• Instala-se após ingestão prolongada de grandes quantidades de álcool;
• Não apresenta características específicas e seu diagnóstico requer a exclusão de outras causas de demência e não deve ser firmado antes de três semanas de abstinência.
• Apresenta uma tendência a maior prejuízo de funções não verbais.
• É importante salientar que o alcoolismo crônico pode ocorrer no idoso.
• É a terceira causa mais comum de distúrbio mental no homem idoso (freqüentemente não-diagnosticado).
• Uma estimativa diz que 70% dos alcoólatras que bebem ativamente terão prejuízos cognitivos, medidos nos testes psicológicos.
• Quando um prejuízo intelectual mais generalizado se desenvolve após anos de beber intenso, o diagnostico de demência associada ao alcoolismo é apropriado.
• Todos os alcoolistas com qualquer sinal de demência devem ser tratados com altas doses de tiamina (100 mg/dia) e multivitaminas a longo prazo.
Wernicke-Korsakoff (síndrome amnéstica)
Os alcoólatras "pesados" em parte (10%) desenvolvem algum problema grave de memória. Há dois desses tipos: a primeira é a chamada Síndrome Wernicke-Korsakoff (SWK) e a outra a demência alcoólica. A SWK é caracterizada por descoordenação motora, movimentos oculares rítmicos como se estivesse lendo (nistagmo) e paralisia de certos músculos oculares, provocando algo parecido ao estrabismo para quem antes não tinha nada.
Além desses sinais neurológicos o paciente pode estar em confusão mental, ou se com a consciência clara, pode apresentar prejuízos evidentes na memória recente (não consegue gravar o que o examinador falou 5 minutos antes) e muitas vezes para preencher as lacunas da memória o paciente inventa histórias, a isto chamamos fabulações. Este quadro deve ser considerado uma emergência, pois requer imediata reposição da vitamina B1(tiamina) para evitar um agravamento do quadro.
Os sintomas neurológicos acima citados são rapidamente revertidos com a reposição da tiamina, mas o déficit da memória pode se tornar permanente. Quando isso acontece o paciente apesar de ter a mente clara e várias outras funções mentais preservadas, torna-se uma pessoa incapaz de manter suas funções sociais e pessoais. Muitos autores referem-se a SWK como uma forma de demência, o que não está errado, mas a demência é um quadro mais abrangente, por isso preferimos o modelo americano que diferencia a SWK da demência alcoólica.
Esta é semelhante a demência propriamente dita como a de Alzheimer. No uso pesado e prolongado do álcool, mesmo sem a síndrome de Wernick-Korsakoff, o álcool pode provocar lesões difusas no cérebro prejudicando além da memória a capacidade de julgamento, de abstração de conceitos; a personalidade pode se alterar, o comportamento como um todo fica prejudicado. A pessoa torna-se incapaz de sustentar-se.
As demências são estruturas patológicas da personalidade, baseadas num déficit adquirido e definitivo das funções psíquicas intelectuais. Qualquer demência tende a se agravar de maneira progressiva e irreversível, sejam as causas de natureza orgânica ou psicogenética. O DSM-IV, manual diagnóstico e estatístico de distúrbios mentais, diferencia três distúrbios da memória. O delírio é uma alteração da consciência e uma mudança cognitiva, desenvolvida durante um curto período de tempo. A demência caracteriza-se por diversos déficits cognitivos, entre os quais se encontra a deterioração da memória. Nos distúrbios amnésicos, é identificada apenas uma deterioração da memória sem outros distúrbios cognitivos.
Causas
Existem causas de natureza orgânica e psicogenética. Dependendo da origem, as demências são classificadas em primárias e secundárias. Entre as demências primárias, encontram-se:
· Demência senil: ocorre por lesões destrutivas do parênquima nervoso, tanto das células quanto das fibras, que sofrem atrofia e degeneração
· Demência pré-senil: caracteriza-se por um processo de dissolução progressiva das funções instrumentais da linguagem, das práxis e dos conhecimentos, como ocorre na doença de Pick e na doença de Alzheimer
· Demência arteriopática: é provocada por lesões múltiplas da massa cerebral, devidas a processos ateroscleróticos
· Demência coréica: é uma demência tardia produzida por um distúrbio degenerativo de causas múltiplas.
Entre as demências secundárias, encontram-se:
- Demência tumoral: produzida por um tumor cerebral; geralmente é parcial
- Demência pós-traumática: decorrente de acidentes crânio-cerebrais
- Demência alcoólica: resultante de formas extremas de intoxicações e psicose alcoólica
· Demência vesânica: é a fase terminal de um grupo de psicoses tais como a mania, a melancolia, a esquizofrenia e a psicose delirante
Sintomas:
· Perturbação da atenção: encontra-se ausente ou diminuída a capacidade de concentração
· Perturbação da memória: observa-se uma ausência de precisão, inexatidão e lentidão das evocações
· Reflexo das características de desagregação e deterioração da estrutura mental na linguagem mímica, verbal e escrita
· Oscilação do humor entre a alegria e a depressão (nos casos extremos, da excitação para o estupor)
Processo de decadência geral que incide nas funções somáticas
Diagnóstico:
O primeiro sintoma que o médico ou a família percebe é a falta de memória. O diagnóstico é feito segundo uma série de perguntas, respondidas pelo próprio paciente e pelos familiares, que procuram avaliar o estado mental do paciente. Isso pode ser complementado com testes neuropsicológicos, para determinar o grau de incapacidade e deterioração intelectual. Paralelamente, o médico pesquisa outras possíveis causas de deterioração mental: a doença tireóidea, a alteração dos níveis dos eletrólitos no sangue, as infecções, o déficit de vitaminas, as intoxicações, a depressão, etc. Além dos exames de sangue de praxe, o médico pode solicitar uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética.
Tratamento:
A demência é irreversível. Os pacientes com demência devem ser estimulados com exercícios de reabilitação para estimular novas redes de conexão entre os neurônios. Freqüentemente são utilizados fármacos para controlar o nervosismo e os ataques de ira presentes em certos estágios avançados de demência.
O médico deve avaliar, em cada caso, a conveniência desse tipo de medicação, pois apresenta graves efeitos colaterais. A manutenção de um ambiente familiar ajuda a pessoa com demência a conservar a sua orientação. Uma agenda bem grande, uma luz acesa durante a noite, um relógio com números grandes ou um rádio podem ajudar na orientação do doente. As rotinas sistemáticas para o banho, a comida ou o sono também fornecem sensação de estabilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário