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11/30/2014

Alterações Cognitivas associadas à Depressão e outros Distúrbios


A depressão é um dos problemas atuais mais comuns de saúde mental. Parece provável que nenhum fator isolado possa explicar a ocorrência da depressão, mas sim que esta seja o resultado de uma interação entre vários fatores. Seu início e evolução estão ligados a um grande número de variáveis biológicas, históricas, ambientais e psicológicas.
Estas variáveis incluem histórico familiar de depressão ou alcoolismo, perda ou negligência precoce dos pais, eventos negativos e recentes da vida, cônjuge crítico e hostil, ausência de relacionamento de confiança, falta de apoio social adequado e uma longa história de baixa autoestima. A depressão assim como outros distúrbios, pode acarretar alterações cognitivas como déficits de memória, de atenção, de localização espacial, de tempo dentre muitos outros.

Depressão e Alterações cognitivas

Investigações clínicas têm explorado a função neuropsicológica de pacientes deprimidos há pelo menos três décadas. No entanto, pouco se sabe sobre a especificidade dos distúrbios cognitivos nesses quadros. A dificuldade observada no desempenho cognitivo de pessoas com depressão é também critério para o diagnóstico de quadros em que lesões ou disfunções cerebrais estejam presentes.

Desta forma, é importante reconhecer o perfil cognitivo tanto quantitativo quanto qualitativo da depressão e tentar traçar a partir daí a sua neuroanatomia funcional e reconhecer seus subtipos (unipolar, bipolar, primária ou secundária).

Existem evidências que sugerem a presença de déficits neuropsicológicos acompanhando o Episódio Depressivo Maior. Observa-se que esses déficits se apresentam de forma ampla e tendem a incluir anormalidades envolvendo a sustentação da atenção, função executiva, velocidade psicomotora, raciocínio não verbal e novas aprendizagens.

Hoje podemos afirmar que existem muito mais elementos que permitem uma avaliação mais precisa do comprometimento cognitivo e sua possível relação com a depressão. Contudo, a disfunção neurocomportamental associada ao Transtorno Depressivo depende de muito mais fatores e variáveis que, mesmo conhecidas não são aplicadas de forma sistemática para a melhor avaliação do paciente, do seu déficit cognitivo, das diferenças individuais, onde apenas alguns aspectos são analisados e, dessa forma, limitam a precisão dos testes utilizados e pouco suporte dão na análise de imagens que, por si só, não são capazes de ir além de diagnósticos claros quando a patologia é evidente e bem conhecida.

Na avaliação neuropsicológica de pacientes deprimidos, os domínios cognitivos mais comumente afetados são: evocação após intervalo de tempo, aquisição da memória, atenção, concentração, flexibilidade cognitiva e abstração. Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os pacientes deprimidos apresentam estes déficits. Por outro lado, estudar ou basear-se apenas nestas variáveis torna a análise frágil, imprecisa e potencialmente capaz de induzir a erros de diagnóstico. Mais além, muitos pacientes deprimidos apresentam uma enorme gama de prejuízos cognitivos que nem sequer são analisados mas que em muito poderiam contribuir para diagnósticos muito mais precisos.

Estudar por exemplo apenas a memória pode permitir, perceber que os déficits associados à depressão são similares aos de pacientes com disfunção subcortical (por exemplo, doença de Hungtington). Cientistas conseguem demonstrar que os déficits de memória estão diretamente relacionados em idosos, principalmente em pacientes com história crônica e recorrente de episódios de depressão. Demonstram também que os pacientes com Transtorno Depressivo Maior com episódios recorrentes apresentam maior probabilidade de ter déficits cognitivos do que aqueles que apresentam episódio único.

A atenção é uma das principais funções da cognição estudadas nos processos depressivos, talvez pela facilidade com que é avaliada sua alteração observada mesmo no exame clínico superficial. Por isso mesmo pode-se entender porque tão pouco tenha sido utilizado do que se entende sobre cognição para ampliar e aperfeiçoar ou criar outros testes que melhor expliquem a relação entre a depressão e o comprometimento de dezenas de funções cognitivas outras que não apenas as citadas.

Outro fator fundamental para o desempenho do paciente com depressão é o seu nível de motivação, fator psicológico que interfere sobremaneira no funcionamento cognitivo e comportamental desses indivíduos.

Um fator que pode predizer déficits cognitivos em deprimidos é a presença de traços psicóticos. Indivíduos deprimidos com traços psicóticos têm distúrbio significativo na forma e conteúdo do pensamento e são propensos a se distraírem com seu próprio estado interno.

Dessa forma, parece que algumas características podem potencialmente comprometer o desempenho do paciente na avaliação neuropsicológica. Além do mais, indivíduos deprimidos com traços psicóticos tendem a apresentar os sintomas da depressão de maneira mais grave do que os indivíduos deprimidos sem traços psicóticos.

Portanto, como a disfunção na memória está positivamente associada ao Transtorno de Humor grave, indivíduos psicóticos deprimidos podem mostrar de forma mais acentuada comprometimento da memória e outros elementos cognitivos. Outra vez a ênfase na memória é muito pobre e sujeita a erros.

Há evidências que propõem a presença de grande disfunção cerebral na depressão em psicóticos. Por exemplo, indivíduos psicóticos deprimidos têm mais frequentemente recaídas do episódio depressivo, e seus episódios são maiores do que aqueles vivenciados por deprimidos não psicóticos. Depressão com traços psicóticos é também marcada por alta morbidez, grande comprometimento residual e pouca resposta à farmacoterapia.

Estes indivíduos apresentam mais frequentemente anormalidades na estrutura cerebral que os indivíduos deprimidos não-psicóticos. Tem-se, por exemplo, um aumento do terceiro ventrículo, e grande atrofia cerebral. À medida que essas anormalidades podem ser refletidas na avaliação das funções cognitivas, indivíduos deprimidos com traços psicóticos podem apresentar desempenho pior do que indivíduos deprimidos não psicóticos.

Neuropsicologia

A neuropsicologia é uma interface ou aplicação da psicologia e da neurologia, que estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano. Sua principal área de atuação é na compreensão de como lesões, malformações, alterações genéticas ou qualquer agravo que afete o sistema nervoso e causem déficits (alterações) em diversas áreas do comportamento e da cognição humana.
Em outras palavras, a neuropsicologia atua mais frequentemente no estudo das funções mentais superiores, sem deixar de estudar áreas como agressividade, sexualidade, que tradicionalmente são investigadas por abordagens fisiológicas e biológicas (neurobiologia, neurofisiologia, psicofisiologia, psicobiologia). Desse modo a neuropsicologia compõe fortemente o campo das neurociências, com ênfase na neurociência cognitiva.
Esta área da psicologia utiliza baterias de testes específicos para a avaliação de cada função cognitiva, além da anamnese e da avaliação clínica. Aliada à medicina e à tecnologia médica, pode ajudar o paciente, à medida que identifica áreas cognitivas que estejam comprometidas.

Cognição

Cognição é o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem; significa a aquisição de conhecimento por meio da percepção. É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento e na percepção, assim como na classificação, reconhecimento e compreensão, para o julgamento através do raciocínio, para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. De uma maneira mais simples, pode-se dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos.
A cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e consequentemente, a nossa melhor adaptação ao meio - é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Ela começa com a captação dos sentidos e em seguida a percepção. É, portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória.

Psicologia cognitiva

A psicologia cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do comportamento dos processos de aprendizagem e de aquisição de conhecimento. É uma das disciplinas da ciência cognitiva. Esta área de investigação cobre diversos domínios, examinando questões sobre a memória, atenção, percepção, representação do conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.

Como teoria do comportamento humano, a psicologia cognitiva surgiu como uma alternativa. A fisiologia não alcançava os níveis superiores do comportamento, e o behaviorismo não colocava sob foco de sua análise os processos cognitivos, visto que estes eram apenas um comportamento dentre vários.

Percepção e Realidade

Nossa percepção não identifica o mundo exterior como ele é na realidade, e sim como as transformações efetuadas pelos nossos sentidos nos permitem reconhecê-lo. Assim é que transformamos fótons em imagens, vibrações em sons e reações químicas em cheiros e gostos específicos. Na verdade, o universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso, excluindo-se a possibilidade que temos de percebê-lo de outra forma.

Para a moderna neurociência, o real conceito de percepção começou a brotar, quando Weber e Fechner descobriram que o sistema sensorial extrai quatro atributos básicos de um estímulo: modalidade, intensidade, tempo e localização.

O ser humano se espalha pela Terra em muitas localidades geográficas, em diversas culturas e sociedades. Acompanhando essa diversidade existem também variações nos mundos percebidos pelas pessoas; há diferenças na maneira pela qual os mesmos objetos são percebidos em diferentes sistemas culturais.

Uma criança que vive em nossos centros urbanos, por exemplo, pode distinguir sem hesitação um grande número de diferentes marcas de carros ao presenciar o trânsito das ruas, enquanto uma criança que vive em regiões mais rurais e distantes desses grandes centros não veria senão maiores diferenças entre as marcas e modelos observando o movimento da mesma rua. Por outro lado, uma criança urbana ficaria maravilhada diante da facilidade com que seus colegas rurais reconhecem diferentes modelos de ninhos de aves e de sua capacidade para distinguir as menores variações nos tipos de árvores.

Sensopercepção

Hoje não mais se admite, que o nosso universo perceptivo resulte do encontro entre um cérebro simples e as propriedades físicas de um estímulo. Na verdade, as percepções diferem, qualitativamente, das características físicas do estímulo, porque o cérebro extrai dele informações e as interpreta em função de experiências anteriores com as quais se associem. Nós experimentamos ondas eletromagnéticas, não como ondas, mas como cores e as identificamos pautados em experiências anteriores.

Experimentamos vibrações como sons, substâncias químicas dissolvidas em ar ou água como cheiros e gostos específicos. Cores, tons, cheiros e gostos são construções da mente, à partir de experiências sensoriais. Eles não existem, como tais, fora do nosso cérebro.

Assim, já se pode responder a uma das questões tradicionais dos filósofos: Há som, quando uma árvore desaba numa floresta, se não tiver alguém para ouvir? Não, a queda da árvore gera vibrações e o som só ocorre se elas forem percebidas por um ser vivo capaz de identificar tais vibrações como estímulos sonoros.

A peculiaridade da resposta de cada órgão sensorial é devida à área neurológica onde terminam as vias aferentes provindas do receptor periférico. O sistema sensorial começa a operar quando um estímulo, via de regra, ambiental, é detectado por um neurônio sensitivo, o primeiro receptor sensorial. Este converte a expressão física do estímulo (luz, som, calor, pressão, paladar, cheiro) em potenciais de ação, que o transformam em sinais elétricos. Daí ele é conduzido a uma área de processamento primário, onde se elaboram as características iniciais da informação: cor, forma, distância, tonalidade, etc., de acordo com a natureza do estímulo original.

Em seguida, a informação, já elaborada, é transmitida aos centros de processamento secundário do tálamo. Se a informação é originada por estímulos olfativos, ela vai ser processada no bulbo olfatório e depois segue para a parte média do lobo temporal. Nos centros talâmicos, à informação se incorpora à outras, de origem límbica ou cortical, relacionadas com experiências passadas similares.

