
cocaína e 0,4% de crack ocupando o quarto e o décimo primeiro lugar das drogas
mais consumidas pelos brasileiros.
O primeiro levantamento sobre o uso de drogas no Brasil
O Centro Brasileiro Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID)
publicou em agosto deste ano o I Levantamento
Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil – 2001 (quadro 1).
O estudo entrevistou mais de 8500 pessoas em 107 cidades brasileiras,
envolvendo mais de 200 profissionais. O projeto foi realizado em parceria com
Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD).
O levantamento foi feito dentro das mais rígidas normas estatísticas.
Poucos países da América do Sul, entre eles o Chile, possuem levantamentos
nacionais com essa qualidade.
Resultados nacionais
Consumo de drogas
O uso pelo menos uma vez na vida de qualquer droga (exceto álcool e
tabaco) foi de 19,4%. A maconha foi a droga mais citada. Os solventes e
anorexígenos (estimuladores do apetite) vêm logo depois. Ambas são drogas de
venda livre. Os benzodiazepínicos ou calmantes vêm em quarto lugar, com 3,3% de
usuários. A cocaína já foi usada pelo menos uma vez por 2,3% dos brasileiros. O
crack, por 0,4%. Dessa maneira, observou-se que das cinco drogas utilizadas no
Brasil, três podem ser obtidas pela via legal.
Álcool
& tabaco
O
levantamento também investigou a prevalência das duas substâncias mais
utilizadas em nossa sociedade: o álcool e o tabaco. O álcool já foi utilizado
pelo menos uma vez na vida por 69% da população brasileira. O índice chega a
77% entre os homens e é de 60% entre as mulheres. Cerca de 11% dos
entrevistados referiram ter apresentado dependência de álcool em algum momento
de suas vidas.
O
tabaco foi utilizado por 41% dos entrevistados, sendo 46% entre os homens e
36,6% entre as mulheres. Os maiores de 35 anos foram os que mais utilizaram:
53%. A dependência foi relatada por 9% dos entrevistados.
Maconha,
cocaína, crack & solventes
O
consumo de maconha, cocaína e solventes foi sempre maior entre os homens. Em
média para cada mulher havia dois homens referindo o consumo dessas
substâncias. A diferença, no entanto, é menor entre as faixas etárias mais
jovens, sugerindo que as mulheres vem consumindo mais drogas ultimamente.
O
crack, forma de apresentação da cocaína para ser fumada está presente em nosso
meio há pouco menos de 15 anos. Apesar de pouco frequente na população geral
(0,4%), o consumo duas vezes maior entre os homens do que entre as mulheres.
Benzodiazepínicos
(calmantes) e estimulantes (anfetaminas)
O uso
de medicações prescritas. Nessa classe o consumo entre as mulheres mostrou-se
duas vezes maior em relação aos homens. As mulheres apresentam maior incidência
de transtornos do humor, como a depressão. Já o consumo de estimulantes
(anfetaminas) tem por finalidade a perda de peso, necessidade que atinge mais
as mulheres do que os homens.
Derivados
do ópio
O ópio
é um líquido leitoso obtido da papoula (Papaver somniferum). Dele se extraem
duas substâncias: a morfina e a codeína. A codeína é vendida na forma de
xaropes para tosse. O consumo entre as mulheres foi superior em mais de 50% em
relação aos homens. Mais uma vez a presença de doenças relacionadas ao humor
parece justificar esse quadro. Já outros derivados, de uso mais abusivo, foi
maior entre os homens.
Anticolinérgicos
Há dois
tipos de anticolinérgicos: naturais e sintéticos. Os anticolinérgicos naturais
(escopolamina e atropina) são encontrados em plantas como o véu-de-noiva,
trompeteira e zabumba, ingeridas na forma de bebidas (chá de lírio). Dentre os
sintéticos, o mais conhecido é o Artane® (triexifenidila). Não houve diferença
de consumo entre os sexos.
