É a perda ou redução progressiva das capacidades
cognitivas, de forma parcial ou completa, permanente ou momentânea e esporádica,
suficientemente importante a ponto de provocar uma perda de autonomia do indivíduo.
Dentre as causas potencialmente reversíveis
estão disfunções metabólicas, endócrinas e hidroeletrolíticas, quadros infecciosos,
déficits nutricionais, distúrbios psiquiátricos, como a depressão (pseudodemência
depressiva) e as doenças passíveis de tratamento neurocirúrgico, principalmente
a hidrocefalia do idoso (hidrocefalia de pressão normal), hematoma subdural crônico,
higroma e tumores cerebrais.
Tipicamente, essa alteração cognitiva provoca
a incapacidade de realizar atividades da vida diária. Os déficits cognitivos podem
afetar qualquer das funções cerebrais, particularmente as áreas da memória, a linguagem
(afasia), a atenção, as habilidades visuoconstrutivas, as práxis e as funções executivas,
como a resolução de problemas e a inibição de respostas.
A demência pode afetar também a compreensão,
a capacidade de identificar elementos de uso cotidiano, o tempo de reação e os traços
da personalidade. Durante a evolução da doença, pode-se observar a perda de orientação
espaço-temporal e de identidade. À medida que a doença avança, os dementes também
podem apresentar traços psicóticos, depressivos e delírios ou alucinações.
Embora a alteração da memória possa, em
poucos casos, não ser um sintoma inicialmente dominante, é alteração típica da atividade
cognitiva nas demências - sobretudo para a mais frequente delas, ligada à doença
de Alzheimer e sua presença é condição essencial para o diagnóstico.
Prevalência
Os custos com demência no mundo passam de
600 bilhões, custo maior do que o de qualquer empresa do mundo. A estimativa da
Alzheimer’s Disease International (ADI) é de que em 2010 havia 35,6 milhões de pessoas
vivendo com demência no mundo. Este número deve subir para 65,7 milhões até 2030
e 115,4 milhões até 2050. No Brasil, estima-se que entre 70% e 94% dos pacientes
com demência vivam em casa, subindo para 90 a 95% nas áreas rurais, média muito
acima da dos países desenvolvidos que fica por volta de 66%.
Tipos
A demência é um termo geral para várias
doenças neurodegenerativas que afetam principalmente as pessoas da terceira idade.
Todavia a expressão demência senil, embora ainda apareça na literatura, tende a
cair em desuso. A maior parte do que se chamava demência pré-senil é de fato a doença
de Alzheimer, que é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas
de idade.
Embora existam casos raros diagnosticados
de pessoas na faixa de idade que vai dos 17 aos 50 anos e a prevalência na faixa
etária de 60 aos 65 anos esteja abaixo de 1%, a partir dos 65 anos ela praticamente
duplica a cada cinco anos. Depois dos 85 anos de idade, atinge 30 a 40% da população.
A demência pode ser descrita como um quadro
clínico de declínio geral na cognição como também de prejuízo progressivo funcional,
social e profissional. As demências mais comuns são:
·
Demência
no mal de Alzheimer;
·
Demência
vascular e;
·
Demência
com corpos de Lewy.
No dicionário internacional de doenças outras
demências são classificadas como:
·
CID
10 - F02.0 Demência da doença de Pick
·
CID
10 - F02.1 Demência na doença de Creutzfeldt-Jakob
·
CID
10 - F02.2 Demência na doença de Huntington
·
CID
10 - F02.3 Demência na doença de Parkinson
·
CID
10 - F02.4 Demência na doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)
Esses diagnósticos não são exclusivos sendo
possível, por exemplo, a existência de Alzheimer simultaneamente com uma demência
vascular. Outras classificações incluem a demência na Síndrome de Korsakoff.
Nesse caso o álcool é um dos grandes responsáveis pelo aparecimento da doença.
Memória Reconstrutiva
Um estudo publicado no "Journal of
Experimental Psychology: Learning, Memory and Cognition" conclui que os declínios
que se verificam na memória reconstrutiva são indicio de um comprometimento cognitivo
leve e de demência de Alzheimer, e não se verificam no envelhecimento saudável.