Tálamo
O tálamo está localizado no diencéfalo, que consiste na epitálamo, o tálamo, o subtálamo e hipotálamo. O diencéfalo está situado entre os hemisférios cerebrais e o tronco cerebral. O tálamo é a maior parte do diencéfalo. O tálamo tem várias funções. Ela desempenha um papel importante em funções motoras e sensoriais, bem como dor e da emoção.
O tálamo consiste em numerosos núcleos, os quais têm ligações entre o sistema nervoso periférico, do tronco cerebral e os hemisférios cerebrais. Alguns núcleos recebem a entrada a partir de estruturas corticais no cérebro e transmitem a informação para o corpo, enquanto outros núcleos recebem informação a partir do corpo e retransmitem a informação para o cérebro. O tálamo consiste de duas metades, o lado direito e o lado esquerdo. O núcleo direito recebe entradas a partir do lado esquerdo do corpo e vice-versa.
Funções sensoriais
Os núcleos ventroposterolateral estão envolvidos na sensação a partir do lado contralateral do corpo. Os núcleos ventroposteromedial estão envolvidos na sensação de paladar e sensação da face contralateral. O núcleo geniculado medial está envolvido na audição, enquanto que o núcleo geniculado lateral e o pulvinar estão envolvidos na visão. Portanto, um acidente vascular cerebral que afeta o tálamo pode resultar em perda de sensibilidade da face ou do corpo, e pode também afetar a audição e a visão. O tálamo não desempenha um papel na sensação de olfato.
Funções motoras
A execução de um movimento simples, tal como pegar um copo de água e beber a partir dele é uma tarefa complicada no cérebro. Grande parte da coordenação é o trabalho do tálamo. Os núcleos ventrolateral e os núcleos ventrointermedial são responsáveis pela coordenação do movimento. Os núcleos ventroanterior são responsáveis pelo planejamento e início do movimento. Estimulação talâmica ou cirurgia talâmica têm sido utilizados para tentar aliviar desordens motoras tais como a doença de Parkinson.
Emoção
Os núcleos anteriores estão envolvidos na memória e na emoção. É por isso que a memória evoca emoção, porque ambas são controladas pelas mesmas vias neuronais no cérebro, no tálamo. Emoção também pode ser um grande motivador. Os núcleos mediodorsal estão envolvidos na motivação e unidade. Os núcleos centromedial estão envolvidos na dor e emoção.
Dormir
O tálamo também desempenha um papel na regulação do sono e vigília. Como ele recebe sinais sensoriais do corpo, incluindo o toque e os sons, ele pode desligar esses sinais, mantendo o sono.

Finalmente, já bastante modificada, esta informação é enviada ao seu centro cortical específico. A esse nível, a natureza e a importância do que foi detectado são determinados por um processo de identificação consciente a que denominamos percepção.

Na realidade, perguntas distintas podem ser feitas sobre essa questão: o que percebemos e o que sentimos. Para percebermos o mundo ao redor teremos de nos valer dos nossos sistemas sensoriais. Cada sistema é nomeado de acordo com o tipo da informação: visão, audição, tato, paladar, olfato e gravidade. Esta última ligada à sensação de equilíbrio. Portanto, vamos falar antes da Sensação e depois da Percepção.

Sensação

Em seu significado preciso, a sensação é um fenômeno psíquico elementar que resulta da ação de estímulos externos sobre os nossos sentidos. Entre o estado psicológico atual e o estímulo exterior há um fator causal e determinante ao qual designamos sensação, portanto, deve haver uma concordância entre as sensações e os estímulos que as produzem.

As sensações podem ser classificadas em três grupos principais: externas, internas motoras e especiais.
·         As sensações externas são aquelas que refletem as propriedades e aspectos de tudo, humanamente perceptível, que se encontra no mundo exterior. Para tal nos valemos dos órgãos dos sentidos; sensações visuais, auditivas, gustativas, olfativas e táteis. A resposta específica (sensação) de cada órgão dos sentidos aos estímulos que agem sobre eles é consequência da adaptação desse órgão a esse tipo determinado de estímulo.
·         As sensações internas refletem os movimentos de partes isoladas do nosso corpo e o estado dos órgãos internos. Ao conjunto dessas sensações se denomina sensibilidade geral. Discretos receptores sensitivos, captam estímulos proprioceptivos, que indicam a posição do corpo e de suas partes, enquanto outros, que recebem estímulos denominados cenestésicos, são responsáveis pela monitorização dos movimentos, auxiliando-nos a realizar outras atividades cinéticas, segura e coordenadamente. Os receptores dessas sensações se acham localizados nos músculos, nos tendões e na superfície dos diferentes órgãos internos. Portanto, esse grupo engloba três tipos de sensações: motoras, de equilíbrio e orgânicas.
·         As sensações motoras nos orientam sobre os movimentos dos membros e do nosso corpo. As sensações de equilíbrio provêm da parte interna do ouvido e indicam a posição do corpo e da cabeça. As sensações orgânicas são, de fato, as proprioceptivas, e se originam nos órgãos internos: estômago, intestinos, pulmões etc. Seus receptores estão localizados na face interna desses órgãos. Outros sensores sutis são capazes de captar informações mais refinadas, tais como temperatura, excitação sexual e volume sanguíneo.
·         As sensações especiais se manifestam sob a forma de sensibilidade para a fome, sede, fadiga, de mal-estar ou bem-estar. Essas sensações internas vagas e indiferenciadas que nos dão a sensibilidade de bem-estar, mal-estar, etc., têm o nome de cenestesia.

No processo do conhecimento e do autoconhecimento objetivo as sensações ocupam o primeiro grau. São as sensações que nos relacionam com nosso próprio organismo, com o mundo exterior e com as coisas que nos rodeiam. O conhecimento do mundo exterior resulta das sensações dele captadas e quanto mais desenvolvidos forem os órgãos dos sentidos e o sistema nervoso do animal, mais delicadas e mais variadas serão as suas sensações.

Unidade dos Sentidos

Para maior eficiência dos sentidos, os vários órgãos devem funcionar integradamente. A percepção do mundo objectual não depende exclusivamente do aparelho sensorial específico, através do qual os objetos são apreendidos, isto é, não depende exclusivamente do sentido da visão, ou da audição, o do tato, etc. Geralmente não é apenas um sentido que atua na percepção dos objetos, além disso, os sentidos funcionam juntos e se completam. O gosto de uma comida depende muito do funcionamento conjunto dos receptores do sabor e do aroma. É por isso que a comida parece insípida quando nosso nariz está entupido.

Uma determinada qualidade perceptual, como por exemplo a grandeza, pode ser a mesma para vários sentidos. Dessa forma, um objeto pode ser visto grande, soar grande, dar a impressão de grande ao tato e, talvez, até cheirar grande. Os estímulos devem ser localizados de maneira idêntica, através dos olhos, dos ouvidos e das mãos, objetos podem ser vistos, ouvidos e sentidos em movimento simultaneamente.

A tendência de integração, cooperação e concordância dos vários sentidos é tanta que, as vezes, apesar das discrepâncias na situação física real, nosso sistema sensorial "dá um jeito" para que a situação se acomode. Quando vemos um filme, por exemplo, ouvimos as vozes como vindo diretamente dos lábios em movimento dos atores, embora, na realidade, o som provenha dos alto-falantes colocados em lugares inteiramente diferentes.

Basicamente, é através da ação cooperativa dos sentidos que conseguimos um quadro consistente, útil e realista do ambiente físico que nos cerca. As impressões dos vários sentidos são, de certa maneira, combinadas ou organizadas para apresentar um quadro mais ou menos estável da realidade à nossa volta.

Percepção

A percepção refere-se às funções que permitem captar os estímulos do ambiente, para posterior processamento de informação. Os órgãos dos sentidos são responsáveis pela captação das informações do ambiente, que podem ser de natureza visual, olfativa, tátil, gustativa, auditiva e sinestésica (equilíbrio e movimento do corpo). O processamento cerebral depende das informações fornecidas pelas estruturas sensoriais, sendo estas a base de nossa compreensão do mundo.

Ainda que dois seres humanos dividam a mesma arquitetura biológica e genética, talvez aquilo que um deles percebe como uma cor ou cheiro, não seja exatamente igual à cor e cheiro que o outro percebe. Nós damos o mesmo nome a esta percepção mas, com certeza, não sabemos se elas relacionam à realidade do mundo externo exatamente da mesma maneira que a realidade percebida por nosso semelhante. Talvez nunca saibamos.

O termo percepção designa o ato pelo qual tomamos conhecimento de um objeto do meio exterior. A maior parte de nossas percepções conscientes provém do meio externo, pois as sensações dos órgãos internos não são conscientes na maioria das vezes e desempenham papel limitado na elaboração do conhecimento do mundo. Trata-se, a percepção, da apreensão de uma situação objetiva baseada em sensações, acompanhada de representações e de juízos.

A percepção, ao contrário da sensação, não é uma fotografia dos objetos do mundo determinada exclusivamente pelas qualidades objetivas do estímulo. Na percepção, acrescentamos aos estímulos elementos da memória, do raciocínio, do juízo e do afeto, portanto, acoplamos às qualidades objetivas dos sentidos outros elementos subjetivos e próprios de cada indivíduo.

A sensação visual de um objeto arredondado, vermelho e com parte de seu corpo enegrecido, somente será percebido como uma maçã podre se a pessoa souber, antecipadamente, o que é uma maçã, e, dentro deste conhecimento, souber ainda que maçãs apodrecem e, quando apodrecem, adquirem certas características perfeitamente compatíveis com o estímulo sentido.

Poderíamos, a título de simplificação e a grosso modo, considerar que as sensações seriam determinadas por fatores exclusivamente neurofisiológicos, enquanto as percepções seriam determinadas por fatores psicológicos. Entretanto, nem isso podemos dizer. Ocorre que, em determinados estados emocionais, até as sensações podem estar comprometidas. É o que acontece, por exemplo, nos estados hístero-ansiosos com profundas alterações nas sensações corpóreas: anestesias, parestesias, hipoestesias, etc. Desta forma o mais correto seria considerar que as sensações, nas pessoas normais, envolvem predominantemente elementos neurofisiológicos e as percepções, envolvem predominantemente elementos psicológicos.

A percepção consiste na apreensão de uma totalidade e sua organização consciente não é uma simples adição de estímulos locais e temporais captados pelos órgãos dos sentidos. Nossa experiência (consciência) do mundo revela que não temos apenas sensações isoladas dele, ao contrário, o que chega à consciência são configurações globais, dinâmicas e perfeitamente integradas de sensações. Embora as sensações não nos ofereçam, em si mesmas, o conhecimento do mundo, elas representam os elementos necessários ao conhecimento sem os quais não existiriam percepções.

A percepção se relaciona diretamente com a forma da realidade apreendida, enquanto a sensação se relacionaria à fragmentos esparsos dessa mesma realidade. Ao ouvirmos notas musicais, por exemplo, estaríamos captando fragmentos mas, à partir do momento em que captamos uma sucessão e sequência dessas notas ao longo de uma melodia, estaríamos captando a forma musical.

Há na verdade três percepções:
·         A percepção anterior à realidade consciente;
·         A percepção que se transforma na realidade consciente;
·         A percepção posterior à realidade consciente.

A percepção anterior à realidade consciente é a percepção despojada de toda e qualquer subjetividade, é a objetividade pura. Ela é anterior a toda e qualquer interpretação, anterior a toda e qualquer compreensão e anterior a toda e qualquer significação.

A percepção anterior à realidade permite a experiência da própria percepção em estado puro. Ela é radicalmente exterior ao sujeito, é a percepção do mundo exterior objetivo por excelência. É uma sensação vazia de subjetividade.

A percepção que se transforma na realidade consciente é a percepção que já remete à uma subjetividade ou à um significado consciente real. Ela não se permite circunscrever apenas ao mundo exterior e passa a pertencer ao mundo interior do sujeito. Trata-se da ponte que une o objeto ao sujeito (o mundo objectual ao sujeito), tal como uma porta que introduz o mundo exterior para dentro da subjetividade.

Entretanto, esta percepção que se transforma na realidade consciente é somente uma porta de entrada, e é sempre ao mesmo tempo uma passagem do objeto ao sujeito, é tanto a porta quanto o trânsito através dela, e sempre no sentido que conduz da percepção à subjetividade.
A percepção posterior à realidade consciente é a percepção que não contém propriamente uma nova subjetividade mas toca nela à partir de estímulos atuais. Ela reforça a subjetividade pré-existente e, à partir dela, constrói novos elementos subjetivos.

Digamos que, enquanto a sensação oferece à pessoa o fundamental da realidade, na percepção esse fundamental se organiza de acordo com estruturas específicas, conferindo originalidade pessoal à realidade apreendida. A partir da percepção que se transforma na realidade consciente, o sujeito passa a oferecer às suas sensações um determinado fundo pessoal sobre o qual se assentarão as demais futuras sensações. Dessa forma, o objeto sensível está sempre se relacionando com esse fundo perceptivo individual e existirá sempre uma apreciável diferença subjetiva entre o objeto em si e o fundo pessoal sobre o qual ele se faz representar.

As formações psíquicas advindas do ato perceptivo compõem as configurações conscientes da realidade e essas configurações contém mais do que a simples soma do fundamental sentido. A percepção proporciona dados sobre o fisicamente sentido, porém esses dados variam de acordo com as condições do fundo pessoal e a forma percebida passa a transcender o objeto simplesmente sentido.

