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9/06/2011

A posição do budismo em relação às bebidas alcoólicas


Budismo

Vivemos em uma sociedade onde, de forma explícita ou implícita, o consumo de bebidas alcoólicas é estimulado e visto com grande simpatia. O consumidor contumaz dessas bebidas inebriantes é visto como um sujeito simpático, alegre, sociável e engraçado. 

Mesmo com as tentativas hipócritas de disfarçar (como o “beba com moderação”), o que a mídia vive pregando é “ficar bêbado é legal, é engraçado, não é uma coisa muito séria”. As propagandas de cerveja mostram sempre um indivíduo feliz, cercado de belas mulheres, em um ambiente paradisíaco e com muitos amigos.

Se você for a um bar, padaria ou lanchonete depois das 18:00 (o chamado “Happy-Hour”) verá que mais de 90% das pessoas presentes estão consumindo álcool. Se for a uma festa, com toda certeza, terá a oportunidade de ver alguém embriagado. Se sair à noite em um sábado, será quase impossível não encontrar alguém visivelmente alterado pelo consumo de bebidas alcoólicas.

A TV mostra, o tempo todo, o bêbado como um tipo engraçado. É engraçado ver o sujeito falando mole, trançando as pernas e cometendo todo tipo de imbecilidade. O programa “Pânico na TV” exibiu o quadro “Pânico Delivery” onde um imbecil alcoolizado é colocado dentro de uma limusine, com a desculpa de conduzi-lo seguramente ao seu lar, para ser ridicularizado, rebaixado e exposto da forma mais indigna possível.

O bêbado é excitado por duas fulanas semi-nuas que depois o rebaixam. É submetido a lamber tábuas, fivelas de cinto (para ganhar o beijinho de uma das finíssimas moças de família), dançar, cantar e depois tomar um banho vestido com fantasias das mais ridículas.
Claro que todo esse quadro degradante é mostrado como uma pilhéria, algo engraçadíssimo, nada reprovável ou ridículo. A maioria dos bêbados submetidos a esse tratamento “VIP” é jovem com idades que variam entre 18 e 30 anos.

A cultura da bebida alcoólica é estimulada por uma vida vazia de idéias, vazia de buscas significativas e vazia de sentido. Encher a cara é um modo de anestesiar os sentidos, de esconder a própria insignificância ou a covardia de buscar alçar vôos mais altos.

O Budismo condena de forma veemente o uso de bebidas inebriantes. A mente intoxicada e alterada não tem a capacidade de perceber com precisão aquilo que se passa no momento e isso é matar a oportunidade de se obter sabedoria, compreensão e de se observar adequadamente o que ocorre à sua volta.

Em relação à conduta moral o álcool é destrutivo, pois altera a capacidade de julgamento e de avaliação entre a conduta correta e a incorreta. Dois ou três copos de bebida alcoólica são suficientes para destruir o seguimento da Nobre Senda Óctupla.

Uma pessoa embriagada não tem correta compreensão, não consegue formular um propósito correto, não usa sua boca para falar palavras corretas, não tem como agir com conduta moral correta, não tem capacidade para empreender um esforço correto, não consegue ter atenção correta e muito menos meditar corretamente de que forma seja.

Alem disso, quem vende bebida alcoólica não tem um meio de vida correto, assim como quem bebe e estimula os outros a fazerem o mesmo. Em suma, todo o embasamento do Budismo é jogado no abismo por quem se utiliza de bebidas alcoólicas.

Os efeitos da bebida alcoólica sobre a sociedade também são trágicos. Quantas famílias foram desfeitas, quantos indivíduos caíram na indigência, quantos crimes foram cometidos, quantas vidas foram ceifadas graças ao consumo do álcool?

É impossível precisar um número, mas deve chegar à casa dos milhões com tranqüilidade. O álcool destrói o corpo, causa centenas de danos no cérebro, no fígado, nos rins, no coração e em muitos outros órgãos.

É criminosa a indulgência com que se vê aos jovens se viciando pouco a pouco nesse hábito maldito. É criminoso o pai ou a mãe que se apresentam embriagados perante seus filhos ou que permitem que eles bebam, seja o que for e em que quantidade for. 

O alcoolismo deve ser combatido como se combate uma praga, uma desgraça, uma chaga purulenta que ameaça destruir todo o organismo onde se instalou. Não existe nenhuma justificativa racional para o consumo de bebidas alcoólicas. Só o vício e o interesse daqueles que fabricam essa arma de auto-destruição justificam seu consumo.

Um Budista deve ser um inimigo implacável contra o uso de inebriantes. O Sutra Upasakasila condena veementemente o uso de álcool e de inebriantes.

Aqui também deve ficar claro que é totalmente absurdo se ofertar bebidas alcoólicas em um altar budista. É equivalente a zombar dos ensinos do Buda. 

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