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11/22/2014

O mal do humor

Distimia é doença que já afeta 4% da população

Acordar de cara amarrada de vez em quando ou ficar irritado naqueles dias em que tudo parece dar errado é perfeitamente normal. Mas, se essa sensação de que a vida é chata e sombria se torna um estado de ânimo permanente por mais de dois anos, é preciso procurar ajuda terapêutica.

"Diferentemente do que se imaginava, o mau humor crônico não é um traço de personalidade, e sim uma variação moderada e prolongada da depressão, conhecida como distimia", explica o psiquiatra Táki Cordás, professor do departamento de psiquiatria da Universidade de São Paulo e autor do livro Distimia – Do Mau Humor ao Mal do Humor. 

Para se ter uma idéia da gravidade do problema, a doença atinge 4% da população mundial, ou cerca de 240 milhões de pessoas, das quais 15% chegam a tentar o suicídio. Um estudo realizado recentemente, no hospital da Faculdade de Medicina da mesma instituição de ensino, constatou que 4,3% dos moradores de dois bairros da capital paulista têm propensão a desenvolver a distimia em algum momento da vida.

De acordo com o psiquiatra Ricardo Moreno, coordenador do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, a distimia pode ser desencadeada tanto na infância como na vida adulta, por fatores genéticos ou eventos traumáticos, como morte na família, por exemplo. Apesar de não ter cura, o distúrbio é controlável quando tratado com antidepressivos. "A psicoterapia deve ser apenas um coadjuvante, nunca substituir os medicamentos", alerta Moreno. 

Grande parte dos distímicos não faz o tratamento adequado, pois, em vez de ajuda psiquiátrica, eles procuram curar os sintomas associados à doença, como dor de cabeça, de estômago e indisposição física em geral. Outro obstáculo no diagnóstico da distimia é a dificuldade em reconhecê-la, já que o mal-humorado é sempre apontado como aquele chato que só sabe reclamar, nunca como alguém que está doente.

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