A forma da realidade apreendida, pode ser modificada em consequência de condições pessoais momentâneas. Dependendo da fadiga, da ansiedade ou do afeto, por exemplo, os estímulos externos podem ser captados como sensações agradáveis ou desagradáveis, assim como também se alteram pela ação de determinadas substâncias químicas ou em determinadas doenças orgânicas.

No ato perceptivo se distinguem dois componentes fundamentais: a captação sensorial e a integração significativa, a qual nos permite o conhecimento consciente do objeto captado. Portanto, as percepções serão subjetivas por existirem em nossa consciência, e objetivas pelo conteúdo que estimula a sensação.

Alterações na Intensidade das Sensações

As alterações na intensidade das sensações das sensações referem-se ao aumento e à diminuição do número e da intensidade dos estímulos procedentes dos diversos campos da sensibilidade.

Hiperestesia

Hiperestesia sensorial é o aumento da intensidade das sensações. A hiperestesia se acompanha, em geral, de exaltação dos reflexos tendinosos, maior excitabilidade da sensibilidade fisiológica e aceleração do ritmo dos processos psíquicos. Nos estados de grande ansiedade, de fadiga ou esgotamento, por exemplo, onde a capacidade adaptativa está comprometida, a audição e o tato podem estar aumentados. A hiperestesia sensorial é frequente nos pacientes afetivos, nos neuróticos, nos estados de excitação maníaca, no hipertireoidismo, no tétano, na raiva (hidrofobia), nos acessos de enxaqueca e, ocasionalmente, em alguns casos de epilepsia.

Hipoestesia

Hipoestesia sensorial é a diminuição da sensibilidade. Na maioria dos estados de depressão pode ser observada diminuição da sensibilidade aos estímulos sensoriais, embora a propriocepção possa estar aumentada. Nesses casos há diminuição dos reflexos tendinosos, elevação da sensibilidade fisiológica e lentidão dos processos psíquicos.

Pode haver diminuição da sensibilidade sensorial em função de fatores emocionais, como no caso citado acima das depressões, também em situações neurológicas, como o estupor, nas síndromes que se acompanham de obnubilação da consciência, nos estados infecciosos e pós-infecciosas e em períodos pós-trauma.

Anestesia

A Anestesia diz respeito à abolição de todas as formas de sensibilidade. Observa-se anestesia, geralmente, em afecções neurológicas focais e em seccionamentos de nervos periféricos aferentes. Na psiquiatria observamos anestesias regionais em pacientes conversivos. Nesses casos, as alterações da sensibilidade, tomando por base sua topografia e qualidade das alterações não obedecem os dermátomos neurofisiológicos nem as vias normais da sensibilidade.

Alterações na síntese perceptiva - agnosias

A síntese das sensações de forma a constituir percepções conscientes dá-se nas zonas corticais do SNC. A anestesia, surdez ou cegueira podem resultar da lesão de um órgão sensorial periférico, do nervo aferente ou da zona cortical do SNC onde se projetam essas sensações determinando o desaparecimento delas.

Nos casos onde estão conservadas a integridade das vias nervosas aferentes e existem lesões corticais na vizinhança da área de projeção, nas chamadas áreas para-sensoriais, mantém-se a integridade das sensações elementares, porém, há alteração do ato perceptivo. Nesses casos, fala-se de AGNOSIA.

Assim sendo, agnosia não é uma alteração exclusiva das sensações nem exclusiva da capacidade central de perceber objetos externos, mas uma alteração intermediária entre as sensações e a percepção. Em alguns casos, observa-se a perda da intensidade e da extensão das sensações, permanecendo inalteradas as sensações elementares, em outros há integridade e extensão, mas perda da capacidade de reconhecimento dos objetos.

Agnosia Visual

As agnosias visuais podem ser de objetos, de formas, de cor e de espaço. Nos dois primeiros casos, o paciente se mostra incapacitado para identificar o objeto ou a forma deste, em virtude de se encontrar alterada a integração das sensações elementares. A sensação óptica nesses casos se constitui muito mais em contornos, superfícies e cores, luzes e sombras, do que na individualização do objeto em si. 

Com frequência não se destacam bem entre si, carecem de definição clara e patente e de relação nítida com o que se acha próximo a eles no espaço óptico. Lesões do lobo occipital na região da cissura calcariana também podem produzir defeitos sensoriais fisiológicos.

A agnosia visual é, entre esses transtornos, a melhor conhecida em sua origem. Nesses casos as lesões neurológicas responsáveis quase sempre são bilaterais e afetam as áreas occipitais, contíguas à área onde terminam as projeções visuais (áreas para-sensoriais).

Agnosia Tátil

Agnosia Tátil se refere à incapacidade para reconhecer objetos mediante o sentido do tato, apesar da sensibilidade se encontrar conservada no fundamental. O transtorno recai sobre as qualidades dos objetos. O enfermo perde a possibilidade de discriminar as diferenças de intensidade e extensão das sensações táteis.

Agnosia Auditiva

Agnosia Auditiva é quando o paciente ouve sons e ruídos, porém não consegue identificá-los, não os compreende.

Ambiente, Circunstâncias e Personalidade

Essas comparações antropológicas do funcionamento perceptual entre diferentes culturas nos fazem supor que as diferenças na percepção nas propriedades dos objetos físicos fundamentam-se nos diferentes de nível de aprendizagem e diferentes experiências passadas com esses objetos, assim como em diferenças na capacidade para identificar tais objetos, embora essas diferenças não se fundamentem em diferenças mais profundas no processo geral de funcionamento da percepção.