"A memória reconstrutiva é muito estável em indivíduos saudáveis, de modo que
um declínio neste tipo de memória é um indicador de comprometimento neurocognitivo".
Exercícios Mentais
O exercício mental tem um papel fundamental
na preservação de uma boa saúde mental. Os exercícios deverão ser variados, com
certo grau de complexidade, ensinar algo de novo e devem ser agradáveis e feitos
com regularidade. Deve-se treinar o calculo mental, ler em voz alta, aprender uma
língua nova e treinar as imagens mentais e também treinar os sentidos: da audição
da visão e do cheiro.
A perda da sensibilidade do cheiro, relacionada
com o primeiro nervo craniano, é uma das primeiras capacidades a serem afetadas
pela demência. O treino intensivo de aprendizado altera a estrutura do cérebro aumentando
o volume da matéria cinzenta na área do hipocampo posterior. O cérebro mantém a
plasticidade mesmo em adultos e o treino mental intenso é fundamental para a criação
de novos neurónios.
Exercícios físicos
Em questão aos exercícios físicos, estes
apresentam um potencial de melhorar a plasticidade do cérebro, reduzindo as perdas
cognitivas ou minimizando o curso progressivo da demência. A importância dos exercícios
físicos no tratamento da demência pode ser apoiada por outros estudos. O levantamento
de pesos, comparado com outros exercícios revelou melhores resultados embora um
conjunto de exercícios envolvendo levantamento de pesos, aeróbica e equilíbrio
tivessem melhorado as capacidades linguísticas.
Alimentação
Uma dieta funcional e exercícios físicos
associados também demonstraram ser protetivos contra o desenvolvimento da demência
ou para diminuir o curso progressivo dessa patologia. Não obstante, pessoas com
tendência a demência que utilizaram vitaminas antioxidantes (vitaminas C e E, por
exemplo) apresentaram menor perda cognitiva que pessoas que não utilizam tal recurso.
Comportamentos saudáveis
Metade das demências pode ser prevenidas
ou pelo menos adiadas mantendo uma vida social, intelectual e profissional ativa.
Uma vida com compromissos e ativa também
revelou melhorar as perdas cognitivas em demências mais moderadas. O uso do fumo
também pode vulnerabilizar as pessoas para a demência. Desse modo, a mudança do
estilo de vida é um fator fundamental para minimizar o curso das perdas evidenciadas
na demência.
Assim, o diagnóstico precoce da demência
é um aspecto importante para que os tratamentos existentes possam diminuir a progressão
das perdas cognitivas, funcionais, sociais e profissionais em pessoas com essa patologia.
O tratamento deve ser integrativo, envolvendo
uma equipe multidisciplinar, com medicações específicas e suplementação alimentar,
além de uma mudança do estilo de vida que inclui exercícios físicos moderados, cessação
do uso do fumo, uma alimentação adequada e uma vida com o máximo possível de atividades.
Uma abordagem integrativa pode reduzir o
curso das perdas cognitivas da demência, porém, ainda não existem tratamentos que
possam "curar" integralmente essa patologia. Assim, a prevenção ao longo
da vida é o melhor recurso existente. É importante durante a vida manter uma alimentação
saudável e exercícios físicos regulares; bem como, na aposentadoria, torna-se imprescindível
manter um estilo de vida ativo.
Psicoterapia
É frequente a comorbidade entre depressão,
transtornos de ansiedade, distúrbios comportamentais e transtornos delirantes e
demências, por isso é importante o acompanhamento psicológico regular. Esse acompanhamento
inclui os familiares, pois a demência causa grande impacto nos cuidadores, especialmente
na família nuclear, os deixando vulneráveis a transtornos psicológicos como Síndrome
de Burnout (exaustão física e psicológica).
Sintomas de Demência
Entre os sintomas da demência estão dificuldade
em muitas áreas da função mental, como:
·
Linguagem;
·
Memória;
·
Percepção;
·
Comportamento
emocional ou personalidade;
·
Capacidades
cognitivas (como cálculo, pensamento abstrato ou capacidade de julgamento).
Geralmente, a demência começa com esquecimento.
O comprometimento cognitivo leve é o estágio entre o esquecimento normal devido
ao envelhecimento e o desenvolvimento da demência. As pessoas com MCI têm
problemas leves com o raciocínio e a memória que não interferem nas atividades
diárias. Muitas vezes, elas estão cientes do esquecimento. Nem todas as pessoas
com MCI desenvolvem demência.