Alucinógenos
Pertencem
a esse grupo o LSD, a mescalina, o DMT e o ecstasy. O consumo é diminuto entre
os brasileiros e quase não houve diferença entre os sexos.
Esteroides
anabolizantes
Apesar
de não serem considerados psicotrópicos, os anabolizantes foram incluídos nesse
estudo, pelo destaque que vem recebendo da mídia e dos pesquisadores. Seu
consumo se dá entre alguns esportistas, com intuito de aumentar a massa
muscular. O consumo é eminentemente masculino.
Acesso
ao consumo
O
estudo também verificou entre os entrevistados a facilidade para encontrar as
substâncias. Mais da metade dos entrevistados afirmou não ter dificuldade em
encontrar maconha e cocaína, caso desejassem consumi-las. Um terço não teria
dificuldade em encontrar crack. Um quinto, encontrariam com facilidade LSD e
heroína. O maior índice foi entre aqueles que encontrariam sem dificuldade os
solventes: quase 70%. Conseguir drogas prescritas (calmantes e anfetamina) e
anabolizantes também não foi considerado um problema por cerca de metade dos
entrevistados.
O
contato passivo com o tráfico, isto é, ter sido abordado por alguém que lhe
ofereceu alguma substância, foi relatado por 4% dos entrevistados. Já a busca
ativa por drogas foi relatada por 1,5% dos entrevistados. Outros 15% afirmaram
ter visto pessoas sob o efeito de drogas alguma vez na vida.
Percepção
sobre o consumo & complicações
Quase a
totalidade dos entrevistados considera um risco grave o consumo diário de
qualquer substância, seja ela lícita ou ilícita. O uso uma ou duas vezes na
vida de maconha e cocaína não foi visto como um risco grave por cerca da metade
dos entrevistados.
Menos
de 5% dos entrevistados relataram complicações relacionadas ao consumo, tais
como acidentes automobilísticos, no trabalho, quedas, ferimentos em terceiros e
agressões. Apenas a ocorrência de discussões sob o efeito de drogas atingiu
essa marca.
O
consumo de drogas por região mostrou algumas diferenças entre essas. O região
Nordeste mostrou a maior prevalência do uso de qualquer drogas (exceto álcool e
tabaco). A região Norte foi a menos prevalente.
Quanto
ao consumo de álcool, a região Norte apresentou os menores índices de consumo
em vida, mas um dos maiores incides de dependência da substância.
O
consumo de maconha em vida foi maior na região Sul do país. A maconha é a droga
encontrada com mais facilidade no país. O uso isolado dessa substância foi
considerado grave por pouco mais da metade da população brasileira.
A
região Sul também lidera o consumo de cocaína. A merla, apresentação de cocaína
para ser fumada é mais prevalente na Região Norte.
As
mulheres superam os homens entre as drogas prescritas. A região Nordeste
destacou-se no consumo de benzodiazepínicos.
O
estudo mostrou que o consumo brasileiro de álcool, nicotina e outras drogas
encontra-se dentro da média sul-americana, com variações para baixo e para
cima, dependendo da substância estudada. O consumo de qualquer droga mostrou-se
bem abaixo da média norte-americana.
O I
Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil – 2001 é um
marco epidemiológico nacional.
Somente
a produção de tal conhecimento dará às autoridades da área da saúde brasileira
subsídios para o planejamento de estratégias de prevenção e tratamento
adequadas para cada região. É claro que está longe de atender a todas as
demandas nacionais e tampouco esse é seu propósito. Levantamentos regionais,
estaduais, municipais e de cada serviço de atendimento devem ser feitos com
periodicidade.
Monitorar
o atendimento, estar atento às comunidades, perceber novas tendências, enfim,
adotar estratégias proativas que antecipam as mudanças são a melhor alternativa
para lidar com o problema do consumo de drogas em qualquer lugar. De outra
forma, restará tomar medidas reativas, que sempre se esmeram por ‘correr atrás
do prejuízo’. Eis o porquê da importância da epidemiologia para o cenário das
dependências químicas.
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