Cérebro
Mesencéfalo
Liga as partes do cérebro que controlam funções motoras e ações voluntárias dos ouvidos e olhos.
Lobo Frontal
O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex pré-frontal, está envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no pensamento abstrato. A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais somente quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias. A parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia: decidir que sequências de movimento ativar e em que ordem e avaliar o seu resultado. As suas funções parecem incluir o pensamento abstrato e criativo, a fluência do pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e atenção seletiva. Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa fique presa obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não consigam desenvolver uma sequência de ações correta.
Lobos temporais
É a estrutura central responsável pelo gerenciamento da memória. Fica localizado na parte lateral do cérebro. A inatividade desta área provoca a Síndrome de Klüver-Bucy.
Os lobos temporais estão localizados na zona por cima das orelhas, tendo como principal função processar os estímulos auditivos. Os sons produzem-se quando a área auditiva é estimulada. Tal como nos lobos occipitais, é uma área de associação - área auditiva secundária - que recebe os dados e que, em interação com outras zonas do cérebro, lhes atribui um significado permitindo-nos reconhecer o que ouvimos.
É na zona onde convergem os lobos occipital, temporal e parietal que se localiza a área de Wernicke, que desempenha um papel muito importante na produção do discurso. É esta área que nos permite compreender o que os outros dizem e que nos faculta a possibilidade de organizarmos as palavras em frases sintaticamente corretas.
Os lobos temporais estão associado regra geral a quatro funções:
·          Córtex auditivo primário – está contido em parte da superfície superior do lobo temporal que se continua com uma pequena área da circunvolução temporal superior.
·          Área de Wernicke – Importante para a compreensão da linguagem. Porção posterior da circunvolução temporal superior (geralmente do hemisfério esquerdo). Alguns autores estendem esta área para o lóbulo parietal inferior e para o giro temporal médio. Como estas áreas circundam o sulco lateral são muitas vezes referidas como zona da linguagem perisilviana.
·          Processamento da informação visual – está particularmente contido na superfície inferior do temporal.
·          Aprendizagem e memória – Parte mais medial do lobo temporal.
Kolb & Wishaw (1990) identificaram oito sintomas principais aos danos nos lobos temporais: perturbações na sensação e percepção auditiva, perturbações na atenção seletiva de inputs auditivos e visuais, desordens na percepção visual, perturbações na organização e categorização do material verbal, perturbações na compreensão da linguagem, perturbações na memória de longo prazo, alterações na personalidade e no comportamento afetivo, alterações no comportamento sexual.
Déficits na atenção seletiva visual ou auditiva são comuns em danos nos lobos temporais (Milner, 1968). Lesões no lado esquerdo resultam em perdas na lembrança de conteúdos verbais e visuais, incluindo percepção da fala. Lesões do lado direito resultam em perdas no reconhecimento de sequências tonais e de muitas habilidades musicais. Lesões no lado direito podem afetar o reconhecimento do conteúdo visual (por exemplo, reconhecimento facial).
Os lobos temporais estão envolvidos na organização primária do input sensorial (Read, 1981). Indivíduos com lesões nos lobos temporais apresentam dificuldades na categorização de palavras e figuras.
A linguagem pode ser afetada por danos nos lobos temporais. Lesões no lobo temporal esquerdo perturbam o reconhecimento de palavras. Lesões no lobo temporal direito podem causar uma perda na inibição da fala.
Os lobos temporais estão altamente associados com as habilidades mnemônicas. Lesões no lobo temporal esquerdo resultam em perdas no material mnemônico e verbal. Lesões no lobo temporal direito resultam na lembrança de materiais não-verbais, tais como músicas e desenhos.
Convulsões dos lobos temporais podem causar efeitos dramáticos na personalidade do indivíduo. Epilepsia do lobo temporal pode causar discursos perseverantes, paranoia e episódios agressivos (Blumer & Benson, 1975). Danos severos aos lobos temporais também podem alterar o comportamento sexual (por exemplo, aumentando a atividade) (Blumer & Walker, 1975).
Testes comuns para o funcionamento do lobo temporal são: Rey-Complex Figure (memória visual) e Wechsler Memory Scale - Revised (memória verbal).
Lobos Parietais
Os lobos parietais podem ser divididos em duas regiões funcionais. Uma envolvida na sensação e na percepção e outra responsável pela integração do input sensorial, primariamente com o sistema visual. A primeira função integra informações sensoriais para formar uma única percepção (cognição). A segunda função constrói um sistema de coordenadas espaciais para representar o mundo que nos cerca. Indivíduos com danos nos lobos parietais geralmente demonstram profundos déficits, tais como anormalidades na imagem corporal e nas relações espaciais (Kandel, Schwartz & Jessel, 1991).
Danos ao lobo parietal esquerdo podem resultar naquilo que é chamado de “Síndrome de Gerstmann.” Esta inclui confusão entre esquerda e direita, dificuldade de escrita (agrafia) e dificuldades com o pensamento matemático (acalculia). Também pode produzir desordens na linguagem (afasia) e a inabilidade de perceber objetos normalmente (agnosia).
Danos ao lobo parietal direito podem resultar na negligência a uma parte do corpo ou do espaço (negligência contralateral), a qual abala muitas das habilidades de cuidado próprio, tais como vestir-se e banhar-se. Danos no lado direito também podem causar dificuldades para a realização de muitas coisas (apraxia construcional), a negação de déficits (anosagnosia) e habilidades para desenhar.
Dos bilaterais (grandes lesões em ambos os lados) podem causar a “Síndrome de Balint”, uma síndrome motora e da atenção visual. Esta é caracterizada pela incapacidade de controlar voluntariamente o olhar (ocular apraxia), para integrar componentes da cena visual (simultanagnosia) e para alcançar de forma coordenada um objeto com o auxílio da visão (ataxia óptica) (Westmoreland et al., 1994).
Déficits especiais (primariamente à memória e personalidade) podem ocorrer se houverem danos à área entre os lobos parietal e temporal.
Lobos Occipitais
Os lobos occipitais são o centro do nosso sistema de percepção visual. Eles não são muito vulneráveis à danos por conta de sua localização na parte posterior do cérebro, embora qualquer trauma significante ao cérebro pode causar súbitas mudanças no nosso sistema visual-perceptual, tais como defeitos no campo de visão e escotomas. A região peristriada do lobo occipital está envolvida no processamento viso-espacial, discriminação de movimentos e discriminação de cores (Westmoreland et al., 1994). Dano a um dos lados dos lobos occipitais podem causar perdas homônimas na visão com exatamente o mesmo corte no campo de ambos os olhos. Desordens no lobo occipital podem causar alucinações visuais e ilusões. Alucinações visuais (imagens visuais sem a presença de um estímulo externo) podem se causadas por lesões na região occipital ou por convulsões dos lobos temporais. Ilusões visuais (percepções distorcidas) podem tomar a forma de objetos aparentando uma dimensão maior ou menos do que realmente possuem, objetos que carecem de cor ou objetos exibindo uma coloração anormal. Lesões na área de associação parieto-temporo-occipital podem causar cegueira à palavras e impedimentos na escrita (alexia e agrafia) (Kandel, Schwartz & Jessell, 1991).
Cerebelo
O cerebelo está envolvido na coordenação do movimento motor voluntário [a função cerebelar é inconsciente], equilíbrio e balanceamento e tônus muscular. Ele se localiza logo acima do tronco cerebral e na parte posterior do cérebro. Está relativamente bem protegido de traumatismos se comparado aos lobos temporais, frontais e ao tronco cerebral.
Danos ao cerebelo resultam em movimentos lentos e descoordenados. Indivíduos com lesões cerebelares tendem a apresentar dificuldades para se equilibrar e virar enquanto caminham.
Danos no cerebelo podem levar à: 1. Perda de coordenação do movimento motor (assinergia), 2. Incapacidade de julgar a distância e o momento de parar (dismetria), 3. Incapacidade para realizar movimentos rápidos alternados (adiadochocinsesia), 4. Tremores nos movimentos (tremor de intensão), 5. Excitação e caminhar de base larga (mancar atáxico), 6. Tendência a cair para frente, 7. Músculos enfraquecidos (hipotonia), 8. Fala embargada (disartria atáxica), e 9. Movimentos oculares anormais (nystagmus).
Núcleo Caudado
É um núcleo localizado nos núcleos da base do cérebro de muitas espécies de animais. Possui um papel importante no sistema de aprendizado e memória do cérebro.
A avaliação de regiões específicas corticais pela ressonância magnética mostra evidência de alterações no lobo frontal de pacientes com depressão unipolar, mas não em pacientes bipolares com menor volume desse lobo nos depressivos unipolares. Os resultados de estudos sobre o lobo temporal são contraditórios, com alguns mostrando aumento e outros diminuição do volume desses lobos em bipolares, embora para depressivos unipolares não haja alterações. Não são encontradas alterações nos lobos parietais.
Quanto ao envolvimento de estruturas subcorticais na geração e apresentação da depressão, os dados não são ainda de todo convincentes. Há por exemplo, poucos estudos volumétricos com ressonância magnética para o tálamo embora relatos isolados descrevam depressão com infartos nessa região. Estudos com tomografia computadorizada apresentam dados de volume menor dos gânglios da base em depressivos unipolares, o que não acontece com bipolares.
Estruturas Límbicas
As estruturas límbicas também não apresentam alterações com tomografia por emissão de fóton único (SPECT) ou tomografia por emissão de pósitron (PET), embora um trabalho de Drevets e colaboradores em 1992 tenha encontrado aumento no fluxo sanguíneo no hipocampo e amígdala direita em pacientes unipolares puros não medicados.
Na superfície medial do cérebro dos mamíferos, o sistema límbico é a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais.1 É uma região constituída de neurônios, células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo límbico.
Originou-se a partir da emergência dos mamíferos mais antigos. Através do sistema nervoso autônomo, ele comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo positiva ou negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação metabólica de todo o organismo.
O termo límbico corresponde a um adjetivo que dá o valor de relativo ou pertencente ao limbo, ou seja, remete para o conceito de margem. O Sistema Límbico compreende todas as estruturas cerebrais que estejam relacionadas, principalmente, com comportamentos emocionais e sexuais, aprendizagem, memória, motivação, mas também com algumas respostas homeostáticas. Resumindo, a sua principal função será a integração de informações sensitivo-sensoriais com o estado psíquico interno, onde é atribuído um conteúdo afetivo a esses estímulos, a informação é registrada e relacionada com as memórias pré-existentes, o que leva à produção de uma resposta emocional adequada, consciente e/ou vegetativa. Estas formações podem dividir-se em componentes corticais e componentes subcorticais, estando associadas a esta região cerebral um conjunto de estruturas que, contribuem para a execução das funções deste sistema.
Enumerando os componentes corticais pertencentes ao Sistema Límbico podemos observar o hipocampo e o lobo límbico de Broca. “Le grande lobe limbique”, foi o termo criado em 1878, por Pierre-Paul Broca, referente ao conjunto de estruturas que se situam em volta do tronco encefálico, na face interna (medial) e inferior dos hemisférios cerebrais. Já 1664, Thomas Willlis designou o anel cortical que circundava o tronco cerebral de cerebri limbus. Quanto aos componentes subcorticais é possível diferenciar as amígdalas (núcleos amigdalinos), a área septal, os corpos mamilares, os núcleos anteriores do tálamo, os núcleos habenulares e os núcleos Accumbens. Os componentes cerebrais associados ao Sistema Límbico são o Tronco Cerebral, o Hipotálamo, o Tálamo, a Área Pré-frontal e o Rinencéfalo (Sistema Olfativo).
Componentes do sistema límbico
O sistema límbico está ligado ao tronco cerebral, ao cerebelo e a coluna vertebral.
Amígdala
A destruição experimental das amígdalas (são duas, uma para cada um dos hemisférios cerebrais) faz com que o animal se torne dócil, sexualmente indiscriminativo, afetivamente descaracterizado e indiferente às situações de risco. O estímulo elétrico dessas estruturas provoca crises de violenta agressividade. Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. Ele sabe quem está vendo mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão. Localizada na profundidade de cada lobo temporal anterior, funciona de modo íntimo com o hipotálamo. É o centro identificador de perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situação de alerta, aprontando-se para fugir ou lutar.
Hipocampo
Envolvido com os fenômenos da memória de longa duração. Quando ambos os hipocampos (direito e esquerdo) são destruídos, nada mais é gravado na memória. Um hipocampo intacto possibilita ao animal comparar as condições de uma ameaça atual com experiências passadas similares, permitindo-lhe, assim, escolher qual a melhor opção a ser tomada para garantir sua preservação.
Tálamo
Recebe informação sensorial (vinda dos ouvidos, olhos, etc) e a transmite à área do cérebro que lida com esse específico dado sensorial. Também ajuda na troca de informação motora (movimento) entre as diversas partes do cérebro. O tálamo é um centro de organização cerebral, como uma encruzilhada de diversas vias neuronais em que podem influenciar-se mutuamente antes de serem redistribuídas. Suas ligações mais abundantes são, de longe, com o córtex.
A principal função do tálamo é servir de estação de reorganização dos estímulos vindos da periferia e do tronco cerebral e também de alguns vindos de centros superiores. Lá fazem sinapse os axônios dos neurônios situados nesses locais, e daí partem novos axónios que vão efetuar ligações com outros centros superiores, principalmente o córtex. Quase todos os sinais ascendentes que vão para o córtex fazem sinapse nos núcleos do tálamo onde são reorganizados e/ou controlados, excetuando o sentido do olfato.
O tálamo tem também circuitos de integração dos sinais que recebe, e julga-se que algumas das sensações menos elaboradas que o indivíduo experimenta têm aí sua origem. Por exemplo, é sabido que animais dos quais foi retirado o córtex continuam, de alguma forma, a reagir a estímulos de dor — ainda que esta possa não ser a mais apropriada. Ou doentes, cujas patologias apresentam a porção correspondente do córtex danificada, que ainda conseguem sentir um objeto na palma da mão, mesmo que não consigam identificar exatamente sua forma, temperatura ou peso.
O tálamo é um conjunto bem definido de vários núcleos de neurónios e forma uma parte maior do diencéfalo. Existem dois deles situados em posições simétricas, à esquerda e à direita, cada um com cerca de 1 cm de comprimento. Sua extremidade anterior é estreita e arredondada, e constitui a parede posterior do forame interventricular; a porção posterior é expandida e está acima do colículo superior; a superfície inferior situa-se continuamente ao tegmento do mesencéfalo; sua face medial está confrontada com a mesma do outro tálamo e contém uma região de comunicação com ele, a adesão intertalâmica, que está rodeada pelo terceiro ventrículo.
O tálamo contém diversos núcleos: anterior, dorsomedial, lateral dorsal e lateral posterior, pulvinar, ventral anterior, ventral lateral, ventral posterior lateral e medial, intralaminares, da linha média, reticulares, e os geniculados laterais e mediais.
·         O núcleo anterior faz relé em relação ao sistema límbico, para os corpos mamilares, giro cingulado e hipotálamo.
·         O núcleo dorsomedial tem conexões com o córtex pré-central e o hipotálamo e está envolvido na transmissão de sentimentos objetivos e emocionais, e sua relação com o estado subjetivo do indivíduo (p. ex. seu estado de controle emocional e personalidade).
·         Os núcleos ventrais anteriores e laterais influenciam e regulam as vias descendentes motoras do córtex e cerebelo.
·         Os núcleos ventrais posteriores são a estação de sinapse das vias sensitivas periféricas (lemniscos medial e espinhal) em direção ao córtex sensorial (no giro pós-central).
·         O núcleo geniculado lateral recebe os axónios do nervo óptico e os transmite para o córtex visual (no lobo occipital).
·         O núcleo geniculado medial tem idêntica função na via auditiva.
Os núcleos intralaminares têm ligações com a formação reticular e permitem ao córtex influenciar o estado de vigília.
Hipotálamo
É parte mais importante do sistema límbico (que atua principalmente no controle da temperatura corporal das aves e mamíferos). Essas funções internas são em conjunto denominadas funções vegetativas do encéfalo, e seu controlo está relacionado com o comportamento. Ele mantém vias de comunicação com todos níveis do sistema límbico. O hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e a tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese do que na expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais. Quando os sintomas físicos da emoção aparecem, a ameaça que produzem, retorna, via hipotálamo, aos centros límbicos e, destes, aos núcleos pré-frontais, aumentando, por um mecanismo de feedback negativo, a ansiedade, podendo até chegar a gerar um estado de pânico. O Conhecimento desse fenômeno tem, como veremos adiante, importante sentido prático, dos pontos de vista clínico e terapêutico.
Giro cingulado
Situado na face medial do cérebro entre o sulco singulado e o corpo caloso, que é um feixe nervoso que liga os 2 hemisférios cerebrais. Há ainda muito por conhecer a respeito desse giro, mas sabe-se que a sua porção frontal coordena odores, e visões com memórias agradáveis de emoções anteriores. Esta região participa ainda, da reação emocional à dor e da regulação do comportamento agressivo. A ablação do giro cingulado (cingulectomia) em animais selvagens, domestica-os totalmente. A simples secção de um feixe desse giro (cingulomia), interrompendo a comunicação neural do circuito de Papez, reduz o nível de depressão e de ansiedade pré-existentes.
Tronco cerebral
Região responsável pelas reações emocionais. Na verdade, apenas respostas reflexas de alguns vertebrados, como répteis e os anfíbios. As estruturas envolvidas são a formação reticular e o locus ceruleus, uma massa concentrada de neurônios secretores de norepinefrina. É importante assinalar que, até mesmo em humanos, essas primitivas estruturas continuam participando, não só dos mecanismos de alerta, vitais para a sobrevivência, mas também da manutenção do ciclo vigília-sono.
O tronco cerebral desempenha um papel vital na atenção, despertar e consciência. Toda informação vinda do nosso corpo passa pelo tronco cerebral no caminho para o cérebro. Como o lobo frontal e temporal, o tronco cerebral está localizado em uma área próxima a protusões ósseas, tornando-o vulnerável à danos durante traumatismos
Área tegmental ventral
Grupo de neurônios localizados em uma parte do tronco cerebral. Uma parte dele secreta dopamina. A descarga espontânea ou a estimulação elétrica dos neurônios da região dopaminérgica na via mesolímbica produzem sensações de prazer, algumas delas similares ao orgasmo. Indivíduos que apresentam, por defeito genético, redução no número de receptores das células neurais dessa área, tornam-se incapazes de se sentirem recompensados pelas satisfações comuns da vida e buscam alternativas "prazerosas" atípicas e nocivas como, por exemplo, alcoolismo, cocainomania, compulsividade por alimentos doces e pelo jogo desenfreado.
Septo
Situado à frente do tálamo, por cima do hipotálamo. A estimulação de diferentes partes desse septo pode causar muitos efeitos comportamentais distintos. Anteriormente ao tálamo, situa-se a área septal, onde estão localizados os centros do orgasmo (quatro para mulher e um para o homem). Certamente por isto, esta região se relaciona com as sensações de prazer, mormente aquelas associadas às experiências sexuais.
Área pré-frontal
Não faz parte do Lobo límbico tradicional, mas suas intensas conexões com o tálamo, amígdala e outras subcorticais, explicam o importante papel que desempenha na expressão dos estados afetivos. Está classicamente dividido em três áreas funcionais e anatômicas: a área dorsolateral, a área orbitofrontal e a área cingulada anterior. A área dorsolateral está relacionada com o raciocínio, permite a integração de percepções temporalmente descontinuas em componentes de ação dirigidos a um objetivo. A área orbitofrontal representa um interface entre os domínio afetivo/ emocional e a tomada de decisões centradas nos domínios pessoal e social. A área dorsolateral, funciona como um "secretário de direção" da área dorsolateral, ao dirigir a atenção. Tem um papel igualmente importante na motivação do comportamento. As três áreas contribuem para o que se designa de "Funções Executivas". Quando o córtex pré-frontal é lesado, o indivíduo perde o senso de suas responsabilidades sociais (lesões orbitofrontais), bem como a capacidade de concentração e de abstração (lesões dorsolaterais). Em alguns casos, a pessoa, conquanto mantendo intactas a consciência e algumas funções cognitivas, como a linguagem, já não consegue resolver problemas, mesmo os mais elementares. Quando se praticava a lobotomia pré-frontal para tratamento de certos distúrbios psiquiátricos, os pacientes entravam em estado de "tamponamento afetivo", não mais evidenciando quaisquer sinais de alegria, tristeza, esperança ou desesperança. Portanto infere-se que o essa área é essencial para possibilitar afetividade.
A porção anterior do córtex cingulado tem papel fundamental nas funções motoras e emocionais, enquanto a região posterior está envolvida com funções visuoespaciais e de memória com pouca influência sobre o afeto. As alterações de comportamento mais descritas em animais após lesões no giro do cíngulo anterior incluem agressividade diminuída, menos timidez, medo do ser humano, empobrecimento emocional, diminuição da motivação, impaciência e comportamento social inapropriado com seres da mesma espécie.
Córtex Cingulado Anterior
Parte frontal do córtex cingulado, região que é responsável por regular tanto funções autônomas, como a pressão sanguínea, quanto cognitivas, como a emoção e o aprendizado. É ativo na regulação da motivação e detecção de conflitos. Essa área é responsável por reconhecer as situações onde o autocontrole é necessário. Uma possível implicação da pesquisa é no desenvolvimento de novas terapias para tratar o vício em drogas, comida e compras.
Embora os sintomas depressivos em si não sejam provenientes de anormalidades observadas no córtex cingulado, algumas alterações nos processos cognitivos são certamente relacionadas a disfunções nessa região.
Os aspectos da personalidade e dos esquemas de funcionamento das cognições depressivas precisam ser levados em conta e podem ser avaliados objetivamente através de testes como o MMPI e da escala de depressão de Beck.