Os sintomas da MCI incluem:
·
Esquecer
eventos ou conversas recentes
·
Dificuldade
para realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo
·
Dificuldade
para resolver problemas
·
Levar
mais tempo para realizar atividades mentais mais complexas
Os primeiros sintomas da demência podem
incluir:
·
Problemas
de linguagem, como dificuldade para encontrar o nome familiar dos objetos;
·
Perder
itens;
·
Perder-se
em caminhos familiares;
·
Alterações
de personalidade e perda das habilidades sociais;
·
Perda
de interesse em coisas de que gostava antes, falta de ânimo;
·
Dificuldade
de realizar tarefas que exigem algum raciocínio, mas que antes eram feitas com
facilidade, como conferir os gastos no talão de cheques, jogar (buraco ou
outros jogos) e aprender novas informações ou rotinas.
À medida que a demência avança, os
sintomas se tornam mais óbvios e interferem com a capacidade da pessoa de
cuidar de si mesma. Os sintomas podem incluir:
·
Esquecer
detalhes de eventos recentes;
·
Esquecer
eventos da própria história de vida, perder consciência de quem a pessoa é;
·
Alterações
nos padrões de sono, acordando durante a noite frequentemente
·
Maior
dificuldade de ler ou escrever;
·
Capacidade
de discernimento diminuída e perda da capacidade de reconhecer o perigo;
·
Usar
palavras erradas ou não pronunciar as palavras corretamente, falar em frases
confusas;
·
Evitar
contato social;
·
Ter
alucinações, discussões, gestos e comportamentos violentos;
·
Ter
delírios, depressão ou agitação;
·
Dificuldade
de realizar tarefas básicas, como cozinhar, vestir-se adequadamente ou dirigir.
As pessoas com demência severa não
conseguem:
·
Compreender
a linguagem;
·
Reconhecer
familiares;
·
Realizar
atividade básicas e cotidianas, como comer, vestir-se e tomar banho.
Outros sintomas que podem ocorrer com a
demência:
·
Incontinência;
·
Problemas
de deglutição.
A demência é uma doença mental
caracterizada por prejuízo cognitivo que pode incluir alterações de memória,
desorientação em relação ao tempo e ao espaço, raciocínio, concentração,
aprendizado, realização de tarefas complexas, julgamento, linguagem e
habilidades visuais-espaciais. Essas alterações podem ser acompanhadas por
mudanças no comportamento ou na personalidade (sintomas neuropsiquiátricos).
Os prejuízos, necessariamente,
interferem com a habilidade no trabalho ou nas atividades usuais, representam
declínio em relação a níveis prévios de funcionamento e desempenho e não são
explicáveis por outras doenças físicas ou psiquiátricas. Muitas doenças podem
causar um quadro de demência. Entre as várias causas conhecidas, a Doença de
Alzheimer é a mais frequente.
O paciente com Alzheimer pode
apresentar:
·
Perda
de memória recente com repetição das mesmas perguntas ou dos mesmos assuntos.
·
Esquecimento
de eventos, de compromissos ou do lugar onde guardou seus pertences.
·
Dificuldade
para perceber uma situação de risco, para cuidar do próprio dinheiro e de seus
bens pessoais, para tomar decisões e para planejar atividades mais complexas.
·
Dificuldade
para se orientar no tempo e no espaço.
·
Incapacidade
em reconhecer faces ou objetos comuns, podendo não conseguir reconhecer pessoas
conhecidas.
·
Dificuldade
para manusear utensílios, para vestir-se, e em atividades que envolvam
autocuidado.
·
Dificuldade
para encontrar e/ou compreender palavras, cometendo erros ao falar e ao
escrever.
Alterações no comportamento ou na
personalidade: pode se tornar agitado, apático, desinteressado, isolado,
desinibido, inadequado e até agressivo. Interpretações delirantes da realidade,
sendo comuns quadros paranoicos ao achar que está sendo roubado, perseguido ou
enganado por alguém. Esquecer o que aconteceu ou o que ficou combinado pode
contribuir para esse quadro.