Fatores Culturais

Os valores culturais atribuídos aos objetos, às relações e aos acontecimentos, também podem desempenhar um papel significativo na maneira pela qual os objetos são percebidos. Como existe considerável amplitude quanto aos aspectos de um objeto que a pessoa pode focalizar e acentuar, também podem existir notáveis diferenças a respeito desses aspectos entre várias culturas. As experiências perceptuais que se tem ao olhar um borrão de tinta, por exemplo, são descritas de maneiras bem diferentes, por pessoas de diferentes sociedades. Essas diferenças, na ênfase perceptual, podem ser interpretadas como reflexos dos valores culturais desses povos.

Personalidade e o Mundo Percebido

Ao falarmos de diferenças de personalidade estamos falando das variações de fenótipo (a pessoa aqui e agora) e englobam variações na constituição biológica, na capacidade sensorial e cerebral, na idade e na experiência, no contexto geográfico e cultural. A singular constituição da pessoa, suas habilidades específicas, seus motivos, seus valores e seus traços constituem sua personalidade. Há diferenças significativas na percepção do mundo, associadas a diferenças de personalidade. Na realidade, uma das maneiras pelas quais se tentam descrever e classificar as pessoas, sob o ponto de vista pessoal, é através do estudo de sua maneira de perceber o mundo.

Circunstâncias

A experiência com um objeto também leva a mudanças significativas na maneira pela qual este é percebido: seu reconhecimento se torna mais fácil, o objeto é organizado perceptivamente de maneira diferente, aparecem novas propriedades atreladas à ele... Na realidade, nossas capacidades sensoriais, capacidades para descobrir os estímulos e distingui-los uns dos outros, pode ser aperfeiçoada com a prática. As mudanças na percepção são aspectos essenciais no processo da aprendizagem.

Há um conjunto cada vez maior de pesquisas sobre relações entre as características da personalidade e a maneira de perceber o estímulo físico. É de observação corrente, por exemplo, que nossa percepção das coisas pode ser alterada pelo nosso conhecimento, pela nossa motivação, por nosso estado emocional e por outras condições fisiológicas. Estes estados influenciam tanto a sensibilidade a objetos, como as propriedades percebidas neles.

A compreensão científica dos processos de motivação e emoção abrange o estudo da maneira pela qual os estados de motivação influem na percepção. O alimento, por exemplo, é notado mais rapidamente pelo faminto do que pelo saciado e, além disso, parece também mais apetitoso ao faminto; uma mulher pode ser percebida pelo homem de uma determinada maneira antes do ato sexual e de outra, bem diferente, depois do mesmo ato; a pessoa amedrontada tem uma consciência mais nítida de cada pequeno ruído, na casa solitária, enfim, dependendo da motivação as percepções podem ser modificadas.

Há também influências fisiológicas nas percepções, encontradas, por exemplo, em estados excepcionais associados à doença, à gravidez, à menstruação, etc. Na mulher grávida, por exemplo, a capacidade para perceber os aromas é diferente.

A experimentação científica concorda haver influências impressionantes na percepção, produzidas por drogas e pelo álcool. A maconha, por exemplo, pode fazer com que as cores sejam vistas com um brilho incrível. O sentido do tempo fica deformado. O alcoolismo agudo e crônico pode ser acompanhado por períodos em que ocorrem experiências perceptuais apavorantes, tais como as de ver ratos sanguessugas no quarto, ou sentir vermes que perfuram a pele. Ainda seja obscura a classificação desses fenômenos, não pode haver dúvida de que esses estados estão também associados a variações marcantes na percepção.

Adaptado de:
Ballone GJ - Percepção e Realidade in. PsiqWeb, Internet, http://www.psiqweb.med.br/, 2005
Atenção

A atenção também é um tópico de estudo relacionado ao processo cognitivo, embora vários autores a considerem função derivada da consciência. Através da atenção é possível que a mente selecione os estímulos recebidos, dando prioridade a uns enquanto outros são minimizados ou mesmo excluídos do processamento.

Memória

A memória é a capacidade de registrar, armazenar e evocar as informações recebidas e processadas pelo cérebro. Ela é provavelmente uma das funções mentais mais estudadas pela psicologia cognitiva, juntamente com a linguagem e a inteligência. Talvez isso se deva ao fato de que é relativamente simples solicitar a memorização e recordação de informações através das experiências. Contudo, existe um número expressivo de modelos de memória, categorizando-as de várias formas.

Resumidamente, a memória pode ser dividida em três processos:
·         Codificação: processo de entrada e registro inicial da informação. A codificação diz respeito à capacidade que o aparato cognitivo possui de captar a informação e mantê-la ativa por tempo suficiente para que ocorra o processo de armazenamento, segunda etapa da memória.
·         Armazenamento: capacidade de manter a informação pelo tempo necessário para que, posteriormente, ela possa ser recuperada e utilizada
·         Evocação ou reprodução: capacidade de recuperar a informação registrada e armazenada, para posterior utilização por outros processos cognitivos (pensamento, linguagem, afeto, etc.).

Tipos de memória

Memória declarativa

É a capacidade de verbalizar um fato. Classifica-se por sua vez em:

Memória imediata

É a memória que dura de frações a poucos segundos. Um exemplo é a capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito. Estes fatos são após um tempo completamente esquecidos, não deixando "traços".

Memória de curto prazo

É a memória com duração de alguns segundos ou minutos. Neste caso existe a formação de traços de memória. O período para a formação destes traços se chama de Período de consolidação. Um exemplo desta memória é a capacidade de lembrar eventos recentes que aconteceram nos últimos minutos.

Memória de longo prazo

É a memória com duração de dias, meses e anos. Um exemplo são as memórias do nome e idade de alguém quando se reencontra essa pessoa alguns dias depois. Como engloba um tempo muito grande pode ser diferenciada em alguns textos como memória de longuíssimo prazo quando envolve memória de muitos anos atrás.

Memória de procedimentos

É a capacidade de reter e processar informações que não podem ser verbalizadas, como tocar um instrumento ou andar de bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser perdida.

Linguagem

A linguagem refere-se à capacidade de receber, interpretar e emitir informações para o ambiente. Dentre os temas estudados pela psicologia cognitiva, a linguagem é um dos mais pesquisados, junto com a memória e a inteligência, porque é a área de interesse de várias ciências, como a antropologia, a sociologia, a filosofia e a comunicação.

A linguagem reflete a capacidade de pensamento e abstração, embora seja uma função mental distinta do pensamento: uma pessoa pode ter transtornos na linguagem (por exemplo, uma afasia) e manter a função do pensamento preservada, mas se tiver um transtorno de pensamento (como pode ocorrer, por exemplo na esquizofrenia), a linguagem será mais ou menos prejudicada.

Linguagem é qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos através de signos convencionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se várias espécies ou tipos: linguagem visual, corporal, gestual, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar conceitos, ideias, significados e pensamentos. Embora os animais também comuniquem, a linguagem verbal pertence apenas ao homem.

Pensamento
O pensamento é a capacidade de compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. Diz respeito à habilidade em manipular conceitos mentalmente, estabelecendo relações entre eles ligando-os e confrontando-os com elementos oriundos de outras funções mentais (percepção, memória, linguagem, afeto, atenção, etc.) e criando outras representações (novos pensamentos).

Segregação figura-fundo

Explica que percebemos mais facilmente as figuras bem definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos e mal contornados (por exemplo, um cálice branco pintado num fundo preto);

Pregnância das formas ou boa forma

Qualidade que determina a facilidade com que percebemos figuras bem formadas. Percebemos mais facilmente as formas simples, regulares, simétricas e equilibradas;

Constância perceptiva

Se traduz na estabilidade da percepção (os seres humanos possuem uma resistência acentuada à mudança).

Percepção temporal

Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A percepção temporal esbarra no próprio conceito da natureza do tempo, assunto controverso e tema de estudos filosóficos, cognitivos e físicos, bem como o conhecimento do funcionamento do cérebro (neurociência).

Percepção espacial

A cognição espacial é um processo composto que se estabelece na interface entre o sistema neurológico e o senso motor de uma pessoa.

Assim como as durações, não possuímos um órgão específico para a percepção espacial, mas as distâncias entre os objetos podem ser efetivamente estimadas. Isso envolve a percepção da distância e do tamanho relativo dos objetos. A razão para separar a percepção espacial das outras modalidades repousa no fato de que aparentemente a percepção espacial é supra modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível distinguir se um som procede especificamente de um objeto visto e se esse objeto (ou o som) está aproximando-se ou afastando-se. O lobo parietal do cérebro representa um papel importante neste tipo de percepção.

Propriocepção
Propriocepção é a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno e responsável pelo equilíbrio.

Percepção Social

Um último aspecto a ser considerado é o fato de que a percepção de certos aspectos relacionados a características humanas, ou mesmo a "construção da percepção" de certas características humanas, também pode ser constituída socialmente. Questões de gênero, raça, nacionalidade, sexualidade e outras, também podem ser interferidas por uma forma de percepção que é construída socialmente.

Raciocínio

O Raciocínio é uma operação lógica discursiva e mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir, através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. Das premissas chegamos a conclusões.

Juízo

Juízo é o processo que conduz ao estabelecimento das relações significativas entre conceitos, que conduzem ao pensamento lógico objetivando alcançar uma integração significativa, que possibilite uma atitude racional frente as necessidades do momento. E julgar é, nesse caso, estabelecer uma relação entre conceitos. A natureza do Juízo consiste em afirmar uma coisa a partir de outra. O Juízo encerra, três elementos: duas ideias e uma afirmação. A ideia da qual se afirma alguma coisa chama-se sujeito. A ideia que se afirma do sujeito chama-se atributo ou predicado. Quanto à própria afirmação, representa-se pelo verbo é, chamado cópula, porque une o atributo ao sujeito.

Imaginação

Imaginação é uma faculdade ou capacidade mental que permite a representação de objetos segundo os atributos dos mesmos, fornecidos à mente através dos sentidos.

Motivação

Aprende-se melhor e mais depressa se houver interesse pelo assunto que se está a estudar. Motivado, um indivíduo possui uma atitude ativa e empenhada no processo de aprendizagem e, por isso, aprende melhor. A relação entre a aprendizagem e a motivação é dinâmica: é frequente o Homem interessar-se por um assunto, empenhar-se, quando começa a aprender. A motivação pode ocorrer durante o processo de aprendizagem.

Conhecimentos anteriores

Os conhecimentos anteriores que um indivíduo possui sobre um assunto podem condicionar a aprendizagem. Há conhecimentos, aprendizagens prévias, que, se não tiverem sido concretizadas, não permitem a possibilidade de se aprender. Uma nova aprendizagem só se concretiza quando o material novo se incorpora, se relaciona, com os conhecimentos e saberes que se possui.

Quantidade de informação

A possibilidade de o Homem aprender novas informações é limitada: não é possível integrar grandes quantidades de informação ao mesmo tempo. É necessário proceder-se a uma seleção da informação relevante, organizando-a de modo a poder ser gerida em termos de aprendizagem.

Diversidade das atividades

Quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema, quanto mais diferenciadas as tarefas, maior é a motivação e a concentração e melhor decorre a aprendizagem.

Planificação e a organização

A forma como se aprende pode determinar, em grande parte, o que se aprende. A definição clara de objetivos, a seleção de estratégias, é essencial para uma aprendizagem bem sucedida. Contudo, isto não basta: é necessário planificar, organizar o trabalho por etapas, e ir avaliando os resultados. Para além de estes processos serem mais eficientes, a planificação e a organização promovem o controle dos processos de aprendizagem e, deste modo, a autonomia de cada ser humano.

Cooperação

A forma como cada ser humano encara um problema e a forma como o soluciona é diferente. Por isso, determinados tipos de problemas são mais bem resolvidos e a aprendizagem é mais eficaz se existir trabalho de forma cooperativa com os outros. A aprendizagem cooperativa, ao implicar a interação e a ajuda mútua, possibilita a resolução de problemas complexos de forma mais eficaz e elaborada.

Giro do cíngulo
É um aglomerado de fibras de substância branca em formato de C na porção medial do cérebro logo acima do corpo caloso. É constituído de um tipo de córtex intermediário entre o isocórtex e o alocórtex que alguns autores chamam de mesocórtex com axônios fazendo comunicação entre o sistema límbico (controle mais emocional) e o córtex (controle mais racional). Tem funções na evocação da memória e na aprendizagem. Essa estrutura recebe informações do núcleo anterior do tálamo e do neocórtex, assim como das áreas somatossensoriais do córtex cerebral.
No ser humano a estimulação elétrica do Giro do Cíngulo provoca fenômenos alucinatórios complexos, mudanças emocionais, movimentos oculares rápidos e sensação de estar "sonhando". Está intimamente relacionado à depressão, à ansiedade e à agressividade, observando-se em humanos, lentidão mental em casos de lesão dessa estrutura. Auxilia na determinação do conteúdo da memória, observando-se significativo aumento de sua atividade quando as pessoas recorrem à mentira.

Reconhecimento de padrões

O reconhecimento de padrões depende de um nível básico do processamento da informação. Os vários estímulos sensoriais recebidos do ambiente são organizados de maneira ativa por vários sistemas perceptivos do cérebro, de maneira a constituir um "padrão que faça sentido". Assim, muitas vezes aquilo que chamamos de percepção não é o que os órgãos sensoriais identificaram inicialmente, mas é uma organização, um arranjo que passa a fazer um sentido para o cérebro.

A Teoria da Gestalt revisada - estímulos envolvidos na percepção e na cognição

A Teoria da Gestalt é uma das áreas mais fascinantes das ciências, pois procura explicar como ocorrem os fenômenos da cognição e como o cérebro age ante aquilo que percebe, apreende, estrutura, armazena e evoca, na medida em que se dão os diversos processos de aprendizagem sobre tudo aquilo que se relaciona à vida e ao ambiente em que está inserido.

Embora tenha sido enunciada no começo do século passado, ela passou relativamente despercebida até a metade do século e só começou a ganhar importância após a morte daquele que a concebeu. Quando Wertheimer chegou à Teoria da Gestalt, seguramente não fazia ideia que os princípios e leis por ele propostos acabariam sendo aplicados em muitos outros campos do conhecimento. 

Da Cartografia ao Desenho Industrial, da Filosofia à Teoria da Informação, da Medicina à Arquitetura e, finalmente, onde mais se destacou e, por coincidência, naquilo com que ele mais se preocupava quando a estudou. A Psicologia do comportamento cognitivo do cérebro humano, se isso não é redundante.

Talvez por essa aplicação tão abrangente e considerando que, à sua época, Wertheimer contava com um conhecimento limitado de outras ciências, que ainda não haviam se desenvolvido totalmente, outros autores passaram a interpretar suas leis conforme a aplicação que lhes interessava e, muitas vezes, ou na maioria delas, distorcendo os conceitos originais, negligenciando fundamentos básicos de outras ciências como a Ótica por exemplo e, finalmente, criando uma enorme confusão de definições, aplicações e novas teorias sem nenhum respaldo científico, embasamento teórico ou comprovação prática.

Para melhor se compreender essa afirmação, deve-se primeiro entender que os estudos de Wertheimer, Kofka, Lewin e Kölhler eram a tentativa de compreender a percepção do movimento, das formas e da maneira como o cérebro as interpreta.

Sua máxima – “Existem “todos” cujo comportamento não é determinado pelo comportamento de seus elementos individualmente, mas onde os processos parciais são eles mesmos determinados pela natureza intrínseca do “todo”. A esperança da Teoria da Gestalt é ser capaz de determinar a natureza de tais “todos”. Ou:

“A verdade consiste em determinar a estrutura total da experiência e não em captá-la por sensações e percepções individuais associadas. O significado do todo é, portanto, maior do que a soma do significado das partes”.

Wertheimer baseou sua teoria em apenas 10 leis ou fatores, como ele as chamou, e acreditava que, apenas com elas, era possível explicar o comportamento cognitivo do ser humano, único interesse que ele mesmo tinha em suas pesquisas. O mais incrível de seu trabalho é que, senão na sua totalidade, ele logrou elucidar grande parte dos aspectos psicológicos envolvidos na percepção e na cognição humana.

São elas:
·         · The Factor of Proximity - Proximidade
·         · The Factor of Similarity - Similaridade
·         · The Factor of Common Fate – Destino Comum
·         · The Factor of “Prägnanzstufen” – Pregnância ou Graus de Pregnância
·         · The Factor of Objective Set (Einstellung) – Configuração Objetiva
·         · The Factor of Direction - Direção
·         · The Factor of Closure - Fechamento
·         · The Factor of "Good Curve", “Inner Coherence” or “Good Gestalt” – Boa Forma
·         · The Factor of “Past Experience” or “Habit” Experiência Passada ou Hábito
·         · The Factor of Differentiation between the Object and its Background – Figura/Fundo

A partir delas, e buscando organizar de forma compreensível a evolução dessa teoria, buscou-se compreender quais são os elementos que, direta ou indiretamente, influenciam a percepção e a cognição. Deve-se ainda ressaltar que a Gestalt privilegia o sentido da visão e insere a memória em uma de suas leis, igualando assim aspectos físicos dos elementos, fisiológicos e neurológicos, o que em princípio enfraquece a estrutura da teoria como um todo. 

Embora em alguns pontos ele lance mão da audição para exemplificar seus pensamentos, nem ela nem o olfato ou o paladar reagem sozinhos aos aspectos puramente físicos da forma. Ao contrário, geram estímulos que evocam a noção das formas, armazenadas na memória. Ainda, deixa de lado o tato que pode, sozinho, estabelecer os estímulos necessários para que o cérebro perceba a forma.

A proposta que se segue pretende analisar apenas as características e os fenômenos físicos dos elementos, que geram os estímulos que acionam o cérebro na percepção e na cognição. É aberta, no sentido que não é exaustiva, nem o pretende ser. Compreende-se que existem inúmeros outros elementos de natureza puramente física que provocam diferentes estímulos cognitivos que têm a capacidade de alterar a percepção, mas não são contemplados nesse trabalho.

Num primeiro momento, pode parecer coerente agrupar os fenômenos de acordo com sua relação com as dez leis de Wertheimer. Entretanto, uma análise mais aprofundada permite perceber que a maioria deles não age de forma individual, mas em combinação com vários outros. Assim, cada lei se dá pela resultante da interação de diversas características que estimulam o cérebro e, portanto, permitem infinitas maneiras de perceber e reconhecer.

Nesse estudo foram identificados, além dos dez fatores enunciados por Wertheimer, outros cinquenta que também influenciam ou abrem a possibilidade de propor novas leis que se somarão àquelas propostas por ele. Supõe-se ainda que todas elas possam ser agrupadas segundo diferentes critérios alternativos ou complementares aos que se seguem.

Se por um lado o corpo e o cérebro interagem continuadamente entre si, por outro, o organismo total (mente e corpo) interage, de forma continuada, com o ambiente externo próximo. Qualquer ambiente, dependendo de sua importância para o indivíduo, num certo momento, pode deixar sua marca no sistema nervoso do organismo de diferentes modos: estimulando a atividade neural dos olhos (dentro dos quais está a retina); dos ouvidos (onde se encontra a cóclea, órgão sensível ao som); do vestíbulo (órgão sensível ao equilíbrio) e de milhares de terminações nervosas da pele, gustativas, da mucosa nasal, da dor, calor, etc.
Os estímulos informativos, uma vez recebidos através dos órgãos sensoriais, atravessam diversos núcleos do cérebro situados no setor subcortical. Assim, o estímulo, uma vez captado, como a observação da chuva que cai ou do sol que se põe no horizonte, viaja por diversas regiões do sistema nervoso central antes de chegar ao seu ponto final (não termina num local, pois a informação retorna aos pontos de onde partiu): a parte alta do cérebro, isto é, os córtices cerebrais.
As relações entre o organismo e o meio ambiente externo são efetivadas pelos sistemas sensoriais (sensório/motivacional) e através de ações ou condutas (sistema motor e seus movimentos/respostas) atuando no meio. Portanto, o organismo não só é informado do que ocorre (estímulos) no meio interno e externo, como também atua continuadamente no meio ambiente externo e interno do organismo. 
No mundo externo o organismo atua através de movimentos resultantes do seu corpo, como os membros, o aparelho vocal, etc., controlados pelos córtices motores 1, 2 e 3 com o auxílio de vários núcleos subcorticais motores, isto é, localizados logo abaixo do córtex cerebral.
Visão

Forma: É a configuração perceptível do conteúdo. Em sentido amplo, forma pode ser definida como a parte de qualquer fenômeno que tem a função de motivar um sentido na mente de um intérprete. Está muitas vezes associada à materialidade dos fenômenos perceptíveis, sobretudo no campo da visão (e do tato). Forma e conteúdo compõem o próprio processo de interpretação do mundo. Na experiência concreta da realidade, não vemos ou tocamos primeiramente as coisas para depois perceber sua forma e interpretar-lhes o sentido ou conteúdo. Essa separação não ocorre na experiência, pois é fruto de uma cisão meramente teórica. A relação entre forma e conteúdo não é simétrica, ou seja, para cada forma x existem muitos conteúdos y1, y2, y3, tantos quantos forem os intérpretes.
Camuflagem: É uma forma de dificultar a cognição visual pela alteração deliberada da relação figura-fundo, de tal maneira que a figura se misture ao fundo e perca sua unidade e sua pregnância.
Consistência: É a propriedade dos elementos de um conjunto que torna possível perceber a coerência naquilo que é observado e, por conseguinte, aumentando a capacidade cognitiva.
Estrutura: Noção fundamental e às vezes intangível cobrindo o reconhecimento, observação, natureza, e estabilidade de padrões e relacionamentos das entidades que compõe um todo. O conceito de estrutura é essencial e está presente em praticamente todos os modos de questionamento, descoberta e aprendizagem. Uma estrutura define aquilo que compõe um sistema. É a maneira como os elementos se configuram dentro de um arranjo sistêmico. A estrutura pode ser hierárquica (um-para-vários-para-um) ou em rede (vários-para-vários).
Experiência passada: Os conhecimentos adquiridos sobre determinado assunto no passado, podem condicionar a aprendizagem. Um novo conhecimento só se concretiza quando a nova informação se incorpora e se relaciona de uma forma estruturada com os conhecimentos já adquiridos.