Alucinações visuais (ver o que não
existe) ou auditivas (ouvir vozes) podem ocorrer, sendo mais frequentes da
metade para o final do dia. Alteração do apetite com tendência a comer
exageradamente, ou, ao contrário, pode ocorrer diminuição da fome. Agitação
noturna ou insônia com troca do dia pela noite.
Os sintomas não são os mesmos para
todos os pacientes com demência, mesmo quando a causa de demência é a mesma.
Nem todos os sintomas aparecerão em todos os pacientes. Como uma doença de
curso progressivo, o quadro clínico do paciente com demência sofre modificações.
Com a evolução da doença, há o aparecimento de novos sintomas ou o agravamento
dos sintomas existentes.
Outras demências
Além da Doença de Alzheimer, existem
muitos outros tipos de demência.
Demência vascular
Pode ser considerada a segunda maior
causa de demência. A demência vascular é causada por lesões cerebrais de origem
vascular e as manifestações clínicas dependem da localização e do número de
lesões cerebrais. As lesões vasculares cerebrais podem ocorrer como infartos
silenciosos, que não resultam em ataque reconhecido clinicamente, e como
acidentes vasculares encefálicos, conhecidos popularmente como “derrame”. Os
fatores de risco são: hipertensão arterial, diabetes mellitus,
hipercolesterolemia, doença cardiovascular, fibrilação atrial, tabagismo,
trombose, abuso de álcool e fatores genéticos.
Demência com corpos de Lewy
Causada pela presença de alterações
cerebrais chamadas de corpos de Lewy. Os critérios para o diagnóstico clínico
da doença incluem demência com sintomas da Doença de Parkinson (rigidez da
musculatura, movimentos mais lentos; tremores são mais raros); alucinações
visuais (ver coisas que não existem, geralmente pessoas, animais, objetos e
crianças) e oscilação dos sintomas ao longo do dia.
Os sintomas parkinsonianos e alucinações
ocorrem no estágio inicial, quando alterações importantes na memória podem não
ocorrer. Outras características da doença incluem quedas repetidas, desmaios,
delírios (acreditar em coisas que não existem), outras formas de alucinações
(auditivas, ouvir coisas que não existem) e sensibilidade importante, com
reações adversas intensas, ao uso de medicações para delírios e alucinações
(antipsicóticos).
Demência na Doença de Parkinson
Cerca de 40% dos pacientes com Doença
de Parkinson podem evoluir para quadros demenciais. Também é causada pela
presença de corpos de Lewy, mas estão presentes em locais diferentes do
cérebro. Para esse diagnóstico, é necessário que o quadro demencial ocorra após
um ano do início do quadro da Doença de Parkinson.
Se a demência ocorrer em menos de um
ano após o início dos sinais de Parkinson, a hipótese clínica principal passa a
ser de demência por corpos de Lewy. A atenção é uma das funções mais
prejudicadas. A memória também pode estar afetada, mas em um grau menos intenso
do que é observado na Doença de Alzheimer. Outra capacidade muito comprometida
é a de planejar, organizar e regular um comportamento motor (função executiva).
Também são comuns os quadros de depressão e de alucinações visuais (ver
animais, pessoas).
Demência frontotemporal
Quadro caracterizado por deterioração
na personalidade e na cognição. A alteração típica no exame de neuroimagem é a
redução da região frontal e temporal do cérebro. As mudanças no comportamento
são mais importantes que os problemas na memória e orientação.
As mudanças podem incluir: desinibição,
impulsividade, inquietude, perda do julgamento, oscilação emocional, apatia,
desinteresse, perda de motivação, isolamento, sentimentalismo excessivo,
hipocondria, comportamento exaltado, choro fácil, risos inadequados,
irritabilidade, comentários sexuais inadequados, atos indecentes, comportamento
muito inadequado como urinar em público, alterações importantes do hábito
alimentar (por exemplo, preferência por doces), negligência da higiene pessoal.
As alterações cognitivas são menos
evidentes que na Doença de Alzheimer e ocorrem após dois anos, aproximadamente,
do início das alterações de comportamento. Ansiedade e depressão são comuns. O
paciente pode apresentar atos violentos, comportamentos ruins que não
apresentava antes da doença.