O córtex pré-frontal (PFC) é a parte anterior do lobo frontal do cérebro, localizado anteriormente ao córtex motor primário e ao córtex pré-motor.
Esta região cerebral está relacionada ao planejamento de comportamentos e pensamentos complexos, expressão da personalidade, tomadas de decisões e modulação de comportamento social. A atividade básica dessa região é resultado de pensamentos e ações em acordo com metas internas.
A função psicológica mais importante relacionada com o córtex pré-frontal é a função executiva. Esta função se relaciona a habilidades para diferenciar pensamentos conflitantes, determinar o bom ou ruim, melhor e pior, igual e diferente, consequências futuras de atividades correntes, trabalho em relação a uma meta definida, previsão de fatos, expectativas baseadas em ações, e controle social. Muitos autores indicam uma ligação entre a personalidade de uma pessoa e funcionamento do córtex pré-frontal.

Fechamento: Também chamado de princípio de estruturação. Tende-se a organizar os elementos que se encontram próximos ou que sejam semelhantes. O fechamento é o efeito da sugestão visual de conexão ou continuidade entre elementos de uma composição que na verdade não se tocam. O princípio se aplica quando o cérebro completa uma informação visual incompleta. Ocorre quando os elementos de uma composição são organizados de tal maneira que o observador percebe que a informação pode ser conectada, gerando uma estrutura e, portanto, um significado. O fechamento pode ser entendido como uma “tensão” ou atração entre os elementos produzida pelo cérebro.
Figura-fundo: Este princípio evoca a tendência perceptiva do ser humano de separar figuras inteiras do fundo sobre o qual estão, baseando-se em uma ou mais variáveis tais como: cor, tamanho, contraste, etc. A figura depende do fundo sobre o qual aparece; o fundo serve como uma estrutura ou moldura em que a figura está enquadrada ou suspensa e, por conseguinte, determina a figura.
Hábito: É a tendência ou comportamento, geralmente inconsciente, que resulta da repetição frequente de certos atos; mecanismo motriz da memória que se manifesta na forma de atividades facilitadas pela sua repetição; o ato de “ver” repetidamente a ocorrência de um determinado fenômeno faz com que o cérebro apreenda o significado, registre, e arquive, buscando-o rapidamente quando o mesmo estímulo se repete.
Homogeneidade: Característica dos elementos de um determinado sistema de manterem as mesmas características e apresentarem estímulos cognitivos muito parecidos, de tal forma que o cérebro interpreta o conjunto como uma unidade.
Interligação: Ligação entre dois ou mais elementos que formam uma composição e que, em geral, são percebidos como uma entidade no meio observado.
Inter-relação: Relação mútua que se estabelece entre dois ou mais elementos de um conjunto, de uma composição ou sistema, fazendo que o cérebro entenda o significado do conjunto como algo mais claro, mais estruturado e, portanto, mais fácil de compreender do que quando observa cada elemento separadamente.
Isomorfismo: O isomorfismo é uma propriedade que relaciona dois ou mais grupos onde ocorre uma correspondência unívoca entre os elementos de cada um deles, respeitando-se, entretanto, as características individuais de cada um dos sistemas e, à sua vez dos elementos que os compõem. Se existe isomorfismo entre dois grupos, eles são chamados de isomorfos. O cérebro entende que grupos isomorfos possuem as mesmas propriedades e, portanto, que não é preciso fazer distinção entre eles.
Multi-estabilidade: A experiência de uma percepção ambígua dispara no cérebro, uma ou mais interpretações.
Ordem: Ordem tem conotações de estabilidade, consistência e estrutura. Um arranjo sistêmico de elementos apresenta conotações que serão percebidas positiva ou negativamente, dependendo do observador, do propósito da observação e das suas características socioculturais.
Pregnância: Qualidade que determina a facilidade com que percebemos figuras bem formadas. Se a forma é complicada e com muitos detalhes e ainda, se estiver no meio de uma composição cheia de outros elementos, é mais difícil percebê-la e identificá-la. Percebemos mais facilmente as formas simples, regulares, simétricas e equilibradas. Kant, Goethe e Mach diziam que a percepção era um ato unitário para explicar que as pessoas não percebem as coisas em partes; elas organizam as informações de maneira a dar um sentido ao conjunto. A Teoria da Gestalt estuda a integração das partes em oposição à soma do todo.
Quantidade de informação: A possibilidade de o homem lidar com várias informações simultâneas é limitada: não é possível integrar grandes quantidades de dados ao mesmo tempo. É necessário fazer uma seleção daquilo que é relevante no momento organizando-a de modo a poder transformá-la em aprendizagem.
Reedificação: É o uso da informação disponível para gerar mais informação do que aquela que é percebida.
Segregação: A capacidade de segregação é um atributo do cérebro que percebe mais facilmente figuras bem formadas e que se destaquem das demais. É muito parecido com o que acontece no caso da figura-fundo, embora aqui, o fundo não seja o único elemento condicionante.
Semelhança: A semelhança de um elemento com relação a outros que compõe uma cena é um dos aspectos que ajudam na sua percepção, principalmente quando existem outros que podem ser considerados como referência, e que são conhecidos pelo observador.
Simetria: Se um elemento é assimétrico o observador levará mais tempo tentando entender as distorções do que se concentrando na informação transmitida. Quando ocorre a simetria, o cérebro tem muito mais capacidade de reconhecer formas com significado, naquilo que é observado.
Similaridade: A Gestalt estabelece que figuras que compartilham características físicas ou geométricas são percebidas como pertencendo a um grupo, na perspectiva do observador. A repetição de formas ou cores é tão agradável ao cérebro quanto o é o ritmo na música. Mesmo que ocorram diferenças a correspondência ainda será discernível.
Simplicidade: Simplicidade é a ausência de artifícios, extravagâncias e excesso de informação presente no ambiente observado. Quanto mais simples o objeto, maior a sua pregnância e, portanto, melhor ele é percebido pelo cérebro.
Tamanho: A comparação do tamanho do objeto observado com outros objetos reconhecidos e de tamanho padrão ou de referência na imagem ajuda na segregação, na identificação e, portanto na cognição.
Unidade: É a propriedade de um elemento ou conjunto de elementos que, organizados de certa forma e regidos por todas as ferramentas cognitivas são compreendidas pelo cérebro como uma entidade individualizada.

Cor
Dizer que as coisas não têm cor própria pode parecer estranho, embora seja absolutamente verdadeiro. A cor é, na verdade, um fenômeno que ocorre devido às diferenças nos comprimentos de ondas com que a luz (branca) é refletida pelos corpos. Trata-se não de uma propriedade do objeto, mas de um elemento perceptivo. A percepção da cor pode causar uma série de sensações, e interpretações diferentes para cada indivíduo. A cultura ocidental faz associar, por exemplo, o verde a esperança, o vermelho à raiva, o púrpura ao luxo, o roxo à fome, o preto ao luto e assim por diante. A Gestalt (psicologia da forma) também estuda a percepção das cores.
Brilho: O brilho refere-se à luminância de um corpo, independentemente da matiz ou da saturação da sua cor. É um recurso que o cérebro utiliza para reconhecer, por comparação a luminância de outro corpo. O branco corresponde à máxima luminância enquanto o preto representa a ausência dela. Em física, intensidade de radiação é o valor do fluxo de energia por unidade de área por unidade de tempo. Como a energia por unidade de tempo é a definição de potência, podemos definir a intensidade de radiação, de forma equivalente, como a potência emitida por unidade de área. A intensidade da radiação é a definição física do conceito intuitivo de brilho de um objeto refletindo a luz. A mais intuitiva destas propriedades é a variação do brilho em relação à distância da fonte luminosa.
Constância: Estabilidade da percepção (os seres humanos possuem uma resistência acentuada à mudança). O fenômeno da constância, da cor por exemplo, faz com que os elementos pareçam manter aproximadamente a mesma cor sob diferentes iluminações. O sistema nervoso aparentemente extrai aquilo que é invariante sob as mudanças. A mente retém os padrões, agrupa-os e classifica-os como se fossem sempre os mesmos.
Contraste: Explicado de forma simples é a diferença relativa entre a incidência de luz sobre um ou mais objetos observados. Quando ocorrem dois ou mais estímulos onde o contraste entre os objetos próximos é grande, estes tendem a ser percebidos pelo cérebro como mais diferentes do que realmente são.
Densidade de cor: Ver saturação.
Iluminação: É o fenômeno físico que ocorre quando um objeto é exposto a uma determinada quantidade de luz. Variações na iluminação afetam quase todos os outros recursos utilizados na cognição.
Intensidade da cor: Refere-se ao brilho refletido por um determinado objeto, em determinadas frequências de cor, quando exposto à luz. Perceber algo como brilhante resulta da combinação da intensidade, da matiz e da saturação da cor refletida. Outro parâmetro que causa alguma confusão é a densidade de cor, que não diz respeito aos emissores e sim aos meios transparentes. A densidade de cor é uma medida do grau de opacidade (absorção da luz), combinado com a intensidade de cor. Pode-se dizer que quando dois diferentes espectros de luz têm o mesmo efeito nos três receptores do olho humano (células-cones), serão percebidos como sendo a mesma cor.
Luminância: É uma medida da intensidade de uma luz refletida por um objeto numa dada direção. A luminância é na verdade a expressão matemática do brilho. Ver brilho.
Matiz: Ver Tom.
Saturação: A saturação é um atributo da cor determinado pela combinação da intensidade da luz refletida em cada comprimento de onda do espectro eletromagnético. Ver Cor.
Textura: Diz respeito ao grau de rugosidade da imagem ou objeto observado, ou seja, à frequência de mudança de tons.
Tom: Qualquer ponto interior ao espaço de cores representa uma cor distinta, que é o resultado da combinação das três cores primárias, vermelho, verde e azul. Esta cor, por sua vez, dependendo dos valores dos componentes escolhidos, terá uma intensidade (brilho) associada, uma quantidade de luz branca que determina a sua saturação e uma cor predominante a qual se chama matiz ou tonalidade.

Distribuição Espacial
A distribuição espacial é a maneira pela qual as entidades de um sistema, de uma composição ou de um ambiente estão organizadas ou arranjadas natural ou artificialmente no espaço em que estão inseridas
Agrupamento: O agrupamento é um arranjo de elementos de um conjunto, planejado ou não, de tal maneira que o grupo seja percebido como uma entidade ou elemento único.
Associação: A associação é um recurso utilizado pelo cérebro para a identificação de um elemento a partir de outros com significado conhecido. Objetos similares em forma, tamanho ou cor são mais facilmente relacionados e, portanto, interpretados como um grupo ou como uma entidade ou elemento único.
Composição: Composição é a técnica de arranjar os elementos de um ambiente ou imagem, de tal maneira que, independentemente do tema e do conteúdo, consegue-se um resultado mais estético, baseado no princípio da similaridade.
Conectividade: Capacidade de um elemento de se conectar a outros, de forma a permitir o fluxo de informação entre eles, gerando um todo maior do que a soma de suas partes.
Contiguidade: É a propriedade que surge a partir da adjacência entre elementos, muito próximos ou que se tocam, formando a percepção do todo.
Continuidade: A continuidade de uma forma, de uma curva, de um ângulo ou direção na mudança de um elemento para outro, cria a impressão de continuidade e de uma conexão fluida entre as partes que compõe o todo. O ser humano tende a perceber os objetos como uma composição, um todo ao qual dá continuidade, interligando o que está incompleto. A percepção é a imagem mental que se forma com a ajuda das experiências e das necessidades; é o resultado de um processo de seleção e interpretação das sensações.
Entorno: De forma simples, entorno diz respeito ao ambiente próximo e ao redor do objeto observado. No cérebro, funciona como o conjunto de elementos, circunstâncias e condições que envolvem os corpos por todos os lados.
Harmonia: É o efeito da composição de formas, não de maneira aleatória, mas de modo que contornos e espaços vazios sejam bem definidos, variando segundo um grau de importância pré-estabelecido e se relacionando com o esquema geral da organização dos objetos.
Invariância: Quando o cérebro é capaz de reconhecer os objetos, independentemente de sua localização no espaço.
Localização: É o lugar do espaço em que se assinala a existência de algo; situação, posição. A localização pode facilitar ou dificultar a percepção de determinado elemento em função de suas características, quando comparadas ao ambiente que o circunda.
Organização: Modo como foi estruturado, dividido e sequenciado o conjunto percebido. Ou seja, um conjunto bem definido de elementos, de forma a transmitir uma ideia, um conceito ou informação. Em sentido geral é o modo em que se organiza um sistema, considerando seus elementos, suas relações e o meio em que estão inseridos. É a forma escolhida para arranjar, dispor ou classificar os diversos objetos de um conjunto de forma a sugerir ao cérebro uma determinada percepção.
Padrão: É o arranjo espacial dos elementos texturais das formas que compõe uma imagem ou objeto. Uma vez que exista um padrão, é mais provável que ele se mantenha, mesmo quando seus componentes sejam redistribuídos. Certas diferenças individuais, como a acuidade visual ou habilidades espaciais também podem afetar a percepção de padrões. Há também outros fatores que podem influenciar a interpretação dos padrões observados, como a personalidade, estilos cognitivos, sexo, ocupação, idade, valores, atitudes, motivação, crenças, etc.
Paralelismo: O paralelismo de corpos no espaço estimula o cérebro a reconhecer um padrão e, dessa forma associar objetos paralelos como pertencentes a um mesmo conjunto.
Proximidade: A Lei da Proximidade enunciada por Wertheimer diz que os objetos ou formas que estão próximos entre si parecem formar um grupo. Mesmo quando as formas, os tamanhos e os objetos são completamente diferentes estando próximos ele tendem a formar um grupo. Essa lei se baseia no efeito que se forma no cérebro quando a presença coletiva faz mais sentido do que as partes observadas separadamente. Elementos agrupados estabelecem uma impressão de unidade da forma estabelecida como um plano no espaço.

Movimento
O movimento é a variação de posição espacial de um objeto no decorrer do tempo. Na Gestalt o movimento engloba também a mudança da realidade percebida. Nada mais é do que a variação na posição de um corpo com relação a uma referência fixa.
Boa Curva: O princípio da boa continuidade está relacionado ao alinhamento estável das formas dispostas em um conjunto. Toda unidade linear, seja reta ou curva, tende a se prolongar na mesma direção, com o mesmo movimento aparente. Movimentos em direções diferentes rompem a boa continuidade e conduzem à divisão das formas. Esse fator também influi na percepção da tridimensionalidade das figuras e na identificação de planos diferentes.
Destino comum: Elementos de uma composição que aparentam se mover na mesma direção, são mais frequentemente percebidos como um grupo ou unidade de informação.
Direção: Direção ou azimute é a medida angular, num dado sistema de coordenadas, entre um vetor formado pelo observador (origem) e o ponto observado, projetado perpendicularmente sobre um plano de referência e outro, chamado de vetor de referência no plano de referência onde a medida é feita. A direção em que os elementos de uma composição estão organizados influencia na cognição dos mesmos pois podem produzir falsos estímulos de alteração das formas.
Estabilidade: A expressão estabilidade está associada à ideia de permanência de uma composição, em um determinado estado, por certo tempo. Desta forma, ela interfere na percepção de elementos que, por exemplo, proporcionar um estímulo, relacionado a um aparente movimento.
Frequência: A frequência diz respeito ao número de ocorrências de um determinado fenômeno por unidade de tempo ou de área. É uma grandeza que representa, por exemplo, a variação dos padrões, da textura, da cor ou de qualquer outro fenômeno físico utilizado na cognição.
Ritmo: Ritmo é a frequência de repetição de um fenômeno no tempo, notadamente os sons.
Simultaneidade: Simultaneidade é a propriedade de dois ou mais eventos ocorrerem ao mesmo tempo em pelo menos um sistema de referência. É um conjunto de processos que ocorrem em paralelo no sistema observado.
Sincronia: Coincidência, simultaneidade e harmonia com que fenômenos diferentes ocorrem num dado intervalo de tempo.

Tridimensionalidade
A tridimensionalidade é a percepção das formas em três dimensões, que ocorre quando as imagens (diferentes) formadas no cérebro a partir das imagens capturadas por cada um dos olhos se fundem. Essa propriedade da visão é explicada pela estereoscopia. Embora tenha seu componente neurológico, ocorre em primeiro lugar por causa das diferenças entre as imagens de cada olho, o que é uma propriedade unicamente fisiológica.
Distância: A distância do observador ao objeto observado influencia a sua capacidade cognitiva já que interfere com outros elementos fundamentais como a forma, o tamanho a segregação a percepção da proximidade entre os elementos do conjunto e o fechamento.
Perspectiva: É um aspecto da percepção visual do espaço e dos objetos nele contidos. Depende de um determinado ponto de vista e das condições do observador. A perspectiva, neste caso, corresponde a como o ser humano apreende visualmente o seu ambiente. Por exemplo, as linhas paralelas de uma estrada, relativamente a um observador nela situado, parecerão afunilar-se e tenderão a se encontrar na linha do horizonte. A perspectiva influencia diretamente a capacidade de percepção de profundidade.
Ponto de Fuga: É o ponto de convergência das linhas que descrevem a profundidade dos objetos; é a direção para onde o objeto segue; “se aprofunda”.
Ponto focal: É a área para onde os feixes de luz convergem e formam imagens mais claras, nítidas e melhor definidas.
Profundidade: É um efeito que descreve até que ponto objetos que estão mais ou menos perto do plano de foco aparentam estar nítidos. Deve-se salientar que só pode existir um ponto focalizado; a profundidade do campo gera uma impressão de focalização dos demais elementos contidos no conjunto observado.
Sombra: O uso ou ocorrência de sombras pode intensificar a percepção de profundidade, a orientação ou a distância entre elementos de uma composição. Também ajuda na segregação figura-fundo e aumenta, portanto, a capacidade cognitiva.

Tato
Embora a Teoria da Gestalt esteja diretamente relacionada à visão, parece estranho que Wertheimer tenha ignorado o sentido do tato como uma das maneiras de se perceber as formas. Obviamente, pessoas que tem a faculdade visual preservada, utilizam-na de forma muito mais acentuada, senão apenas ela, para perceber e reconhecer as formas. Entretanto, quando se analisa o comportamento de pessoas com deficiência visual severa, percebe-se imediatamente que é o tato que passa a predominar na cognição da forma.

O tato é um dos cinco sentidos propostos por Aristóteles. A sua vez, o tato é subdividido em quatro sistemas: somatosensorial (identificação de texturas), propriocepção ou cinestesia (reconhecimento da forma e localização espacial do corpo), termocepção (percepção da temperatura) e nocicepção (percepção da dor).

O sistema de leitura Braille por exemplo, utiliza a sensibilidade epicrítica do ser humano; a capacidade de distinguir pequenas diferenças de posicionamento entre dois ou mais pontos e, portanto, o arranjo das formas.

Um estudo comparando desenhos feitos por cegos com aqueles feitos por pessoas com visão normal indicam que a percepção dos objetos através do tato permite uma leitura muito semelhante do mundo, excluindo-se apenas a percepção da cor e da distância. Pessoas com visão normal não conseguiram diferenciar desenhos feitos por cegos de desenhos feitos por outros com visão normal.

A omissão encontrada na teoria da Gestalt se repete com relação aos demais sentidos, como se explica em seguida.

Audição
É uma das capacidades de percepção do cérebro com relação a um som emitido no ambiente, dentro de uma determinada faixa de frequência. O som é a propagação de uma onda mecânica que só se propaga (de forma concêntrica) em meios que possuam massa e elasticidade, caso dos sólidos, líquidos e gases. Os sons naturais são, na sua maior parte, combinações de sinais ou frequências. Os seres humanos escutam os sons com o sentido da audição, com os dois ouvidos, o que permite com que o cérebro também perceba a distância e a posição aproximadas da fonte sonora. O cérebro é capaz de perceber e identificar quatro características do som; são elas:

Altura: A altura de uma nota depende da velocidade da vibração resultante do som emitido. A essa velocidade, se dá o nome de frequência, medida em Hertz (ciclos por segundo). Quanto mais alta for a frequência, mais aguda será a nota. Os sons mais graves que conseguimos perceber estão na faixa dos 20 Hz (ciclos por segundo). Já o limite agudo é de aproximadamente 20 KHz.

Intensidade: A intensidade de uma som diz respeito ao volume com que é gerado. Quanto maior a amplitude de uma onda, para a mesma frequência, maior o seu volume ou intensidade. A intensidade dos sons é medida em decibéis. Intensidades muito altas podem ser associadas pelo cérebro à sensação de desconforto, principalmente se não obedecerem a uma determinada harmonia.
Duração: Duração é o tempo de reprodução de um som. É o intervalo em que a onda continua se propagando no meio, até se dissipar. Pode interferir por exemplo, no ritmo de uma composição musical.
Timbre: O timbre descreve o tipo, a assinatura única de uma determinada onda. Por exemplo, sinos tem um timbre característico que é percebido pelo cérebro e reconhecidos pela memória evocando sua forma característica, e sua função no meio em que se insere. É um elemento muito importante na percepção da harmonia que, junto com o ritmo, fazem o cérebro perceber a “forma” do estímulo musical.

Olfato
A percepção é um processo do qual depende o desenvolvimento das funções cerebrais. Estas, a sua vez, estão diretamente relacionadas aos cinco sentidos. A memória dos odores costuma ser mais intensa e psicologicamente mais forte. Um odor que tenha sido percebido uma única vez na vida pode ficar associado a uma única experiência e, por essa razão, permitir que a memória seja imediatamente evocada quando esse odor volta a ser percebido. A primeira associação feita com um odor parece interferir com a formação de associações subsequentes.

Paladar
O paladar ou gustação é a capacidade de reconhecer o gosto das substâncias colocadas sobre a língua que envia a informação ao cérebro. O palato também é sensível aos gostos. O cérebro é capaz de diferenciar cinco gostos básicos: o amargo, o ácido, o salgado, o doce e o umami (saboroso). A propriedade de ser saboroso independe do gosto. O cérebro precisa de pelo menos dois sentidos para perceber o sabor; paladar e olfato; gosto e aroma compõem o sabor. O cérebro perece e reconhece com mais facilidade o gosto e o aroma separadamente, do que sua combinação em sabor. Outra vez, isto interfere na percepção indireta das formas pela evocação da memória.

Conclusão

É possível uma interação entre o psicológico e o biológico. Assim sendo, essas áreas não precisam ser consideradas como excludentes, pois são enfoques diferentes que lidam com o mesmo substrato. Com isso, a depressão não deve ser considerada somente uma alteração bioquímica ou psicológica, mas de ambos.


Os estudos neuropsicológicos com deprimidos apontam para alterações na aquisição da memória, atenção, concentração, flexibilidade cognitiva e abstração. Quanto aos estudos de neuroimagem, há evidências para hipofrontalidade, disfunção do giro do cíngulo anterior e aumento de ventrículos em sujeitos idosos. 

É importante ressaltar a necessidade de mais estudos para o melhor entendimento do processamento cognitivo e suas correlações neuroanatomofuncionais. Entretanto o uso das variáveis aqui expostas, combinadas com mais fundamentação que oferecem na análise de imagens podem contribuir em muito para o avanço do conhecimento dos efeitos negativos da depressão e outros distúrbios nos processos cognitivos.

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